terça-feira, julho 31, 2012

 

Então os justos resplandecerão como o Sol, no Reino de seu Pai. (cf. Mt 13,36-43)

A explicação do trigo e do joio
mostra que Deus é paciente e misericordioso,
pois não quer que ninguém se perca.
Mas haverá um momento de verdade,
que por respeito às nossas opções de vida,
Jesus fará resplandecer os justos como o sol,
no Reino do seu Pai,
e separará os escandalosos e iníquos
para o reino das trevas da anarquia,
da solidão egoísta e do vazio do amor
e o reino da mentira glorificada.

Não se trata de nos mover pelo medo da condenação,
mas de nos conduzir ao discernimento constante,
dos alicerces de vida que construimos,
dos muros ou pontes que arquitetamos,
da verdade e justiça que respiramos
e do amor ou ódio que alimentamos.

Senhor Jesus, Juiz misericordioso do irmão
e advogado oficial da verdade respeitada e chorada,
abre o nosso coração a uma conversão verdadeira,
que vá crescendo em fidelidade e humildade,
sustentada pela Tua graça e perdão.

segunda-feira, julho 30, 2012

 

É a mais pequena de todas as sementes; mas, depois de crescer, torna-se a maior planta do horto e transforma-se numa árvore. (cf. Mt 13,31-35)

A proposta de Jesus apresenta-se frágil.
Qualquer crise de adolescência
ou stress de início de carreira
a parece vencer e eclipsar!

É uma proposta de fé que exige paixão,
dedicação, aprofundamento e fidelidade.
Há que estar preparado para aguentar
as noites frias e geladas da busca do mistério
e os dias quentes e secos do aprofundamento
das raízes da esperança e dos ramos da caridade,
pois a brisa suave e a chuva amena
são apenas partes dum caminho gozoso e difícil
do crescimento da fé adulta.

Quando isto acontece, a semente pequenina da fé
vai gerando gigantes felizes e livres
para amar e servir a Deus e ao próximo,
e tornam-se árvores que alimentam e abrigam
outros que andam à procura
duma janela para o infinito.

Senhor Jesus faz de mim terreno acolhedor e fértil
das sementinhas de eternidade que vás semeando,
em gestos de carinho respeitoso no meu coração.
Que eu não olhe tanto para a fragilidade da semente
e mais para a grandeza do semeador,
para acreditar que deste pecador
podes fazer nascer um filho de Deus
com a esperança de te revelar todo inteiro.

domingo, julho 29, 2012

 

17º Domingo do Tempo Comum


Quando se saciaram, disse aos seus discípulos: «Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca» (cf. Jo 6,1-15)

Entrou a cultura do usar, saciar-se e o resto deita-se no lixo.
É assim com a comida, as bens de consumo e de produção,
as relações laborais e os próprios afetos.
Um terço da comida produzida acaba no lixo.
20% do lixo é comida o que, à escala mundial,
seria suficiente para alimentar 3 mil milhões de pessoas!
O mundo geme com fome de fraternidade,
de visão para além da minha barriga.

Jesus apresenta-nos o caminho da partilha do pouco
e a recuperação e reutilização do que sobra,
numa economia de gratuidade compassiva
e de solidariedade contagiante.
Jesus dá graças ao Pai pelos cinco pães e dois peixes,
porque tudo é dom de Deus.
Partilha e distribui por todos
porque os recursos estão destinados a todos.
Manda recolher o que sobra,
porque não quer que nada nem ninguém se perca.
Afasta-se porque não quer clientela dependente
dum paternalismo infantilizante,
mas discípulos compassivos e livres,
para trabalhar e partilhar suor e amor.

Senhor Jesus liberta-nos dum coração “caixa registadora”
que exclui o que sobra e quem não pode pagar
e dá-nos um coração eucarístico
que sabe agradecer o dom e partilhar o que é nosso
no altar da solidariedade e do cuidado da natureza.

sábado, julho 28, 2012

 

JESUS APELA AO COMPROMISSO DA PARTILHA


Jesus é o Pão da Vida,
A todos, oferecido.
Porém, quer associar-nos
Ao compromisso/partilha,
Ansiando saciar
Aqueles que têm fome,
E de quem Ele se condói,
Sente e se compadece
Do seu sofrimento enorme.

Por isso, opera milagres,
Para a todos dar de comer,
Ensinando aos que O seguem
A, com Ele, aprender
Como se compadecer,
Assumindo partilhar,
Com justiça e com amor.

A lógica da partilha,
Liberta, mas não humilha,
E faz com que dela brote
Um mundo fraterno e forte,
Com servos e não senhores,
Onde todos são irmãos,
Quer na vida, quer na acção,
Sem medo à escravidão,
Mas cientes do dever
De a todos dar de comer,
E, no fim, verificar
Que, tendo comido todos,
Muito acaba por sobrar,
Porque o pão que é partilhado,
Por Deus é multiplicado.

Dá-nos, Senhor, Bom Pastor,
A tua imensa Bondade,
Amor, Sensibilidade
E empenho em partilhar,
Com justiça e caridade,
Todo o pão que mate a fome
De Vida, Paz e Amor,
A toda a Humanidade,
Sem olhar a raça ou cor.

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 28.7.2012

 

Disseram-lhe: 'Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio?’ 'Foi algum inimigo meu que fez isto’ respondeu ele. (cf. Mt 13,24-30)
O agricultor sabe que deve procurar boa semente para semear,
pois colherá o que semeou,
mas sabe também que, além do que semeou,
outras sementes crescerão, às vezes em maior abundância,
semeadas pelo vento, pelas aves e pelas ervas daninhas nativas.
Por isso, não basta semear um terreno,
é preciso cuidar da boa semente,
mondar, adubar, regar, combater parasitas...
É assim na agricultura, na educação, catequese...

Jesus diz que, no caso do trigo e do Reino de Deus,
é muito difícil a monda do joio,
sem o risco de arrancar, sem querer, o trigo.
Por isso, aconselha a que deixemos crescer tudo, bom e mau,
e no final Ele colherá primeiro as espigas do joio
e depois os fruto bom do trigo.

Só fortificando o trigo do nosso coração bom,
com o sol da palavra de Deus e o fertilizante da Eucaristia,
podemos sufocar o joio do nosso egoísmo
e as ervas daninhas duma vida vazia,
embora atulhada de coisas supérfluas
que funcionam como próteses
que tentam suprir a nossa deficiência de sentido e de auto-estima.

Senhor Jesus, semeador incansável da vida em nós
e que pacientemente esperas que a nossa conversão
vá acontecendo e os bons frutos vão aparecendo.
Obrigado por tanto amor e respeito personalizado.
Ajuda-nos a fortalecer em nós e nos outros
a semente do bem, aberta à eternidade e ao próximo.

sexta-feira, julho 27, 2012

 
E aquele que recebeu a semente em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende: esse dá fruto. (cf. Mt 13,18-23)

Deus é um semeador incansável da sua palavra.
Semeia a tempo e a destempo,
com a generosidade de uma nascente
e a abrangência do sol que a todos ilumina.


A uns encontra distraídos e impenetráveis 
como um caminho pisado e magoado.
A outros encontra superficiais e inconstantes,
que são como velas à deriva,
que umas vezes se alegram e emocionam com o bem,
mas a sua vida normal se guia pelos ventos da moda
e dos impulsos do egoísmo e do "não me chateiem"!
Há outros ainda que conhecem a palavra de Deus,
mas recuam perante o medo da cruz
e as exigência da caridade e do perdão;
até podem rezar e participar em alguns ritos religiosos,
mas não se comprometem com a comunidade,
nem são fieis a Deus nem aos outros.
Jesus diz que só dá bom fruto e fruto abundante,
aquele que ouve a palavra de Deus e a compreende,
como semente de felicidade e luz do caminho
que nos faz viver divinamente e descentradamente
ao jeito amoroso e aberto ao bem do outro de Jesus.


Compreender a palavra de Deus é descobrir 
a beleza do servir por amor,
a alegria de construir um mundo melhor,
a paz do perdoar sem rancor nem ressentimentos,
a dor de ver irmãos a sofrer injustiças,
a esperança perante casos impossíveis
porque Deus caminha connosco e levanta o abatido.


Senhor Jesus, faz-me terreno acolhedor da Tua Palavra.
Liberta-me da dureza e da cegueira do coração.
Fortifica a minha fidelidade perante a cruz
e faz-me semeador que anima outros a seguir-Te.


quinta-feira, julho 26, 2012

 

S. Joaquim e Santa Ana, dia dos avós

Quanto a vós, ditosos os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. (cf. Mt 13,16-17)

Celebramos hoje os pais de Maria e avós de Jesus.
Pouco sabemos sobre eles,
mas o que sabemos é do fruto belo que floriram
e, em Maria e Jesus, a fragilidade fortificaram.
Ditosos foram os seus olhos porque viram
e os seus ouvidos porque ouviram
tão natural filha e neto e tão divinamente agraciados,
que, sem se darem conta, a mãe e o Filho de Deus cuidaram.

Hoje os avós são uma instituição,
reformados para servir e cuidar dos netos,
com o tempo, a sabedoria e a paciência de que estes precisam.
Em muitos, os olhos e os ouvidos encurtaram,
mas o coração e a fé alargaram
para dar sabor e humanidade à vida dos mais novos,
que, muitas vezes, nos outros adultos,
só stress encontraram. 
É a velha guarda e reserva de tranquilidade
que enche de eternidade o tempo,
num mundo onde o tempo se tornou um bem escasso.

Senhor Jesus, Tu que és eterno 
e tiveste a graça de ter avós no tempo,
ajuda-nos a devolver tempo e carinho
a quem tanto nos ama e agora necessita
da mesma dieta, nas suas limitações e solidão.

quarta-feira, julho 25, 2012

 

S. TIAGO, Apóstolo

Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; (cf. Mt 20,20-28)

Vivemos num mundo que promete fazer-nos grande
a um toque de magia, 
no entanto, no final, a surpresa é que é grande!
Entramos num supermercado e tudo parece nosso,
mas no final temos que pagar.
Desejamos uma casa, um carro, umas férias...
e asseguram-nos que tudo podemos comprar sem dinheiro,
mas depois tornamo-nos escravos perpétuos do crédito
e temos que o pagar duas a três vezes mais em juros.
Entramos na universidade com o sonho de sairmos doutores,
mas depois o tal canudo não assegura sequer ser servo,
nesta selva da concorrência de empregos.
Entra-se na política, prometendo salvar o mundo,
embora se sonhe, de facto, em salvar-se a si mesmo,
e, muitas vezes, acaba-se como estrela cadente, 
duma realidade bem diferente.
Foi porque quisemos ser grandes sem o ser,
que agora vivemos uma austeridade 
que nos obriga a admitir a servidão em que nos metemos.


Jesus convida-nos a uma servidão que engrandece,
uma escravidão que liberta:
ser grande na capacidade de dar-se e doar-se;
ser o primeiro no amor e no perdão;
estar sempre disponível para fazer o outro feliz;
ser o primeiro na verdade e na justiça;
ser senhor da candura e da alegria;
ser o primeiro em SER e não no parecer.


Senhor Jesus que vieste para servir-nos a salvação,
e não para ser servido e salvo,
ajuda-nos servir-te livremente
para melhor podermos amar decididamente
o bem dos irmãos e da Tua criação.





terça-feira, julho 24, 2012

 
Todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está no Céu, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe. (cf. Mt 12,46-50)

Há diversas formas de criar elos fortes:
os laços de sangue que nos unem naturalmente,
o amor de duas pessoas que criam uma só carne,
o amor superabundante que adopta um filho, um irmão...
a entrega a uma causa ou ideal que forma clubes e partidos,
a fé num Deus que cria religiões,
um ideal de vida em comum que cria comunidades de vida.
Nenhuma destas sociedade funcionará bem,
se não partirmos do amor interesseiro de si mesmo 
para o amor de entrega ao outro e uma causa comum.


Jesus aponta-nos para uma família
com um Pai comum e um projecto universal.
Desafia-nos a levantar a cabeça e olhar mais alto,
a descobrir-nos filhos queridos e acarinhados por um Pai Nosso
e sermos irmãos na diversidade duma cidade a construir comunhão.
Estimula-nos a ser Igreja, comunidade fraterna e santa,
que não se limita a pertencer e a receber, 
mas que quer ser irmão, irmã e mãe de Jesus
em todas dimensões do seu viver.


Senhor Jesus, Filho dum Pai Grande
e membro duma Família unida pelo Amor divino,
ajuda-nos a amar sem medida
e a fazer do mundo uma casa grande 
onde todos vivam como irmãos
e se deixem abraçar e elevar
pela alegria de termos um Pai comum.

segunda-feira, julho 23, 2012

 

Festa de S. Brígida, co-padroeira da Europa


Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer. (cf Jo 15,1-8)

Brígida nasceu na Suécia, em 1303.
Casou cedo e teve oito filhos.
Com o marido, fez da família uma verdadeira “igreja doméstica”,
onde a fé em Cristo se respirava como oxigénio,
o amor e a solidariedade era o pão de cada dia,
a oração e a palavra de Deus
era como água que mata a sede da luz.

Após vinte e oito anos de casada fica viúva.
Cuida dos filhos e da sua consagração ao Senhor,
a sua oração é cada vez mais profunda e mística,
por fim funda a Ordem de S. Salvador,
onde entra a sua filha
que virá a ser a Santa Catarina da Suécia.

João Paulo II proclamou-a co-padroeira da Europa,
porque é um modelo de senhora que sabe ser serva,
uma mãe e esposa que sabe permanecer sempre em Cristo,
no meio dos seus muitos afazeres de educadora,
uma catequista que serve a fé do testemunho
à fecundidade que brota, como dom, do casal.
Ela mostra que com Jesus tudo podemos,
e sem Ele sempre tropeçamos
e de mãos vazias, no final, nos encontramos.

Senhor Jesus, fonte de vida, canal da nossa seiva,
dá-nos a sabedoria de viver em Ti
e de em Ti permanecer em todos os momentos,
para que a nossa vida seja fecunda e possa contribuir
para que o deserto do egoísmo em que vivemos
se transforme em oásis de amor por Ti e pelos mais fracos.

domingo, julho 22, 2012

 

16º Domingo do Tempo Comum - Ano B

Disse-lhes, então: «Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto e descansai um pouco.» (cf. Mc 6,30-34)

Tudo na vida cristã começa e acaba em Cristo.
Pelo batismo, acolhe, ensina e envia a dar testemunho.
Mas a Missão é um constante ir e vir,
trabalhar por Cristo e descansar em Cristo,
para que o apóstolo não deixe de ser enviado
e o enviado não se acomode e pare de testemunhar.
Os encontros habituais e regulares com o Senhor
são para curar as miopias autistas
que nos impedem de ver e ser sensíveis
às multidões que andam como ovelhas sem pastor.


A Igreja renova-nos hoje o convite à nova evangelização.
O batizado não se pode contentar em sê-lo na cédula
nem nas fotos ou vídeos da festa.
É preciso entrar neste estar e partir,
testemunhar e construir comunidade,
voltar e repousar em Cristo
para ganhar forças e olhar de pastor,
para ver e guiar todos aqueles que andam perdidos,
como ovelhas sem pastor e terra sem Céu.


Senhor Jesus, neste tempo de férias
não queremos ter férias de Ti,
mas queremos fazer férias conTigo
e em Ti recuperar a paz e curar o olhar
e a vontade de voltar para cooperar no Teu projeto
deste mundo melhorar a fraternidade e a esperança.

sábado, julho 21, 2012

 

SOLICITUDE DE JESUS, O BOM PASTOR


A solicitude de Jesus
Para com os seus discípulos,
Patente na Escuta e Atenção
Ao relato que traduz
O êxito da Missão,
Leva-O logo a convidar
A, com Ele, descansar
E, em paz, recuperar
Do cansaço despendido,
Com tanta dedicação.

Porém, uma multidão
Acorre àquele lugar
E enche-O de compaixão,
Por se Lhe assemelhar
Ver ovelhas, sem pastor.
E, movido pelo Amor,
Altera, assim, o seu plano,
Optando por lá ficar,
A dar-lhe toda a tenção,
A ensinar e a partilhar
O seu amor, carinho e pão,
Porque salvar o seu povo
É sua prioridade,
Perante uma humanidade
A quem o Pai O enviou,
Para ser seu Bom Pastor.

Obrigada, meu Jesus,
Caminho, Verdade e Luz,
Que me pedes p’ra descansar,
Mas também a ter presente
A prioridade de amar,
Sem nunca me desligar
Do clamor da multidão,
Cultivando, a teu exemplo,
O olhar de compaixão,
Do amor que se faz vida,
Na vida do meu irmão!

Maria Lina da Silva. Fmm
Lisboa, 21.7.2012

 
Os fariseus reuniram conselho contra Jesus, a fim de O fazerem desaparecer. Quando soube disso, Jesus afastou-se dali. (cf. Mt 12,14-21)

Jesus perante a rejeição, não vira leão
que persegue com ciume ferido o amor traído,
mas afasta-se, alimentando, paciente e silenciosamente,
projetos de amor renovado
que reconquistem o coração do amado!
Aquele que procura esta fonte de vida escondida,
Jesus o acolhe e cura,
sem recurso a marketings propagandistas
que provem que Ele é que tem razão.


Ao que é como cana rachada,
fragilizado pela doença, remorso ou desventura
não manifesta as garras de milhafre
para lhe dar o golpe de misericórdia final,
mas revela o coração de pastor
que cura a ovelha ferida e perdida,
e fortalece a pequena chama de esperança
que ainda nele fumega.
É assim, desta forma amorosa e escondida,
que Jesus vai conduzindo as nossas vontades rebeldes
a um seguimento de Jesus assumido e querido,
sem truques, enganos ou pressões atemorizadoras.


Senhor Jesus como é belo e libertador
o Teu jeito de nos amar e conquistar o coração.
Ajuda-nos a aprender a evangelizar desta forma,
pacientemente, confiadamente, mansamente.

sexta-feira, julho 20, 2012

 
O Filho do Homem até do sábado é Senhor. (cf. Mt 12,1-8)

Perante o Templo e o Sábado, como dia e lugar sagrado,
Jesus antepõe a sacralidade das pessoas com fome.
É uma sacralidade que nasce da misericórdia
e procura responder às necessidades básicas da pessoa concreta,
e não a obediência a uma Lei sagrada e abstracta, aplicada cegamente.
Jesus é o Senhor do Templo e do Sábado
porque Ele veio para salvar todo o homem e o homem todo
e não leis, rituais e lugares sagrados.


Em tempos de crise, como os que vivemos agora,
fazem-se planos para salvar a economia,
consolidar as contas públicas e o deficit...
e isso está bem, pois devemos viver num realismo sustentável.
O problema é, quando para salvar a economia dum país,
colocamos mais de 15% de pessoas no desemprego,
cerca de um quinto da população na pobreza
e obrigamos as pessoas a emigrar,
pois neste país em redenção só há lugar para alguns!
Quando o mais sagrado deixa de ser o ser humano concreto
e passa a ser o mercado como entidade venerável,
o sacrifício ganha estatuto de dogma
e a misericórdia e a solidariedade ficam suspensas
até que a tormenta passe e os objectivos se alcancem.


Senhor Jesus ajuda-nos a ver com o coração
e a sacrificar-nos pela misericórdia
para que a fome não seque o irmão
nem a lei civil ou religiosa,
ignore a salvação e a dignidade de todos nesta grande nação.

quinta-feira, julho 19, 2012

 

Jesus exclamou: «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. (cf. Mt 11,28-30)
As férias cheiram a descanso
e a um alívio do peso dos horários laborais.
Mas normalmente enchemo-las com tantos projetos,
viagens longas para fugir da rotina,
visitas turísticas para conhecer novos mundos
que voltamos igualmente cansados
numa espécie de ressaca quebra-rotinas.
A crise encurtou os sonhos
e, para muitos, as férias tornaram-se virtuais,
num sofá de lamentações ensonadas
à espera que o trabalho volte finalmente
para que a monotonia cesse de nos atormentar
e esqueçamos a austeridade não assumida.
Numa vida assim, trabalho ou férias,
são faces da mesma vida sobrecarregada
de insatisfação e vazio de sentido.

Jesus propõe-se ser o nosso alívio contínuo
e a libertação definitiva do que nos oprime.
Liberta-nos da insegurança do futuro,
propondo-se como Caminho seguro para a eternidade.
Alivia-nos do medo do Deus misterioso
revelando-nos um Deus Pai, fonte de misericórdia.
Cura as nossas feridas de desamor
ensinando-nos a perdoar, aos outros e a nós mesmos.
Preenche a nossa solidão revoltada
com uma presença amiga contínua e incondicional.
Ensina-nos a servir, sem servidões humilhantes
e a construir um mundo melhor, sem opressão e revolta,
mas conscientes de que estamos a ser colaboradores de Deus
e a servir o próprio Senhor no mais fragilizado.

Senhor Jesus, nosso descanso no trabalho,
contemplação e serviço voluntário nos tempos livres,
ajuda-nos a descansar em Ti
e em Ti encontrar forças para amar e servir.

quarta-feira, julho 18, 2012

 
Ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. (cf. Mt 11,25-27)

Jesus fala-nos dum conhecimento
que brota da intimidade e do amor,
não do "penso que" ou do "escutei que".
É um conhecimento aprendido na escola da relação,
próxima, respeitosa, paciente e confiante.
Falar deste conhecimento aos outros,
mais do que apresentar dados biográficos
e características de personalidade,
é deixar a alegria do coração falar
e convidar o outro a entrar
nesta relação que me faz sentir único e sortudo.

Jesus conhece a Deus como "Papá querido"
e diz-nos que só numa relação filial íntima
O podemos conhecer e amar.
É o dom da fé que supõe encontro com o Filho de Deus
para que, nesta companhia amiga,
aprendamos a amizade verdadeira.

As famílias hoje têm fontes de conhecimento a mais,
e presença de intimidade profunda a menos.
Não há tempo para estar simplesmente
e saborear a relação na surpresa do mistério
que me revela a mim e o outro.
Na catequese há conhecimentos a mais
e míngua de pedagogia do encontro 
na relação íntima e filial com Deus, por meio de Jesus.

Senhor Jesus faz-nos entrar na intimidade da Tua relação
e aumenta em nós a fé confiante e amorosa
que nos faz ser filhos amados e protegidos
dum Deus presente num escondimento libertador! 

terça-feira, julho 17, 2012

 

Jesus começou então a censurar as cidades onde tinha realizado a maior parte dos seus milagres, por não se terem convertido. (cf. Mt 11,20-24)

Jesus é a generosidade em pessoa,
não dá a graça por medida,
nem a misericórdia com usura,
mas gosta que a sua divina sementeira
dê frutos de conversão e de vida nova.
Quando isso não acontece,
censura as figueiras estéreis e as cidades indiferentes
pois são como as pedras do rio
que rolam e permanecem dentro da água,
mas por dentro estão secas e ausentes.

Senhor Jesus, obrigado por tanta graça,
tantos milagres de amor e misericórdia
com que presenteias a nossa vida errante.
Dá-nos um coração aberto à Tua Palavra,
disponível à mudança e à conversão
para que a nossa vida passe
de fregueses, mais ou menos frequentadores da Igreja,
a pedras vivas do Teu Templo,
fermento de conversão para o mundo.

segunda-feira, julho 16, 2012

 
Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada. (cf. Mt 10,34-11,1)

Perante a proposta de Jesus não se pode ser “morno”,
ou O seguimos radicalmente ou O rejeitamos totalmente,
não dá para um seguimento condicionado e negociado
segundo os critérios pessoais, subjetivos e culturais.
Por isso, Jesus não vem trazer a paz da massa uniforme,
nem a paz do “cada um é que sabe”,
nem dum cristianismo líquido e insípido
que está a bem com todos e acha tudo normal.

Jesus chama-nos a ser outros “Cristos”,
e, como Ele, a carregar a nossa cruz cada dia,
a amar a sua Palavra mais do que tudo,
a sermos fieis à sua missão mesmo em contra-corrente,
a sermos livres perante as pressões familiares e clubistas
e os projetos de realização pessoal ou empresarial.

As guerras de que Jesus fala
não tem nada a ver com os conflitos de interesses,
nem com os jogos de poder,
nem com os conflitos de gerações, género e étnicos.

São mais as “guerras” de Francisco de Assis com seu pai;
do jovem que sabe dizer não a propostas de dependência,
ou prazeres desumanizadores e egoístas;
do cônjuge que sabe ser fiel à sua fé,
perante a indiferença ou impedimento do outro;
do trabalhador que não vende a sua consciência,
nem pactua com a mentira, o roubo e a corrupção,
em troca da sua carreira, salário e emprego.
É isto e muito mais que significa amar mais a Cristo
que todos os outros nossos amores!

Senhor Jesus, quão longe ainda vai o meu radicalismo cristão.
Quantas resistências, concessões, reticencias...
que me afastam dum seguimento coerente!
Apesar de tudo, não nos fazes guerra nem nos rejeitas,
mas continuas a apostar em nós
como aqueles que envias em Missão em Tua vez.
Ajuda-nos a amar-Te com pureza de coração
e a mansidão dos que são fieis até ao fim. 

domingo, julho 15, 2012

 

15º Domingo do Tempo Comum - Ano B

Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser um cajado: nem pão, nem alforge, nem dinheiro no cinto; (cf. Mc 6,7-13)

Ao missionário Jesus ordena a itinerância
para poder levar a boa nova a todos.
Um apóstolo, para não ter a tentação de se acomodar,
deve levar consigo apenas:
o irmão como companheiro para testemunhar,
o cajado do Espírito como único apoio na missão,
as sandálias do seguimento de Jesus para caminhar
e o poder da fé em Cristo para anunciar e libertar.
É uma verdadeira aventura espiritual
em que somos chamados a anunciar
Aquele que esforçadamente ainda estamos a procurar.


Tudo o mais com que sobrecarregamos a vida
é sinal de outras seguranças e outras boas novas:
o medo que o irmão nos faça sombra ao nosso pedestal,
a descrença real na Divina providência
que nos faz acumular ansiosamente o pão de amanhã, 
e encher pesadamente o nosso alforge com precauções
e o bolso com dinheiro de seguros de vida.


Senhor Jesus que nos queres livres e disponíveis
para continuarmos a Tua Missão,
ajuda-nos a confiar mais na Tua Palavra
e a sermos peregrinos incansáveis
da conversão pessoal e de todos.


sábado, julho 14, 2012

 

DEUS CONTINUA A CHAMAR PROFETAS


Ó Deus, cujo coração
Bate sempre por amor,
No desejo de salvar
O teu povo pecador,
Continuas a chamar
Profetas, para enviar,
Não por serem os melhores,
Mas dispostos a amar
Os pobres e os pecadores,
Como fez o Bom Pastor,
Sendo Ele Mestre e Senhor!
Não olhas ao seu valor,
Títulos ou honrarias,
Pois Tu próprio os capacitas,
Não para serem “senhores”,
Mas humildes servidores
Que proclamem a Verdade,
Com a tua Autoridade,
Imbuída de amor,
De ternura e compaixão,
Sem temer profetizar,
No meio de todo o povo,
De modo a testemunhar
Que Jesus Cristo está vivo,
Para a todos libertar
E construir Mundo Novo!

Por isso, todo o Profeta
É chamado e enviado,
Por Deus, a evangelizar
E a denunciar o mal,
Sem ao “poder” se dobrar,
Para, a Cristo e só a Cristo,
Livremente anunciar,
Com a humildade de quem serve
O povo a quem Deus ama
E deseja libertar
As vítimas da dura trama
Do poder organizado,
Do egoísmo e da fama.

Reveste-o, Deus e Senhor,
Do poder do teu Amor,
De serenidade e calma,
De santidade, corpo e alma,
Para, evitando a maldade,
A ganância e a vaidade,
Viver, na simplicidade,
Buscando realizar
A tua Santa Vontade!

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 14.7.2012

 
Não temais, pois valeis mais do que muitos pássaros. (cf. Mt 10,24-33)

Toda a criação é importante para Deus,
as plantas, os animais, grandes e minúsculos.
Nada escapa à paixão amorosa de Deus.
Mas o mais importante, o centro da criação,
é o ser humano concreto, sem exceção.


Há pessoas que amam mais os animais,
outros que amam mais as plantas e a natureza,
outros que amam apenas algumas pessoas,
outros ainda, que não amam ninguém 
e por isso agarram-se violenta e ansiosamente
a coisas, títulos de honra e riquezas.


Ser discípulo igual ao Mestre
é cuidar e amar a todos sem exceção,
mesmo que este viver em inclusão
gere resistências e perseguição
da parte dos poderosos em exclusão.


Senhor Jesus, Rocha firme do amor inclusivo,
ajuda-nos a não ter medo de Te seguir
e, durante esta crise, não deixarmos ninguém esquecido,
seja a dignidade de toda a pessoa humana,
seja o cuidado pela biodiversidade animal e vegetal.

sexta-feira, julho 13, 2012

 
E vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo. (cf. Mt 10,16-24)

A fidelidade a Cristo e à sua mensagem 
de paz, de justiça e de verdade,
pode levar à pressão ou mesmo à perseguição,
por parte de pessoas ou de grupos
que não querem mudar de vida,
nem ter ninguém pela frente que os incomode
ou denuncie a sua vida de mentira e injustiça. 
A vida do cristão, como a de Cristo,
não é uma missão fácil nem acarinhada por todos.


Manter-se fiel até ao fim,
significa não ter medo perante a resistência,
nem acomodar-se ao que "é normal"
para não causar problemas.
Significa não retirar a força profética da nossa fé
para ser moderno e tolerante!
Manter-se firme até ao fim
é não confundir problemas de relação e caráter
com perseguições "por causa do nome de Jesus".
Manter-se fiel até ao fim
é aproveitar situações adversas para purificar a nossa fé
e rezar mais, beber mais na fonte de perdão que é Cristo,
libertar mais o nosso coração de ressentimentos
e enche-lo da simplicidade frágil das pombas
e agir com a prudência das serpentes! 


Senhor Jesus que nos chamas a viver a Tua missão
e a participar na Tua cruz de fidelidade na perseguição,
ajuda-nos a ser fieis até ao fim,
esperando em Ti contra toda a esperança.

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