Diálogo Aberto

O presépio de Belém é uma realidade o ano inteiro. Jesus vive agora em todo o ser humano frágil e sem as condições mínimas de qualidade de vida: os idosos carcomidos pela solidão e ingratidão, os doentes deprimidos pela dor e desesperança, os presos que ruminam revoltas e violências, os drogados matando-se para serem felizes, os imigrantes à procura de um paraíso perdido, as crianças abandonadas sonhando com o aconchego duma família, os bebés ainda no ventre da mãe clamando pelo direito à vida. Para que possa ser Natal – anúncio e concretização da boa nova de Jesus – é necessário acolher estes sinais frágeis e voltar “por outro caminho”, como os reis magos (Mt 2,12).

“Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12).
Na Bíblia, os sinais da presença de Deus são muito frágeis e pobres: presépio, carpinteiro da Galileia, crucificado… Não impressionam nem deslumbram pela aparência.
Exactamente o contrário do que hoje se procura: messias e ídolos famosos que deslumbram pelo poder ou pela presença nos meios de comunicação social.
Jesus, o Emanuel, está no meio de nós.
Encontra-se nas periferias e margens da sociedade, no silêncio da Palavra de Deus e na pobreza dos sinais sacramentais.
Hoje, como há dois mil anos, Ele clama por acolhimento e fraternidade.

"O Pai Natal está a chegar – vem da China e de barco”. Assim era o título dum grande jornal diário português. A notícia referia-se ao maior porta-contentores do mundo que desembarcou na Inglaterra onze mil contentores vindos da China com mercadoria para satisfazer o “natal do consumo” da Europa. Se antes o “pai natal” vinha do Pólo Norte num trenó, agora chega do Oriente em grandes barcos! O consumidor de prendas apenas procura preços acessíveis, não lhe interessa saber de onde vêm nem se foram produzidos à custa da exploração de mão-de-obra barata. É assim o anti-Natal, produzido por não-cristãos e consumido num ambiente resvaladiço e ternurento de troca de prendas!

Celebramos 500 anos do nascimento de S. Francisco Xavier (7 de Abril de 1506). A sua festa litúrgica é celebrada no dia 3 de Dezembro. O jovem Francisco começou a estudar com o sonho de ser mestre na Sorbonne de Paris. O seu companheiro, Inácio de Loyola, ajudou-o a descobrir a alegria de ser discípulo de Jesus toda a sua vida. O seu corpo atlético e a sua mente brilhante deixaram de viver para si mesmo e passaram a servir para amar. Partiu do Ocidente em barcos de comércio para levar a boa nova gratuita de Cristo ao Oriente. Perante tantos perigos, costumava rezar: “Senhor, ajuda-me a não ter medo de ter medo!”. E o amor a Cristo venceu a desconfiança. Francisco viajou durante dez anos por quase todo o Oriente para anunciar o amor redentor de Cristo. Morre às portas da China, antes de concretizar o sonho de converter este grande império. A sua vida permanece como um grande hino à missão incansável de ajudar todos os povos a nascer para Cristo. O cristão é um missionário que deve fazer o Natal acontecer todos os dias.