quarta-feira, setembro 30, 2020

 

4ª feira da 26ª semana do Tempo Comum – S. Jerónimo

 



Seguir-Te-ei, Senhor; mas deixa-me ir primeiro… (cf. Lc 9,57-62)

 

A vocação é um chamamento de Deus, não uma iniciativa nossa.

Deus chamou-nos à vida, à conversão, à comunhão e à missão.

O Filho de Deus foi chamado a nascer de novo como homem,

a deixar Pai, eternidade, divindade, segurança do amor…

e, a partir do tempo e da precariedade, conquistar a eternidade!

Por isso, o Filho de Deus como Filho do Homem,

embora seja o Templo, não tem onde reclinar a cabeça!

 

Sente-se hoje uma diminuição de respostas vocacionais.

O pragmatismo fez da vida profissão para ganhar salário.

E as profissões são mais o que tem saída no mercado,

do que as que eu gostaria de exercer!

A complexidade da vida gera medo

e os fracassos geram fugas e dependências,

mas isto não é resposta a um chamamento do Alto,

e sim uma busca de refúgio para a minha inadaptação!

 

Senhor, o teu “segue-me” é apelo permanente

a deixar tudo o que me prende para partir apenas de Ti.

Desculpa as vezes em que estaciono e ganho raízes

familiares, afetivas, interesseiras, comodistas…

que me impedem de ser resposta livre para Te seguir e anunciar.

S. Jerónimo, mestre na Bíblia e na contemplação,

ensina-nos a fazer da Palavra de Deus o alimento e a luz!


terça-feira, setembro 29, 2020

 

3ª feira, S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael, Arcanjos

 



Vereis o Céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem. (cf. Jo 1,47-51)

 

O nosso Deus criou todas as coisas, visíveis e invisíveis.

Há mais vida para além da vida conhecida!

Somos todos diferentes, mas todos criaturas,

unidas no mesmo amor e missão,

manifestando o mesmo mistério, força e salvação de Deus.

Cristo abriu-nos o Céu, revelou-nos o Pai e o Espírito,

falou-nos do invisível que nos apoia ou perturba.

 

A ignorância simplifica o que é complexo e misterioso.

Conhecer é também controlar e a surpresa faz parte do caminho.

Falar dos anjos e dos santos como intercessores

é abrir os horizontes da fé ao “a Deus nada é impossível”,

e entrar nesta mesma imensidão que adora e serve o Senhor.

Não é ter medo, nem ver-se como objeto do destino!

 

Senhor, como são maravilhosas e insondáveis as tuas obras.

Sois único, mas não solitário pois o amor cria comunhão.

S. Miguel, servo humilde que chefia os anjos,

protege a Igreja de todo o mal e da infidelidade.

S. Gabriel, missionário da Boa Nova de Deus,

ajuda-nos a evangelizar com a mesma força e ardor.

S. Rafael, companheiro amigo que aconselha e cura,

ajuda-nos a ser uma presença que acolhe, cuida e protege.


segunda-feira, setembro 28, 2020

 

2ª feira da 26ª semana do Tempo Comum

 


Houve uma discussão entre os discípulos sobre qual deles seria o maior. (cf. Lc 9,46-50)

 

O Maior fez-se Menino necessitado de acolhimento.

O Omnipotente fez-se Fragilidade oferecido na cruz.

Seguir Jesus é aprender a grandeza de ser humilde,

a dignidade de ser servo, a alegria de ser evangelizador,

dando as mãos a todos, mesmo não sendo dos nossos,

que buscam a justiça e um mundo melhor!

 

O desejo de poder gera discussões, guerras e intolerâncias.

Todos os poderes sofrem da mesma enfermidade,

pois sendo irmãos querem ser superiores.

Nascemos nus e vamos para a cova sem nada,

mesmo que a ilusão construa mausoléus, jazigos

ou panteões para guardar o cadáver!

Numa casa que tenha ouro e venha a arder,

basta limpar as cinzas e encontramos o ouro!

 

Senhor, mataram-Te o corpo, mas ressuscitou a vida!

Havia ouro escondido nos pés de peregrino e de pedinte,

que semeava o amor e a esperança pelos caminhos da história.

Ajuda-me a não ser torre sineira que se eleva e faz ruido,

mas estrela polar que se vislumbra na aurora e desaparece no dia,

para que o Sol da Justiça ilumine os que despertam para vida.

Ensina-me a sabedoria de lutar pelo que permanece e merece!


domingo, setembro 27, 2020

 

26º Domingo do Tempo Comum - Dia Mundial do Migrante e do Refugiado

 



Ele respondeu: ‘Eu vou, Senhor, trabalhar na tua vinha’. Mas de facto não foi. (cf. Mt 21,28-32)

 

Deus é Pai e trata-nos como seus filhos.

Confia em nós e pede-nos colaboração na sua missão.

Cada Palavra, cada vocação, cada sacramento

é uma proposta, uma graça que pede resposta, compromisso.

O Batismo é dizer sempre sim a Cristo e não apenas uma vez,

com humildade e fidelidade, num testemunho alegre e contínuo.

 

Há demasiadas palavras descontínuas e ocas,

promessas momentâneas escritas na areia da praia.

O Batismo mais parece um programa de vídeo,

gravado num disco, mas apagado do coração.

O mesmo se poderá dizer da maioria dos sacramentos

e compromissos eclesiais, sociais, políticos e económicos!

A fragmentação interesseira tomou conta de nós!

 

Senhor, bom Pai, obrigado porque confias em nós

e nos apresentas o teu Filho como a tua Palavra de honra

e como modelo de Filho a seguir: humilde e coerente!

Faz de nós palavra e vida, desejo e vontade,

compromisso e missão, celebração e Igreja.

Ajuda-nos a olhar e a acolher os migrantes e refugiados

como nossos irmãos que interpelam a nossa hospitalidade.


sábado, setembro 26, 2020

 

Sábado da 25ªsemana do Tempo Comum – S. Cosme e S. Damião

 


O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens. (cf. Lc 9,43b-45)

 

O Filho de Deus entrega-se nas mãos dos homens.

Paixão arriscada estar nas mãos de quem deseja ser deus!

O amado mata o Amor e, apesar disso, o Amor continua a amar!

É este o Mistério Pascal incompreensível e redentor

que somos chamados a viver em todas as etapas da vida!

 

A arrogância com que se fala de Deus,

manifesta uma fragilidade que é rocha nascente de amor.

Deus não castiga a vaidade substancialmente vã,

mas deixa que a natureza se encarregue de mostrar o limite,

e, a partir da fragilidade humana, se compreender o essencial.

O nascimento e a morte dizem mais do que somos,

do que a força da juventude e a arrogância do adulto.

 

Senhor, entregaste-Te nas nossas mãos, encarnando,

quando Te anunciamos e Te comungamos na Eucaristia,

quando Te servimos na Igreja e no pobre!

Ajuda-nos a glorificar o teu Nome e a proclamar a tua salvação,

todos os dias da nossa vida!

S. Cosme e S. Damião, ajudai-nos a ser médicos da fragilidade!


sexta-feira, setembro 25, 2020

 

6ª feira da 25ª semana do Tempo Comum

 


E vós, quem dizeis que Eu sou? (cf. Lc 9,18-22)

 

A vida é um mistério que comunga do mistério de Deus.

O corpo revela e esconde, pois o que é nem sempre aparece.

Jesus é o Messias de Deus, mas também é o Servo de Javé.

Revela a bondade de um Deus que se faz proximidade,

mas também um amor fiel que resiste à rejeição em paz!

Dizer quem é Jesus não é um ponto final na resposta,

mas um ponto de apoio para continuar a procurar dizer o inefável!

 

Reduzir a formação da fé cristã à catequese infantil,

é não entender que a fé é um processo dinâmico,

uma busca do mistério da presença invisível de Cristo,

onde cada resposta significa novas perguntas!

Dizer: “já conheço totalmente quem é Jesus”,

é enganar-nos, e será melhor calar-nos,

pois estamos a negar o mistério e a parar de caminhar.

 

Senhor, mistério de amor escondido e revelado,

Salvador que eu procuro e que me busca,

neste esconde-esconde que faz de nós peregrinos insaciáveis.

Que bela aventura em que nos colocaste!

Que o teu Espírito, a tua Palavra e os teus Sacramentos,

me fortaleçam o ânimo e o desejo de Te ver sem ver totalmente,

de Te conhecer sem possuir plenamente,

nesta peregrinação sagrada à luz da lua com suas fases!


quinta-feira, setembro 24, 2020

 

5ª feira da 25ª semana do Tempo Comum

 


Quem é este homem, de quem oiço dizer tais coisas?». E procurava ver Jesus. (cf. Lc 9,7-9)

 

Deus é um mistério que nos deixa perplexo.

A beleza, a harmonia e a bondade nos envolvem.

É o inefável que pressentimos, mas não sabemos dizer!

Jesus, a imagem perfeita do Pai, comunga da mesma novidade,

que só o encontrar e o conhecer nos retira da perplexidade.

E quando procuramos o personagem histórico,

encontramos o Vivente, próximo e eterno, que nos salva!

 

Muitos livros, filmes, opiniões se têm produzido sobre Jesus.

Uns defendem-no, outros admiram-no, outros atacam-no.

Uns acreditam Nele e seguem-No, outros duvidam Dele.

A maioria ouve falar Dele, mas não O conhece,

outros falam bem dele, mas a sua vida não O segue.

 

Senhor, que aventura é procurar-Te,

neste estar sem se impor pela visão,

e Te comunicares sem fazer ruído,

pois a gratuidade do amor é sempre livre

e a fé é uma busca constante durante a noite!

Obrigado pelo dom da fé que me faz peregrino,

numa certeza de ser amado sem me tocares!


quarta-feira, setembro 23, 2020

 

4ª feira da 25ª semana do Tempo Comum – S. Pio de Pietrelcina

 



Partiram e foram de terra em terra a anunciar a boa nova e a realizar cura. (cf. Lc 9,1-6)

 

O amor redentor de Deus é uma missão,

que envolve, cura, chama, dá poder e envia.

A missão do Filho é a missão do Pai e do Espírito,

assim como a missão da Igreja é a missão da Trindade.

Partir sem nada, a não ser a Boa Nova do Reino de Deus

e o poder curador da misericórdia de Deus, manifestada em Jesus.

 

A biblioteca ambulante da Gulbenkian ia de terra em terra,

a oferecer possibilidades de leituras aos alfabetizados.

Era a missão de alimentar a cultura e dar suporte à formação.

A Igreja é também um púlpito ambulatório,

que deve levar a Boa Nova de Jesus onde não é conhecido.

Por isso, tudo o que for comodismo, pastoral de cartório,

funcionalismo religioso… enfraquece a missão!

 

Senhor, obrigado porque nos chamastes e enviastes em missão.

Perdoa as vezes em que vamos demasiado carregados com coisas,

que nos impedem de ser livres para partir, de voar na fé,

de peregrinar no amor, de libertar os cegos de esperança.

S. Pio, pastor ardoroso pela salvação dos pecadores,

roga para que também nós nos identifiquemos com Cristo

e vivamos a urgência da evangelização, segundo a nossa vocação!


terça-feira, setembro 22, 2020

 

3ª feira da 25ª semana do Tempo Comum

 


Não podiam chegar junto d’Ele por causa da multidão. (cf. Lc 8,19-21)

 

Jesus é a Palavra que atrai os que a querem escutar.

Quem acha que não precisa d’Ela, tudo serve de desculpa:

a multidão, a força da maioria, a pressão social…

A adesão a Cristo faz-se pela fé e a confiança,

não ficando de fora a comentar e a julgar,

esperando que seja Ele que se adapte aos nossos critérios.

 

Respiramos um ar que desconfia de Jesus e dos seus discípulos.

A passagem de uma sociedade de cristandade

para uma sociedade secularizada, adversa a normas éticas,

temerosa de compromissos religiosos regulares,

afasta muitos da Igreja e conota a Igreja com o passado.

Isto não impede que as pessoas sejam religiosas em privado,

frequentem os santuários, pratiquem a meditação, etc.

mas publicamente têm receio de serem vistos como beatos!

 

Senhor, aumenta a nossa fé e purifica a nossa vontade,

para que nada nos impeça de Te procurar e escutar.

Adota-nos como tua família de discípulos,

que cultivam a intimidade e a fidelidade,

o amor e o serviço, o louvor e a missão.

Liberta-nos dos respeitos humanos e do medo!


segunda-feira, setembro 21, 2020

 

2ª feira, S. Mateus

 



Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas sim os doentes. (cf. Mt 9,9-13)

 

Deus é Palavra que chama à vida e envia em missão.

Jesus, seu Filho, é a sua Palavra encarnada,

próxima e medicinal, que faz da mesa o seu consultório.

Mateus segue Jesus e faz da sua casa um hospital,

uma missão que convida todos os pecadores,

para se encontrarem com Jesus e receberem a mesma graça.

 

A pandemia colocou a saúde no topo das prioridades.

No entanto, o medo secundarizou o tratamento das outras doenças,

deixando muitos doentes sem atendimento presencial

nem tratamento cirúrgico que foi adiado, sem data marcada.

A pastoral sofre da mesma tendência e do mesmo medo,

com isso muito retiro foi cancelado, muitos sacramentos adiados,

muita catequese ficou por dar, muita missão ficou esquecida.

A Igreja tem a medicina do Evangelho que não pode calar!

 

Senhor, misericórdia com pés de médico-peregrino,

obrigado porque vens ao nosso encontro como amigo,

nos convidas seguir-Te e a fazer da nossa vida missão.

S. Mateus, Apóstolo e evangelista, ensina-nos a usar todos os meios

para aproximar os pecadores de Cristo, nosso Salvador.

Ajudai-nos a ser uma Igreja hospitaleira e evangelizadora.


domingo, setembro 20, 2020

 

25º Domingo do Tempo Comum

 



Serão maus os teus olhos porque eu sou bom? (cf. Mt 20,1-16a)

 

Os pensamentos de Deus regem-se pela misericórdia

e não pelo tempo, pela quantidade e pelo mérito.

É o hoje, que permanece como resposta ao Senhor,

que interessa a Deus e faz do tempo um vislumbre da eternidade!

A fidelidade conjuga-se no presente, animado pelo amor,

e não no pretérito mais que perfeito, esgotado e sem futuro!

Viver em Cristo não é um momento, mas uma vida,

que começa quando começa e o importante é que permaneça!

 

A Europa está cheia de história e de cultura religiosa.

Os seus templos, os seus conventos, as suas bibliotecas…

narram uma história brilhante de santidade e de missão!

Mas hoje a maioria é museu, lugares de visitação turística,

não de celebração festiva e de meditação irradiante!

Pelo contrário, Igrejas mais recentes, quase sem história,

estão vivas, cheias de vocações e até de mártires!

O primeiro e o último, na gramática da eternidade,

conjugam-se no presente ativo e profético!

 

Senhor, obrigado pelo convite a trabalhar na tua vinha!

Temos tantas desculpas para dizer não ou adiar a resposta,

mas Tu chamas-nos a qualquer hora,

pois é sempre tempo para dizer sim e recomeçar!

Obrigado pelas Igrejas irmãs, mais jovens e ativas,

que nos vêm ajudar e animar na nossa senioridade!

Reanima-nos e ajuda-nos a conjugar a fé e a missão no pressente!


sábado, setembro 19, 2020

 

Sábado da 24ª semana do Tempo Comum


A semente é a palavra de Deus. (cf. Lc 8,4-15)

 

Deus é um semeador generoso e abundante.

Envia-nos a sua Palavra a tempo e a destempo,

na natureza e na história, como profecia e como Pessoa.

Nós somos os destinatários desta Palavra de vida.

Feliz aquele que é terra boa, limpa, profunda e acolhedora,

no qual a Palavra brota, cresce e dá fruto abundante!

 

Nascemos incultos, totalmente dependentes.

Toda a nossa vida é ser semeados e cultivados

por sementes boas e más, alimentícias e mortíferas.

A ciência de vida é aprender a distinguir as ervas daninhas das boas,

e ter a coragem de capinar as daninhas e de cuidar das boas.

Deixar semear e crescer tudo, de forma indiscriminada,

é correr o risco de ser matagal que esconde feras que atemorizam.

 

Eis-me aqui, Senhor, à espera de Ti e da tua Palavra.

Espírito Santo, agricultor dos corações,

faz-me permeável e aberto à Semente de vida nova,

que é Jesus, escondido entre as palavras que me assaltam.

Faz-me vida fecunda, sentimentos cristificados,

desejos nobres e caridosos, missão de semeador do Evangelho.

sexta-feira, setembro 18, 2020

 

6ª feira da 24ª semana do Tempo Comum

 


Acompanhavam-n’O os Doze, bem como algumas mulheres que tinham sido curadas. (cf. Lc 8,1-3)

 

Jesus é a vida eterna que gera salvação eterna.

A sua ressurreição é a esperança da nossa ressurreição,

a sua vida é o caminho e a porta que nos salva.

Nele todo o homem e toda a mulher encontram cura e salvação.

Ele acolhe como discípulos e como companheiros,

homens e mulheres, gérmen de uma nova sociedade,

de uma nova família, fraterna e sem descriminação.

 

O lugar da mulher na sociedade e na Igreja ainda é controverso.

Há ainda o peso de uma tradição machista,

os preconceitos de género, o medo de perder poder…

Mas há também a evidência que se impõe,

a descoberta de que todos temos o nosso lugar,

numa conjugação complementar que torna a vida bela!

 

Senhor, obrigado porque nos fizestes iguais e diferentes,

limitados e complementares, diálogo e harmonia.

Bendito sejas, porque fizeste a Igreja masculina e feminina,

jovem e idosa, local e universal, multilíngue e multicultural.

Liberta-nos dos preconceitos e do medo do diferente

e fraterniza o nosso olhar e as nossas relações,

numa Igreja de ressuscitados e de comunhão!


quinta-feira, setembro 17, 2020

 

5ª feira da 24ª semana do Tempo Comum

 


Simão, tenho uma coisa a dizer-te. (cf. Lc 7,36-50)

 

Deus tem sempre alguma coisa a dizer-nos.

Ao cumpridor diz-lhe: “ainda não basta, precisas de amar mais”;

ao pecador diz-lhe: “porque muito amaste, vai em paz,

os teus muitos pecados são-te perdoados.

A tua fé te salvou e me perfumou a compaixão!”

Cristo é uma surpresa bela que faz nascer em nós

uma vida nova e rios de água viva!

 

Às vezes dá a impressão que Deus não tem nada para nos dizer.

Seja porque achamos que não precisamos que nos diga nada,

seja porque não acreditamos que Ele se interesse por nós.

Por isso, temos dificuldade em parar para escutar a sua Palavra,

achamos que é perda de tempo fazer silêncio, pois Ele não fala!

No entanto, Ele fala-nos de muitas formas,

numa gramática de amor e de misericórdia,

que só quem procura encontra e quem acredita escuta!

 

Senhor, Palavra de vida, fala que o teu servo escuta.

Espírito Santo, jardineiro desta terra inculta,

liberta-me da dureza impenetrável da falta de fé,

da superficialidade duma piedade de deveres e ritos,

da inquietação que nasce da ambição do materialismo.

Dá-nos a confiança desta mulher que encharca de lágrimas

e perfuma de amor e hospitalidade os pés de Jesus!


quarta-feira, setembro 16, 2020

 

4ª feira da 24ª semana do Tempo Comum – S. Cornélio e S. Cipriano

 


Tocámos flauta para vós e não dançastes, entoámos lamentações e não chorastes. (cf. Lc 7,31-35)

 

A Palavra de Deus pede participantes na cena,

não espetadores ou comentadores num espetáculo.

A missão de Deus é despertar amor na relação,

não teorias, nem simples ritos ou ações secas de afeto.

Há tempo para lamentações e para a conversão,

assim como há tempo para a festa e o agradecimento,

o que não há tempo é perder tempo com desculpas.

 

Muitos desculpam a sua falta de participação na Igreja

com os erros do passado da Igreja: cruzadas, inquisições…

Outros desculpam-se dizendo que os que vão à igreja

ainda são piores que eles e são incoerentes.

Uns argumentam que as missas são uma seca,

outros que são muito barulhentas e não criam ambiente de oração…

Desculpas não faltam para tentar justificar

a nossa falta de resposta à Palavra de Deus!

 

Senhor, Palavra viva e sempre personalizada,

obrigado porque não Te cansas de nos falar,

de nos avisar dos maus fundamentos da vida,

de nos animar à conversão, ao louvor e à missão.

Perdoa a indiferença e recusa em Te escutar,

quando o assunto não nos interessa, porque exige mudança!

Dá-nos, Senhor, o dom da caridade e do louvor perfeito!


terça-feira, setembro 15, 2020

 

3ª feira da 24ª semana do Tempo Comum – Nossa Senhora das Dores



Estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe… (cf. Jo 19,25-27)


Só o Amor sofre pelo outro e, apesar do sofrimento,

continua a amar e a sacrificar-se pelo bem do amado.

Maria é Mãe de Jesus em Nazaré, em Caná e no Calvário.

O amor de Mãe não tem distâncias nem ausências!

E quando ao amor de Mãe se junta a fidelidade de discípulo,

o seguimento é participação na paixão e na Páscoa de Cristo!


A vida tem vales de lágrimas que precisam de cuidados paliativos,

mas a fuga do sofrimento, por princípio, afasta-nos do rumo.

Há fugas de compromissos que nos paralisam;

há fugas de crescimento e maturação que nos infantilizam;

há fugas de relação que nos separam e divorciam;

há fugas do silêncio que nos superficializam;

há fugas da verdade que nos enganam…


Senhor, sei que a minha dor é a tua dor,

pois o Amor não descansa enquanto geme o amado!

Maria, Mãe do Filho e dos discípulos do Filho,

ensina-me a compaixão que fraterniza a relação,

dá as mãos e as eleva em prece de intercessão!

Senhora das Dores, ensina-nos a ser fiéis no seguimento,

quando a profecia e a missão nos provocam sofrimento!



segunda-feira, setembro 14, 2020

 

2ª feira, Exaltação da Santa Cruz

 



O Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. (cf. Jo 3,13-17)

 

O Filho eterno de Deus faz-se mortal,

para salvar da morte os pecadores.

Não quis morrer de velhice ou de doença,

mas de morte injusta numa cruz,

para que o amor se mostrasse vitorioso

e a aliança fosse retificada, apesar do abandono!

A cruz é a árvore da vida que Cristo fecunda!

 

Há muita gente com o sonho de prolongar a vida,

mas poucos com a preocupação de a viver como missão.

Viver para si mesmo – acumular, consumir, comprazer-se –

é deixar passar os anos sem aprender a amar!

Viver a maternidade e a paternidade como uma missão,

a fé e a justiça como uma consagração,

a profissão e a política como uma vocação ao bem comum,

é descobrir o valor do sacrifício, da entrega, da alegria de servir.

 

Senhor, contemplo o silêncio da cruz

e fica claro o quanto nos amas e a cruz é sinal!

Espírito Santo, ajuda-me a aproveitar destes frutos da cruz,

para que eu aprenda a amar como Jesus,

mesmo a sangrar de dor e de rejeição!

Que o mistério pascal celebrado na Eucaristia,

nos alimente a entrega e fortaleça a fidelidade ao Evangelho!


domingo, setembro 13, 2020

 

24ª semana do Tempo Comum

 



Servo mau, perdoei-te tudo. Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro? (cf. Mt 18,21-35)

 

Somos de Deus, quer vivamos quer morramos,

quer pequemos quer caminhemos na santidade!

Para Cristo ninguém é ex-irmão, ex-amigo!

Quando há suplica de perdão, há dom de misericórdia.

Mas o pedido de perdão supõe a experiência do pecador e da graça,

que devemos aprender para quando formos nós a perdoar!

Caso ainda não tenhamos aprendido a perdoar,

apesar de perdoados, somos servos maus e empertigados!

 

A vida são dois dias e nós uns aprendizes da relação.

Umas vezes somos ofensores outras ofendidos,

e as feridas não se curam com novas feridas,

mas com o bálsamo do amor e do perdão.

O ressentimento e a vingança fazem mal

a quem tal alimenta e inferniza a vida do outro.

É o círculo de ódio e de guerra que se autoalimenta!

 

Senhor, bom Pai e olhar compreensivo e misericordioso,

obrigado por tantas vezes me teres perdoado,

abraçado, abençoado, levantado, enviado.

Perdoa as vezes em que não aprendi contigo a perdoar,

e amuei ressentido, congeminei vinganças e fui agressivo.

Dá-nos um coração bom e a ciência do amor,

para não perder a paz e saber rezar por quem nos ofende.


sábado, setembro 12, 2020

 

Sábado da 23ª semana do Tempo Comum – Santíssimo Nome de Maria


Porque Me chamais ‘Senhor! Senhor!’, mas não fazeis o que vos digo? (cf. Lc 6,43-49)

 

Jesus é a comunhão de todos com o Pai.

Na Igreja pulsa o coração de Cristo,

que faz da multidão incontável uma só família,

e faz deste Corpo uma Igreja que jorra salvação.

Esta comunhão com Cristo não é uma questão de palavras,

mas de obras e sentimentos, frutos do seguimento de Cristo.

 

Ao nível estatístico somos um país maioritariamente cristão.

Mas quando analisamos em pormenor, começam as distinções:

uns consideram-se cristãos não praticantes de sacramentos,

outros cristãos de prática religiosa, privada ou virtual,

outros de prática ritual, mas não moral nem justa,

outros comprometidos com a Igreja e a justiça…

Somos uns contra os outros ou uns com e pelos outros?

 

Bom Jesus, nosso salvador e cabeça da Igreja,

perdoa as vezes em que perdemos a cabeça em teimosia,

e Te chamamos Senhor, mas não nos Te obedecemos!

Espírito Santo, coração da Igreja, purifica o nosso ser,

e faz que demos frutos de amor, em coerência com a nossa fé.

Santíssimo Nome de Maria, nossa Mãe,

ajuda-nos a ser bons cristãos e fiéis filhos teus,

à imagem do teu Filho e alimentados pela Eucaristia!

sexta-feira, setembro 11, 2020

 

6ª feira da 23ª semana do Tempo Comum

 


Todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre. (cf. Lc 6,39-42)

 

O amor de Deus é imenso e a nossa meta é imita-Lo.

Jesus é como o Pai, numa obediência filial,

e quer fazer de nós seus discípulos fiéis!

Paulo entendeu isso, quando diz que se fez escravos de todos

para ganhar alguns para Cristo, por meio do Evangelho.

Nós somos chamados a sonhar alto com humildade e fidelidade.

 

O que significa ser um “discípulo perfeito” de Cristo?

Olhar a vida com esperança, pois conhecemos o Salvador!

Por isso, não julgar nem condenar, mas acompanhar o próximo

como se formássemos um grupo de “pecadores anónimos”.

Cada um partilha o seu percurso de libertação em Cristo,

escutando o outro e partilhando as suas conquistas e recaídas.

 

Senhor Jesus e meu bom Mestre, que bom saber-Te ao meu lado,

como amigo indefetível, paciente e compreensivo,

pedagogo da liberdade e do amor, sempre pronto a perdoar!

Espírito Santo, Mestre interior do discipulado de Jesus,

ensina-me a ser perfeito no seguimento, sem orgulho nem vaidades.

Faz-me grande na humildade, no amor pelo outro e na missão!


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