sábado, agosto 03, 2013

 

EPIDEMIA DA ILUSÃO

A epidemia da ilusão,
É doença que contagia
E destrói, por obsessão,
O humano coração
Das pessoas, nas aldeias,
Ruas e bairros fechados,
Vilas pobres e cidades,
E até palácios dourados
E avenidas de luxo,
Onde a vida se esvazia
E vira repuxo seco,
Ou então folha arrastada
Pelos impulsos do vento,
À mercê do próprio tempo,
Por estar morta por dentro.

A epidemia da ilusão
Arrebata a emoção
Do olhar que anda cativo
Das coisas com cor e brilho,
Como criança pequena,
Levada pela atracção
Das bolinhas de sabão,
Sem as poder agarrar,
Pois, mal sobem, se desfazem,
Provocando frustração,
Tristeza e desalento
Ao humano coração
Que tudo quer abraçar
No espaço e no tempo.

Ir atrás da ilusão,
Do bem-estar aparente,
É querer viver dos sonhos
Que seduzem nossa mente,
Mas deixam o coração
Vazio e descontente,
Porque o grande sonho mora
Dentro, não fora da gente.

Mover-se na ilusão,
É edificar a casa
Em terreno movediço.
É lançar fora a castanha
Para guardar o ouriço.

Livra-nos, Senhor,
Da grande insensatez
De nos prendermos ao ter,
Tu que até os lírios vestes
E, às aves, dás de comer.

Maria Lina da Silva, fmm - Lisboa, 03.08. 20113
( retomando a inspiração de 08.06.08)   


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