quarta-feira, novembro 30, 2016

 

S. André, Apóstolo


«Como são formosos os pés dos que anunciam o Evangelho!». (cf. Rm 10,9-18)

Os pés de Jesus são formosos e treinados no anúncio do Evangelho.
Eles sentirão as pedras no caminho que endurecem os ouvidos
e alimentaram a paciência e a persistência com as sandálias da misericórdia!
Pés que a mulher pecadora lavou com as suas lágrimas
e Maria ungiu com perfume de nardo puro!
Pés que a injustiça crucificou e tentou prender na cruz,
mas que a Vida ressuscitou com marcas de vitória.
Pés que marcam um caminho e um seguimento
que André escutou, obedeceu, seguiu e anunciou!
Advento é ser pés que acreditam e anunciam a esperança!

Somos pés sedentários que esperam ser servidos.
Somos pés laborais que vendem passos e compram sustento.
Somos pés de atletas que buscam saúde e beleza.
Somos pés que deambulam em busca de furto e de infidelidades.
Somos pés de voluntário que oferecem o dom do serviço e da presença.
Somos pés de peregrino que buscam a fé e a felicidade sustentada.
Somos pés de anúncio que oferecem boas novas e luz no caminho.
Somos pés solidários que escutam gemidos e respondem compaixão.
Somos pés de diversão que buscam prazer na solidão da dor.
Somos pés de diálogo que perscrutam a verdade e oferecem perdão.
Somos pés de oração que ajoelham perante os Pés da Salvação!

Santíssima Trindade, que em Jesus vos fazeis pés da humanidade,
ajudai-nos a continuar a ser os pés de Cristo hoje!
Jesus, que chamaste André e chamas cada um de nós 
a seguir-Te e a anunciar-Te dos pés à cabeça,
envia-nos o teu Espírito e que Ele conduza os nossos passos!
Ensina-nos a ser pés de unidade e de comunhão entre Igrejas,
para que o Corpo de Cristo resplandeça, perante o mundo,
como testemunho do Evangelho da justiça, da paz e da caridade!
S. André, Apóstolo de Cristo e pescador da humanidade perdida,
intercede para que saibamos ser pés formosos que evangelizam!

terça-feira, novembro 29, 2016

 

3ª feira da 1ª semana do Advento


Julgará os infelizes com justiça e com sentenças retas os humildes do povo. (cf. Is 11,1-10)

O futuro é de esperança, mesmo quando se trata de julgamento,
porque nos espera o juízo do amor, da verdade e da justiça.
Deus conhece o íntimo da cada um de nós,
não nos julga segundo as aparências ou as pressões de influentes,
mas julga-nos segundo o espírito de sabedoria e de paternidade.
Os infelizes, os humildes, os marginalizados, habituados a ser lixo,
serão tratados com a dignidade de filhos e a justiça da misericórdia!
Advento é o despertar da boa nova da esperança para todos
os que têm o coração reto e buscam a luz de Deus!
Quando todos forem tudo em Cristo, brotará a Paz e a Justiça!

Habituámos-nos a dizer que somos todos iguais em direitos e deveres,
mas na realidade, há uma justiça para ricos e outra para pobres,
uma saúde para os que têm posses e outra para quem não as tem,
uma educação para os que podem escolher boas escolas
e outra para os que não podem!
A injustiça gera a convulsão e a exclusão social,
o abismo entre o que se professa e o que se faz,
a desconfiança e manipulação das instituições de poder,
mesmo se democraticamente eleitas!
O Advento abre-nos à esperança e ao compromisso
com uma sociedade diferente, mais justa e fraterna!
Por isso, o Advento não é apenas espiritual,
mas traz uma força profética que não nos pode deixar indiferentes
às injustiças e “camuflagens legais” da nossa sociedade!

Cristo, ungido pelo Espírito de Deus e Filho do Altíssimo,
unge-nos com o teu Espírito de sabedoria e de bom conselho,
para aprendermos a viver como Tu, com um coração justo
e um olhar fraterno, fermentando uma sociedade de paz!
Liberta-nos da ambição que espezinha o frágil e o ignorante!
Alimenta-nos a fé e a esperança na justiça da verdade,
que um dia nos julgará sob a luz da transparência,
para que não andemos a investir na mentira das aparências,
nem na esperteza avara da corrupção e da exploração!

Que este Advento nos comprometa mais com a justiça e a verdade!

segunda-feira, novembro 28, 2016

 

2ª feira da 1ª semana do Tempo Comum


Vinde, subamos ao monte do Senhor. (cf. Is 2,1-5)

Isaías convida-nos a subir ao monte do Senhor,
a aprender a andar à luz da sua Palavra,
a transformar os instrumentos de guerra
em instrumentos de paz e de desenvolvimento.
O pórtico do Advento abre-se com a chave da conversão!
Alimentamos a espera do Senhor, voltando-nos para Ele,
exercitando a subida ao seu monte pela oração,
buscando o seu Rosto, mais do que o nosso,
reconhecendo-O e amando-O como Juiz e Bom Pastor!
Advento é um convite a subir à meta da santidade,
não a acomodar-se na mediocridade da rotina da vida!

A novidade, a criatividade e a aprendizagem de coisas novas
custa, exige muito de nós, por isso, preferimos o já conhecido,
os automatismos da rotina, a segurança do “sempre fiz assim”!
Só que o automatismo repetitivo envelhece o cérebro,
fecha-nos no círculo do pensamento, da afetividade e da iniciativa.
O que acontece com o corpo sucede com a vida espiritual!
Ela precisa da aventura insaciável do mais,
dum alpinismo arrojado de aprofundamento da fé,
duma liberdade em deixar tudo para encontrar o Tudo,
duma sede de aprender a fazer bem o Bem e a Paz!
O desafio do cristão é querer fazer a diferença pela positiva!

Pai Santo, mistério que nos esperas no mais além,
eleva-nos da nossa vida satisfeita de galinheiro
e ensina-nos a voar nas alturas da verdade e da esperança!
Cristo, rebento novo que alargas o nosso horizonte,
envia-nos o teu Espírito e ensina-nos a subir na vida,
aprendendo a amar sem medida,
a promover a paz sem desistências,
a caminhar na fé com a confiança de criança,
a sonhar um mundo novo com a santidade de alma!

Ajuda-nos, Senhor, a entrar neste Advento com um espírito novo!

domingo, novembro 27, 2016

 

1º Domingo do Advento


A salvação está agora mais perto de nós. (cf. Rm 13,11-14)

Jesus não quer entrar na rotina da nossa vida,
como mais um produto a consumir e a deitar fora!
Ele quer fazer-nos crescer na fé e no seguimento,
para que, cada vez sejamos cristãos mais adultos,
mais verdadeiros, mais comprometidos, mais vigilantes.
O tempo de Advento, que hoje começa,
não pode ser um “volta o disco e toca o mesmo”,
cada vez mais descuidado e ensonado,
mas um começar de novo e um crescendo mais desperto,
intensificando os encontros com Cristo e com os outros,
para que o Encontro não nos apanhe desprevenidos e vazios!
Advento é aproximar-nos mais de Cristo na fé, na esperança e nas obras!
A educação da fé parece concentrar-se e esgotar-se
apenas na fase infantil e pré-adolescente.
As fases da vida mais exigentes, a juvenil e a adulta,
ficam abandonadas a si mesmas, aos seus impulsos,
aos seus sonhos e ambições, à sua noite de valores.
Felizmente que há novos movimentos e dinâmicas eclesiais,
que procuram preencher esta lacuna e ratoeira,
e alimentam a formação permanente, acompanham os novos desafios,
ajudam a crescer na fé e despertam para a conversão.
O Advento vem recordar-nos do “ainda não basta”,
do “quero ser mais santo e identificar-me mais com Cristo”!

Senhor, como sois grande e imenso é o mistério do vosso amor,
ajuda-nos a crescer na fé e na santidade de vida!
Cristo, nosso salvador e companheiro de peregrinação,
dá-nos o teu Espírito e sê a nossa luz nas trevas da nossa vida!
Ajuda-nos a ser uma Igreja viva e missionária,
sempre em tensão de Advento e conversão vigilante,
para que andemos humildemente como em pleno dia!
Ajuda-nos a não viver apenas a lamentar-nos da nossa fé frágil,
mas a buscarmos crescer e alimentar a nossa vida
com a oração, a escuta da Palavra e a participação ativa
na Eucaristia e na construção de um mundo melhor!

Vinde, Senhor Jesus, e revesti-nos com a luz do teu Evangelho!

sábado, novembro 26, 2016

 

Sábado da 34ª semana do Tempo Comum


Não suceda que os vossos corações se tornem pesados. (cf. Lc 21,34-36)

Jesus é leve e livre para estar em Deus e na criação.
A sua vida é um rio de água viva, transparente e curativa,
que corre pelos desertos da nossa vida cheia de areias.
Come e bebe com os pecadores, mas não como os pecadores!
A sua missão é conquistar e curar os corações doentes
e não encharcar-se de comida, de bebida e de preocupações,
que tornaria o seu coração pesado e em redemoinho sobre si mesmo!
Jesus pode dar a sua vida na cruz,
porque aprendeu a dá-la cada dia, como peregrino de coração leve!
Cristo alerta-nos para termos cuidado e estarmos alerta em oração,
para que não sejamos surpreendidos, de coração pesado,
ocupados em ambicionar coisas para nós mesmos,
sem espaço nem forças para amar a Deus e aos outros!

Somos uma sociedade sedentária, sentada em cadeira de rodas!
Queremos ser como o sol, desejando que tudo gire à nossa volta.
Sentamos-nos no carro para que o mundo ande e nós parados;
sentamos-no sofá em frente à TV ou do computador,
para que o mundo passe à nossa frente
e nós fiquemos parados de comando na mão;
Em vez de visitarmos alguém, telefonamos-lhe,
para que nos comuniquemos, sem nos deslocar!
Com tudo isto, o coração fica gordo, pesado, preguiçoso,
e o corpo fica encharcado de vazio, paralisia, umbiliquia!
O nosso sedentarismo está a colocar-nos doentes,
pesados, gulosos, incapazes de nos elevar para Deus,
nem de nos levar, leves e alegres, ao encontro do outro!

Senhor, nosso Deus, de coração grande e leve,
porque livre de gorduras egoístas e cheio de amor misericordioso,
dá-nos um coração semelhante ao vosso!
Cristo, livre para servir e dar a vida por nós,
envia-nos o teu Espírito de sabedoria e ensina-nos a viver,
com equilíbrio e harmonia, com solidariedade e piedade!
Ensina-nos a ser sempre peregrinos da verdade, da justiça,
do amor, da liberdade, da misericórdia e da missão!
Faz de nós atletas da oração, da escuta, da contemplação,

do diálogo, do encontro, da visitação, da compaixão!

sexta-feira, novembro 25, 2016

 

6ª feira da 34ª semana do Tempo Comum – S. Catarina de Alexandria


Olhai a figueira e todas as árvores. (cf. Lc 21,29-33)

Deus escreve beleza e harmonia na natureza.
Tudo fala do Criador, com a mesma gramática de amor.
Pela contemplação, aprendemos a ler a natureza,
descobrimos-nos irmanados no dom e no cuidado.
Jesus, em Nazaré, aprendeu a observar o sol e chuva
que vem para todos, bons e maus,
e compreender a misericórdia divina!
Aprendeu a olhar os lírios e os pássaros
e a ouvir a providência divina falar.
Aprendeu a surpreender-se com a pequenez da semente
e a acreditar na força da fé e do reino de Deus.
Aprendeu a ver na busca ansiosa e no festivo encontro
do pastor que perdeu e encontrou uma ovelha perdida
ou da mulher que perdeu e encontrou uma moeda,
a sua missão de salvar os pecadores e de os procurar.
Aprendeu com a figueira e a videira,
que o importante são os frutos que dão vida aos outros
e não a folhagem com que se enfeita a si mesmo!

A velocidade com que andamos
e os entretens com que preenchemos o silêncio,
impede-nos de contemplar, de aprofundar, de meditar!
Quando a opção é andar de autoestrada,
a natureza e a paisagem não nos entram dentro,
mas ficam para trás, pois o foco é chegarmos ao destino.
Os produtos chegam-nos a casa, via supermercado,
todos processados, embalados e às vezes pré-cozinhados.
A luz elétrica eclipsou a beleza misteriosa de um céu estrelado!
A cidade, ao ritmo do telecomando,
fez-nos estranhos aos ritmos naturais do semear e cuidar,
do podar e tratar, do mondar e colher, do cheirar, tocar e saborear...
Hoje há muita gente analfabeta na contemplação da natureza!

Bendito sejas, nosso Senhor, pelo jardim da criação,
autónomo e dependente, que colocaste ao nosso serviço
e nos pediste que cuidássemos dele com arte e com alma!
Bendito sejas, Jesus, pela prolongada vida oculta em Nazaré,
onde aprendeste a ler no livro da vida os mistérios do reino de Deus!
Ensina-nos a gramática da contemplação e da meditação
em cada pormenor e em cada acontecimento,
sabendo deter-nos, silenciar os ruídos escolhidos,
e expor-nos à sinfonia natural dos sons, dos cheiros,
dos sabores, das cores, das formas, da criatividade...
Espírito Santo, dá-nos o dom da sabedoria,
para sabermos ler e compreender o sentido da vida,

no livro da Escritura e no livro da Criação!

quinta-feira, novembro 24, 2016

 

5ª feira da 34ª semana do Tempo Comum – S. André Dung-Lac e companheiros


Jerusalém será calcada pelos pagãos, até que aos pagãos chegue a sua hora. (cf. Lc 21,20-28)

A palavra final da história é o Filho do Homem,
que vem do Alto, com grande poder e glória,
para julgar opressores e oprimidos.
A uns, Jesus vai mostrar que estão mortos e desintegrados,
a outros vai dar a sua libertação e recompensa!
A todos chega a sua hora de verdade frutificada,
que será julgada pelo que é eterno, pelo que permanece,
pelo Coração que geme de dor por ver filhos queridos perdidos
e canta de alegria por ver filhos que são diamantes escondidos!
Como é bom sabermos que a história é conduzida pelo Amor!

A história está cheia de grandes impérios que nasceram,
cresceram, dominaram, enfraqueceram e morreram.
Que adianta gritar, agredir, explorar, ambicionar, fanfarronar,
se um dia seremos todos frágeis, dependentes, reduzidos a nada?
A aparência esconde muitas vezes uma podridão interior!
É quando se abre a fruta que se revela o que está dentro;
é quando o tempo amadurece que se mostra
a consistência da força, a fecundidade do poder,
a verdade da palavra, a sustentabilidade do amor!
Deus, o Eterno, está sempre no princípio, no entretanto e no final,
é sempre a última palavra, é sempre o amor nos espera e julga!

Pai de bondade e misericórdia, damos-Te graças,
porque o Teu poder não humilha nem destrói,
mas cria, cuida, acompanha, serve, cura e salva!
Cristo, Messias despido de poder e de ambição de domínio,
ensina-nos a ser humildes na força e na prosperidade,
a ser fraternos e solidários na administração dos bens,
a viver da fé e da confiança na fraqueza e na privação.
Espírito de luz e de discernimento da verdade,
ajuda-nos a viver cada etapa da nossa vida,
com a sabedoria do que vale no mercado de valores eterno!
S. André e companheiros, irmãos mártires duma fé madura no Vietname,
intercedei para que não sejamos cristãos camaleão,

mas cristãos capazes de seguir Jesus até à cruz!

quarta-feira, novembro 23, 2016

 

4ª feira da 34ª semana do Tempo Comum


Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas. (cf. Lc 21,12-19)

A misericórdia é a perseverança de Deus na história!
A Encarnação do Filho é uma missão arriscada
em que a Fidelidade monta a sua tenda no reino da infidelidade,
a palavra da Aliança é proclamada à prostituta leviana,
o Enamorado oferece a sua vida para salvar a sua amada!
A cruz é a prova final em que despem Jesus de todo o amor,
e o aparente fracasso dum Messias vencido
é coroado pela perseverança de Quem continua a acreditar:
que só o Amor salva, só o amor é eterno, Jesus é Filho do Amor!
A vida do cristão é chamada a ser provada na perseguição,
na tentação, na escuridão da fé, no abandono do amor,
para revelar a sua perseverança, a rocha onde está construída!

Existe hoje uma fobia doentia ao fracasso e ao sofrimento.
A educação foge do não, com medo que fiquem traumatizados!
Tudo é sim, tudo é proteção antecipada do perigo,
tudo é cheio de recompensas de capricho!
A ascese do desejo, a espera do momento oportuno,
a orientação para o bem comum, a perseverança no compromisso,
não é educado, não é ensinado, não é testado!
Assim a vida torna-se mais uma fuga do que uma procura!
O mesmo se replica na educação da fé,
que em vez de apresentar Jesus na cruz como modelo a seguir,
apresenta um Deus milagreiro que deve completar no exame,
aquilo que não estudei, vencido pela preguiça
e os passatempos que alimentam a dependência!

Senhor, Rocha firme da nossa esperança
e Sol que nos aquece com a tua misericórdia,
fortalece a nossa fé e dá resiliência à nossa fidelidade!
Cristo, prova vencida contra a tentação duma vida de fuga,
ensina-nos a permanecer no amor quando fustigado pelo ódio,
a dar razões da nossa esperança em ambientes adversos!
Espírito Santo, sabedoria que ilumina a mentira escondida,
ensina-nos a ser profetas da vida eterna na cultura do provisório,
em que o consumismo nos engrenou e nos ensonzou!
Dá-nos o dom de uma oração perseverante e constante,
de uma misericórdia fiel e gratuita,
de uma solidariedade generosa e gratuita,

de um testemunho destemido, humilde e audaz!

terça-feira, novembro 22, 2016

 

3ª feira da 34ª semana do Tempo Comum – S. Cecília


Muitos virão em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais. (cf. Lc 21,5-11)

Jesus alerta-nos para os messianismos oportunistas,
em tempos de crise, de guerra, de medo e de instabilidade.
Apresentam-se como messias especiais enviados por Jesus,
falam na primeira pessoa e atemorizam com milenarismos,
com data e hora marcada, em que tudo será destruído,
menos eles e quem estiver com eles!
Desses, Jesus alerta-nos: “Tenham cuidado, não os sigais!
Deus não quer a destruição, mas a conversão,
por isso, os sinais de emergência, guerras e alterações climáticas,
não são para nos alarmar, mas para nos despertar
e levar a corrigir com sabedoria e amor os erros cometidos por todos!
O final do ano litúrgico é tempo de avaliação, não de atemorização!

Os tempos de crise exigem discernimento pessoal e comunitário,
não soluções mágicas, “banhas da cobra” que curam tudo,
milagres a pedido como varinhas da fada, ilusionistas do sucesso!
A maioria das vezes segue-se o movimento do pêndulo,
fugindo de um que nos desiludiu e entregando-nos ao outro,
que nos promete mundos e fundos de um dia para o outro!
É assim na política, na afetividade, na vida religiosa, no mercado...
É assim que florescem populismos e extremismos políticos,
seitas e messianismos religiosos, espiritismos e astrólogos,
professores de cartas e mistérios escondidos,
alienações drogadas e vendas de elixiris na internet!
É assim que os carentes de amor e os pobres ricos de sonhos
são enganados por predadores vestidos de anjos!

Senhor, Pai bondoso e Rei da misericórdia,
obrigado pelo tempo que nos dás de conversão,
pela Palavra e pelos sinais de aviso e de convite,
por Jesus, teu Filho e Vosso enviado a salvar-nos!
Cristo, Filho do Homem que cura e julga na cruz,
obrigado porque Te apresentas mediado na Igreja
como médico que se apresenta como remédio,
como Pão e Cordeiro que alimenta a santidade!
Espírito Santo, Luz que conduz à verdade e ao amor
e aquece o frio do nosso egoísmo com a comunhão fraterna,
louvado sejas pelo Teu trabalho suave e profundo,
que nos vai ensinando a canção do Cordeiro imolado de pé!
S. Cecília, arpa de louvor da virgindade e do martírio,

ensina-nos a cantar um cântico novo, cada manhã!

segunda-feira, novembro 21, 2016

 

2ª feira da 34ª semana do Tempo Comum – Apresentação de Nossa Senhora


Ofereceu tudo o que possuía para viver. (cf. Lc 21,1-4)

Quem olha a partir do infinito não olha a quantidade,
mas o relativo na proporção do todo!
Quem vê a partir de dentro e conhece os corações,
não se surpreende com a quantidade da oferta,
mas com o amor generoso da entrega de si!
O Filho de Deus esvaziou-se de tudo ao encarnar,
para que não caísse na tentação de nos dar coisas,
em vez de se dar a si mesmo, como cordeiro imolado!
Foi na oferta de si mesmo que Jesus cumpriu plenamente
o mandamento da aliança: “amar com TODO o coração,
com TODAS as forças e eternamente a Deus e ao próximo!”
Foi esta plenitude de entrega que Jesus elogiou na viúva pobre,
Deus se alegrou na Virgem Maria e a Trindade espera de nós!

Tudo se dá ou vende por medida e a partir do sobra.
O bem maior é o tempo que revela onde temos o coração!
Dar todo o tempo a alguém, a uma causa ou a uma coisa,
é deixar-se absorver por uma generosidade que cheira a eterno!
Passar todo o tempo comigo mesmo, chama-se narcisismo;
passar todo tempo os outros e com Deus chama-se consagração!
Dar um pouco de tempo a cada dimensão da vida: eu, vós, Ele,
chama-se sabedoria de viver, equilíbrio saudável ao coração!
Dar o tempo que sobra ou forçado, sabe a pouco,
sabe a comida fora de prazo, é indigesto para quem o recebe!

Santíssima Trindade, eterna e totalmente empenhada em ser dom,
em ser misericórdia infinita, em ser aliança eterna,
em dar a vida pela nossa salvação,
em bater pacientemente à nossa porta,
dá-nos um coração semelhante ao Vosso!
Cristo, imagem perfeita de Deus-Dom,
aumenta a nossa fé e alimenta-nos com o dom da Eucaristia,
para que também aprendamos a amar e servir,
entregando-nos integralmente e com alegria generosa
a Ti, à tua missão e ao cuidado dos irmãos e da criação!
Maria, que se apresenta a Deus como serva humilde e fiel,
ensina-nos a descentrar de nós mesmos, como poço fechado,

para seguirmos o teu ideal de ser fonte que dá vida!

domingo, novembro 20, 2016

 

34º Domingo do Tempo Comum – Nosso Senhor Jesus Cristo Rei, Rei do Universo


Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza. (cf. Lc 23,35-43)

Jesus, manso e humilde de coração, senta-se no trono da cruz.
As honras que lhe prestam são zombaria, troça, insultos,
ridicularização e o vinagre a beber do desprezo público!
Perante este ataque à sua reputação
e autenticidade do seu messianismo,
Jesus permanece em paz, a sangrar de amor e de graça!
Paga-nos com a doçura do seu amor misericordioso
e transforma o vinho azedo que lhe damos, em vinho novo de perdão!
Reinar sem se notar, ser servo e sem amedrontar,
ser paciente e esperar que lhe batamos à porta para entrar,
selar a sua aliança eterna de amor, quando não é amado,
é tocar o mistério, sentir o colo dum trono surpreendente!

O ser humano tornou-se rei em muitas coisas:
no domínio das ciências e das tecnologias,
na compreensão de mistérios do macro e do nano...
mas são reinados limitados
e a ciência já se habituou a ser mais humilde e menos apodítica!
A depressão e a violência institucionalizada
demonstra que ainda não reinamos em cercas ocasiões,
que perdemos a segurança e entramos em estado de contaminação
perante ataques verbais que ofendem a nossa reputação!
Ainda temos que crescer muito em maturidade e amor
até chegarmos à estatura de Cristo que transforma a cruz
num sinal de vitória, num trono de misericórdia e fidelidade!

Senhor, lembra-te de mim quando me dão vinagre a beber
e a azia da revolta e do ressentimento me adoece a alegria!
Senhor, lembra-te de mim quando sou tentado a descer da cruz,
a fugir dos problemas, a negar a fé, a desistir de lutar pelo bem!
Senhor, lembra-te de mim quando o pecado me torna dependente,
me desanima a esperança e me fecha no medo de tentar ser santo!
Senhor, lembra-te de mim quando me esqueço de Ti
e procuro coroas de teatro, que fazem da vida um virtual show!
Senhor, venha a nós o teu Reino e ajuda-nos a crescer
na fé, na esperança, na caridade, na justiça,

e na fidelidade à tua missão quando o ridículo nos ataca!

sábado, novembro 19, 2016

 

Sábado da 33ª semana do Tempo Comum


De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher? (cf. Lc 20,27-40)

Deus desposou o seu Filho querido, o enlevo da sua alma,
com a humanidade, sua criatura, fruto do seu amor!
É uma esposa infiel que se vai entregando a sedutores aventureiros,
sem vínculo nem fecundidade, a não ser o prazer do instante!
Cristo desceu e aproximou-se do seu coração rebelde,
falou-lhe ao coração, ofereceu-lhe o perdão,
e comprou-lhe a sua liberdade com o preço do seu sangue!
E quando a sua esposa O traiu e O matou,
não morreu a sua paixão nem secou o seu amor,
mas selou com ela uma aliança eterna e unilateral!
Todos os outros esposos idolátricos e voláteis,
desapareceram como apareceram,
por isso, o único esposo na ressurreição será Cristo,
Aquele que é, que era e será a aliança eterna de Amor!

Hoje ser moderno é ser infiel e ambicionar novidades!
O lixo está cheio de compras que passaram de moda,
fora do prazo de validade, que se tornaram inúteis!
O critério não é se estão em bom estado,
mas se são antiquados, se já nos cansámos deles!
O mesmo se aplica às relações humanas, que se tornam voláteis,
como abelhas que querem experimentar tudo e todos!
Hoje todos querem ter o papel de provadores,
num donjuanismo doentio que grita liberdade!
Daí os divórcios sucessivos, as poligamias e poliandrias,
as solidões depressivas, o comércio do sexo...
Felizmente há gente que sabe renovar o usado e dar-lhe nova vida,
sabe dar um fim solidário ao que já não precisa,
sabe separar e reciclar ou compostar o que se tornou lixo!

Santíssima Trindade, Deus dos vivos e fonte da Vida,
alarga o nosso horizonte de fidelidade e de amor!
Cristo, Amor não amado que não Te cansas de nos amar,
aumenta a nossa fé na ressurreição e a nossa ambição de santidade!
Espírito de discernimento, dá-nos um coração novo
e ajuda-nos a acolher a misericórdia divina que nos salva!
Maria, Mulher fiel e Mãe da Igreja,
ajuda-nos a ser uma Igreja-esposa santa, pura e misericordiosa,
na fé, no testemunho, na missão, na celebração e no quotidiano!
Ensina-nos a cuidar da criação com equilíbrio e justiça!
Dá-nos a sabedoria de amar na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença, na prosperidade e na dificuldade,

tudo cozinhado com diálogo, perdão e humildade!

sexta-feira, novembro 18, 2016

 

6ª feira da 33ª semana do Tempo Comum – Dedicação das Basílicas de S. Pedro e S. Paulo


Jesus entrou no templo e começou a expulsar os vendedores. (cf. Lc 19,45-48)

Jesus veio purificar o templo vivo de Deus:
o coração humano, a sua aliança e os sinais da sua presença!
Deus não quer habitar em paredes frias e desérticas,
nem em praças de mercado só acessíveis a alguns,
mas quer ser o fogo da aliança, a luz do amor,
o hino de louvor, a palavra de misericórdia,
o ponto de encontro celebrativo e festivo
que une os povos numa só voz, fraterna e pacífica!
A sua oferta ao Pai não é comprada a nenhum vendedor,
mas é a sua própria vida oferecida em resgate por todos!

Onde tudo se compra e se vende é difícil encontrar Deus!
Evangelizar hoje, passa por ter uma posição profética,
que denuncia e purifica uma sociedade baseada no mercado,
onde o corpo se vende e se compra, o amor se infideliza,
a paróquia se torna numa secretaria que vende serviços religiosos
e fazemos do templo uma feira de vaidades
e da oração uma cunha para alcançar o que queremos!
Jesus quer entrar na minha vida, no meu coração,
e expulsar os vendedores de vinganças e de chantagens,
de mentiras e de ilusões, de escravaturas do prazer e do consumo!
Jesus quer que cada um se descubra casa de oração,
mansão de fraternidade, tenda de encontro, banca de bênçãos!

Santíssima Trindade, mistério de graça e de oferta salvífica,
venha a nós o vosso reino de misericórdia e de amor!
Cristo, sacerdote do Altíssimo com coração de cordeiro,
alimenta-nos com o teu Corpo eucarístico,
para que aprendamos a oferecer-nos gratuitamente
pela salvação de todos os que dependem do valor de mercado!
Espírito Santo, diálogo verdadeiro no silêncio do encontro,
ensina-nos a orar e a escutar a palavra da conversão,
no silêncio do quarto e na comunhão da Igreja celebrativa!
S. Pedro e S. Paulo fazei de nós uma oferta graciosa a Deus

e agradável e acessível a todos os irmãos excluídos do mercado!

quinta-feira, novembro 17, 2016

 

5ª feira da 33ª semana do Tempo Comum – S. Isabel da Hungria


Por não teres reconhecido o tempo em que foste visitada. (cf. Lc 19,41-44)

Deus visita o seu povo, disfarçado nas mediações:
as leis da natureza, o roer de consciência,
o gemido do pobre, a Palavra que ilumina,
os sinais sacramentais, a contemplação do mistério,
a beleza natural e artística, a bondade gratuita...
A fé é a arte de saber reconhecer no quotidiano
a grandeza do infinito e o amor escondido de Deus,
que nos visita como brisa suave que refresca a alma!
Jesus visitou Jerusalém, mas esta andava distraída
e matou o salvador, o Rei que entrou manso e humilde!
Quando não reconhecemos a Fonte da paz, como podemos ter paz?

Os MCS e o marketing fazem da distração uma indústria !
Põem-nos à busca de pokemons virtuais,
para não vermos a pessoa que está ao nosso lado,
nem buscarmos o sentido da vida,
nem o Invisível que nos visita e nos envolve com o seu amor!
O ritmo apressado e o medo de acordarmos sós,
fazem de nós fugitivos da nossa sombra e do nosso vazio,
de fones nos ouvidos a ouvir músicas conhecidas
ou de telemóveis na mão a fazer de conta que fazemos amigos!
Deus continua a visitar o seu povo, disfarçado de peregrino,
mas o ativismo e as atividades complementares,
impedem-nos de O reconhecer e escutar
no mais interior da nossa alma abandonada e alienada!

Deus da paz, que nos visitas sem violência,
mas como brisa suave que refresca a felicidade e nos pacifica,
sem necessidade de calmantes nem estimulantes!
Cristo, misericórdia peregrina que nos bate à porta a cada instante,
ajuda-nos a reconhecer-Te e a deixar-Te entrar como salvador!
Envia-nos o teu Espírito de luz e de verdade
e aumenta a nossa fé, esperança e caridade,
para que não sejamos sujeitos nem agentes de destruição

da criação, da justiça, da paz e da alegria de viver!

quarta-feira, novembro 16, 2016

 

4ª feira da 33ª semana do Tempo Comum


Muito bem, servo bom! Porque foste fiel no pouco, receberás... (cf. Lc 19,11-28)

Cristo veio para reinar e conduzir as nossas vidas,
embora a sua presença na fé pareça uma ausência!
É tempo da responsabilidade pela missão acolhida,
de arriscar e colocar a render os dons recebidos,
de empenhar cada instante com o entusiasmo do encontro,
de esperar vigilantes para que o medo e o egoísmo não nos paralisem!
O final do ano litúrgico, que termina com a festa de Cristo Rei,
é tempo para avaliar os dons que pusemos a render
e os dons que recebemos e guardámos só para nós,
numa avareza comodista, sem esperança nem fraternidade!

As paróquias serão o que cada paroquiano partilhar dos seus dons!
Em todas há boas vozes que cantam durante o banho,
mas nem em todas há bons coros que animam a liturgia,
porque dá trabalho, exige fidelidade e generosidade de tempo!
Em todas há bons leitores que leem jornais e livros,
mas nem em todas há um grupo de leitores organizado.
Em todas há pessoas com disponibilidade e pés para andar,
mas nem em todas há um grupo de visita aos doentes
para levar a comunhão eucarística e o calor à solidão!
Em todas há pessoas em busca do aprofundamento da fé,
mas nem em todas há grupos de catequese de adultos...
Há muito dom guardado no lenço do nosso comodismo!

Pai Santo que nos deste em Jesus, teu Filho,
o modelo a seguir do “Servo bom e fiel na pequenas coisas”
envia-nos o teu Espírito para que O possamos imitar,
na Igreja e na sociedade, em público e em privado!
Cristo, que queres reinar em nós para nos fazer crescer
em generosidade de entrega e audácia na missão,
liberta-nos do medo do que os outros pensam e julgam
e concentra o nosso coração no que nos faz bons servos!
Ajuda-nos a fazer cada dia o nosso exame de consciência,
não tendo como critério o que todos fazem ou não fazem,
mas a medida sem medida da tua entrega na cruz!

Ajuda-nos a fazer da nossa vida um dom ao serviço do bem comum!  

terça-feira, novembro 15, 2016

 

3ª feira da 33ª semana do Tempo Comum – S. Alberto Magno


Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima. (cf. Lc 19,1-10)

O Filho de Deus ao encarnar quis-nos ver a partir da baixo,
procurando-nos como um pedinte,
hospedando-se em nossa casa atulhada de próteses de engrandecimento,
reparando na nossa pequenez aumentada pelos sicómoros
aonde subimos e nos dependuramos!
Jesus pode olhar para cima porque se fez servo,
servo de Deus e servo da humanidade perdida,
que tenta correr à frente dos outros, em busca de torres de mirones,
famas compradas, esconderijos visíveis, bancadas virtuais!
Olha para o Pai como Filho e enviado fiel e obediente,
olha para humanidade como médico e como pastor,
que conhece os tumores disfarçados que nos matam por dentro!

Hoje passamos o tempo a olhar para cima,
com a cobiça de ter mais poder, dinheiro, fama e prazer.
Por isso, a competição, a concorrência, a busca da lotaria da sorte,
a cunha, a chantagem, o disfarce, o dopping, a corrupção...
são as atitudes mais comuns que brotam deste “olhar para cima”!
A vida transforma-se numa luta para ver quem sobe mais alto,
quem chega primeiro, quem vence a etapa, quem é o maior!
Como é difícil subirem todos ao “sicómoro”,
alguns refugiam-se no sonho, outros no virtual, outros na adição!
Felizmente há pessoas que sabem olhar para cima
e descobrem a grandeza e a fecundidade dum Deus que desce!
Há pessoas, que por saberem olhar para cima,
descem à periferia invisível, hospedam-se em bairros de má fama
e condimentam a mesa com a esperança paciente da fraternidade!

Pai nosso que estais nos Céus e nos olhas a partir de baixo,
como o olhar da misericórdia e o amor dum pai-mãe,
venha a nós o teu reino e santificado seja o teu nome!
Envia-nos o teu Espírito e liberta-nos das miragens idolátricas,
que nos fazem perder tempo a lutar pelo que perece
e em busca do imediato, armados contra a concorrência!
Ensina-nos a olhar para cima e a aprender com Jesus,
a ver o Invisível, a escutar a Aliança, a dialogar com a Presença!
Ensina-nos a olhar para cima e a ter compaixão da pobreza dos ricos,
na sua vanglória, na sua solidão, nas suas amizades compradas!
Ensina-nos a olhar para cima, descendo à exclusão,
com a pobreza dos meios e a riqueza do coração!
S. Alberto Magno, roga para que sejamos sábios

e zelosos no seguimento de Jesus, pastor e cordeiro!

segunda-feira, novembro 14, 2016

 

2ª feira da 33ª semana do Tempo Comum


Seguiu Jesus, glorificando a Deus. (cf. Lc 18,35-43)

Jesus é a glória do Pai pela sua fidelidade.
O Pai repousa no seu Filho e confiou-lhe a sua Palavra,
a sua misericórdia, o destino da sua aliança com a humanidade!
O Filho vê o amor do Pai em todas as coisas
e escuta o clamor dos cegos sentados à margem da vida,
com o mesmo coração com que se sente amado!
É assim que Jesus gostaria que nos deixássemos curar:
persistentes na fé, fieis no seguimento, espontâneos no louvor!
Ser cristão não é só cumprir umas normas e uns ritos,
mas é fazer tudo isso com um testemunho de vida
que glorifica a Deus e atrai à fé e ao seguimento de Jesus!

Muitas vezes não é a fé e o amor a Cristo que nos move,
mas o medo do castigo e do Inferno,
o arrastamento da tradição, a pressão da cultura,
a rotina religiosa, a magia do ritual e do mistério...
O resultado destas manifestações religiosas
dá, muitas vezes, em consumidores de ritos e de orações,
escrúpulos que geram culpabilidades ao milímetro,
separação entre ética e religião, praticantes de deveres,
práticas ocasionais em estados de emergência,
beatices que incomodam e afastam as pessoas de Deus!
Só quando a fé e o amor a Jesus nos movem
é que o seguimento dá glória a Deus, pela alegria de vida,
pelo paixão de servir, pela humildade no testemunho,
pelos sentimentos que alimentamos, pela liberdade que respiramos!

Santíssima Trindade, comunhão de amor eterno,
envia-nos o teu Espírito para amarmos com o mesmo alento
e darmos glória ao Pai, pelo fiel seguimento do Filho!
Cristo, peregrino misericordioso que vens ao nosso encontro,
cura-nos da cegueira que não vê para além do imediato
nem do umbigo interesseiro, nem quem vive à margem da exclusão.
Cura-nos da surdez da tua Palavra que nos incomoda,
dos gemidos de quem implora perdão, carinho e solidariedade!
Dá-nos a graça do seguimento do teu Evangelho,
com a humildade de quem se sabe pecador e peregrino da verdade,
e o ardor e a fidelidade de quem luta contra o egoísmo recorrente!
Ajuda-nos a que o nosso testemunho seja evangelizador

e diga bem de Ti, no quotidiano e nas pequenas coisas da vida!

domingo, novembro 13, 2016

 

33º Domingo do Tempo Comum


Assim tereis ocasião de dar testemunho. (cf. Lc 21,5-19)

Jesus veio montar a sua tenda num mundo adverso!
Veio aos seus e os seus não O reconheceram nem acolheram!
Veio para salvar e restabelecer uma aliança eterna,
mas foi perseguido, rejeitado e condenado inocentemente!
Assim, o Senhor pôde dar testemunho da misericórdia infinita,
do amor eterno e escondido, do silêncio a sangrar de frio,
da fidelidade perseverante e incondicional de Deus!
Aos seus discípulos, Jesus adverte que não serão pedras de adorno,
nem flores de estufa, protegidos da toda a adversidade,
mas envia-nos como cordeiros para o meio de lobos,
peregrinos da verdade e do amor que não se esgota em ninguém
nem se plenifica em nenhum momento histórico!

Vive-se uma fuga e medo de dar testemunho perante a adversidade!
Foge-se e adia-se tudo o que pode provocar dor.
Centrados no conforto de nós mesmos,
desconfiamos-se de tudo e de todos,
evitando olhar e falar para não nos comprometermos,
evitando começar para não ter que continuar,
evitando ter filhos para não perder a liberdade nem ter que sofrer,
privatizando a expressão religiosa para não sofrer chacota social,
evitando ações de evangelização com receio do fracasso...!
Mas é nestes momentos de prova e de audácia que os cristãos
são chamados a revelar a sua confiança no Espírito Santo,
a sua perseverança no seguimento de Jesus até à cruz,
a sua misericórdia que vacina o coração contra a vingança!

Senhor, estamos quase no final de mais um ano litúrgico
e o que fizemos com tanta Palavra profética escutada,
tanto Pão da vida distribuído, tanta misericórdia oferecida?
Cristo, Rocha firme que permaneces no Pai e nós,
dá-nos o dom de permanecer num discipulado esforçado e humildade,
e aumenta a nossa fé na tua misericórdia infinita!
Espírito de verdade, ajuda-nos a não ter medo de dar testemunho
na família, na sociedade e nas adversidades da vida!
Faz de nós farol firme e enraizado no teu Evangelho,
para que a nossa vida não seja uma fuga ou um lamentório,
mas fermento de vida nova e testemunho de uma esperança viva,
capaz de navegar nas tempestades contrárias do mundo em que vivemos!

Neste dia dos seminários, dá-nos pastores com coração do Cordeiro!

sábado, novembro 12, 2016

 

Sábado da 32ª semana do Tempo Comum – S. Josafat


Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite? (cf. Lc 18,1-8)

Jesus ora ao Pai com fé e com esperança, sem desanimar!
Nele procura luz para compreender a sua vontade,
força para amar e perdoar com fidelidade eterna,
inspiração para ser Palavra, testemunho e silêncio,
ardor para continuar a sua missão até à doação total!
É quando tem que escolher e chamar os apóstolos,
quando as multidões o tentam a ser rei da oportunidade
ou o medo engrandece o fantasma da dor antecipada,
que Jesus busca na oração uma resposta à noite da fé!
Jesus recorda-nos que devemos rezar como eleitos de Deus,
filhos queridos de Alguém que nos ama,
para não desconfiarmos d’Aquele a quem clamamos!

Rezar é colocar-nos nas mãos de Quem nos ama,
manifestar-lhe os nossos sonhos e as nossas dores,
escutar o seu silêncio que nos abraça e aquece,
esperar com confiança que o dom se faça tempo!
Numa cultura do imediato e do capricho,
da correria que confunde busca com fuga,
da cunha e da compra de favores,
é difícil rezar, parar para ouvir, ver o Invisível!
Quando muito cumprem-se rituais e deveres,
rezam-se orações já feitas, fazem-se promessas condicionais,
tudo a despachar, para cumprir horários, palavras sem esperança!
A oração, sem o sentimento de sermos “eleitos de Deus”, é difícil!

Pai de bondade infinita, que nos eleges como filhos,
na missão do Filho e do Espírito Santo,
abre o nosso coração ao teu amor e misericórdia!
Cristo, Filho do Homem que não esqueceste o coração do Pai,
ensina-nos a orar como Tu, no amor do Pai e na comunhão do Espírito!
Dá-nos a fome e se de justiça, que se sacia em cumprir a tua vontade,
para que o tempo de oração saiba a eternidade,
a velocidade da ambição se torne paz e confiança,
o medo da dor e do amanhã se torne fidelidade e esperança!

Dá-nos o dom de orarmos sem desanimar, cheios de fé!

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