quinta-feira, outubro 31, 2013

 

5ª feira da 30ª semana do tempo Comum


Mas em tudo isto somos vencedores, graças Àquele que nos amou. (cf. Rm 8,31b-39)

Deus surpreende-nos com um amor superlativo.
Jesus comunga desse mesmo amor do Pai
e, por isso, dispõe-se a oferecer a própria vida na cruz
para salvar a humanidade de ontem, de hoje e de sempre.
É um amor que a morte não destrói nem modifica,
por isso, a ressurreição eterniza uma presença de doação e intercessão
que, como o pelicano, nos alimenta e purifica com o próprio sangue.
Nada nem ninguém pode matar o amor de Deus por nós,
manifestado em Jesus e no dom do Seu Espírito!

Este amor de Deus geme por um amor maduro das criaturas.
Amar sem possuir, nem dominar, nem controlar.
Somente confiar e acreditar na bondade dum coração fiel,
beber duma nascente que interiormente nos fortalece,
alimentar-se dum pão que enraíza na âncora da aliança,
viver da fé, vislumbrar a esperança, caminhar na caridade.
O que nos separa deste amor primeiro que nos faz grandes?
Se no poder e na riqueza esquecermos que somos dom,
se na perseguição e na fragilidade buscarmos outros salvadores,
se deixarmos o pecado instalar-se e corroer a felicidade.

Senhor, fogo apaixonado que arde sem se consumir,
faz-te encontro e cura o nosso coração apertado
de dúvidas, de confiança, de medo de entrega.
Como S. Paulo, transforma a nossa vida numa resposta de amor
capaz de ser fiel na perseguição, na angústia ou na fama.
E perante o futuro, fortalece a nossa fé em Jesus, oferta de amor,
para que não nos entreguemos nas mãos de salvadores de engano,
nem queiramos servir a Deus e ao Diabo,
juntando caminhos de Igreja aos da magia e do bruxedo,

incenso ao Deus Altíssimo e fumadouros às assombrações.

quarta-feira, outubro 30, 2013

 

4ª feira da 30ª semana do Tempo Comum


Deus concorre em tudo para o bem daqueles que O amam. (cf. Rm 8,26-30)

Deus olha-nos com um coração grandioso.
Vê-nos dispersos e errantes, confusos acerca do bem,
mas sonha ver-nos felizes à imagem do Seu Filho.
Por isso, envia-nos o Seu Espírito e geme-nos a oração,
como desejo de Deus, pronunciado por língua pecadora.
É o amor grandioso e eterno que nos chama a ser filhos,
nos faz justos na misericórdia e nos glorifica na humildade.
O eixo da história da criação e da salvação é o amor,
por isso, Deus concorre em tudo para o bem da Sua criação.

Os grandes santos fizeram da sua oração
um ato contínuo e confiante de entrega:
“Faz de mim o que quiseres, eu me abandono a Ti,
aceito tudo, porque Tu és meu Pai” (Carlos de Foucauld).
“Nada te perturbe, nada te espante,
quem a Deus tem nada lhe falta” (Teresa de Ávila).
“Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade,
disponde de mim segundo a vossa vontade” (Inácio de Loiola).
Quem vê a Deus na nuvem filial da fé e do amor,
entrega-se, sem resistências, nas mãos deste Oleiro de santidade.

Senhor, Útero de esperança onde posso voltar e renascer,
vezes sem conta, até em Teu filho viver e nele permanecer.
Alimenta-nos com o Pão da Vida oferecido na cruz da confiança
e guia-nos com a Luz sussurrante que nos ensina a tecer o amor.
Liberta-nos do medo de confiar somente em Ti
e faz da nossa vida um ámen voluntário à Tua vontade.
Eis-me aqui, Senhor, sou um ceguinho temeroso.
Faz-me repousar em Ti para melhor servir e amar,
que também eu concorra em tudo para o bem dos outros

e para a maior glória do Teu Nome.

terça-feira, outubro 29, 2013

 

3ª feira da 30ª semana do Tempo Comum

As criaturas esperam ansiosamente a revelação dos filhos de Deus. (cf. Rm 8,18-25)

Deus criou tudo o que existe em projeto de harmonia.
O ser humano coroa a criação, como jardineiro cuidador,
com a consciência de ser dom, livre e coo-criador.
Quanto mais nos parecemos com Deus em arte e amor,
mais bela, fecunda, alegre e harmoniosa se revela a criação.
Perante um ser humano desumano, preguiçoso e insensível,
toda a criação geme e sofre de asma alérgica
e anseia por poder respirar ar puro e limpo,
beber e viver em águas transparentes e acolhedoras,
crescer em terra regada, descansada e amanhada,
curar o deserto agreste e o lixo tóxico.

O ser humano foi feito para a eternidade.
Quando se perde este horizonte, tudo se torna urgente,
o que é uma peregrinação torna-se uma posse e conquista,
o que são meios ao serviço do bem comum
transformam-se em fins avaros de bem privado.
A gula de fama e de poder individual no presente sem futuro,
cega a solidariedade relacional contemporânea
e esquece a solidariedade geracional do futuro.
Por isso, a criação geme a manifestação dos filhos de Deus.

Senhor, Fonte de todo o ser e da arte de cuidar,
liberta-nos da miopia do egoísmo e do reino do provisório.
Ensina-nos a arte de cuidar a Tua criação
com a beleza dum amor divino e sensível
que a cada criatura animal, vegetal ou mineral
faz aquilo que gostaríamos que nos fizessem a nós.
Que o Teu Espírito revele em nós o Teu Filho e salvador

para que, redimidos, possamos ser fermento dum nova criação.

segunda-feira, outubro 28, 2013

 

2ª feira da 30ª semana do Tempo Comum – S. Simão e S. Judas Tadeu – Apóstolos


Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. (Cf. Rm 8,12-17)

O Filho de Deus ama-nos até ao fim, como irmãos,
e deixa-nos, como herança de eterna Aliança, o Seu Espírito
que nos faz ser filhos de Deus no Filho feito Homem.
A nossa vida é cruzada por muitas vozes que nos querem conduzir.
Umas atuam em nome do medo, iludindo-nos com promessas,
que nos fazem repetir, vezes sem conta, os mesmos erros.
Outras vozes promovem caminhos difíceis que geram vida:
propõem o perdão e a renovação da relação fraterna;
advinham solidões e apoiam necessitados silenciosos;
renascem a esperança e animam a levantar-se do pecado;
fazem da oração um encontro filial e confiante com Deus-Pai.
Esta é a voz do Espírito Santo que nos faz viver
como filhos de Deus, em Cristo, nosso salvador.

O Crisma é o sacramento do Espírito Santo.
Alguns fazem dele o sacramento da saída da Igreja.
Ficam com o currículo de iniciação sacramental completo,
mas depois deixam-se conduzir por outros espíritos
que os afastam da prática da fé e os tornam dependentes da idolatria.
Frequentam a escolaridade da filiação divina,
mas optam por viver na imitação do provisório,
na violência do mais forte, na descrença de Deus,
na desumanização das relações fraternas e filiais.

Senhor Jesus, obrigado pelo dom do Teu Espírito de vida.
Ajuda-nos a discernir a voz que nos faz ser filhos de Deus
entre os ruídos trocados de outras vozes de encanto.
Obrigado por nos quereres tanto e viveres em nós com encanto.
Obrigado por nos teres elevado à dignidade de filhos do Papá amigo,
que nos ama a todos visceralmente, com o carinho dum filho único.
Ajuda-nos a ser dignos de tal dignidade divina,
deixando-nos conduzir pela voz amiga do Teu Espírito.
Que a intercessão de S. Simão e S. Judas Tadeu

que ajude a ser apóstolos da boa nova de Jesus Cristo.

domingo, outubro 27, 2013

 

A PRECE HUMILDE DO PECADOR OPRIMIDO


Quão bom é saber, Senhor,
Que a prece do oprimido
Chega sempre ao teu ouvido,
Inclinado, por amor,
Para o pobre e o pecador,
Humildemente, contrito.
Mesmo que a minha oração
Não se eleve até às nuvens,
Devido à debilidade
Do humano coração,
Teu amor vence o espaço,
Para me erguer num abraço
De ternura e compaixão,
Transmitindo, à minha alma,
A serenidade e a calma,
Hauridas no Teu perdão,
Que inunda todo o meu ser
De paz e santa alegria,
Qual sol que, ao amanhecer,
Vem dar novo elã ao dia.
Sei que Escutas e Perscrutas,
O meu desejo interior,
Mesmo que o não saiba expressar.
Por isso, se ouso orar,
Não é por crer que algo mereço,
Mas, porque creio no amor,
Que me segue, desde o berço
E desde o seio materno,
Onde comecei a existir,
Como Seu sonho eterno.
POBRE E FRACA COMO SOU,
TODA A TI, SENHOR, ME DOU,
PARA, COM A TUA GRAÇA,
SER SINAL DE PAZ E AMOR,
A TODO O QUE, POR MIM, PASSA!


Maria Lina da Silva, fmm - Lisboa, 27.10.2013     

 

30º Domingo do Tempo Comum


Quem adora a Deus será bem acolhido e a sua prece sobe até às nuvens. (cf. Sir 35, 15b-17.20-2a )

Deus está sempre connosco e nós vivemos dele.
Pela oração, colocamos-nos conscientemente na Sua presença,
em diálogo desigual de criatura com o Criador.
Deus dilui esta distância desequilibrada com a graça do Seu amor.
Por isso, a oração transfigura-se num diálogo de amigos,
sentados à mesa do encontro, sem tempo nem faturas.
O Filho de Deus quis fazer-se mesmo criatura de pé no chão,
como noivo apaixonado em busca paciente da noiva perdida.
No abraço da cruz, Jesus sela uma aliança eterna com a criação,
possibilitando à criatura ser templo do Espírito Santo
e comungar do mesmo amor e intimidade
que alegram as relações pessoais na Santíssima Trindade.

Se Deus se humilha assim, em abraço de misericórdia,
a oração só pode acontecer em ambiente de humildade e verdade,
de joelhos dobrados de contrição e mãos abertas de confiança.
O orgulho cega o encontro e faz da oração um monólogo,
em que o adorado sou eu e Deus é meu devedor e patrão.
O orgulho julga os outros e condena-os sem esperança,
como se o amor fraterno não tive mais valor
que uns jejuns e uns dízimos que engordam a vaidade.

Pai Santo, nosso Rei e Senhor de amor omnipotente,
obrigado porque sois ouvidos com coração
e boca com palavras de aliança e promessa de salvação.
Senhor Jesus, Filho do Altíssimo e companheiro de jornada,
obrigado porque o Teu abaixamento nos fez sentir grandes
e até o pobre e o pecador pode ajoelhar-se com esperança.
Espírito Santo, ilumina a intimidade do nosso ser,
desnuda a mentira dos nossos esforços de esconder,
e ajuda-nos a adorar apenas a Fonte do Ser,

em humilde reconhecimento que sem Ti nada podemos ser.

sábado, outubro 26, 2013

 

Sábado da 29ª semana do Tempo Comum

Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não Lhe pertence. (cf. Rm 8,1-11)

O ser humano, só por si, não consegue salvar-se.
Precisa sempre de uma mão, em rocha firme,
que o retire do círculo de morte em que centrifuga.
Os mandamentos mostram o caminho de salvação,
mas só a mão interior do Espírito de Cristo,
pode curar a raiz do pecado e fazer da fraqueza vitória eterna.
Deixar-se habitar pelo Espírito de Cristo
é aceitar pertencer-lhe, deixar-se possuir pelo Seu amor libertador,
ver a vida com olhar de esperança e confiança filial.
É abrir os nossos túmulos de estimação mais escondidos
e aceitar que o Espírito de Cristo lhes dê uma vida nova,
e os faça lugar de encontro e jardim de paz.

Há muitos produtos contrafeitos no mercado,
que usam uma marca famosa, mas não são o que parecem.
Há árvores de frutos amargos e folhagem frondosa,
que aceitam enxertar um ramo de docilidade,
mas querem deixar o resto continuar como sempre.
O resultado é uma árvore híbrida, sem identidade nova,
pois o bravio cresce mais facilmente.
Viver segundo a carne ou viver segundo o Espírito
é cuidar, em nós, dos rebentos bravios de frutos tóxicos
ou do enxerto novo que nos faz ser Cristo e frutificar a fé.

Senhor Jesus, verdadeira Cepa cuja seiva cura o enxerto,
adoça a nossa vida com a graça do teu perdão,
numa pertença que floresce santidade e fidelidade na provação.
Que o Teu Espírito nos ajude a discernir as vozes do sonho
para que o encantamento do provisório imediato
não nos afaste da verdade escondida no nevoeiro da cruz.
Toma posse de toda a nossa vida, sem offshores de exceção,
para que não sejamos cristãos a meias,

nem consagrados intermitentes e de marca branca.

sexta-feira, outubro 25, 2013

 

6ª feira da 29ª semana do Tempo Comum

Querer o bem está ao meu alcance, mas realizá-lo não está. (cf. Rm 7,18-25a)

S. Paulo constata que o Evangelho de Jesus e o Seu Espírito
nos cura o desejo e nos revela o caminho do bem,
mas entre o desejo e a vontade ainda vai uma dura luta.
É a distância que vai entre a Última Ceia da entrega:
“tomai e comei, isto é o meu corpo”,
e a angústia orante do Jardim das Oliveiras:
“Pai, se for possível, afasta de mim este cálice”.
Conhecer o caminho da vida apenas me faz livre para escolher
entre a voz do “homem interior” e a do “homem velho”.
“O espírito está pronto, mas a carne é fraca”,
por isso, precisamos, como Jesus, fortalecer a vontade
com a oração persistente e entrega confiante.

Conhecer o código da estrada, não implica já saber conduzir.
Preciso dum instrutor experiente que me ensine
a conduzir o carro, aplicando estas leis no concreto da estrada.
Mas passar no exame de condução e saber o código,
ainda não significa que o vou cumprir sempre .
Preciso de o interiorizar como um valor
e o atualizar cada vez que conduzo um veículo.
Se opto por conduzir segundo o “meu código”
corro o risco de um dia me surpreender
enfaixado numa árvore ou num outro carro.
A fé supõe conhecimento da doutrina de Jesus,
mas também aprendizagem do seguimento de Cristo na vida,
e alimento do “homem interior” por meio da oração e sacramentos.

Senhor Jesus, o Ámen fiel ao Pai, atualizado até à Cruz,
dá-nos o Teu Espírito de fortaleza e discernimento
para que os “ámen” que vamos dizendo ao longo da vida,
se atualizem em compromisso e confiança, em cada opção,
numa coerência de vida, entre a palavra e ação.
Perante as falhas e infidelidades de cada dia,
ajuda-nos a perdoar-nos como Tu nos perdoas
e a confiar mais em Ti e na Tua misericórdia
do que em nossas forças.
Bendito sejais, Senhor, porque quando sou fraco,

é que me dou conta que só Tu és o meu Salvador.

quinta-feira, outubro 24, 2013

 

5ª feira da 29ª semana do Tempo Comum

Quando éreis escravos do pecado, éreis livres em relação à justiça. Mas que fruto colhestes? (cf. Rm 6,19-23)

Deus deixa-nos livres para pecar e até O negar,
mas não desiste de tudo fazer, até dar a Sua vida,
nos despertar e abrir os olhos, pois jamais deixa de nos amar.
Coloca-nos questões fundamentais:
“que fruto colheste das opções que tomaste?”
É mais fácil viver sem preocupações de justiça e de verdade,
é mais cómodo não se preocupar com o bem dos outros,
nem gastar tempo a enxugar as suas lágrimas
ou a curar as suas solidões e desesperanças,
mas que mundo estamos a construir?
É uma sociedade que vale pena eternizar?

Cada vez mais há pessoas que vivem sem exigências éticas.
Ignoram os problemas de consciência e a vigilância moral
e optam por viver numa anarquia de valores personalizados.
Como ser cristão praticante é muito exigente,
optar-se por viver a sexualidade, a ética e a justiça
segundo o evangelho adaptado ao gosto de cada um.
Quando muito vivem-se duas vidas paralelas:
uma pública, para representar o dever cumprido,
outra privada, para viver o pecado escondido e apetecido.
No fundo é um problema de falta de fé,
pois não acredita em Deus que vê tudo,
e na Sua Palavra de vida e salvação.

Senhor, libertador da mentira e da ilusão,
poda a nossa vida dos ramos inúteis e sonhos estéreis
e cura as nossas cegueiras das miragens que matam.
Que o fogo do Teu Espírito nos purifique e ilumine
para que trabalhemos para a vida eterna e a santidade.
Dá-nos o dom da fortaleza e da fidelidade convencida

para Te seguirmos na verdade e na caridade.

quarta-feira, outubro 23, 2013

 

4ª feira da 29ª semana do tempo Comum


Oferecei os vossos membros como armas da justiça ao serviço de Deus. (cf. Rm 6,12-18)

Deus criou-nos livres para usar os nossos membros.
Podemos oferecer toda a nossa energia ao serviço da vida
ou gasta-la ao serviço da morte, da injustiça, da violência.
A Aliança que Deus nos propõe supõe fecundidade de amor,
numa obediência que gera vida à nossa volta
como o pinheiro que vai fertilizando a terra com a sua caruma.
O rumo que o pecado nos propõe é um hoje sem amanhã,
um eu sem tu, a sobranceria do eucalipto que desertifica,
a oferta dos membros à dependência do prazer do momento.
Jesus, porque confiou plenamente no Pai, fez-se “Servo de Deus”,
livre para servir e amar em sementeira do bem
e libertar da escravidão do pecado e da morte quem anda perdido.

A juventude universitária tem duas escolas:
o saber intelectual que o especializa numa área
e o saber viver que o ensina a fazer opções,
a discernir valores, a ser livre, maduro e responsável.
Este “saber viver” é a maioria das vezes feito em grupo,
por lideranças de moda e cumplicidades noturnas.
É sintomático que a festa do final do curso dum “doutor”
seja um teste de resistência alcoólica
e uma manifestação de dependências pouco saudáveis.
A arte do discernimento e da liberdade
é a grande bênção que faz da vida uma festa.

Senhor Jesus, Servo de Deus ao serviço da libertação,
ajuda-nos a descobrir a alegria de servir a Deus
e a oferecer toda a nossa energia à causa do puro amor.
Cura-nos das dependências que nos amarram
e nos repetem sem esperança e vezes sem conta:
“eu não sou capaz!”, “isto é mais forte do que eu!”
Queremos ser livres para amar e promover a justiça
e no “Pão do teu Corpo” encontrar força

para seguir o Caminho da Vida com fé e confiança.

terça-feira, outubro 22, 2013

 

3ª feira da 29ª semana do tempo Comum

Onde abundou o pecado superabundou a graça. (cf. Rm 5, 12.15b.17-19.20b-21)

Adão é o protótipo da humanidade desobediente,
em curto-circuito permanente com Deus e com os outros,
matando a paz, a justiça e a felicidade eterna.
O pecado contagia e provoca reações de desconfiança
que vão adoecendo as relações viralmente.
Um só pode contaminar ou purificar o ambiente
duma família, duma comunidade, duma empresa, dum país.
Jesus é o protótipo da humanidade antibiótico
que cura e salva o que está perdido febrilmente
e purifica o ambiente do ódio e do egoísmo
abrindo horizontes de esperança e de vida eterna.

Um só pode fazer a diferença para o bem ou para o mal.
Podemos criticar o pecado como juízes dos outros,
aumentando a crispação e a desunião
ou, seguindo Jesus, amar o pecador, escutar a solidão,
curar ódios com o perdão, servir o pobre como irmão,
confiar na eternidade oxigenada pela misericórdia
e elevar as mãos agradecidas pela superabundância da graça
que desce, como dom, dum Céu que sempre nos espera.

Senhor Jesus, obrigado pela superabundância da Tua graça
que cura a nossa vida, contagiada pelo pecado.
Liberta-nos de uma vida em reação à maldade dos outros
e fortalece-nos com um amor incondicional e pro-ativo
como o de Jesus que responde ao mal com o bem,
pois no Seu coração só autoriza a residência do Amor.
Ajuda-nos a fazer a diferença pela fecundidade de vida
que geramos na família, na Igreja e na sociedade.
Faz de nós um Evangelho vivo que perfuma as relações

e utiliza os machados de guerra para arar a alegria de viver.

segunda-feira, outubro 21, 2013

 

2ª feira da 29ª semana do Tempo Comum


Perante a promessa de Deus, Abraão não se deixou abalar pela desconfiança, antes se fortaleceu na fé. (cf. Rm 4,20-25)

Abraão parte por causa da Palavra das promessas de Deus,
mas estas tardam em concretizar-se.
Abraão, enquanto espera, vai aprendendo a confiar mais
no Deus das promessas do que nas promessas de Deus.
Porque a fé é o aprofundamento duma relação pessoal
que perdura no amor para além do tempo,
e não a busca de interesses individuais num grande senhor
que servem apenas para o tempo limitado desta vida terrena.
Por isso, S. Paulo diz-nos que também nós
devemos fortalecer a nossa fé em Jesus, nosso Salvador,
não nos deixando abalar pela desconfiança.

Quando damos umas bolachas a uma criança
e depois, lhe pedimos que partilhe connosco,
não o fazemos porque temos fome e necessidade,
mas porque queremos ensinar-lhe a alegria da partilha,
que o mais importante não são as coisas mas as pessoas.
Há pessoas que aprenderam a fazer do dom um dom
e da vida uma oferta de amor e de serviço;
há outras que só aprenderam a dizer: “Não! É meu!”,
e só sabem acumular dons para si,
desaprendendo a fraternidade e o louvor ao Criador.

Senhor, Deus do Amor eterno e do Dom que se faz nascente,
faz-nos ver mais longe do que o sol deste dia,
para que possamos amanhecer seguros no dia sem ocaso.
Ajuda-nos a fazer da espera uma fé adulta
que não se fixa nos dons do Senhor, mas no Senhor dos dons.
Ensina-nos a olhar a vida e as coisas como um dom
para que a fé floresça partilha e alimento de justiça.
Faz-nos crescer até à estatura de Cristo, em oferta de amor,

e descobrir que há maior alegria em dar do que receber.

domingo, outubro 20, 2013

 

29º Domingo do Tempo Comum – Dia Mundial das Missões


Proclama a palavra, insiste… com toda a paciência e doutrina. (cf. 2 Tm 3,14-4,2)

Deus continua a sonhar com um mundo
reencontrado consigo mesmo e com o fim que foi criado:
ser feliz para sempre, em comunhão com Deus
e em união de coração com o próximo e a natureza.
Deus contraiu uma Aliança com Moisés e o seu povo
como depositário e promotor deste projeto.
Por fim, enviou o Seu próprio Filho, feito nosso irmão,
e alargou o âmbito desta Aliança a toda a humanidade e criação.
Deus quer envolver-nos a todos nesta missão,
chamando-nos a proclamar a Palavra da salvação
e a anunciar a esperança da misericórdia.

A Missão é obra de Deus, pois só Ele converte vidas
e transforma a palavra humana em Palavra de conversão e paz.
Neste sentido, a Missão exige fé, oração confiante e perseverante,
escuta da Palavra e do Espírito que nos chama a todos à conversão.
Mas a Missão é também chamamento e envio,
testemunho e anúncio, caridade e profecia, liturgia e serviço.
Partir como enviado de Deus e atuar em Seu nome,
supõe fidelidade espiritual e permanente comunicação
com Aquele que nos envia e confia em nós a Sua Missão.
A Missão da Igreja vive deste equilíbrio sanador
entre o Moisés orante na montanha
e o Josué lutador no vale da história.

Senhor da festa do encontro com todos os teus filhos,
pacientemente preparada e amorosamente atualizada,
apesar da história de fidelidades instáveis que protagonizamos,
faz-nos voltar para Ti e cura as paixões que nos cegam.
Aumenta a nossa fé e confiança na oração
para que não pensemos que a Missão depende só do nosso trabalho
e que a Igreja é uma ONG religiosa de quem somos funcionários.
Faz-nos mergulhar profundamente no Teu sonho de a todos salvar,
para que cada um de nós, no lugar onde está e vive,
se sinta enviado e corresponsável na salvação

de quem doente de amor e cego de eternidade.

sábado, outubro 19, 2013

 

CORAÇÃO MISSIONÁRIO


O coração missionário,
Chamado a evangelizar,
Vê um mundo sem fronteiras
E, em cada vida, um Altar.

Tem, por pátria, o mundo inteiro,
Por família a humanidade.
Vive sedento de paz,
De amor, justiça e verdade.

A todos, com amor, se dá
E não teme qualquer risco.
Sua força vem do Espírito,
Seu guia, é Jesus Cristo.

O coração missionário,
Dá o melhor que em si tem.
Anuncia a Boa Nova,
Semeando a PAZ e o BEM.

O bem da humanidade,
Fá-lo exultar e cantar.
Faz-se tudo para todos
A fim de os libertar.

Aqui, ali, acolá,
O local não interessa,
Porque a exemplo de Cristo,
Nada existe que o impeça.

O coração missionário,
Solidário, chora e ri.
Vive tanto para os outros,
Que até se esquece de si.

O coração missionário,
Bate sempre por justiça.
Verdade, fé e amor,
Em Cristo libertador.

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa,19.10.2013 (Actualizando inspiração de 16.10.1992)

 

Sábado da 28ª semana do Tempo Comum

Esperando contra toda a esperança, Abraão acreditou, tornando-se pai de muitos povos. (cf. Rm 4,13.16-18)

Deus chamou Abraão a ser fermento duma humanidade nova:
um povo que vive da fé e da obediência ao Deus da vida.
É uma esperança descentrada de si e das suas forças,
mas totalmente focada em Deus e na Sua promessa.
É esta confiança total, envolvente e surpreendente
que faz um velho partir da si para o desconhecido,
começar de novo quando se preparava para descansar,
ser fecundo quando a esperança se tinha aposentado.
Entrar na linhagem de Abraão é pouco ser do seu sangue,
e mais ser contagiado pela sua fé a toda a prova
e a sua esperança contra toda a esperança.

O judaísmo, a islamismo e o cristianismo são religiões abraãmicas.
Somos todos irmãos na mesma fé no Deus único
e filhos deste modelo de confiança que faz a vida ser esperança.
Tudo o que em nós for desconfiança de Deus, medo de entrega
e desobediência à sua Palavra faz-nos perder a herança abraãmica,
mesmo que nos digamos zelosos crentes de uma destas religiões.
Nenhum dos profetas subsequentes nem o Filho de Deus
nos ensinou outra coisa que amar a Deus sobre todas as coisas
e ao próximo como a nós mesmos,
tornado-nos ouvintes confiantes e praticantes da Sua Palavra.

Senhor, Pai de todos em aliança redentora do Universo,
aumenta a nossa fé e ensina-nos a confiar totalmente em Ti.
Envia-nos o Teu Espírito de filiação divina
que faz da vida uma oferta de esperança, no seguimento de Jesus:
“Eu venho, Senhor, para fazer a Tua vontade”.
Ajuda-nos a todos a ser irmãos na fé e na busca da vontade de Deus.



sexta-feira, outubro 18, 2013

 

6ª feira da 28ª semana do Tempo Comum – S. Lucas, Evangelista

O Senhor esteve a meu lado e deu-me força. (cf. cf. 2 Tm 4,10-17b)

A vida de Paulo é uma encruzilhada de relações,
umas manifestam infidelidade e traição,
outras colaboração, amizade e apoio mútuo.
Lucas foi para Paulo um sinal visível da presença invisível,
mas real do Senhor Jesus, que sempre está a seu lado
e lhe dá forças para anunciar o Evangelho a toda a criatura.
Ao colocar por escrito o Evangelho e os Atos dos Apóstolos,
Lucas perpetuou o evangelho anunciado por Paulo,
que continua a ecoar a misericórdia e a salvação de Jesus
a todo aquele que, na busca da Verdade, o escuta e lê com fé.

A fidelidade nos momentos difíceis é um evangelho vivo
que nos pacifica a confiança e fortalece a esperança.
No entanto, hoje cultiva-se a infidelidade,
como algo moderno e evoluído: material descartável,
donjuanismo relacional, divórcios em série...
Formam-se pessoas para a fuga, para a regressão,
na busca de compensações e refúgios de isolamento.
As crises e dificuldades não unem esforços
nem confirmam a verdade duma amizade ou amor relacional,
mas manifestam egoísmo, insegurança, volatilidade.

Senhor, Deus connosco numa eternidade amorosa,
faz da nossa vida uma fidelidade provada
ao amor que nos une a Ti e aos irmãos.
Ensina-nos a ser como Lucas, um evangelista,
que escreve boas novas de Jesus Vivo
nos pergaminhos de histórias relacionais
e nas páginas de diários íntimos, silenciosos e solidários.
Faz de nós ouvintes da Palavra da Misericórdia
que nos recria parceiros da evangelização
como samaritanos dos caídos e pastor dos perdidos,

tocados pela compaixão e pacientes no perdão.

quinta-feira, outubro 17, 2013

 

5ª feira da 28ª semana do Tempo Comum

A justiça de Deus vem pela fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os crentes. (cf. Rm 3,21-30a)

Jesus veio abrir a porta da salvação a todos, pela fé.
O trono da Aliança, revelado na Cruz da injustiça,
ligou o Céu e a Terra, o nascente e o poente
num abraço de graça e misericórdia que perdura eternamente.
A natureza, o Antigo Testamento, as diversas religiões
são pedagogos que sinalizam perigos e apontam regras e leis.
É a pedagogia do “não faças”, “tem cuidado”, “cumpre isto”,
superada pelo renascimento em Cristo
que nos presenteia o dom do Seu Espírito
e faz brotar em nós uma oferta agradável a Deus
e benfazeja aos irmãos e à natureza.

As religiões comportam-se como concorrentes,
milícias de um Deus que sentem sua propriedade,
como se tratasse duma guerra entre deuses.
A história está cheia de conflitos em nome de Deus
e às vezes até entre Igrejas de diferentes confissões cristãs.
São os esquemas do pensar humano projetado no transcendente,
sacralizados pelos homens sem o parecer de Deus.
Há um só Deus e Pai de toda a criação;
há o tempo da paciência, cheio de ternura e pedagogia de Deus,
nas diversas religiões que alimentam a saudade de Deus;
há a revelação de Deus, feita pelo Seu próprio Filho,
que nos manifesta o Coração de Deus,
aberto pela lança do nosso pecado mortífero.
Os cristãos não são donos da Verdade,
mas anunciadores e portadores deste tesouro em vasos de barro.

Senhor, Pai Nosso, rico em misericórdia para com todos,
obrigado pelo envio do Teu Filho e do Teu Espírito,
como missionário dum amor novo e paz fraterna.
Obrigado por teres confiado à Igreja
a missão de ser sacramento de Salvação para todos.
Que o Teu Espírito nos ensine a ser missionários,
livres de sentimentos belicistas e clubistas.
Purifica os nossos desejos, numa conversão permanente,
para que sempre e em tudo queiramos ser apenas Cristo,

de mãos dadas com os buscadores de Deus.

quarta-feira, outubro 16, 2013

 

4ª feira da 28ª semana do Tempo Comum

Porque Deus não faz acepção de pessoas. (cf. Rm 2,1-11)

Na Igreja há gente de todos os povos e condições sociais,
há uns que são chamados a ser papa e bispos,
outros sacerdotes e diáconos, consagrados e leigos;
uns pertencem a Igrejas de longa tradição e outras muito recentes,
mas nada disso nos faz superiores ou juízes do outro.
Todos seremos julgados segundo a verdade das nossas ações,
por Aquele que nos conhece profundamente.
Jesus deu a vida pela salvação de todos, sem exceção.

Na vida vamos fazendo acessão de pessoas.
Toleramos um quilómetro de falhas a um amigo
e somos incapazes de perdoar um milímetro a um adversário.
Tratamos de uma forma o pobre e doutra o rico.
Acolhemos com simpatia uma pessoa bonita e famosa
e com frieza uma pessoa desconhecida e tímida.
É como quando vemos um jogo de futebol,
o clubismo desfigura a realidade e julga enviesado,
por isso, S. Paulo diz-nos que é melhor não julgar.

Senhor, que nos vedes sempre com olhos penetrantes
de verdade e de amor, em busca do perdido,
faz o nosso coração semelhante ao Vosso.
Liberta-nos dos preconceitos que desfiguram o outro
e dos interesses próprios e afetividades que privilegiam.
Ensina-nos a amar a todos com paciência e pedagogia,
fazendo da vida uma peregrinação,
onde cada um espera e ajuda o outro a prosseguir.
Cura-nos da maledicência e crítica azeda
e ensina-nos a ser irmãos e ombro amigo,
ajudando-nos mutuamente a sermos fieis a Cristo.



terça-feira, outubro 15, 2013

 

3ª feira da 28ª semana do Tempo Comum – S. Teresa de Ávila

Prestaram culto e adoração às criaturas em lugar do Criador, que é bendito para sempre. (cf. Rm 1,16-25)


Paulo diz-nos que há dois livros que nos revelam Deus:
o livro da Sagrada Escritura, lido a partir de Cristo,
e o livro da natureza, contemplada como reflexo do Autor.
O livro da natureza escuta-se com a surpresa do olhar
e o detalhe do coração reconhecido.
Fixamo-nos na beleza das criaturas,
mas adoramos e imitamos o Criador
que nos ama com arte personalizada e com alma grande.


A correria privilegia a linha reta e a clonagem em série.
A cidade faz-nos parecer que tudo é obra humana
e que a vida se resume à sabedoria do ser humano.
E sem nos darmos conta, estamos a adorar criaturas,
que hoje brilham força e poder e amanhã desaparecem.
Mas se pararmos para contemplar damo-nos conta
que cada ser é único, cada dia é irrepetível,
cada pôr do sol é uma obra de arte recriada.
Mesmo aquilo que parece gémeo e rebanho,
é personalizado e conhecido diferente por quem o ama.
Perguntem ao pastor se as ovelhas são todas iguais!
Se a criação é assim e manifesta tanto amor personalizado,
como será o Autor e o amor que tanta beleza inventa?


Senhor, amor criativo com detalhe personalizado,
obrigado fazes da criação uma festa
e imprimes em cada criatura a beleza do Teu amor.
Dá-nos a paz da contemplação para vermos a Tua assinatura
no perfume duma rosa, na melodia dum rouxinol,
no sorriso duma criança, nas rugas encurvadas dum idoso,
na comunhão de um enxame de abelhas,
no horizonte pintado de arco-íris ao cair da chuva,
no coração que bate e rejubila apaixonado.
Ensina-nos a ser artistas que embelezam a relação
e fazem de cada instante um momento único

que quebra a rotina e eterniza o encanto.

segunda-feira, outubro 14, 2013

 

2ª feira da 28ª semana do Tempo Comum

Paulo, servo de Jesus Cristo, apóstolo por chamamento divino, escolhido para o Evangelho. (cf. Rm 1,1-7)


O encontro com Cristo transformou a vida de Paulo.
De zeloso defensor da Lei e perseguidor dos cristãos,
tornou-se servo de Cristo e boa nova para os gentios.
Com Cristo aprende a ser homem novo,
de Cristo recebe a graça de ser chamado a ser apóstolo,
por meio de Cristo foi enviado a evangelizar a esperança.
O Evangelho brota dum fogo de amor que o habita
e necessita de anunciar bem alto a todos que Deus os ama
e a todos chama a ser santos, no seguimento de Jesus Cristo,
nosso irmão na carne e Senhor na santidade e na justiça.


Fala-se muito em missão, nova evangelização, pastoral...
Centra-se demasiada atenção na ação, nos meios e nos métodos
e pouco no missionário e na sua condição de primeiro evangelizado.
Não basta ter qualidades oratórias, nem vontade de conquistar pessoas,
é preciso gostar e saber estar com Cristo,
beber do seu Evangelho habitualmente,
aprender com Ele a ser feliz, sem compensações tentadoras,
partir quando nos envia e anunciar como e o que Ele manda.
Há muito ativista e militante que se diz cristão, mas anuncia o anti-Cristo,
porque há muito que não se encontra com Ele,
comunga missas, mas não sentimentos de misericórdia,
busca fazer seguidores seus e não discípulos de Cristo.
Só um servo de Cristo pode continuar a Sua Missão.


Senhor Jesus, Trono da graça com pés de Nazareno,
conquista o nosso coração disperso e dividido
e evangeliza o âmago do nosso ser, querer, sentir e amar.

Dá-nos a alegria de estarmos na Tua presença.

domingo, outubro 13, 2013

 

28º Domingo do Tempo Comum

Mas a palavra de Deus não está encadeada. (cf. 2 Tim 2,8-13)


A Palavra de Deus brota do amor e estende-se a todo o universo,
nada nem ninguém a pode prender ou calar.
É livre para despertar a fé, purificar as lepras, curar corações,
salvar pecadores, encarnar profecia, cantar louvores,
recriar filhos de Deus em esperança, enviar evangelizadores.
Não é couto privado de uma pessoa, de um povo ou religião.
É de Deus e nós só a podemos escutar e seguir
se a não quisermos manobrar nem silenciar.
Da Palavra de Deus só podemos ser servos,
em obediência de fé e oferta incondicional de vida.
Maria deixou-se fecundar pelo Verbo Divino
e deu à luz a Palavra com nome de pessoa e coração de Deus.
Jesus é a Palavra de Deus, porque se esvaziou de si mesmo,
para ser apenas comunicação, doada em salvação.


O fundamentalismo apodera-se da Palavra
e, por isso, espezinha o diálogo e diaboliza o diferente.
O orgulho de possuir a Palavra minoriza os outros
e embalsama a vida, a paz, a comunhão, a conversão.
O medo de perder a Palavra da verdade,
cria militantes armados de violência e zelo desumano.
Mas quando encadeamos a Palavra, guardamos só a sombra,
pois a Palavra segue o seu caminho de liberdade
e já anda à nossa procura em proposta companheira do caminho.
Escutar a Palavra e não lhe dar voz com a vida
é nadar num oceano com um fato impermeável.


Senhor Jesus, Palavra enviada, acolhida, partilhada,
crucificada, ressuscitada, fiel à Aliança e ao Amor,
purifica-nos da lepra do pecado e da surdez convencida.
Esvazia-nos dos pódios do orgulho que rebaixam os irmãos
e do medo da busca insaciável e peregrina da verdade.
Que o Teu Espírito nos ensine a viver da fé
e a obediência libertadora dos servos de Deus,
que faz da vida uma oferta de louvor a Cristo

e das nossas forças uma palavra humilde e profética.

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