sábado, fevereiro 29, 2020

 

Sábado depois das Cinzas


Vim chamar os pecadores, para que se arrependam. (cf. Lc 5,27-32)

O Amor é reparador, restaurador de brechas instaladas.
A vida de Jesus é uma missão: Palavra que ilumina,
desafia, chama, acolhe, perdoa, fortalece e envia.
O seu olhar clínico vê a hipocrisia escondida,
a injustiça descuidada, a ambição desmedida, 
a liberdade perdida, a esperança amortecida.
Quaresma é tempo para nos deixarmos encontrar 
por Aquele que nos ama e nos quer restaurar.

A necessidade de alimentar a máquina industrial e comercial,
está a criar produtos descartáveis e avarias não recuperáveis.
Assim, quando algo avaria não se leva ao conserto, 
mas deita-se fora e compra-se novo.
Para a roupa criou-se o conceito de beleza
do rasgão e do aspeto de velho, comprado de novo.
Não será isto uma metáfora da nossa sociedade,
aceitar o desarranjo moral como modernidade
e desistir de educar e recuperar os perdidos do mundo?

Senhor, bendito sejas por não desistires de nós
e, como oleiro em processo, nos queres aperfeiçoar,
recuperar, retocar, refazer e curar dos defeitos.
Bendito sejas pela mesa da Palavra e do Pão eucarístico,
que, embora não sejamos dignos, 
Te sentas à mesa connosco e nos falas de voltar à aliança.
Benditos sejas, Senhor, 
porque apesar de sermos necessitados de conversão,
já nos envias a evangelizar e a propor a conversão aos outros!

sexta-feira, fevereiro 28, 2020

 

6ª feira depois das Cinzas


Nessa altura hão-de jejuar. (cf. Mt 9,14-15)

A eternidade é de festa, o tempo é o oportuno.
Há tempo para celebrar a esperança do Messias, 
tempo para celebrar o nascimento do Filho de Deus,
tempo de alertar para a conversão e vigilância,
tempo para celebrar a vitória sobre a morte,
tempo para celebrar a profecia e a missão…
Agora é o tempo da penitência e do jejum, 
da verdade e da caridade, da humildade e da misericórdia!

Hoje perdeu-se o sentido do tempo:
com a globalização perdeu-se o sentido da fruta da época
ou dos produtos locais; 
tudo se pode comprar em qualquer altura e lugar.
E nós parecemos grávidas cheias de desejos,
incapazes de conter o capricho e de respeitar o tempo.
Por isso, hoje o sentido da abstinência e do jejum,
a não ser por razões de saúde ou de falta de dinheiro,
é tão difícil de observar e de praticar!

Senhor do tempo e da eternidade, 
eis-me aqui na aurora de um novo dia, descansado 
e esperançado por merecer o dom da vida e da missão.
Perdoa os excessos e os descuidos ,
o andarmos fora de nós e do tempo,
o adiarmos o difícil e a conversão!
Dá-nos o sentido do jejum por causa de Ti,
da abstinência para aprendermos o autocontrole,
da penitência por amor ao outro e libertação de nós.

quinta-feira, fevereiro 27, 2020

 

5ª feira depois das Cinzas


Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. (cf. Lc 9,22-25)

A conversão é renunciar a si mesmo e aos seus critérios
e seguir Jesus, o seu Evangelho e o seu Espírito.
Escolher a vida é ter Jesus como guia e mestre,
e deixar Cristo ter um lugar privilegiado no nosso coração.
A Quaresma é tempo propício para escolhas fundamentais,
rever opções usuais, reconciliar-se com Deus e com o próximo.

Costumamos reduzir a penitência quaresmal a uns “sacrifícios”:
não comer doces, não beber café, não fumar…
embora a ideia seja isso mesmo: um sacrifício temporário,
para depois voltar ao mesmo de sempre, orgulhoso do feito.
A Quaresma propõe-nos uma conversão de vida a Jesus,
não uma abstenção temporária de alguns atos viciosos.

Senhor, obrigado por mais o dom desta Quaresma,
oportunidade para me reconciliar, me converter,
repensar o presente e o futuro sem as cicatrizes do passado.
Ajuda-me a passar dos bons propósitos para a realidade,
pois urge não perder tempo para alcançar a eternidade.
Quero deixar-me olhar por Ti e escutar o teu diagnóstico,
com o coração humilde a agradecido e espírito decidido!

quarta-feira, fevereiro 26, 2020

 

4ª feira de Cinzas


Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. (cf. Mt 6,1-6.16-18)

Deus vê o oculto, a verdade que nos habita e floresce.
É Ele que nos recompensa ou condena,
pois Ele é a única e última Palavra que conta.
Por isso, a verdade e transparência diante de Deus 
é a nossa condição de criaturas, o caminho da conversão.
A Quaresma é tempo favorável para nos expormos a Deus,
nos vermos ao espelho da sua Palavra e à luz do seu Espírito.
É Deus que afere a bondade das nossas obras!

O conceito de pecado anda muito condicionado pelo parecer do outro.
Como vivemos numa sociedade eticamente libertina,
não havendo coação social, perde-se o sentido do mal.
Aquilo que são exceções à regra da proteção à vida,
como é a despenalização do aborto e da eutanásia em casos extremos,
acaba por se assumir como “normal” e perde o sentido de pecado.
Aquilo que são fugas à verdade ou corrupção escondida,
se não for descoberta e sancionada, não é vista como um problema! 
A consciência tornou-se demasiado relativa, permissiva e elástica!

Senhor, Tu és o único que nos conhece profundamente,
pois estás sempre connosco, 
visitas os nossos sótãos e caves escondidas,
vês-nos para além das nossas máscaras e representações.
Só Tu conheces as causas e podes ser o Médico das nossas doenças,
por isso, cura-nos e abre-nos à tua misericórdia.
Nesta Quaresma aguça o nosso discernimento do bem e do mal,
num parar para reparar, num silenciar para escutar,
num fortalecer para caminhar em direção à verdade do Amor!

terça-feira, fevereiro 25, 2020

 

3ª feira da 7ª semana do Tempo Comum


Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». (cf. Mc 9,30-37)

Jesus conhece as nossas ambições e mentiras,
mas não as revela nem as atira à cara, apenas nos pergunta:
“que discutimos pelo caminho, em que nos ocupamos!”
Ele vai-nos falando de “dar a vida”, de “amar sem medida”,
enquanto nós nos entretemos a ver quem é o maior,
o mais importante, o que manda, o que vence o outro!
Comportamo-nos como crianças,
embora queiramos ser tratados como senhores e mestres!

O mercado defini-se pelo livre comércio e concorrência.
A ambição de ser o maior e mais poderoso,
é materializada em números de ganhos crescentes,
de popularidade generalizada, de poder de influência.
E quando cada um só pensa em si, ninguém no outro,
todos se sentem ameaçados e buscam acumular,
passando a vida a discutir como conquistar e guardar
o que ainda não tem e ambiciona ter!

Senhor, há muito ruído no nosso coração e consciência,
que nos impede de escutar a tua Palavra 
e de compreender a tua entrega e o teu amor.
Ensina-nos a não sermos infantis e egoístas,
mas a sermos filhos de Deus à imagem do Filho.
Nesta 3ª feira de Carnaval ajuda-nos a assumir as nossas máscaras
e a partir da nossa miséria, a acolhermos a tua graça e renovação.

segunda-feira, fevereiro 24, 2020

 

2ª feira da 7ª semana do Tempo Comum


A não ser pela oração. (cf. Mc 9,14-29)

O Senhor do Universo é a chave da salvação.
Confiar Nele, na intimidade da oração,
é bater à Porta do Médico que cura a raiz do mal.
E há certos males que só se curam por meio da fé e da oração:
a desesperança, o ressentimento, o medo da morte, o egoísmo…

O desenvolvimento científico e tecnológico
gerou uma confiança quase religiosa no progresso.
Deus deu-nos de facto a capacidade de entrar no mistério da vida,
de corrigir anomalias físicas e psicológicas,
de atacar infeções virais e bacterianas,
de aumentar a qualidade e a esperança de vida…
No entanto, há limites para a ciência que levam à morte.
O progresso científico não dá sentido à vida e à morte,
não ensina a amar e a perdoar, não cura o egoísmo,
não vende o passaporte para a felicidade eterna…!

Senhor, não Te vejo nem Te escuto em linguagem humana,
mas vejo-me em Ti e nos teus dons, 
agradeço-Te a beleza da natureza onde me sustento,
os sinais de amor que me acompanham e me dão força!
Em Ti sei que não sou um acaso mas alguém querido,
chamado pelo meu nome, encontrado pelo Inefável,
enviado a anunciar a esperança e a ser tua Palavra. 
Peço-te por todos os que correm sem horizonte nem rumo,
pelos que se deixam tombar por dependências e depressões,
pelos que gemem de medo de se tornarem dependentes
e de vergonha por se sentirem um peso inútil.
Dá-nos, Senhor, o dom da oração e da fé!

domingo, fevereiro 23, 2020

 

7º Domingo do Tempo Comum


Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no Céu. (cf. Mt 5,38-48)

Deus é santo, clemente e compassivo, a perfeição do amor!
O Filho de Deus é tal e qual o coração do Pai
e o Espírito Santo move a todos para a mesma filiação divina.
Estar em Cristo é deixar que o Espírito nos torne filhos de Deus,
num processo contínuo de assimilação do seu Evangelho.
Deus quer habitar em nós e fazer da nossa vida santidade,
dando frutos de amor sem medida e missão misericordiosa.

Ser “filho de Deus” é um processo de renascimento em Cristo.
O Batismo, motivado pela fé, é a entrada nesta peregrinação,
o Crisma é a manifestação da vontade de ser conduzido pelo Espírito,
a Eucaristia é sentar-se à mesa da Igreja, assumir o outro como irmão,
participar na escola de Cristo e alimentar-se na memória do seu amor.
Tornamo-nos filhos de de Deus dando frutos de Cristo e do Espírito;
perdemos a identidade de filhos de Deus quando não O imitamos.
Um cristão não praticante de Cristo, que não imita o Pai do Céu,
é um filho pródigo longe da Casa onde é esperado e amado!

Senhor, Pai e Filho e Espírito Santo,
bendito sejais pela vossa misericórdia, 
pela vossa providência bondosa, pela vossa aliança de amor,
pela cruz escada-do-Céu, pela Igreja assembleia em peregrinação.
Há em nós muito terreno a desbravar, muita erva daninha,
muito rebento bravio rancoroso e excludente,
muita vaidade inútil, muita cegueira narcisista.
Que o teu Espírito nos ilumine e o teu Evangelho nos guie,
neste processo moroso e lento de nos deixarmos tornar teus filhos.

sábado, fevereiro 22, 2020

 

Sábado, Cadeira da S. Pedro


Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. (cf. Mt 16,13-19)

O Senhor é o nosso Pastor, Ele é o Guia da Vida.
Jesus é o nosso Pastor, pois o Filho foi enviado pelo Pai.
Simão é a pedra sobre a qual Jesus edifica a sua Igreja,
pois Ele foi enviado por Cristo e animado pelo Espírito 
a continuar a sua missão com o mesmo coração de Pastor!
Esta Pedra fez-se Cadeira, a pessoa ministério,
e Roma o centro da comunhão e de fé na Igreja de Cristo.

Ser eleito papa é uma missão, não uma honra principesca.
Por isso, a Igreja introduziu a oração por ele em todas as Eucaristias
e Nossa Senhora, em Fátima, pediu que rezássemos pelo papa.
Trata-se de ser fiel às “coisas de Deus” 
e não “aos pensamentos dos homens”.
O discernimento pessoal e sinodal, 
a peregrinação pelas Igrejas para sentir a fé do povo,
o magistério a partir da Palavra e dos sinais dos tempos
são desafios desta Cadeira incómoda e missionária.
Esta é a cadeira da profecia, não dum juiz nem dum rei.

Senhor, Bom Pastor que anseias por bons pastores
que conduzam a tua Igreja com um coração fiel e bom,
dá-nos boas vocações religiosas, sacerdotais e episcopais.
Que a tua Cadeira seja o lugar da santidade e do discernimento,
da oração e da celebração, do magistério e da evangelização,
da escuta e da confirmação, do aviso e da reconciliação.
Conduzi o Papa Francisco no seu ministério petrino,
e ajuda-o a ser pastor da tua Igreja, segundo o teu Coração!

sexta-feira, fevereiro 21, 2020

 

6ª feira da 6ª semana do Tempo Comum – S. Pedro Damião


Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? (cf. Mc 8,34-9,1)

Deus é o amor eterno, a Palavra feita vida,
a Luz feita moção que chama e inspira confiança.
Nós fomos criados para a eternidade
e projetar a vida apenas para o tempo e o espaço, 
é ficar-nos pelo caminho, perdidos da meta.
Cristo é o caminho e a porta para a vida eterna,
e só quando renunciamos a nós mesmos e O seguimos,
é que a fé dá frutos de testemunho e nos salvamos.

A vida acaba por ser vista como concorrência.
Todos querem ir à frente, ser mais que,
ter mais que, ser mais famosos que…
e a vida em sociedade acaba por ser um estímulo a ter mais.
Muitos, para ser mais que o outro em pouco tempo,
usamos meios pouco justos e transparentes
e, para ganhar o mundo, acabam por perder a alma.
De vez em quando a justiça ou os “hackers”
revelam os podres que se escondem 
por detrás de um grande império e “caso de sucesso”!

Senhor, balanço entre a exigência em fazer render os dons que me deste
e a tentação de me focar apenas nos resultados materiais|
Ajuda-me a encontrar o equilíbrio entre o temporal e o eterno,
o trabalho e a justiça, o crescer e o diminuir, 
o que faço por mim e o que faço por Ti e pelos outros.
S. Pedro Damião, pastor empenhado na missão da Igreja,
intercede por nós, para que nunca percamos o horizonte da eternidade,
mas saibamos, com humildade, dar a vida pela missão de Cristo.

quinta-feira, fevereiro 20, 2020

 

5ª feira da 6ª semana do Tempo Comum – S. Francisco e S. Jacinta Marto


Não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens. (cf. Mc 8,27-33)

A Palavra de Deus é luz que nos conduz nas veredas do mistério,
pois a sabedoria de Deus não se debita, nem se compra, 
mas inspira-se e recebe-se com um coração simples e humilde,
de braços dados com um povo que busca o Senhor!
O ouro que luz nem sempre corresponde a um bom coração
e a veste andrajosa e rota pode esconder um coração de ouro.
Francisco e Jacinta Marto, crianças analfabetas e pobres de Fátima,
podem compreender o mistério de Deus e oferecer-se em sacrifício
pela salvação dos pecadores e consolo do coração de Jesus.
Grande é este mistério de fé em que se adentra esvaziando-se!

Os valores deste mundo nem sempre dão bons frutos.
O desenvolvimento tecnológico facilita a vida
mas não acrescenta tempo para amar e dedicar-se ao outro.
A sabedoria adquirida na escola capacita-nos para determinadas áreas,
mas não para viver o sofrimento, integrar os fracassos,
comprometer-nos com a justiça e com o bem comum.
Ter coisas, comprar novidades, satisfaz a cobiça,
mas não acrescenta em maturidade e capacidade de ser livre.

Senhor, sois uma surpresa permanente nesta peregrinação do mistério.
Ilumina-me e sacia-me com a tua Palavra e o teu Espírito,
para que, como as crianças Francisco e Jacinta Marto,
aguce o sentido da contemplação, o gosto da adoração,
e o desejo de me dar pela salvação do mundo.
S. Francisco e S, Jacinta, duas candeias a brilhar do Céu,
rezai para que ardamos de amor por Cristo e a sua missão,
de mãos dadas com Maria 
e acalentados no seu coração imaculado de Mãe!

quarta-feira, fevereiro 19, 2020

 

4ª feira da 6ª semana do Tempo Comum


Vejo as pessoas, que parecem árvores a andar. (cf. Mc 8,22-26)

O Senhor vê-nos com olhar de amor e de compaixão.
Somos muitos e diversos, mas cada um tem um rosto e um coração,
um nome e uma história, uma vocação e uma missão.
Deus quer curar a nossa cegueira, a miopia narcisista e consumista,
que só se vê a si, as suas necessidades e as suas ambições.
Tudo o resto, além de mim, é movimento e instrumento de interesse.

A grande cidade traz a despersonalização das relações.
As pessoas encontram-se, acotovelam-se e passam a correr,
com olhar vago, ou fixo no telemóvel, a ler um livro,
a ouvir uma música, a jogar um jogo virtual…
Veem mas não olham, o outro é invisível e impessoal,
como se fossem árvores em movimento.
O mais grave é que sentar-se à mesa
é proximidade física, mas distância real!
A viagem é para chegar à meta, sem contemplação,
pois queremos chegar em linha reta, 
sem distrações com a paisagem!

Senhor, que nos vês no escuro e para além do que mostramos,
porque Te interessas por nós, pelo palitar feliz e pacífico,
pela fonte que brota amor e solidariedade.
Quando a cegueira do egoísmo nos fecha o horizonte,
tocas-nos o coração, inquietas a nossa solidão e comodismo,
e nos perguntas o que vemos para aprendermos a ver como Tu!
Cura-nos e dá-nos um olhar comprometido com o bem comum,
disponível para dar nomes e rostos aos que colocas no nosso caminho.

terça-feira, fevereiro 18, 2020

 

3ª feira da 6ª semana do Tempo Comum – S. Teotónio


Não vos lembrais… Não entendeis ainda? (cf. Mc 8,14-21)

Jesus convida-nos a olhar o passado para entendermos a esperança.
O discernimento parte da experiência para compreender os frutos,
pois a ilusão cria desilusão e o caminho largo leva ao precipício.
O fermento dos fariseus conduz à segurança dos deveres religiosos
e o fermento de Herodes conduz à segurança do poder humano, 
são seguranças que confiam mais no ser humano do quem em Deus.
A divina providência e a incansável misericórdia revelada em Jesus,
não fermentam estas vidas, não dão pão de justiça e de paz.

Somos uma sociedade sem memória, que vive no instante.
Basta um tempo de intermédio e, quem nos enganou gravemente,
já se esqueceu o erro e se começa a acreditar de novo nele.
Os políticos sabem isso, e por isso, aparecem e desaparecem,
para que a falta de memória faça do engano confiança.
Sabemos que certas ansiedades eram desnecessárias
e que certas opções são nocivas, 
mas estes comportamentos repetem-se quase compulsivamente 
como fossem mais fortes que a nossa liberdade.

Senhor, sabemos que de Ti só nos vem o bem
e  não nos tentas para o mal, pois és Pai e Redentor.
Envia-nos o Espírito Santo para que possamos ser livres
e sábios para fazermos do passado uma escola de santidade.
Cura-nos das memórias ressentidas que nos paralisam,
e dá-nos o dom da memória dos caminhos que conduzem à vida,
nos trazem paz, nos movem para a conversão 
e nos alimentam o amor e a esperança.
S. Teotónio, peregrino da Cruz e sábio na entrega,
ajuda-nos a criar novidades 
que contribuam para a salvação do mundo.

segunda-feira, fevereiro 17, 2020

 

2ª feira da 6ª semana do Tempo Comum – Sete fundadores da Ordem dos Servitas de N. Senhora


Para O porem à prova, pediam-Lhe um sinal do céu. (cf. Mc 8,11-13)

Vivemos do Céu sem nos darmos conta!
Os sinais de Deus estão por toda a parte,
mas como cegos ingratos andamos à procura de novos sinais.
Jesus é a revelação do Pai, o Reino de Deus no meio de nós,
mas continuamos a pedir sinais de que Ele existe,
milagres que comprovem que está vivo,
provas tangíveis que tornem desnecessária a fé!
Mas Jesus diz-nos para pedirmos a sabedoria do Espírito
para sabermos compreender a sua gramática na vida,
até nos contratempos e perseguições!

Crescemos mimados de todos os lados,
pensando que somos o centro do mundo.
Alguns pensam: deem-me dinheiro e poder
e serei o rei do mundo, a pessoa mais feliz!
No entanto, o consumo pede consumo,
a sensação nova sensação e o ser fica vazio,
pois o que se é, é tudo comprado, 
nada essência gratuitamente e eternamente amada!

Senhor, sou um peregrino do teu mistério,
um aprendiz da linguagem divina que move o universo.
Dá-me a Sabedoria que sabe reconhecer o dom 
e dar graças em vez de exigir novas provas!
O teu amor por nós é anterior ao nosso pedido,
a tua aliança eterna é retificada no teu Sangue,
apesar de saberes que o nosso amor é frágil e intermitente!
Aumenta, Senhor, a nossa fé e a nossa gratidão!

domingo, fevereiro 16, 2020

 

6º Domingo do Tempo Comum


Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus. (cf. Mt 5,17-37)

Deus conhece os segredos mais profundos da criação,
pois Ele é o artista que nos criou e sustenta.
Não se fixa nas aparências nem nas representações teatrais,
mas no coração da pessoa, nas suas motivações mais profundas.
Por isso, a nossa resposta religiosa não é feita a metro,
mas à medida de cada medida, num amor e entrega sem medida.
O Espírito Santo adulta-nos na sabedoria do bem sem filtros,
numa transparência e fragilidade de criança que ama como pode!
Trata-se de afinar a arte de querer bem 
que não se contenta com o cumprimento do dever,
pois amar não tem horário, nem “já basta”!

Vivemos num mundo em mudança, que cria insegurança,
por isso, para diminuir a ansiedade da vertigem da fé,
muitos agarram-se aos carris dos rituais certinhos e antigos
muitas vezes desgarrados da ética com que se vive.
Esta prática religiosa, julgada superior e perfeita,
cria o orgulho e o desprezo dos considerados ignorantes 
e pecadores, condenados à perdição eterna!
A dificuldade é conjugar estes religiosos inchados 
com a caridade e a humildade fraterna própria de Jesus.

Senhor, Tu sabes que procuro amar-Te, 
mas também sabes que às vezes faço férias de amar,
e me encosto ao comodismo, à mentira escondida,
à murmuração do irmão, ao ressentimento amuado.
Sou um principiante que deseja amar sem medida,
mas quanto tenho ainda de caminhar nesta arte divina
de ser fonte boa que sacia, purifica e dá vida!
Conduz-nos no teu Caminho, guiados pelo teu Espírito!

sábado, fevereiro 15, 2020

 

Sábado da 5ª semana do Tempo Comum


Tomou os sete pães e, dando graças, partiu-os e deu-os aos discípulos, para que os distribuíssem. (cf. Mc 8,1-10)

Deus é Fonte que se faz dom e compaixão.
É o amor que O faz arder e inclinar-se para a criação 
e nos envolve neste olhar comprometido com a vida do próximo.
Jesus é Palavra que guia, compaixão que ensina a dar graças,
gratidão que se faz solidariedade, pão que se reparte.
Quando a soberba nos domina e o medo nos conduz,
a idolatria nos divide, a bolsa se fecha, a indiferença nos seca.

O conceito de propriedade privada perdeu o sentido do dom.
O “é meu” é agarrado como osso que vários cães cobiçam.
O título de propriedade justifica a indiferença, a insensibilidade,
a comida deitada ao lixo apesar da fome ao lado, 
o acumular desnecessário, o olhar encurvado!
O problema da fome não é a falta de alimentos,
mas a falta de partilha e distribuição equitativa dos recursos.
E assim, uns morrem por obesidade, outros por desnutrição!

Senhor, obrigado porque em mim tudo é dom:
a vida, as capacidades, os ministérios,
os irmãos, os colaboradores, a saúde, a fé…
Dou-Te graças pelas pessoas que vás colocando no meu caminho,
pelos sentimentos de compaixão que incomodam o meu bem-estar,
pelos testemunhos de partilha que me desafiam a partilhar.
Perdoa o que acumulo sem precisar, o que partilho sem alegria,
o que faço para me mostrar, as vezes que viro a cara para não olhar!

sexta-feira, fevereiro 14, 2020

 

6ª feira, S. Cirilo e S. Metódio, padroeiros da Europa



Enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. (cf. Lc 10,1-9)

A messe do Senhor é toda a criação e toda a história.
Envia-nos dois a dois, Ele e nós, eu e tu, nós e vós,
numa relação de diálogo e de amor, de ir e de permanecer,
de preparar e de anunciar, de dar e de receber!
O Espírito prepara os corações para os abrir à fé,
os discípulos de Jesus traduzem o Evangelho
em palavras inteligíveis e obras motivadoras
para levar a todos a serem membros vivos da sua Igreja,
discípulos e missionários, colaboradores da sua missão.

A cultura atual anuncia a boa nova do orgulhosamente só,
da identidade sem confronto com o diferente,
da relação apenas comercial, do dom feito produto.
Para que investir nas relações, se tudo se pode comprar:
a comida, o alojamento, o prazer, a companhia, a diversão…?
Só que, quando perdemos o sentido do “dois a dois”,
facilmente passamos para o descarte do outro quando não interessa,
do aborto como método de não-procriação,
das portas fechadas ao refugiado e migrante, 
do suicídio e da eutanásia quando a dor envergonha!

Trindade Santa, família divina em missão,
ensina-nos a caminhar com o outro,
a sermos companheiros com a fraternura do Cordeiro, 
e a alegria de sermos relação em missão.
Liberta-nos do individualismo e do egoísmo,
para que redescubramos as mãos dadas e o bem comum,
a alegria do dar e do receber, 
da segurança de amar e de ser amado.
S. Cirilo e S. Metódio, irmãos missionários dos eslavos,
rogai por nós e por esta Europa entretida consigo mesma,
e impele-nos com amor e ardor para a missão!

quinta-feira, fevereiro 13, 2020

 

5ª feira da 5ª semana do tempo Comum


Os cachorrinhos comem debaixo da mesa as migalhas das crianças. (cf. Mc 7,24-30)

Deus cuida das criaturas como seus filhos
e os que vivem como seus filhos cuidam da criação.
A criação anseia pela redenção, por homens novos,
pois quando o coração humano é um jardim fraterno de paz,
a natureza floresce de equilíbrio e de diversidade,
onde todos têm direito a viver e hoje sorri o amanhã!

A ambição está a destruir a criação.
A barca onde navegamos foi transformada numa fábrica,
tudo é produção e consumo, o ciclo natural foi apressado,
porque é preciso cumprir prazos e objetivos.
Tudo é industrializado e instrumentalizado,
sem olhar as consequências nem os efeitos secundários,
o importante é hoje ser rentável, rápido e eficiente!
Por isso, o Papa ao olhar para a Amazónia fala de sonhos,
chama-lhe querida e investe no respeito pela vida!

Senhor, amor sem medida e sem fronteiras,
ensina-nos a amar assim, com um amor global.
E quando o amor de nós e dos outros nos afasta de Ti,
perdoa-nos e faz-nos voltar, 
pois é em Ti que o amor se purifica e se fecunda!
E quando olhamos os outros como inferiores a nós,
ensina-nos a escutar o palpitar da mesma vida
e a partilhar com eles as migalhas da nossa abundância.

quarta-feira, fevereiro 12, 2020

 

4ª feira da 5ª semana do Tempo Comum


Do interior dos homens é que saem as más intenções. (cf. Mc 7,14-23)

Deus criou-nos seres livres para desejar, escolher e realizar.
O interior do nosso coração revela-se pelos frutos.
O que comemos, vemos e escutamos influencia-nos,
mas Jesus mostrou que até perante a violência 
é possível permanecer manso e misericordioso
e a cruz da injustiça se pode tornar em árvore da vida!
Somos desafiados a seguir Jesus 
e a ser no meio dos homens um reflexo desta Luz divina.

Tudo é bom no momento e na quantidade certa.
O problema começa quando já não somos capazes de discernir,
e nos tornamos pessoas sem vontade própria, dependentes.
A estas dependências chamamos pecado: gula, alcoolismo, 
vícios, consumismo, avareza, luxúria, ira, preguiça...
Quando ficamos doentes de dependências e imaturidades,
mesmo aquilo que é bom se torna prejudicial!

Senhor, bendito sejas por tudo o que nos deste:
a inteligência, a consciência, a emoção, os instintos,
os ideais, os valores, a vontade, a liberdade…
Tudo é belo e maravilhoso quando revela amor,
quando sabe a oportunidade e a medida!
Ensina-nos a viver neste mundo como Jesus,
unidos pela aliança com Deus e livres para amar.
Ajuda-nos a ser sempre fonte de vida, 
principalmente no deserto e na aridez! 

terça-feira, fevereiro 11, 2020

 

3ª feira da 5ª semana do Tempo Comum – N. Sra de Lurdes, Dia Mundial do Doente


Sabeis muito bem desprezar o mandamento de Deus, para observar a vossa tradição. (cf. Mc 7,1-13)

Deus é amor e a sua aliança resume-se no amor.
O templo, os rituais sagrados, as tradições…
tudo deve promover o amor, partir de e conduzir ao amor.
Quando as tradições, os rituais e as crenças criam divisões,
promovem guerras, excluem pessoas, e nos tornam intolerantes,
já não são expressão da aliança, 
já não promovem a justiça e a paz.

A pessoa ao longo da sua vida vai passando 
por momentos de saúde e de doença,
de dependência e independência.
É sempre a mesma pessoa, o mesmo filho de Deus,
o mesmo irmão que Deus nos deu, 
nós é que podemos mudar na atitude para com ele!
Cuidar da vida é um ato de amor,
dar sentido à vida é um trabalho de fé e de fidelidade.

Senhor, tudo em nós é manifestação do teu amor:
a vida, a história, a fé, o amor, a esperança…
Mesmo que passe por vales tenebrosos
Tu não me abandonas, sempre me escutas,
sempre me amas, perdoas e levantas!
Nossa Senhora de Lurdes, Imaculada Conceição,
cura-nos do pecado que nos adoece a esperança
e ajuda-nos a aproveitar a ocasião da fragilidade
para provar o amor e a fidelidade na dor!

segunda-feira, fevereiro 10, 2020

 

2ª feira da 5ª semana do Tempo Comum – S. Escolástica


Jesus e os seus discípulos fizeram a travessia do lago e vieram para terra em Genesaré. (Mc 6,53-56)

Jesus é a nova aliança, não em Lei gravada em pedras,
mas em Palavra viva, gravada em coração palpitante de amor.
Jesus é o novo templo, não fixo em Jerusalém, 
mas com pés de mensageiro, que vai ao encontro do enfermo,
e se deixa tocar, acessível a todos os que buscam salvação.
O Santo dos Santos fez da Igreja o seu barco
para chegar até aos confins da terra e com fé se deixar tocar!

Construir uma capela, uma igreja ou um santuário
é importante como lugar referência, lugar de celebração,
lugar de oração, sacramento do sagrado,
mas se ficar por aí, corre-se o risco de esquecer
que Deus está em todo o lugar, 
que o Espírito de Deus encheu a terra inteira!
Organizar uma paróquia para atender o povo ali estabelecido
é bom, pois o povo precisa de se reunir e celebrar juntos,
de evangelização, de acompanhamento e fortalecimento da fé.
Mas se a paróquia vive para si mesma e deixa de ser missionária
corre o risco de deixar de ser cristã, 
continuadora da missão universal de Cristo!

Senhor, encontro-Te no templo e no meu quarto,
na natureza e em cada pessoa, perto e longe…
tudo Te pertence, a tua santidade nos acompanha!
Busco a tua face e sinto-me visitado e tocado!
Que aventura esta peregrinação sagrada,
entre terra e mar, na barca da Igreja,
sempre em saída, sem Te deixar nem nos deixares!
S. Escolástica, irmã de S. Bento pelo sangue e pela fé,
ensina-nos a amar Aquele que amaste e a rezar como rezaste! 

domingo, fevereiro 09, 2020

 

5º Domingo do Tempo Comum


Para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus. (cf. Mt 5,13-16)

A luz de Deus é fogo que arde sem se consumir,
amor que ilumina sem se cansar,
misericórdia que jorra sem se esgotar.
Jesus e o Espírito Santo são a Luz da Luz
e todo aquele que crê em Jesus e segue a voz do Espírito
torna-se tocha viva que ilumina o mundo
e dá sabor e sentido à vida, pois o horizonte é de esperança.
É o mistério lunar que glorifica o Sol da vida!

A maquilhagem e a decoração fazem algo ou alguém brilhar.
Mas é a experiência e a relação que comprovam a verdade 
do que se vê e do que se é na realidade.
Há obras que se fazem para glorificar a Deus 
e outras para se glorificar a si mesmo!
Umas conduzem à fé e ao louvor de Deus,
outras pretendem alimentar a vaidade e a heroicidade de si mesmo.
A fronteira entre uma coisa e a outra às vezes é bem ténue!

Senhor, Luz sem ocaso, anseio por ser iluminado por Ti
e ser reflexo calibrado da tua Luz diante dos outros.
Perdoa as vezes em que me torno buraco negro
ou luz escondida e sem sabor que não Te anuncia nem glorifica.
Purifica o meu coração e os meus lábios,
para que as obras boas que faça 
sejam feitas com humildade, fidelidade e verdade,
sem maquilhagens nem falsas piedades!
Faz de nós células fotovoltaicas que produzem luz
porque expostas à tua Luz e se fazem doação!

sábado, fevereiro 08, 2020

 

Sábado da 4ª semana do Tempo Comum – S. Josefina Bakhita


Compadeceu-Se de toda aquela gente, porque eram como ovelhas sem pastor. (cf. Mc 6,30-34)

Deus é o Bom Pastor que capacita os pastores,
para que não faltem guias ao seu rebanho.
Dá o dom da sabedoria a Salomão para ser rei,
dá o dom da compaixão aos discípulos para serem apóstolos,
dá-nos o dom da vocação e da missão 
para fermentarmos um mundo novo, fundado em Deus!
Seguir Jesus é ardor missionário conjugado com paz,
pois a missão é de Deus e nós apenas seus colaboradores!  

O individualismo afunila o olhar e a atenção.
Muitas vezes não enxerga além do seu umbigo,
outras inclui os seus amigos e familiares próximos.
Os sem amigos nem familiares tornam-se invisíveis,
ficam, a maioria das vezes, fora do raio de visão,
pelo menos do olhar compassivo e solidário.
A cidade está cheia de pessoas invisíveis,
que andam como ovelhas sem pastor, órfãos de amigos.

Senhor, vivemos neste mundo maravilhoso e penoso,
onde todos somos atores e objetos, em arquipélagos de ilhas.
Espírito Santo, dá-nos o dom da sabedoria,
para aprendermos a viver como humanos e filhos de Deus,
discípulos e missionários, fraternos e justos.
S. Josefina Bakhita, escrava libertada, porque amada,
roga para que sejamos livres para amar e cuidar do fraco.
Reza ainda pelas Igrejas de África, jovens e peregrinas,
para que sejam Igrejas missionárias ao serviço da justiça e da paz.

sexta-feira, fevereiro 07, 2020

 

6ª feira, Cinco Chagas do Senhor


Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, não acreditarei! (cf. Jo 20,24-29)

Deus anda ferido de amor pelas ovelhas perdidas.
Em Jesus, o Deus terrível, revela-se Deus sofredor;
o Deus sedente de sacrifícios, revela-se Cordeiro que dá a vida!
O Ressuscitado continua com as marcas do Crucificado,
as cinco chagas são a sua identidade na busca da fé!
Que marcas trago no meu corpo, dos meus vícios e desatinos
ou da minha entrega pelo bem e salvação dos outros?

Os vícios e o excessos deixam marcas no corpo e na saúde.
Por exemplo, um corpo obeso, revela um vida sedentária 
e com uma boca descontrolada e ansiosa.
Um hálito forte ou um temor nos pulmões 
revelam uma dependência de tabaco.
Umas olheiras profundas e escuras
revelam falta de descanso e outros possíveis excessos!
Poucos destes sinais, são sinais de amor e de entrega solidária!

Senhor, contemplo as tuas chagas e vejo-me amado eternamente!
Louvo-Te por tanta entrega, não só no momento da cruz,
mas em cada instante, como companheiro ressuscitado,
como pastor amigo, como misericordioso e paciente manancial!
Ajuda-me a fazer da minha vida uma entrega pela tua missão,
marcada pelo bem-querer e não pelo egoísmo e o comodismo.
Pelas tuas santas chagas de amor somos curados!

quinta-feira, fevereiro 06, 2020

 

5ª feira da 4ª semana do Tempo Comum – S. Paulo Miki e companheiros


Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento. (cf Mc 6,7-13)

A missão de Deus é a nossa missão:
levar à tomada de consciência do pecado e do mal,
encontrar em Cristo o perdão e o remédio
e ser discípulo-missionário toda a vida,
pelo testemunho e o anúncio da salvação!
Os 25 mártires do Japão pertencem a esta geração
de discípulos e missionários 
que dão a vida pela salvação do mundo!

O individualismo prega uma tolerância libertária.
A educação e a formação seguem o caminho do “deixar andar”,
do não promover a correção dos erros
nem a poda dos excessos… tudo tem direitos!
O resultado é o tratamento sintomático e não as causas!
Não se ensina o autocontrole e a liberdade,
mas a correção das consequências de más opções:
dietas e tratamentos para a obesidade,
preservativo e pílula para o exercício da sexualidade,
comprimidos para dormir e café para acordar…

Senhor, o pecado da ambição e a pressa em ser feliz,
deixa-nos presos ao instante, o agarrar-nos ao provisório,
o esconder a verdade, a viver de emoções, a perder a liberdade.
Ajuda-nos, Senhor, a viver em paz e a semear a justiça,
a comprometer-nos com o bem comum e a apostar no amor,
a preocupar-nos com o outro e a apontar-lhe caminho de vida.
S. Paulo Miki e companheiros, 
frutos maduros do cristianismo no Japão,
intercedei para que a nossa vida 
promova à nossa volta o arrependimento e a adesão a Cristo!

quarta-feira, fevereiro 05, 2020

 

4ª feira da 4ª semana do Tempo Comum – S. Águeda


Estava admirado com a falta de fé daquela gente. (cf. Mc 6,1-6)

Deus conhece-nos e confia em nós a sua missão,
apesar de saber que o nosso amor é como o orvalho da manhã,
que rapidamente se evapora e desaparece!
Nós sabemos muitas coisas sobre Jesus,
mas isso não significa que tenhamos fé Nele!
Ter fé é confiar, colocar Nele a nossa esperança,
acreditar na sua Palavra, pressenti-Lo nos sinais da sua presença!

Ter uma boa base de dados sobre alguém é fundamental.
O “gratuito” nas redes sociais e na internet vive da venda de bases!
É a eles que o mercado recorre para vender os seus produtos,
o marketing digital se torna direcional e assertivo,
os serviços secretos controlam os adversários políticos.
É um saber instrumental para criar necessidades consumidoras,
não tanto para informar, proteger, cuidar e libertar!
Por isso, a confiança balança entre a ingenuidade e a descrença.

Senhor, eu confio em Ti, mas aumenta a minha fé!
Confiar em Ti não é dominar-Te nem controlar-Te,
e isso é que nos custa aceitar e nos faz amuar.
Confiar em Ti supõe saber esperar a resposta e a recompensa,
na hora da tua urgência e não da nossa!
Dá-nos a ciência da fé e a sabedoria do amor!
S. Ágada, virgem e mártir doutros tempos,
intercede por nós, para que sejamos cristãos de verdade!

terça-feira, fevereiro 04, 2020

 

3ª feira da 4ª semana do Tempo Comum – S. João de Brito


Mandou dar de comer à menina. (cf. Mc 5,21-43)

Jesus é a vida que se faz proximidade
e se deixa tocar com fé e nos toca com a sua Palavra de vida.
É o Dedo do Pai que chora o filho doente e morto,
e nos desafia a alimentar os filhos com alimentos de vida.
Tudo se passa no silêncio da fé, onde o caminho se faz mesa,
que fortalece e faz levantar, na alegria de dar vida!
Dar de comer à menina é alimentar no tempo o toque de graça!

O que damos às crianças para alimentar a sua vida:
comida açucarada e leve, alimentos rápidos e processados,
novidades técnicas, imagens que distraem,
éticas egoísticas, escolas curriculares, oportunidades de vícios…
Que valores damos em alimento aos nossos jovens?
Que oportunidades de emprego damos, além da precariedade?
Damos os alimentos que nos pedem ou que necessitam?

Senhor, obrigado porque Te fazes alimento na Palavra e na Eucaristia,
numa mesa aberta a todos, mas que exige desinstalação.
Ensina-nos a valorizar o tempo como escola de vida,
onde o sofrimento é escutado e acompanhado
e a amizade nos faz levantar, crescer e florescer esperança,
para além da aparência e da gula do ter.
Ensina-nos a saborear a tua Palavra 
e a levar este Pão a quem anorexia na vida!
S. João de Brito, grande missionário na Índia,
reza para que a nossa vida alimente vidas em Cristo!

segunda-feira, fevereiro 03, 2020

 

2ª feira da 4ª semana do Tempo Comum – S. Brás


Vai para junto dos teus, conta-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti. (cf. Mc 5,1-20)

Jesus é a manifestação da vitória sobre o mal.
Ele liberta os possessos, os que perderam a liberdade,
cujas dependências os auto-destroem e os impedem de amar.
O testemunho dos que foram salvos por Cristo,
deve começar junto dos seus, narrando a compaixão,
falando bem do Salvador, fazendo o bem cheio de paz.

O cristão, que tem fé, sente a urgência missionária,
a começar pelos seus de casa, pela família.
O perigo é a missão evasiva e impaciente,
que semeia hoje e já quer colher hoje!
Tudo tem o seu tempo, o tempo de Deus e o tempo de cada um.
A missão entre o nossos e não só, não deve julgar,
acusar, forçar… mas rezar, amar, acolher e narrar a alegria!
Não é assim que Deus tem atuado connosco?

Senhor, é bom saber-nos nas tuas mãos compassivas,
pacientes, misericordiosas e respeitadoras,
mesmo quando é para nosso bem e salvação.
Ensina-nos esta tua paciência, este semear confiante,
essa arte de recuperar e colar os cacos desajeitados,
esse apontar caminhos sem forçar, sendo luz simplesmente!
Liberta-nos de todas as dependências destruidoras,
e faz de nós instrumentos do teu amor!

domingo, fevereiro 02, 2020

 

Domingo, Apresentação do Senhor – Dia do Consagrado


Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor. (cf. 2 fevereiro)

Maria recebeu o Filho do Rei da glória 
e vai ao templo a apresenta-Lo ao Rei da glória,
como Filho do Homem, pobre e obediente!
Deus dá-lhe o que é de Deus 
e Ela dá a Deus o que lhe pertence! 
É a dinâmica da oferta onde tudo é dom,
consagrado ao Senhor para a sua maior glória!
E afinal esta é a essência de todo ser humano!

O filho único leva muitas vezes à apropriação.
O que é uma missão do cuidar com amor e ajudar a crescer,
torna-se um título de posse para si, reflexo da sua vaidade.
Quando se trata dum processo de separação ou de divórcio,
o filho ou filhos, entram como “objetos” de negociação,
muitas vezes como “pedras de arremesso” contra o outro.
Precisamos de reaprender que a paternidade 
e a maternidade são uma missão.
Oferecer um filho ao Senhor, não é perde-lo, mas ganha-lo!

Senhor, tudo Te pertence, a minha vida e os meus dons,
por isso, me consagro a Ti para que a vida seja manancial de amor!
Com José queremos aprender a adotar-Te como Senhor,
como Maria queremos aprender a dar-nos como Te deste.
Pedimos-Te pelos batizados, consagrados na fé e na missão,
e pelos batizados com especial consagração ao Senhor
para que sejam fiéis ao que se comprometeram, ajudados pela tua graça!
Maria, Mãe e Mestra dos Consagrados, conduz-nos ao teu Filho,
para que a nossa vida dê glória ao Rei da Glória! 

sábado, fevereiro 01, 2020

 

Sábado da 3ª semana do Tempo Comum


«Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?» (cf. Mc 4,35-41)

Deus conhece o que fazemos às escondidas
e revela-se luz que mostra o nosso pecado 
e remédio que cura e perdoa, converte e levanta.
O pecado é sempre uma tempestade que nos põe em perigo,
mas o silêncio de Deus não é ausência
quando ousamos convidar Jesus para ir na nossa barca.
É pela fé que vamos e aprendemos a paz na tempestade.

Gostamos de andar de comando na mão,
todos quereremos ter a sensação de controle da situação,
mesmo que seja com um cartão de crédito,
e quando uma crise surge, uma doença nos surpreende,
e os azares se acumulam em sequência,
surge o alarme, ficamos assustados, a balançar sem rumo,
sentindo-nos perdidos, sem controle, isolados!
É a altura da oração lacrimejada, do grito de desespero,
do recurso à bruxa ou ao amuleto protetor, 
da desconfiança que alguém nos anda a tramar sem sabermos!
É nestas situações que nos damos conta em quem confiamos!

Senhor, pelo Batismo convidámos-Te a entrar na nossa barca,
apesar disso, às vezes ignoramos a tua presença silenciosa
e gritamos assustados como se estivesses longe de nós!
Aumenta a nossa fé e torna puro o nosso coração,
para que em tudo e com todos sejamos justos e bons.
E quando naufragamos na mentira e na injustiça,
tende compaixão de nós e dá-nos nova oportunidade!

This page is powered by Blogger. Isn't yours?