segunda-feira, janeiro 29, 2007

 

29 de Janeiro: S. José Freinademetz


Giuseppe (José) Freinademetz nasceu a 15 de abril de 1852, em Oies, um povoado de cinco casas entre os Alpes dolomitas do norte da Itália. Baptizado no mesmo dia do nascimento, herdou da família uma fé simples, porém tenaz e uma grande capacidade de trabalho.

Quando ainda cursava seus estudos teológicos, começou a pensar seriamente nas "missões estrangeiras" como uma possibilidade para a sua vida. Ordenado sacerdote em 25 de julho de 1875, foi destinado à comunidade de São Martino di Badia, bem perto de sua terra natal, onde logo conquistou o coração de seus conterrâneos.

Entretanto, a inquietação missionária não o havia abandonado. Apenas dois anos depois de sua ordenação, pôs-se em contacto com padre Arnaldo Janssen, fundador da casa missionária que logo se converteria oficialmente na "Sociedade do Verbo Divino". Em 2 de março de 1879 recebeu a cruz missionária e partiu rumo à China, junto com outro missionário verbita, padre João Batista Anzer. Foram anos duros, marcados por viagens longas e difíceis, sujeitas a assaltos de bandoleiros, e por árduo trabalho para formar as primeiras comunidades cristãs. Assim que conseguia formar uma comunidade, chegava a ordem do bispo para deixar tudo e recomeçar em outro lugar.

Toda sua vida esteve marcada pelo esforço de fazer-se chinês entre os chineses, a ponto de escrever aos seus familiares: "Amo a China e aos chineses; entre eles quero morrer, entre eles quero ser sepultado".

Cada vez que o bispo tinha que viajar fora da China, Freinademetz devia assumir a administração da diocese. No final de 1907, enquanto administrava a diocese pela sexta vez, surgiu uma epidemia de tifo. José, como bom pastor, prestou assistência incansável aos enfermos, até que ele próprio contraiu a doença. Voltou imediatamente a Taikia, sede da diocese, onde morreu em 28 de janeiro de 1908. Ali mesmo o sepultaram, sob a décima segunda estação da Via Sacra do cemitério e a sua tumba logo se transformou em um ponto de referência e peregrinação para os cristãos.

Freinademetz soube descobrir e amar profundamente a grandeza da cultura do povo ao qual havia sido enviado. Dedicou sua vida a anunciar o Evangelho, mensagem do amor de Deus à humanidade e a encarnar esse amor na comunhão das comunidades cristãs chinesas. Entusiasmou muitos chineses para que fossem missionários de seus compatriotas como catequistas, religiosos, religiosas e sacerdotes. Sua vida inteira foi expressão do que foi seu lema: "O idioma que todos entendem é o amor".

sábado, janeiro 27, 2007

 

PALAVRA DE DEUS E ECUMENISMO


«A escuta da Palavra de Deus é prioritária para nosso compromisso ecuménico», disse o Papa Bento XVI na sua homilia ao encerrar a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos .

«Não somos nós que fazemos ou organizamos a unidade da Igreja». «A Igreja não se ‘faz’ a si mesma e não vive de si mesma, mas da Palavra criadora que procede da boca de Deus», declarou.

«Escutar juntos a palavra de Deus: praticar a ‘lectio divina’ da Bíblia, ou seja, a leitura unida à oração; deixar-se surpreender pela novidade, que nunca envelhece e nunca se esgota, da Palavra de Deus; superar a nossa surdez para que penetrem essas palavras que não concordam com os nossos preconceitos e opiniões; escutar e estudar, na comunhão dos crentes de todos os tempos; tudo isso constitui um caminho que é preciso percorrer para alcançar a unidade na fé, como resposta à escuta da Palavra.»

terça-feira, janeiro 23, 2007

 

Abée Pierre (1912-2007)



‘A morte do Abée Pierre atinge a França no coração ‘ – reagiu Jacques Chirac, para quem esta figura tão querida dos franceses ‘representará sempre o espírito de revolta contra a miséria, o sofrimento, a injustiça e a força da solidariedade. A França perde uma grande figura, uma consciência, uma incarnação da bondade’ – acrecentou o Presidente da República.

O P. Heni Grouès escolheu dar a vida pela causa dos mais excluídos e entregou-se, de alma e coração, aos sem abrigo. Foi durante a 2ª Grande Guerra Mundial que, empenhado na resistência à invasão nazi, salvou muitas pessoas e passou a ser chamado ‘Abée Pierre’. Também foi neste período crítico da história da Europa que fundou o Movimento de Emaús em 1949, a partir de um acontecimento simples: numa noite, foi ter com ele um ex-recluso, com uma história que lhe dava direito a mais prisão. O Abbé Pierre decidiu acolhê-lo. ‘Não tenho nada para te oferecer. Queres ajudar-me na construção de casas para pessoas sem-abrigo?’. Seguiram-se-lhe outros marginalizados, outros sem abrigo, sem trabalho, imigrantes… O Movimento de Emaús é formado por comunidades de pessoas pobres que, através do trabalho de recuperação e reutilização daquilo que é lançado fora, ganham honestamente o seu sustento e ainda ajudam quem se encontra em condições piores. Hoje são 84 Comunidades em todo o mundo, duas delas em Portugal, fundadas em 1983: uma em Lisboa e outra no Porto.

Conheci-o em Paris, em 1988. Nunca mais deixei de admirar este ‘avô dos franceses’ que, nos anos 90, era considerado a figura número um de França, de acordo com as sondagens. ‘Ele veio a Portugal em 1995 Escrevi na altura: ‘Que faz correr este homem de barba branca e batina preta? Certamente que é a convicção evangélica de que a terra é para as pessoas e, se houver justiça, ela chega para todos. Não faz muito sentido haver casas sem gente e gente sem casa, terras sem gente e gente sem terra. Ou então, que Deus se demita: ele fez mal os cálculos na hora da Criação!’(Encontro, Ag/set95). Regressaria em 2005, a fim de participar no Encontro Internacional de Emaús, realizado no Seminário Espiritano da Torre d’Aguilha, em Cascais.

Morreu a 22 de Janeiro, em Paris. O Cardeal Danneels, de Bruxelas, foi umas das primeiras vozes da Igreja a reagir, chamando-o ‘gigante da misericórdia’. O mundo inteiro presta homenagem a alguém que sempre combateu a ‘praga da indiferença’, criticando as condições precárias de habitação de muitos milhões de pessoas e trabalhando nesta luta pelo fim dos ‘sem abrigo’, arranjando casas para os pobres. Por isso, manifestou o desejo de não ver flores no seu túmulo, mas quis que estas se convertessem em dinheiro para continuar a apoiar a causa dos mais pobres. Assim acontecerá na Notre Dame, no funeral presidido por D. André Vingt-Trois, Arcebispo de Paris.

Tony Neves

quinta-feira, janeiro 18, 2007

 

Oração pela Unidade dos Cristãos: 18-25 de Janeiro


Queridos irmãos e irmãs:(…)Os dias 18 a 25 de Janeiro, e em outras partes do mundo, a semana de Pentecostes, são um tempo forte de compromisso e de oração por parte de todos os cristãos, que podem servir-se dos subsídios elaborados conjuntamente pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pela Comissão «Fé e Constituição» do Conselho Mundial das Igrejas.

Pude experimentar como é profundo o desejo da unidade nos encontros que mantive com vários representantes das igrejas e comunidades eclesiais ao longo destes anos e, de maneira comovedora, na recente visita ao patriarca ecuménico Bartolomeu I, em Istambul, Turquia. Na próxima quarta-feira voltarei a falar destas e outras experiências que abriram meu coração à esperança.(…)

A unidade é um dom de Deus e fruto da acção do Espírito. Por este motivo, é importante rezar. Quanto mais nos aproximamos de Cristo, convertendo-nos a seu amor, mais nos aproximamos também uns dos outros.(…)

Este ano, o tema bíblico proposto à reflexão comum e à oração nesta «Semana» é: «Ele faz os surdos ouvirem e os mudos falarem» (Marcos 7, 37). São as palavras do Evangelho de Marcos e se referem à cura de um surdo-mudo por parte de Jesus. Nesta breve passagem, o evangelista narra que o Senhor, depois de ter posto os dedos nos ouvidos e de ter tocado com a saliva a língua do surdo-mudo, realizou o milagre dizendo: «Effatá», que significa «Abre-te». Ao recuperar a audição e o dom da palavra, aquele homem suscitou a admiração dos demais, contando o que lhe havia sucedido. Todo cristão, espiritualmente surdo e mudo por causa do pecado original, com o Baptismo recebe o dom do Senhor, que põe seus dedos no seu rosto e, deste modo, através da graça do Baptismo, é capaz de escutar a palavra de Deus e de proclamá-la aos irmãos. Além disso, a partir desse momento, tem a tarefa de amadurecer no conhecimento e no amor de Cristo para poder anunciar e testemunhar com eficácia o Evangelho.

Este tema, ao ilustrar dois aspectos da missão de toda comunidade cristã, o anúncio do Evangelho e o testemunho da caridade, sublinha também a importância de traduzir a mensagem de Cristo em iniciativas concretas de solidariedade. Isso favorece o caminho da unidade, pois se pode dizer que todo alívio, ainda que for pequeno, que os cristãos oferecem juntos ao sofrimento do próximo, contribui para tornar mais visível também sua comunhão e sua fidelidade ao mandamento do Senhor.

A oração pela unidade dos cristãos, contudo, não pode limitar-se a uma semana do ano. A invocação conjunta ao Senhor para que realize, quando e como só Ele sabe, a plena unidade de todos seus discípulos deve estender-se a cada um dos dias do ano.

Também a harmonia de objectivos na diaconia para aliviar os sofrimentos do homem, a busca da verdade da mensagem de Cristo, a conversa e a penitência, são etapas obrigadas através das quais cada cristão digno deste nome deve unir-se ao irmão para implorar o dom da unidade e da comunhão.

Exorto-vos, portanto, a passar estes dias em um clima de orante escuta do Espírito de Deus para que se dêem passos significativos no caminho da comunhão plena e perfeita entre todos os discípulos de Cristo. Que no-lo obtenha a Virgem Maria, a quem invocamos como Mãe da Igreja e auxílio de todos os cristãos, apoio em nosso caminho rumo a Cristo.

Papa Bento XVI

segunda-feira, janeiro 15, 2007

 

15 de Janeiro: S. Arnaldo Janssen


Naceu no ano 1837 em Goch, povoação alemã da Baixa Renânia. Ordenado sacerdote para a diocese de Münster, dedicou-se ao "Apostolado da oração". Movido pelo desejo de promover a unidade entre os cristãos, o anúncio do Evangelho e o estabelecimento da Igreja entre os povos não cristãos, em 1875 fundou a Congregação do Verbo Divino em Steyl, pequena povoação da Holanda. Consciente da necessidade de mulheres missionárias, mais tarde fundou duas congregações femininas: as Servas do Espírito Santo em 1889 e as Servas do Espírito Santo da Adoração Perpétua em 1896. Morreu em 1909.


Oração feita por S. Arnaldo e rezada cada quarto de hora

Deus, verdade eterna,
Cremos em Ti.

Deus, nossa força e salvação,
Esperamos em Ti.

Deus, bondade infinita,
Amamos-Te de todo o coração.

Enviaste o Verbo, Salvador do mundo,
Faz que n’Ele sejamos todos um.

Infunde em nós o Espírito do Filho,
Para que glorifiquemos o Teu nome.
Amén.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

 

Por uma cultura da vida


Dia 11 de Fevereiro, em Portugal, há novo referendo sobre o aborto. Constata-se que há abortos clandestinos e que alguns são realizados em condições pouco higiénicas e profissionais. A lei penaliza quem faz aborto, porque se parte do princípio que é um acto eticamente mau. Por ser uma questão complexa, poucas mulheres têm sido levadas a tribunal. O Parlamento aprovou um referendo com a pergunta: Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde devidamente autorizado?

Esta longa pergunta supõe a resposta a várias questões:
1) “Despenalização”. Esta foi a questão que ideologicamente motivou o Referendo. No entanto, poderá falar-se em despenalização do aborto quando esta abrange apenas o período das primeiras dez semanas? Quais os critérios que levaram a propor a despenalização até às dez semanas de gravidez e não mais nem menos?

2) “Interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher”. Se a mulher pode interromper a gravidez voluntariamente, sem nenhum critério ético que não seja a “sua opção”, então estamos a falar claramente duma liberalização total do aborto até às dez semanas. A ciência prova que o zigoto é um ser vivo, fruto do encontro duma célula masculina (espermatozóide) com uma célula feminina (óvulo), geneticamente diferente da mãe e do pai. O útero está preparado para ser o “ninho” onde este ser vivo encontra as condições necessárias para se desenvolver até aos nove meses. Será lícito entregar a sorte deste “ser vivo até às dez semanas”, apenas ao livre arbítrio da mãe? O estado de gravidez afecta psicologicamente a mãe e a sua capacidade de decidir livremente pode ficar comprometida, como é que se lhe pretende dar a possibilidade de decidir sozinha sobre a interrupção voluntária da gravidez? Esta proposta fere nitidamente o espírito da Constituição Portuguesa que afirma que “A vida humana é inviolável.” (Art. 24,1) e “A maternidade e a paternidade constituem valores sociais eminentes. (Art 68, 2).

3) “Nas primeiras dez semanas”. Parte-se do princípio que existe um ser vivo que “tem dez semanas” e que se lhe derem a possibilidade pode chegar aos nove meses ou aos 90 anos. É certo que existe um debate, a nível filosófico, para saber em que altura deste ciclo vital se pode começar a falar da existência duma “pessoa humana”. É uma questão disputada e demasiado complexa para ser resolvida por um referendo! Estará nas mãos dos políticos decidir a partir de que altura este ser vivo passa a ter protecção do Estado? Em caso de dúvida, diz a jurisprudência, que se deve proteger o mais fraco, no entanto, neste caso faz-se uma opção clara pelo mais forte. Não estaremos nós a banalizar a vida e a promover uma cultura pragmática, sem ética e sem respeito por alguém que ainda não pode chamar as câmaras da TV para protestar?

4) “Em estabelecimento de saúde devidamente autorizado”. Esta parte da pergunta quer responder à questão dos abortos realizados em situações pouco higiénicas e clandestinas. Com isto, o Estado quer assegurar um “aborto seguro”, fazendo do Serviço Nacional de Saúde, que deve assistir “os involuntariamente doentes”, um Serviço Nacional para os que querem voluntariamente interromper a gravidez. Ou seja, primeiro promoveu-se o “sexo seguro” com campanhas de utilização do preservativo, depois a “pílula do dia seguinte” para impedir gravidezes, mas já sem a preocupação do SIDA e supondo uma relação sem preservativo. Agora quer-se promover o “aborto seguro” realizado livremente e às custas dum Serviço Nacional de Saúde descapitalizado e que já começou a cortar nas despesas básicas dos tratamentos involuntários de saúde!
Na realidade, “o aborto seguro”, vai funcionar como mais um método contraceptivo. As declarações de muitas mulheres que afirmam ter feito aborto, mostram claramente que o fizeram como método contraceptivo! Ora a regulação dos nascimentos deve ser fruto duma boa educação sexual e duma paternidade e maternidade responsável. Do Estado espera-se, não o cruzar dos braços nem a promoção duma cultura de facilitismo e de morte, mas uma educação humana e responsável e uma cultura da vida. Este Referendo, sob a capa de modernidade, é mais um passo atrás na promoção duma cultura de morte, talvez pressionada por lobbies das fábricas de preservativos e de clínicas de aborto! Por tudo isto eu voto “Não” neste Referendo!

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