domingo, agosto 31, 2014

 

DEUS ME CONVIDA A ENTREGAR MINHA VIDA


Senhor, Tu, me chamaste.
Senhor, me seduziste!
Com amor, Senhor, me olhaste
E o caminho me abriste,
Pois, de graça, inundaste
Meu humano coração
Que, em resposta, formulei
Meu Sim de livre adesão,
À Tua proposta de amor,
E a Ti me consagrei,
Numa entrega/doação,
Ao serviço da Missão,
Porque, em Ti, confiei.

Aqui estou. Conta comigo.
Tu me chamaste,
Porque me amas.
Na fé, Te sigo,
Jesus amigo,
Crente que sempre
Me acompanhas
E, no perigo,
Ou tentação,
Logo me estendes
A Tua mão,
A garantir-me
A salvação.

Na corda bamba da vida,
Frente à ameaça sentida,
Valeu-me a Tua mão.
Que, ao tocar-me, fez crescer
Minha vida em doação,
Apoiada, no bordão
Da Palavra meditada,
Na Fé e na Oração,
Pois, sem Ti, eu não sou nada.

Sou fraca, Tu bem o sabes
E bem melhor do que eu.
Só sei que não valho nada.
Se algo faço, é milagre Teu.

O que tenho, Tu me deste.
Por isso, tudo é Teu.
Tu em mim e Eu em Ti,
Faremos da terra o céu.
Porque, em Ti, nada se perde,
Mas, antes, se potencia,
Para render-Te louvor,
Na vida do dia-a-dia.

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 31.8.2014

 

22º Domingo do Tempo Comum


Mas havia no meu coração um fogo ardente, comprimido dentro dos meus ossos. (cf. Jer 20,7-9)

Deus busca cativar pessoas que o amem,
que se apaixonem por este Mistério que comunica vida.
Não pretende servos temerosos e ardilosos
que fogem ao primeiro sinal de perigo,
que adormecem no sonho de serem deuses e senhores
e balançam entre o rito solene e a infidelidade escondida.
Ser profeta e seguir Jesus supõe resistência à conversão,
perseguição à voz que radiografia a verdade da vida.

É pelo fogo ardente que nos aquece o coração que vamos!
O nosso coração acampa onde está o nosso tesouro!
Basear a pertença religiosa na tradição, em catequeses,
ritos e fórmulas de cor, promessas de SOS...
é ser religioso por arrasto, por medo do desconhecido.
Quando me mudo para a cidade e não encontro este apoio,
termina a prática religiosa e sigo outros carneiros condutores.
Sem o encontro pessoal com este Deus escondido,
sem o atear deste fogo apaixonado, tudo é vago e camaleão.

Senhor, palavra que nos faz viver e libertar do egoísmo,
seduz o nosso coração e alimenta em nós este fogo
que faz da vida uma busca inquieta e incessante
dum amor infinito, eterno, incondicional e libertador.
Cristo, perfume de amor em vaso pequenino de galileu,
preenche o vazio que nos asfixia a vida
e alarga os horizontes do nosso sonho de Te amar e Te seguir.
Espírito de fogo faz da nossa vida uma sarça ardente

que Te louva com a vida, ama sem limites e se doa sem medo.

sábado, agosto 30, 2014

 

Sábado da 21ª semana do Tempo Comum


Vede quem sois vós, os que Deus chamou. (cf. 1 Cor 1,26-31)

Deus chama a todos os que sabem escutar uma mão amiga.
Chama crianças para serem profetas da verdade
e confundir a mentira disfarçada dos adultos.
Chama deficientes para serem profetas do invisível
e revelarem a beleza dum coração puro e perfeito.
Chama simples e analfabetos para serem sábios de coração
e revelarem a riqueza duma solidariedade generosa e ecológica.
Chama frágeis e pecadores à conversão humilde
para que a graça revele melhor o nada que dá glória ao Senhor.

Maria, nas suas aparições, gosta de falar às crianças e aos simples.
Chama-os a serem mensageiros do Céu no mundo,
enchendo-os com a luz de Deus que lhes amadurece a fidelidade.
Sabem guardar segredos perante ameaças e tentativas de subornos.
Sabem preservar na missão, apesar dos contratempos.
É a graça de Deus a brilhar numa candeia de barro,
servo inútil que possibilita a portabilidade da misericórdia divina.

Pai de bondade infinita, obrigado porque me chamaste,
na minha pequenez, fragilidade e pobreza.
Jesus, sacerdote eterno com mãos de carpinteiro,
obrigado porque me chamaste a continuar a Tua missão,
na intensidade humilde das pequenas coisas
e na simplicidade tateada duma vida oferecida.
Espírito de santidade, confidente da beleza de servir,
obrigado pela pedagogia paciente e libertadora

com que cada dia me animas a olhar a esperança.

sexta-feira, agosto 29, 2014

 

6ª feira da 21ª semana do Tempo Comum - Martírio de S. João Batista


Onde está o sábio? Onde está o homem culto? (cf. 1 Cor 1,17-25)

O mistério da vida jorra da Fonte do Amor.
A inteligência humana pode descobrir causas e efeitos,
inventar máquinas, produzir energia e medicamentos...
mas não pode assegurar a felicidade e a vida eterna.
Tudo é limitado no tempo, no espaço, no saber e na glória!
Curiosamente a porta estreita da Vida é uma cruz,
o caminho da paz e da aliança é o perdão incondicional,
a salvação do mundo sustenta-se bombeando amor!

É sábio um professor doutor que já vai no terceiro divórcio?
É bom administrador quem não sabe governar o seu salário?
É grande quem necessita de rebaixar os outros?
É inteligente quem vive rodeado de gente a pensar só em si?
É sábio quem não se conhece a si mesmo?
É maduro quem não consegue controlar as suas emoções?
Tem futuro quem não tem fé no Além que nos espera com amor?
É forte quem necessita de armas e mata o irmão?

Senhor, Fonte de sabedoria e de amor,
ensina-nos a viver com coração de paz e horizontes de fé.
Cristo, Palavra de Deus crucificada na fidelidade,
dá-nos ouvidos de discípulo e pés de profeta
para continuarmos a Tua missão de salvação do mundo.
Espírito de verdade e de justiça liberta-nos do medo
e ajuda-nos a ser profetas com mansidão e caridade.
S. João Batista ensina-nos a obedecer mais a Deus

do que a submissão aos homens e ao desejo de agradar.

quinta-feira, agosto 28, 2014

 

5ª feira da 21ª semana do Tempo Comum – S. Agostinho


À Igreja de Deus que está em Corinto. (cf. 1 Cor 1,1-9)

Deus enviou-nos o Seu Filho para nos purificar
e fazer de nós uma assembleia de chamados à santidade,
fortalecidos pela Sua graça e conduzidos pela Sua palavra.
Somos a Igreja de Deus, do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
espalhada por toda a terra e em comunhão íntima de fé e de amor.
Cada terra e cultura lhe dá um colorido muito próprio,
com sabores e perfumes de louvores diversos.
É a Santíssima Trindade a fecundar a Igreja,
numa comunhão de Igrejas, a pulsar como um só corpo.

A unidade da Igreja deve ser católica e encarnada.
A uniformidade é artificial, forçada e superficial.
A diversidade é natural, criativa, dinâmica e encarnada,
como o Filho de Deus quando foi nazareno e galileu.
Agarrar-se a “línguas sagradas”, a “instrumentos litúrgicos”,
a ritos uniformes, a escolas teológicas consagradas...
é ter medo de viver ao sabor do Espírito e da inculturação
como peregrinos sinodais da comunhão na mesma fé.

Santíssima Trindade, arco-íris de santidade e de beleza,
ensina-nos a dialogar com sotaque e sábia humildade.
Cristo, que nos ensinas a enraizar local com coração universal,
envia-nos o Teu Espírito de comunhão e de verdade.
Liberta-nos do medo de sermos diferentes na expressão cultural
e globaliza-nos na caridade, alimentados pelo Pão da unidade.

S. Agostinho intercede por nós, buscadores da fé e da unidade.

quarta-feira, agosto 27, 2014

 

4ª feira da 21ª semana do Tempo Comum – S. Mónica


Deveis imitar-nos, pois não vivemos no meio de vós na ociosidade. (cf. 2 Tess 3,6-10.16-18)

Deus chama-nos a colaborar, pelo trabalho, na sua criação.
Sabemos que somos peregrinos no tempo
e que, em qualquer momento, a eternidade nos pode surpreender,
no entanto, enquanto o tempo é dom, deves empenhar-nos
e esforçar-nos por fazer o bem e anunciar o Evangelho,
trabalhar pelo nosso sustento e apoiar quem não pode trabalhar.
A ociosidade, que nasce da preguiça e do comodismo,
sobrecarrega os que trabalham e trai a nossa vocação.

O desemprego é uma das chagas sociais de sempre.
É fechar a porta da esperança a quem quer trabalhar.
A precariedade do emprego jovem e de meia idade,
baixam a autoestima e matam o sonho em projeto,
instalam a dependência e cavam a revolta.
Para muitos a solução é a busca duma “segunda vida”,
virtual e adormecida, apática e descomprometida,
drogada e corrompida, sem ideal e de braços caídos!
É um ócio forçado e estrutural que adoece a sociedade.

Senhor, Deus criador e libertador da humanidade,
ensina-nos a trabalhar motivados pelo amor e pela fé.
Cristo, incansável restaurador de vidas partidas e desesperadas,
ensina-nos a aproveitar cada segundo para fazermos o bem
e continuarmos a Tua missão de cura e libertação.
Espírito Santo , que fazes novas todas as coisas,
revela-nos a dignidade do trabalho que louva a Deus,
na política, na justiça, na economia, na saúde, no desporto,

na agricultura, no apoio social, no voluntariado e na Igreja.

terça-feira, agosto 26, 2014

 

3ª feira da 21ª semana do Tempo Comum


Ninguém vos engane de qualquer modo que seja. (cf. 2 Tess 2,1-3a.14-17)

A adesão ao Evangelho conduz-nos à glória de Jesus.
Vivemos na eterna consolação de sermos salvos pela graça
e na feliz esperança do encontro pleno com o Amado.
Surpreendidos por um amor tão grande e misterioso,
fortalecemos o nosso coração na prática das boas obras
e concentramos todas as nossas energias em semear o bem.
Nada tememos, nada nos turba a paz,
buscamos apenas a justiça, a misericórdia e a fidelidade.

Põem-nos a correr como baratas tontas e depois dizem-nos:
compra isto e serás feliz, come aquilo e terás saúde,
veste isto e serás salvo, junta-te a nós e irás para o Céu...
Marcam datas da vinda do Senhor e do fim do mundo,
como se o Emanuel não estivesse já connosco.
Metem-nos medo com o encontro face a face
como se os encontros na fé, na oração e nos sacramentos
não nos tivessem já habituado à paz e à misericórdia.
O engano é distrair-nos do Evangelho com exterioridades e medos.

Pai de bondade e beleza simples dum amor eterno,
concentra todo o nosso coração na fidelidade à Tua vontade.
Cristo, graça e misericórdia servida como pão da vida,
purifica-nos da religiosidade baseada no medo e na magia.
Espírito de paz fortalece a nossa vida na prática do bem

e faz de nós, não palavras de engano, mas profecia de libertação.

segunda-feira, agosto 25, 2014

 

2ª feira da 21ª semana do Tempo Comum


A vossa fé faz grandes progressos e o amor de uns pelos outros vai aumentando em todos vós. (cf. 2 Tess 1,1-5.11b-12)

A fé e o amor são frutos duma Igreja saudável e madura.
Uma fé perseverante no meio das dificuldades.
Uma fé confiante na graça e na paz de Deus Pai e do Seu Filho,
Uma fé iluminada pelo Espírito de comunhão
que constrói comunidade e alimenta a caridade.
Uma fé que nasce da Palavra de Deus e se nutre de Cristo,
que anseia por crescer sempre mais na santidade
e na fidelidade à sua vocação de filhos de Deus.
Uma fé que glorifica a Deus e dá um testemunho evangelizador.

O que buscamos com os nossos projetos pastorais?
Paróquias especializadas em serviços religiosos:
batismos de tradição, casamentos de ostentação,
catequese escolarizada, confissões de preceito,
missas privatizadas, funerais sociais, festas de padroeiro?
Paróquias, centros sociais, que oferecem ajudas sociais,
e serviços especializados para crianças e idosos?
Que lugar ocupam o cultivo e a celebração da fé,
o discernimento da caridade e o testemunho evangelizador?

Senhor, Pai da graça e Deus de toda a consolação,
dá-nos um coração ouvinte da Tua Palavra
e acolhedor desta semente de vida nova em Cristo.
Jesus, paz redentora e embaixadora da aliança,
aumenta e fortalece a nossa fé e confiança em Ti.
Espírito do puro amor cura as nossas relações
e ajuda-nos a não nos cansamos de fazer o bem.

Faz da Igreja irradiação evangelizadora da esperança.

domingo, agosto 24, 2014

 

QUEM DIZES TU QUE EU SOU?


Eis a pergunta directa,
Dirigida, hoje, a mim,
Pelo próprio Jesus Cristo,
Que me deixa inquieta,
Apesar de falar d’Ele,
Para dá-lo a conhecer
E querer viver com Ele,
Sentindo alegria nisso,
Porque é difícil dizer
O que Jesus é p’ra mim,
Por mais me comprometer.

Desculpa meu embaraço,
Meu silêncio de hesitação,
Porque oiço mais os outros
Que o meu próprio coração,
E Tua pergunta me faz ver
Que o que desejas saber,
É se o que digo e faço,
É sinal profundo e claro
De fé feita convicção.

Porém, na minha fraqueza,
Temo decepcionar-te,
Mostrando que não ter aprendido
Tudo quanto me ensinaste,
Tu, que só amor revelaste
E a vontade do Pai
Fizeste e anunciaste,
Sem rodeios nem disfarce,
De tal modo que o Seu rosto,
Foi o Teu, o Deus connosco,
Para que ao ver-Te a Ti,
Eu também veja Deus Pai,
Pelo olhar de Fé que transcende
Os sinais de humanidade
Que escondem o Filho de Deus,
E a excelsa Divindade,
Envolta em simplicidade.

DÁ-ME UM CORAÇÃO SIMPLES,
PURO E TRANSPARENTE,
PARA AO MUNDO REVELAR
QUE A TODOS QUERES AMAR,
PECADOR E INOCENTE,
PORQUE ÉS DEUS BOM E CLEMENTE!

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 24.8.2014



 

21º Domingo do Tempo Comum


Porei aos seus ombros a chave da casa de David. (cf. Is 22,19-23)

O profeta diz que o bom administrador
é aquele que carrega o poder como um dom de Deus
para abrir as portas da vida à justiça e à glória divina.
Jesus revelou-se como Porta de salvação
e entregou a chave à Igreja, por meio dos apóstolos.
Esta Porta só abre pela fechadura do Evangelho!

Perante um mundo em permanente estado de assalto,
o poder das chaves torna-se vital e fundamental.
É a chave que abre a sua conta de internet e bancária,
a chave que conduz à informação privilegiada,
a chave que te permite aceder ao conhecimento,
a chave que protege a sua casa dos ladrões e intrusos...
É uma verdadeira luta entre a blindagem da segurança
e a busca das falhas para passar ao lado desta chave.
Mas o mais difícil é encontrar a chave da felicidade e da paz!

Senhor, Sabedoria eterna, próxima e misteriosa,
ensina-nos a viver e a usar a chave da fé e da aliança.
Cristo, Porta do Céu a buscar-nos nas encruzilhadas da vida,
ajuda-nos a usar a chave do poder, não para nos encarcerarmos,
mas para acolher, visitar, reconciliar, perdoar, apoiar...
Espírito, Chave da misericórdia e do Evangelho em nós,
recria-nos chaves humildes e discretas, fieis e oportunas,

que servem a vida e abrem as portas da esperança.

sábado, agosto 23, 2014

 

Sábado da 20ª semana do Tempo Comum – S. Rosa de Lima


Aqui habitarei para sempre, no meio dos filhos de Israel. (cf. Ez 43,1-7a)

Deus é amor fiel e habita no “para sempre”.
Deseja curar a humanidade e tempera-la de alegria,
para introduzir no tempo o gosto do “para sempre”.
O templo é frágil e o povo inconstante,
por isso, envia-nos o Seu Filho, o Emanuel,
para ser o Templo vivo e o peregrino eterno do Amor
a gerar corações novos e adeptos humildes do “para sempre”.

Hoje o “para sempre” assusta e cansa.
Por isso, foge-se aos compromissos para toda a vida
e aposta-se apenas no presente, no “acho que”,
no “vamos andando e vendo”, no “enquanto me der prazer”.
Tudo é fluido, incerto, inconstante, sôfrego de novas experiências.
A vida desliga-se da fé, a oração do trabalho,
a ética pessoal da ética eclesial, o discurso da verdade...
Mas Deus ainda não se cansou de nós!

Senhor, apaixonado pela criação que faz das criaturas filhos,
dá-nos um coração bom e fiel, enlaçado pelo amor.
Cristo, o Emanuel a habitar no meio de nós,
liberta-nos do medo e purifica-nos do pecado
para Te podermos acolher e levar aos que não Te conhecem.
Espírito Santo, Luz do “para sempre” nas trevas do sem rumo,
conduz os nossos passos na verdade e na coerência

dum seguimento fiel e agraciado pela Tua misericórdia.

sexta-feira, agosto 22, 2014

 

6ª feira da 20ª semana do Tempo Comum – Nossa Senhora Rainha


Eu profetizei e o espírito entrou naqueles mortos; eles voltaram à vida e puseram-se de pé. (cf. Ez 37,1-14)

A Palavra de Deus está grávida de nova vida.
Às lamentações desesperadas do povo traz a esperança.
A profecia de Ezequiel aproxima-os uns dos outros,
fa-los sentir-se povo eleito, embora em terra alheia.
Deus dá-lhe um Espírito de vida e ressuscita-lhes a dignidade.
Unidos no amor e confiantes no Deus vivo e libertador,
podem voltar à terra da aliança e reconstruir a alegria.

O individualismo está a provocar um arrefecimento global.
A falta de amor e de fé tumulam a vida no isolamento.
A casa tornou-se um túmulo cheio de distrações e de ruídos,
para nos dar a impressão que estamos vivos.
É mais fácil comprar um animal de estimação
do que aventurar-se à relação com um amigo ou com Deus.
O resultado é um vazio mortal que nada consegue preencher.
Só o amor a Deus e ao próximo dão sentido ao amanhecer!

Senhor, Rei do Universo a servir vida em abundância,
liberta-nos dos túmulos dourados onde nos enterramos,
por comodismo e medo das exigências da caridade.
Cristo, que dás a vida para nos recriar em dignidade e serviço,
venha a nós o Teu reino e ajuda-nos a globalizar a fraternidade.
Espírito de santidade a purificar corações entupidos,
aumenta a nossa fé e ilumina-nos o caminho do Céu e do irmão.
Maria, Rainha do Céu e da Terra, a servir-nos Cristo salvador,
intercede por nós e ajuda-nos a ser profetas da esperança.



quinta-feira, agosto 21, 2014

 

5ª feira da 20ª semana do Tempo Comum – S. Pio X


Arrancarei do vosso peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne. (cf. Ez 36,23-28)

É mais cómodo ter um coração de pedra:
é-se insensível à dor dos irmãos e às injustiças,
leva-se uma vida religiosa e ritualista, sem paixão nem zelo,
vive-se o presente, amorfo, autista e rotineiro.
Deus quer libertar-nos deste coma induzido
e dar-nos um coração de carne, palpitante e nupcial.
Para isso precisamos de passar pela cirurgia da conversão,
do acolhimento do dom, duma vida inquieta e apaixonada.

Os noticiários tornaram-se produtos de consumo.
Confortavelmente sentados num sofá e de comando na mão,
vamos consumindo reportagens, guerras ao vivo,
imagens de horrores e romances de sonho,
desporto e política, economia e polícia,
tribunais e lugares de sonho para férias,
catástrofes e viagens ao espaço...
O coração já não chora nem se alegra, apenas vê e regista,
para ter assunto de conversa na superficialidade da relação.
O ideal é ter um coração indolor, calejado e espetador.

Senhor, coração a palpitar eternidades de amor salvador,
dá-nos um coração novo, sensível e proativo.
Cristo, Esposo apaixonado por uma humanidade infiel,
cura-nos do pecado que nos anestesia a compaixão.
Espírito Santo, água viva que quebra o gelo da relação,
torna-nos canais livres para Te louvarmos com uma vida

sensível e comprometida com Deus e com os irmãos.

quarta-feira, agosto 20, 2014

 

4ª feira da 20ª semana do Tempo Comum – S. Bernardo


Não deviam os pastores apascentar o rebanho? (cf. Ez 34,1-11)

Deus é o Bom Pastor porque ama o seu povo.
Sofre por ver pessoas débeis e doentes sem apoio,
sós e sem esperança, dispersas e sem rumo,
exploradas e perseguidas, infelizes e impotentes.
Sofre por ver os chefes a viver bem e despreocupados,
como se o poder funcionasse como um condomínio fechado!
Deus coloca-se do lado dos que sofrem a injustiça,
e Ele próprio envia o Seu Filho, como Bom Pastor,
disponível para dar a vida pelas suas ovelhas.

A autoridade é um serviço de coordenação do bem comum
e não um trono de domínio que usa e abusa do poder,
para colocar a todos sob a sua bota de ferro e de medo.
Por isso, a autoridade, religiosa, civil e militar,
deve governar mais com a sabedoria do coração
do que com a esperteza do aproveitador da situação.
O egoísta, o carreirista e o glório-dependente
estão demasiados preocupados consigo mesmos
para se poderem ocupar com o bem dos outros.

Senhor, Bom Pastor que nos tendes a todos no coração,
dá-nos um coração bom e comprometido com o bem de todos.
Cristo, amor encarnado e crucificado, a dar a vida pelas ovelhas,
alimenta em nós a misericórdia e a compaixão sem fronteiras.
Espírito de bondade dá-nos um olhar bom e sensível,

capaz de se anticipar na caridade e de surpreender no perdão.

terça-feira, agosto 19, 2014

 

3ª feira da 20ª semana do Tempo Comum


O teu coração encheu-se de orgulho e dizes: ‘Eu sou um deus'. (cf. Ez 28,1-10)

As riquezas e o poder incham-nos o coração de soberba.
O rei de Tiro teve um período de glória e de vitórias,
e o poder apoderou-se dele e confundiu-lhe o discernimento,
achando-se mais do que os outros e igual a Deus.
O profeta, voz realista da verdade que vem do verdadeiro Deus,
avisa-o que o poder é efémero e a glória transitória,
tudo passa, só a Palavra do Senhor do Universo permanece.

O mercado goza connosco dando-nos a sensação de sermos deuses.
Abre-nos a porta do supermercado e coloca-nos tudo à disposição.
À saída dá-nos a possibilidade de pagar com o cartão de crédito
e ainda nos dá uns pontos de oferta e uns descontos de fidelização.
Oferecem-nos um seguro de saúde e prometem-nos assistência,
em troca de uns trocos mensais e vitalícios.
Oferecem-nos umas viagens de sonho este ano,
para pagarmos no próximo ano, com uns juros a doer adiado.
Iludem-nos o coração de bajulações supérfluas e efémeras,
que nos tornam egoístas, acríticos, prepotentes e consumistas.

Senhor, omnipotência a envolver-nos com ternura misericordiosa,
obrigado pela Tua grandeza que se abaixa a nós
e nos eleva à condição de parceiros da aliança e da missão.
Cristo, que sendo rico Te fizeste pobre para nos enriquecer a todos,
ajuda-nos a aprender a ser grandes no serviço humilde
e no amor gratuito e desinteressado dos irmão.
Espírito, fortaleza divina a engrandecer-nos na santidade,

ilumina o nosso caminhar com a luz da Tua liberdade.

segunda-feira, agosto 18, 2014

 

2ª feira da 20ª semana do Tempo Comum


Ezequiel será para vós um símbolo: fareis como ele fez. (cf. Ez 24,15-24)

Deus fala de muitas maneiras ao seu povo.
Só precisa de profetas que saibam interpretar
a linguagem dos acontecimentos e da natureza.
A morte súbita da mulher de Ezequiel e o seu não-luto,
tornam-se símbolo da queda de Jerusalém e do seu santuário,
de quem o seu povo há muito se tinha divorciado.
Não fazem luto, porque tinham deixado de alimentar a aliança!

A crise económica e financeira foi concebida ao luar
da mentira, da corrupção, do roubo e da ganância.
Mas as trevas da noite dão lugar à luz reveladora do dia.
O que parecia ouro não passa de barro pintado e oco.
Os que eram os heróis, agora são cretinos envergonhados!
Todos sofremos as consequências duma vida ilusória.
A ginástica criativa do encobrimento do mal
consumiu a alegria de viver e o confiança no ser humano.
Será que todos estes acontecimentos não nos despertam
para a verdade da vida, a ética, aquilo que permanece? 

Senhor, Palavra suave e persistente que sempre nos avisas
dos frutos que vamos colher da nossa sementeira quotidiana,
dá-nos a sabedoria de vivermos em aliança
e de sermos semeadores da verdade e do amor doado.
Cristo, Palavra encarnada na vida a fazer-se caminho,
faz de nós contemplativos da natureza e dos acontecimentos,
para refazermos, cada dia, a nossa vida na aventura da fé
e na ousadia da conversão a partir daquilo “que ainda nos falta”.
Dá-nos o Teu Espírito da fortaleza na tentação
e de amor libertador tanto na glória como na aflição.

domingo, agosto 17, 2014

 

A FÉ CRISTÃ POSTA À PROVA


Grande dor a duma mãe
E profunda a sua fé,
Ao suplicar a Jesus,
Forte e insistentemente,
Revelando, publicamente,
O sofrimento que tem,
Tão convencida estava
Que só Ele livraria
A filha que tanto amava
Do espírito que a atormentava.

MISERICÓRDIA, SENHOR,
Gritava, na sua dor,
E, sem cessar, repetia,
Pensando não ouviria,
Pelo barulho que a multidão,
À Sua volta, fazia.

Sem vergonha, nem pudor,
Cheia de fé, insistia,
MISERICÓRDIA, SENHOR!
Mas, Jesus nada dizia,
Ao contrário dos discípulos
Que, saturados dos gritos
Com aquela persistência,
Perderam a paciência,
Acabaram por ajudar,
Sussurrando-Lhe ao ouvido,
Para ele a despachar,
Sem contar lhes respondesse
Que o Pai O tinha enviado
A quem andava perdido
Do Seu povo, Israel,
Mas, de coração fiel.

À interpelação de Jesus,
Ela, prostrada no chão,
Acha que Ele tem razão,
Mas responde, com firmeza,
Que também era verdade
Que os cães do seu Senhor,
Aproveitavam e comiam
As migalhas que caíam
Da sua abastada mesa.

Perante esta grande fé,
Jesus cede e lhe responde:
Faça-se como tu crês!

ENSINA-ME A CRER, ASSIM,
NO AMOR QUE TENS POR MIM,
SEMPRE QUE EXIGES TRANSFORME
O MEU DESERTO EM JARDIM!


Maria Lina da Silva, fmm-Lisboa, 17.8.2014       

 

20º Domingo do Tempo Comum


Se forem fiéis à minha aliança, hei-de enchê-los de alegria na minha casa de oração.(cf. Is 56,1.6-7)

Deus escolheu um povo para chegar a todos os povos
e com eles fazer uma aliança de vida, de paz e de amor.
É a fidelidade a esta aliança divina que faz a diferença
e não a pertença a este ou aquele povo.
É a alegria da celebração da fé, na comunhão espiritual,
que nos faz filhos do mesmo Pai e Senhor do Universo.
Por isso, a fé supõe justiça, liberdade, solidariedade, diálogo,
hospitalidade, respeito, paz, perdão e festa de amor.

A globalização faz do mundo um só corpo.
Neste corpo sentimos as dores do mal infestante,
que precisamos de curar e purificar;
sentimos as alergias destruidoras do diferente,
que precisamos de neutralizar e tranquilizar.
Quando se atacam lugares de culto e se destroem vidas
estamos longe da “casa de oração para todos os povos”.
O fundamentalismo, a intolerância e o relativismo
são sinais perigosos de afastamento do sonho de Deus.

Senhor, Pai de todos a sonhar-nos irmãos,
ajuda-nos a fazer parte deste projeto de salvação.
Cristo, que encarnaste o rosto de todas as culturas,
dá-nos o Teu Espírito de comunhão fraterna,
que constrói uma globalização do amor e da paz.
Faz de nós mensageiros do Deus da vida em doação,
fieis e humildes no diálogo, solidários no sofrimento,

discernidos no essencial e tolerantes no secundário.

sábado, agosto 16, 2014

 

Sábado da 19ª semana do Tempo Comum


Eu julgarei cada um segundo as suas ações. (cf. Ez 18,1-10.13b.30-32)

Deus fez-nos livres para optar pelo bem ou pelo mal.
É uma decisão pessoal, que nesta vida afeta toda a sociedade,
mas que na vida eterna me afeta apenas a mim.
As minhas opções determinam um bom ou mau ambiente,
a alegria ou a tristeza na família e no trabalho,
o desenvolvimento ou a deterioração da confiança,
a justiça ou a injustiça nas relações humanas...
mas a responsabilidade no juízo final é pessoal.

Há muita gente que confunde consequências com castigo.
Ter pais irascíveis, dependentes e imaturos
afetam a confiança, o equilíbrio afetivo e a liberdade dos filhos,
no entanto, estes podem libertar-se destes traumas
e tornarem-se pessoas afáveis, pacíficas e maduras.
Viver numa casa que foi habitada por pessoas más
não a predetermina malfadada para os atuais habitantes.
Se alguém se suicidou ou não cumpriu uma promessa,
é a ele que Deus vai pedir contas não aos filhos!

Senhor, Pai bom que queres que todos nos salvemos,
guia os nossos passos e dá-nos um coração puro e bom.
Cristo, Bom Pastor à busca de ovelhas perdidas,
dá-nos a humildade duma conversão sincera
e fortalece a sede de fazer apenas a Tua vontade.
Espírito de sabedoria ensina-nos a escolher sempre o bem

e liberta-nos do medo espiritual e da prisão do pecado.

sexta-feira, agosto 15, 2014

 

Assunção da Virgem Santa Maria


Apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol. (cf. Ap 11,19a; 12,1-6a.0ab)

O Filho do Altíssimo encarnou em Maria
para que toda a humanidade se elevasse ao Céu.
O seio de Maria transfigurou-se em Arca da Aliança,
que corre veloz pelas montanhas a despertar utopias.
Maria é este sinal grandioso que aponta a esperança
e nos anima a seguir Jesus como Pastor do eterno.
Como Maria, cada um em Igreja, encarna Jesus
e, em Cristo, encontra a escada que nos eleva à Trindade.

Pelo Batismo, estamos todos em gestação divina.
Quando nos alimentamos de Cristo, Pão da vida,
alarga-se o coração ao amor e ao perdão,
e humilha-se a altivez, servindo o irmão.
Quando alimentamos o Eu, em solidão centrípeta,
vestimos sois de gambiarra e buscamos holofotes lunares,
raticando o horizonte e gozando alegrias induzidas e a prazo.
São as estrelas cadentes que aguentam apenas o instante.
Maria é o sinal grandioso que aponta para a eternidade.

Senhor, Pai de bondade a atrair-nos para Ti,
cura-nos da cegueira que nos impede de ver no Teu Filho
o caminho de salvação e felicidade permanente.
Cristo, Palavra de Vida e sangue que nos purifica,
ajuda-nos a crescer em Ti, em santidade missionária.
Espírito, Luz que nos ilumina e nos torna fonte de luz,
dá-nos um coração humilde, belo e puro, como o de Maria,

para Te glorificarmos sempre em palavras e obras.

quinta-feira, agosto 14, 2014

 

5ª feira da 19ª semana do Tempo Comum – S. Maximiliano Kolbe


Talvez assim reconheçam que são gente rebelde. (cf. Ez 12,1-12)

Deus responde com fidelidade e misericórdia
à rebeldia, cegueira e surdez do Seu povo escolhido.
Fala-lhe com o carinho da aliança,
com a palavra de aviso e parabólica dos profetas,
com gestos e ações simbólicas,
com os acontecimentos da vida, bons e maus...
O objetivo é provocar o despertar da conversão
e curar-lhes o pecado que cancerígena as suas vidas.

O cristão é chamado a viver no meio do mundo
como palavra interpelante que fenda a rebeldia
dos que se deixam enlear no círculo mortífero do mal.
A Igreja é chamada a mostrar um modo de vida alternativo,
belo e sereno, fraterno e reconciliador,
dialogante e alegre, comprometido e solidário,
humilde e fiel no seguimento do Homem Novo, Cristo.

Senhor, Pai que sofres por nos ver sofrer,
ajuda-nos a elevar o olhar para Te podermos escutar
e acolher a Tua misericórdia recriadora.
Cristo, Filho do Homem a habitar no meio de nós,
alimenta-nos com o Pão da vida divina
e o Vinho que sacia a sede de fazer a vontade de Deus.
Espírito de santidade desperta em nós a aurora da conversão
que nos abre ao perdão de nós e dos outros

e nos torna evangelho vivo que desperta e interpela.

quarta-feira, agosto 13, 2014

 

4ª feira da 19ª semana do Tempo Comum


Assinala com uma cruz na fronte os homens que gemem e se lamentam por causa das abominações.(cf. Ez 9,1-7; 10,18-22)

A abominação encheu a cidade que devia ser santa.
A glória de Deus abandonou o templo de Jerusalém.
As pessoas habituaram-se a viver áridos de fé
e pródigos na injustiça e na mentira, que mascara o egoísmo.
Mas Deus olha para um pequeno resto de inconformados,
que fazem a diferença num rebanho sem rumo.
São assinalados com uma cruz na fronte, dom de salvação,
que, anunciando Cristo, os livra da morte e da perdição.

Hoje há muitos que se auto-assinalam com a cruz:
cruzes tatuadas no corpo, brincos com cruzes de enfeite,
fios ou pulseiras com cruzes de ornamento,
cruzes de amuleto no carro ou em casa...
Todas estas cruzes são compradas e instrumentalizadas,
desvitalizadas da sua força profética.
É Cristo quem nos assinala com a cruz de discípulo,
na fronte da verdade dum coração puro e pacífico,
inconformado com o pecado e a injustiça,
que têm a coragem de afirmar que o rei vai nú,
e o tesouro que nos faz felizes é o amor que gera irmãos.

Senhor, glória do Céu que queres iluminar toda a terra,
ajuda-nos a ser lua que reflete a Tua santidade.
Cristo, que carregaste a nossa cruz para nos salvar,
assinala-nos com a Tua cruz redentora
e faz de nós teus discípulos evangelizados,
na cidade que corre sem rumo e sofre de indiferença.
Espírito, que nos ensinas a rezar com corações unidos,
conduz-nos de mãos dadas em busca da vontade de Deus

e da paz fraterna nos desencontros da vida.

terça-feira, agosto 12, 2014

 

3ª feira da 19ª semana do Tempo Comum


Come este rolo e vai falar à casa de Israel.(cf. Jer 2,8-3,4)

A profecia de Ezequiel nasce da meditação,
da assimilação aprofundada da Palavra de Deus:
“alimenta-te e sacia-te com o rolo que eu te dou”.
A escuta da Palavra de Deus no hoje do exílio,
aprende-se com a escuta da Palavra do ontem do êxodo,
os salmos rezados e as leis e profecias proclamadas ao seu povo.
É sempre o mesmo Espírito que inspira,
o mesmo Verbo divino que se dá em alimento,
a mesma Palavra, doce e amarga, que encarna no profeta.

Hoje com que palavras nos alimentamos e saciamos?
Palavras de política oratória e partidária?
Palavras de marketing hipnotizador e vendedor?
Palavras de novelas de ilusão e de entretém?
Palavras de ciência arrogante e humilhante?
Palavras de preconceito e de guerra?
Palavras de paz, de louvor e de perdão?
Nós somos o que nos alimentamos!

Senhor, Palavra de aliança a alimentar a vida,
sacia-nos com a Tua luz e a Tua verdade.
Cristo, Palavra divina encarnada no tempo,
abre-nos o apetite para Te escutarmos cada dia
e aprendermos a saborear-Te com fidelidade.
Espírito de profecia a transformar ouvintes
em porta-vozes de Deus em linguagem humana,
liberta-nos do medo e do desejo de agradar,

para hoje acolhermos e proclamarmos a Tua Palavra.

segunda-feira, agosto 11, 2014

 

2ª feira da 19ª semana do Tempo Comum – S. Clara


Ali pairou sobre ele a mão do Senhor. (cf. Ez 1, 2-5.24-28c)

Deus não tem país, nem é propriedade de ninguém.
A Sua glória tanto se manifesta no templo de Jerusalém,
como na Tenda da Aliança, como na terra dos caldeus.
Ele é o Senhor do Universo e o Seu arco-íris abraça toda a terra.
O exílio amargo e salgado de lágrimas de humilhação,
torna-se tempo de purificação e alarga os horizontes do Mistério.
Ezequiel é o porta-voz da conversão e da esperança.

Aonde poderei ir e esconder-me de Ti, Senhor,
se nada sou sem o cordão de vida que em Ti me regenera?
Porque buscar-Te longe se em mim Te escondes?
O Teu coração é semelhante ao dos seres humanos,
mas em nenhum encontro amor tão gratuito.
Mesmo no exílio, em que os ventos são contrários
e o pão sabe a amargura, a Tua Mão nos dá força.

Senhor, Deus do Céu, do universo e dos abismos,
ensina-nos a pisar este terreno sagrado do tempo
e a fazer das relações uma liturgia de louvor.
Cristo, Filho de Deus e do Homem, disfarçado de quotidiano,
fortalece em nós a filiação divina
e recria-nos à imagem e semelhança de Deus.
Espírito de santidade, a renovar a face da terra,

faz de nós bons cidadãos do tempo e da eternidade.

domingo, agosto 10, 2014

 

19º Domingo do Tempo Comum


Sai e permanece no monte à espera do Senhor. (cf. 1 Reis 19, 9a.11-13a )

Deus está connosco de uma maneira imprevisível.
Ele manifesta-se aqueles que O esperam no monte,
no silêncio da fé e com horizontes de infinito.
Ele manifesta-se umas vezes como fogo que purifica,
outras como nuvem que ilumina e protege,
outras como brisa suave, acalentadora e impercetível,
outras como presença no meio da tempestade e da noite...
É preciso espera-Lo, quando e como Ele quer manifestar-se.

Colocaram-nos todos a correr à volta de nós mesmos.
Por isso, é difícil sair deste rodopio que nos estonteia,
é complicado arranjar tempo para esperar o Mistério,
é incómodo não ter o comando de controle
quando rezamos ou nos dispomos a escutar o Senhor.
A solução para tentarmos domar este Deus imprevisível
é correr ao som de ruídos ensurdecedores,
usar fórmulas feitas e exatas de oração para despachar,
cumprir escrupulosamente os rituais litúrgicos...
Ou seja, andar por caminhos seguros e previsíveis!

Senhor, Mistério de amor escondido que nos envolves,
como sois grande e quanto temos ainda de buscar-Te,
numa aventura da fé que anseia pelo face-a-face.
Cristo, Emanuel que nos estende a mão de salvador,
quando a fé se afoga nas dúvidas e no medo,
aumenta a nossa fé e desperta-nos para a Tua presença.
Espírito, brisa suave que consolas e iluminas a alma,
ajuda-nos a sair de nós mesmos e a esperar-Te confiante,
para que cada instante seja encontro místico

que relance a procura peregrina e discipular de Cristo.

 

ESTOU AQUI. NÃO TEMAS!


Em que pomos nossa esperança,
Nossa paz e confiança,
No meio da tempestade,
Que nos rouba a segurança,
Força e serenidade?

Nas horas de turbulência,
Da nossa humana existência,
Feita de sonhos e riscos,
De vendavais imprevistos,
Que deixam a barca da vida,
Sem direcção e à deriva,
Vogando, à mercê das ondas,
Em fúria, no alto-mar,
Por quem ousamos gritar,
Que nos possa vir salvar?!

Os discípulos, um dia,
Quando estavam a pescar,
Sentindo-se, ameaçados,
Por violenta tempestade
E grande instabilidade,
Que punha o barco em perigo,
Naquele mar agitado
Pelo vento enfurecido,
Cheio de medo, gritaram,
E Pedro ao ver-se afundar,
Clamou, de braços, no ar:
-“SÓ TU, NOS PODES SALVAR!”

Se a fé nos ilumina
E a confiança nos guia,
Quer de noite, quer de dia,
No medo, Deus nos acalma
E serena nossa alma,
Dando-nos força e coragem,
Para avançarmos, sem medo,
Remando p’rá outra margem,
Sob o Seu olhar atento,
A cada hora e momento,
Ao barco da nossa vida,
Por nos amar, sem medida,
E disposto a salvar,
Se a hélice parar,
Ou o barco encalhar.

ENSINA-ME A CONFIAR
E A ESCUTAR, SEM CESSAR,
E LIMPA BEM MEUS OUVIDOS,
PARA OUVIR, COM CLAREZA,
NAS HORAS DE MEDO E FRAQUEZA,
TUA VOZ A ME ANIMAR:
-“ESTOU AQUI, NÃO TEMAS!”


Maria Lina da Silva, fmm-Lisboa, 9.8.2014

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