terça-feira, dezembro 31, 2013

 

3ª feira da Oitava de Natal


Os anticristos saíram do meio de nós, mas não eram dos nossos. ( cf. 1 Jo 2,18-21)

O Natal é uma luz que distingue Cristo dos anticristos.
O Natal da Cabeça (Jesus) é também o Natal do Corpo (Igreja).
Se algum membro deste Corpo não obedece à Cabeça,
torna-se um cancro, um anticristo que desfigura a Igreja.
Os que vivem segundo a unção do Santo, o Espírito de Jesus,
são estrelas novas que indicam Belém da fé e do encontro.

A Igreja é refúgio dos pecadores e clínica de recuperação.
Os que se submetem ao tratamento da verdade e da graça,
fortalecem a santidade e o discipulado humilde.
Os que, no seu orgulho e comodismo, vestem batas brancas,
mas não tomam o banho da conversão nem o alimento do Céu,
acabam por adoecer o Corpo, diminuir o dinamismo missionário
e enfraquecer o seu esplendor de santidade.
Dizem-se cristãos, mas vivem como anticristos!

Senhor Jesus, Menino Deus que encabeças a Igreja
e a fazes Natal todos os dias, na Tua misericórdia,
recria-nos dignos membros do Teu santo Corpo Místico.
Cura-nos das nossas incoerências e maus testemunhos,
para que as palavras não contradigam a vida
e a vida seja evangelização que atrai novos membros.

Dá-nos a Tua Paz e abençoa o novo ano de 2014.

segunda-feira, dezembro 30, 2013

 

2ª feira da Oitava de Natal


Conheceis Aquele que existe desde o princípio. (cf. 1 Jo 2,12-17)

O Natal é um teste à fé: olhamos um Menino, recém-nascido,
e somos desafiados a ver Aquele que existe desde sempre;
contemplamos a fragilidade e adoramos o Salvador;
beijamos uma imagem e fortalecemos o amor ao Deus vivo;
tocamos o passado e comungamos a eternidade;
entramos na gruta e entreabrimos a porta do Céu.

O Natal é festa em família, doces em abundância,
mas se todo este aconchego não permanecer,
não passa de uma concupiscência dos sentidos.
Foi bom enquanto durou, mas acabou!
Natal é uma metáfora do que devia ser todo o ano:
sermos um presente de ternura e acolhimento,
olharmos o passado e atualizarmos a fé em comunidade,
adorarmos o Emanuel na gruta da nossa intimidade,
fazer da vida uma festa onde ninguém fique escluído.

Senhor Jesus, Filho de Deus e de Maria,
faz-nos sonhar como José e adotar-Te na fé.
Como Ana no templo de Jerusalém,
acerta a nossa hora com o relógio da eternidade,
para que Te saibamos adorar e anunciar
como libertador das nossas miopias
e salvador das tentações do maligno.

Ensina-nos a amar o que permanece para sempre.

domingo, dezembro 29, 2013

 

Domingo da Sagrada Família



E, acima de tudo isto, revesti-vos do amor, que é o laço da perfeição. (cf. Col 3,12-21)

O laço que une a Santíssima Trindade é o amor,
por isso a sua união é perfeita e a sua Missão única.
A família humana só pode formar “uma só carne”
quando cônjuges e filhos se revestem dum amor altruísta.
Deus é a fonte deste amor sempre jovem,
por isso, deve fazer parte integrante da família.

Hoje o laço de união familiar é frágil e inseguro.
Unem-se para se satisfazer sexualmente,
cada um procurando a sua própria satisfação;
Unem-se para preencher os seus vazios de afetividade;
Unem-se para se amparem e terem filhos;
Unem-se como estratégia económica e de sobrevivência...
mas tudo isto, só por si, ainda não é amor!
Se os filhos buscam os pais apenas por interesse,
isso ainda não é amor capaz de suportar a gratuitidade
e a doação de vida pelo bem do outro!

Senhor Jesus, Filho do Amor eterno,
feito Menino a crescer em família humana,
envia o Teu Espírito de comunhão sobre as nossas famílias.
Ensina-nos a criar laços de união familiares
libertadores, gratuitos, misericordiosos e benfazejos,
válidos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença,
na juventude e na velhice, na riqueza e na pobreza.
Maria e José intercedei pelas nossas famílias,
de modo especial pelas que vivem em situações de imaturidade,

rutura, infidelidade, egoísmo e incapacidade de perdão.  

 

FAMÍLIA, ESCOLA DE VIDA


Com a Família de Nazaré,
Agradeçamos e louvemos,
Pela riqueza que temos
Ter nascido para a vida,
No seio duma família,
No amor e fé unida,
Onde cada um se reveste
De bondade e mansidão,
Compreensão e perdão.

De Belém a Nazaré,
Com os pobres se identifica,
Sofrendo a perseguição
Que a força à migração,
A fim de salvar a vida
De Jesus, o Deus Menino,
Tão frágil e pequenino,
No meio da insegurança
E o desprendimento total
Da casa e do local,
Porque para salvar o filho
Que lhe fora confiado,
Tudo valia, afinal.

É uma família unida,
Solidária e amiga,
Respirando paz e amor,
No seu projecto de vida
Baseada e defendida,
Na Palavra do Senhor,
Escutada e meditada,
Em força e fé transformada,
Face aos perigos que enfrenta,
Como pão que a sustenta,
A conforta e alimenta.

José, homem justo e bom,
Fiel ao plano de Deus,
Discerne e sabe acolher,
Não o que bem lhe parece,
Mas a vontade de Deus,
Para melhor defender,
Com Maria, a Virgem Mãe,
A vida do Deus Menino,
Penhor da Paz e do Bem.

ROGA POR NOSSAS FAMÍLIAS,
FAMÍLIA DE NAZARÉ,
PARA HAVER PAZ E HARMONIA,
MUITO AMOR, RESPEITO E FÉ!

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 28.12.2013     

sábado, dezembro 28, 2013

 

Sábado da Oitava do Natal – Santo Inocentes


Deus é luz e n’Ele não há trevas. (cf. 1 Jo 1,1-5-2,2)

As trevas foram iluminadas pela Luz da verdade.
O brilho dum Menino, que nasce do Céu,
põe a nu as máscaras de poder e domínio de Herodes
que teimam ressurgir no coração de cada um de nós.
É esta Luz que faz tremer os poderosos frágeis
e os leva, em desespero, a trucidar os inocentes.
A festa de hoje, dentro da celebração do Natal,
revela que Deus não fica indiferente aos mártires inocentes,
que sem saberem porque, são martirizados na calada da noite.

O poder de Deus manifesta-se no amor paciente e misericordioso.
O poder desumano manifesta-se pelo grito atordoador,
a imposição surda, a destruição noturna, a disseminação do medo.
Deus vê os corações que se petrificam e insensibilizam
perante os gemidos impotentes dos que são destruídos.
Deus protege e acolhe os inocentes excedentários,
jogados na vala comum do lixo dos sem direitos:
o aborto como método contracetivo,
a rejeição do deficiente nato e do filho não desejado,
o trabalho infantil e meninos soldado,
o tráfego sexual de menores e adultos,
a perseguição religiosa, as guerras ideológicas...

Senhor Jesus, Luz que desmascara o mal,
revela em nós as atitudes fratricidas e virais,
que pela murmuração, falso testemunho e agressão,
semeiam a morte e a doença à nossa volta.
Torna-nos profetas pela denúncia
e sensíveis aos inocentes silenciados da nossa sociedade.

Cura-nos do pecado e dá-nos um coração de Menino.

sexta-feira, dezembro 27, 2013

 

6ª feira da Oitava do Natal – S. João Evangelista


De facto, a Vida manifestou-se; nós vimo-la, dela damos testemunho. (1 Jo 1,1-4)

A fé nasce do que ouvimos, testemunhamos e aprendemos
acerca de Deus e da sua revelação,
mas só se conjuga na primeira pessoa e ganha raízes
quando se torna experiência pessoal e única
deste mistério de vida que nos cria, salva e envolve.
S. João evangelista é um “filho do trovão”
que se rende à contemplação e à força da mansidão
de Jesus peregrino de amor próximo,
doador de vida gratuita e Emanuel ressuscitado.

A fé não é fruto de um conhecimento mistérico,
mas é o resultado do encanto do encontro inesperado
com uma vida habitada no silêncio escondido,
que nos fala de esperança e abraça com a ternura da graça.
Mais do saber orações lindas de cor,
é preciso colocar coração na oração e sentir a intimidade
a envolver-nos como luz e fazer-nos renascer de novo.

Senhor Jesus, Vida eterna revelada Caminho,
faz-nos correr por amor ao Teu encontro,
no irmão que geme, silenciosamente, por carinho.
Faz deste Natal uma experiência mística
que não passa com a quadra do encanto,
mas permanece e alimenta a alegria da fé.
Como S. João, dá-nos a alegria de partilhar a fé,

narrando o Teu Evangelho e testemunhando vida nova.

quinta-feira, dezembro 26, 2013

 

5ª feira, 2º dia da Oitava de natal – S. Estêvão


Viu a glória de Deus e Jesus de pé à sua direita. (cf. At 6,8-10. 7,54-59)

Ontem a glória de Deus manifestou-se numa gruta,
hoje manifesta-se num Céu aberto.
Ontem o sinal era um Menino envolto em panos numa manjedoura,
hoje é a fé de Estêvão, envolta em perdão misericordioso.
Ontem era a ternura duma criança inocente, recém nascida,
hoje é o fruto maduro do seguimento no testemunho do martírio.
É assim o Natal de Jesus e de Estêvão,
é assim o Natal da história e de cada crente, 
condimentado de presente.

O nosso Natal é como a árvore que a enfeita:
artificial e sem vida, para depois arrumar na gaveta,
ou episódica e sem raiz para depois jogar no lixo da rotina.
Falta-lhe a raiz da fé que dá frutos de seguimento fiel,
sofre de fragmentação em cenas, próprio da representação teatral.
Natal é mais do que sentimentos,
é acima de tudo compromisso amadurecido nas adversidades
e conduzido pelo Espírito que nos faz renascer cada dia.

Senhor Jesus, glória de Deus escondida na rotina da vida,
cura a nossa cegueira de fé e ensina-nos a olhar o Céu,
para além das nuvens carregadas do desamor e da perseguição.
Faz do Natal um estágio pedagógico
para aprendermos a viver, segundo o Espírito, durante todo o ano.
Como S. Estêvão faz-nos audazes no anúncio da Boa Nova

e perseverantes na fé e no amor, 
quando remamos contra a corrente.

quarta-feira, dezembro 25, 2013

 

4ª feira do Natal do Senhor


Quando introduziu no mundo o seu Primogénito, disse: «Adorem-n’O». (cf. Heb 1,1-6)

A Palavra do Filho revela o coração do Pai.
O Pai e o Filho existem numa comunhão espiritual de amor.
Jesus é a primeira, última e única Palavra de Deus
que ecoa eternamente, criando, propondo, amando,
perdoando, corrigindo, acompanhando, encarnando, curando,
proclamando, dando a vida, ressuscitando, salvando...

Perante o presépio é necessário descalçar as sandálias
e prostrar-se em adoração ao Salvador que se faz dom.
Nós somos figuras do presépio vivo, não meros espetadores.
Que lugar ocupamos? Que atitude tomamos? O que desejamos?

Obrigado Pai Santo porque nos deste o Teu amado Filho,
Palavra insondável do Amor e rebento a nascer Palavra humana.
Eu Te adoro Jesus, bebé Emanuel, em busca dum carinho
que cuide, embale, venere, contemple e dê pés ao Evangelho.
Que eu Te adore com um coração confiante
e nesta manjedoura de vida me alimente
para que pouco a pouco me vá transformando

naquele que escuto, comungo e anuncio coerentemente.

terça-feira, dezembro 24, 2013

 

Tarde da 3ª feira da vigília de Natal


Por amor... não descansarei, até que... a sua salvação brilhe como uma chama. (cf. Is 62,1-5)

É por amor que Deus visita o seu povo.
É por amor que se faz Menino dependente de carinho.
É por amor que sendo rico se faz pobre.
É por amor que a eternidade se afadiga pacientemente
a iluminar as trevas dum esquecimento de si.
É por amor que a Luz alimenta a sarça ardente da libertação.
É por amor que a chama brilha criança e nos desperta esperança.
É por amor que a Palavra se faz caminho, disfarçada de peregrino
e nos põe em movimento em busca do Infinito que gera tal Amor.

O Natal é uma primavera de amor e solidariedade.
Cheira a família e aborrece a solidão.
Germina solidariedade e partilha do pão.
Enche-se de luz e sonha com a ternura.
Reencontra a Igreja na Missa do Galo.
Esbanja na festa em busca de alegria e satisfação.
Reencontra o sonho de uma vida fraterna à lareira do irmão.
Descobre o que significa “não se cansar por amor”.

Senhor, nosso Deus, nascente eterna em fogo de Amor,
obrigado pelo mistério de luz, envolto em panos,
que geme libertação no Seio de Maria.
Obrigado pelo silêncio da Palavra que se faz justiça
acarinhada pelo cuidado terno de José, grávido de fé.
Faz-nos entrar nesta gruta do Mistério duma Luz escondida
e abrir a nosso coração, para por amor, Te deixarmos entrar

e a paz em nós encontrar guarida e Evangelho se tornar.

 

Manhã da 3ª feira da 4ª semana do Advento


O Senhor faz hoje saber que será Ele próprio quem edificará uma casa para ti. (cf. 2 Sam 7,1-5.8-12.14a.16)

David, na sua casa de cedro, sente-se rei
e acha que pode construir uma casa para o pobre Deus,
que peregrina na Sua tenda, como nómada da Aliança.
Natã faz-lhe ver que não é o palácio de cedro que o faz grande,
mas é o Criador dos cedros e o Pai das criaturas
que o chamou e sustenta na sua realeza.
Um dia, após muitos anos de promessa,
a realeza de David voltou à tenda de Belém
e Deus, na sua grandeza, nasceu numa gruta da periferia.

O comodismo e o bem-estar dá-nos ares de grandes.
Nessa qualidade, abandona-se a fé
e tratam-se os pobres como coitadinhos.
É muitas vezes este o espírito solidário de Natal.
Faz-se o favor de se fazer um presépio a Jesus
e de ir à Missa do Galo, por tradição.
Mais difícil é abrir a nossa casa a Jesus
e deixar que ele nos reconstrua e prepare
para podermos entrar na casa definitiva que nos espera.

Senhor Jesus, peregrino da Tenda do Encontro,
ensina-nos a ser discípulos do Caminho na fé,
e a acompanhar os nossos irmãos como irmãos.
Ao contemplarmos o teu presépio inquietante de amor,
abre-nos o coração para que nele possas morar
e nos tornemos sujeitos deste presépio vivo
que nos quer desinstalar e pôr a peregrinar,

até que Deus seja Aliança e o irmão fraternidade.

segunda-feira, dezembro 23, 2013

 

2ª feira da 4ª semana do Advento


Vou enviar o meu mensageiro, para preparar o caminho diante de Mim. (cf. Mal 3,1-4.23-24)

O nascimento do Precursor anuncia o do Salvador.
João Batista é o profeta que prepara o caminho do Messias.
É grande pela sua fidelidade profética e convite à conversão.
É um pedagogo da novidade de Deus que vai chegar.
Convida-nos a voltar ao deserto, lugar da primeira Aliança,
para sabermos acolher e reconhecer o “Anjo do Aliança”
que quer fazer da nossa casa o seu templo novo.

Há presépios que são apenas árvores luminosas e presenteadas.
Há presépios onde figuram apenas animais e o Pai-Natal.
Mas um presépio sem o Menino Jesus, mistério de fé,
é um faz-de-conta cultural, vazio de proposta de vida renascida,
que entra em casa e depois se deita no lixo, como um rito mítico.
Todo o grande acontecimento precisa de uma preparação adequada
para que a festa seja digna do festejado.

Pai do Céu, que nos envias o presente do teu Filho,
pelo correio de um Seio materno virginal,
abre os nossos ouvidos aos apelos proféticos de João
que nos chama a preparar a festa no deserto da conversão.
A nós que vivemos na fé do encontro com o Emanuel
faz-nos mensageiros da esperança e grutas de acolhimento,
para que nos tornemos cantoneiros que limpam caminhos

por onde passa o Senhor da Glória, o humilde Menino. 

domingo, dezembro 22, 2013

 

4º Domingo do Advento


Seu Filho, nascido, segundo a carne, da descendência de David. (cf. Rom 1,1-7)

O Natal concretiza as promessas dos profetas
e o seu verdadeiro sentido revela-se na Páscoa da ressurreição.
O Natal é a graça divina encarnada em Maria e José,
que quer continuar a encarnar-se em Pedros e Paulos,
Agostinhos e Franciscos, Teresas e Madalenas
até que toda a carne possa ser filhos de Deus,
segundo o Espírito e no Filho que nos visita e salva.

A celebração do Natal é um desafio à Missão.
Ao comércio interessa-lhe apenas o incremento de vendas,
à gratuitidade do Evangelho da graça interessa:
Isaías da esperança, Marias fecundadas pela Palavra,
Josés justos que sonham com Deus e acolhem os seus sonhos,
Paulos que se fazem servos de Jesus Cristo e O anunciam...
É mais fácil dar presentes numa época do ano
do que ser um presente perfumado na rotina dos dias!

Senhor Jesus, amor gratuito à espera de casas de Maria,
de noites de José e de estradas de Damasco
para conceber a esperança e fecundar os corações virgens,
envia-nos o Teu Espírito de discernimento
para que possamos sintonizar com a emissora do Céu.
Faz de nós grutas de Belém onde há sempre lugar para Deus
e brilha a estrela da esperança na simplicidade arriscada da fé,

porque deixámos Deus ser Emanuel e ficar connosco.

sábado, dezembro 21, 2013

 

“EIS QUE UMA VIRGEM CONCEBERÁ”


Eis que uma virgem conceberá
E, por ela, o Salvador,
Do céu à terra, virá,
Libertar-nos, por amor,
Porque Deus atento está
Ao pobre e ao pecador.

Bem-aventurada és,
Ó Virgem Santa Maria,
Causa da nossa alegria,
Porque, no teu coração,
E em total recolhimento,
Em silêncio/oração,
Acolheste, extasiada,
O mistério da Palavra
Em teu seio encarnada,
N’Aquele que por ti vem
Trazer-nos a salvação.

Tu és a Mãe da Esperança!
Em ti, o Deus da Aliança
Encarnou feito Criança,
Realizando a promessa
De recriar nossa vida
E a nossa própria história,
Com gestos de amor e paz,
E milagres, sem medida.

Maria de Nazaré
E o próprio São José
São modelos do silêncio
Meditativo e profundo,
Neste tempo de Advento,
Porque fiéis e atentos
Ao sonho de Deus Amor,
Para o mundo pecador,
Cuidando, com fé e ardor,
Zelo e dedicação,
D’Aquele que é o Salvador,
Jesus, no materno berço
Do virginal coração,
Desde a Sua concepção.

Jesus é o Deus connosco,
Presente na história e na vida,
Como quem pede guarida,
Para atrair-nos a Si,
Com sua ternura e bondade,
E encher de paz e bem
Toda a nossa humanidade.
Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 21.12.2013  

 

Sábado da 3ª semana do Advento


Eis a voz do meu amado! (cf. Cant 2,8-14)

O amor de Deus fala suave e abraça fiel.
O Pai de tudo o que cria faz filhos.
O Filho de tudo o que cria e salva faz irmãos.
O Espírito de tudo o que cria e ama faz enamorados.
É a Voz do Amado que se aproxima e se esconde
num Advento que nos desperta e nos põe em movimento
nesta busca constante da gruta do encontro.

Hoje a voz esconde-se por detrás do virtual:
a rádio, a televisão, a internet, o livro, o jornal, o telefone...
São encontros mediados por meios não presenciais
que permitem embrulhar mensagens e disfarçar vozes.
Torna-se difícil reconhecer a voz do amado
no meio de tantas vozes de engano e de promessa.
Os menos avisados e atentos são presa fácil
nestes novos coutos de caça predadora.
Só o verdadeiro amante respeita e cuida do amado.

Senhor Jesus, Voz do Amado e porta-voz do Amor,
cria em nós a intimidade da busca e do encontro
para que Te saibamos reconhecer e orientar
entre as muitas vozes de encanto e estrelas do momento.
Tu é a Palavra que busca em mim um berço
e a Boa Nova que deseja em mim ser mensagem.
Faz que demos à luz o amor verdadeiro e servido
e não apenas fruta do tempo e embrulhos de presentes.
Neste Advento faz-nos correr por amor somente

para a gruta de Belém que nos espera e nos envia.

sexta-feira, dezembro 20, 2013

 

6ª feira da 3ª semana do Advento


O próprio Senhor vos dará um sinal: a virgem conceberá. (cf. Is 7,10-14)

A dinastia de David adulterou a relação com Deus.
A cidade de Jerusalém está cercada e a esperança moribunda.
É nesta situação que o profeta anuncia o sinal de Deus:
a virgem conceberá “Deus connosco” numa candura de criança.
Ou seja, a ideia de que está tudo perdido e sem remédio,
é uma afronta a Deus e aos homens,
porque se Deus encontrar alguém, virgem de amores idolátricos,
faz florescer nela a beleza duma humanidade
com um coração puro e expressão da ternura de Deus.

A virgindade não é tanto física, mas afetiva e espiritual,
porque até com o pensamento, imaginações e desejos
se pode cometer adultério e perder a virgindade.
A virgindade é um coração totalmente enamorado
com um único amor e com um único Deus,
sem “escapadinhas”, nem experiências de “flirt”,
numa fidelidade esforçada ao amor acolhido.
Maria é virgem porque “cheia de graça”,
numa fidelidade humildemente buscada,
sem o coração dividido nem vendido.

Senhor Jesus, Filho de Deus, de amor virgem e fecundo,
recria-nos e cura-nos dos nossos adultérios e corações divididos,
para que, como Maria possamos ser totalmente cheios de graça
e conceber em nós o homem novo, um ser Deus-connosco.
Purifica esta gruta animal e periférica

e vem nascer em nós, presépio vivo e personalizado.

quinta-feira, dezembro 19, 2013

 

5ª feira da 3ª semana do Advento


És estéril e sem filhos, mas conceberás e darás à luz um filho. Agora tem cuidado. (cf. Jz 13,2-7.23-25a)

A fecundidade é um dom de Deus.
Os pais de Sansão e de João Batista eram inférteis,
mas um anjo de Senhor anunciou-lhes a esperança.
O dom precisa de ser acolhido e cuidado: “tem cuidado”,
para que a semente da vida possa crescer
de acordo com o plano do Senhor do dom.
O Deus dos impossíveis só atua em pessoas que confiam
e obedecem à aliança da sabedoria do Altíssimo
e do compromisso prudente e amante no dia a dia.

A maioria dos países, chamados desenvolvidos,
está a envelhecer e a ser infértil por opção.
No Japão já existe o “síndrome de celibato”,
em que cerca de metade dos jovens opta por ficar sozinho.
As pessoas têm um curso, uma carreira profissional,
uma casa, um animal de estimação, um televisor,
um computador, participam em redes sociais virtuais...
mas não querem compromissos, vivem para si mesmos.
É uma baixa de natalidade que nasce do egoísmo ensimesmado.
É porque têm um coração estéril de amor
que optam por uma vida infecunda e narcisista.

Senhor, Deus da vida e do amor fecundo,
que assumiste o risco de nos criar livres e concriadores,
fecunda o nosso coração com a ousadia do amor
e torna-nos geradores de vida à nossa volta.
Liberta-nos do medo de gerar um ser livre e incontrolável,
que vem condicionar as nossas rotinas egocêntricas.
Cria em nós uma solidariedade intergeracional ativa

e faz-nos pais e mães do futuro novo que sonhamos.

quarta-feira, dezembro 18, 2013

 

4ª feira da 3ª semana do Advento


Farei surgir para David um rebento justo. (cf. Jer 23,5-8)

Deus promete sempre um futuro melhor.
David foi um rei memorável donde devia nascer o Messias,
mas, com a degradação da realeza,
o seu trono parece um cepo seco.
José é um rebento justo da Casa de David,
que cresce no silêncio dum migrante na Galileia
e se surpreende com o dom dum rebento messiânico
a nascer inesperado na noiva que queria desposar.
Não julga nem condena, sofre porque não entende,
sonha com Deus e descobre que a justiça é um dom
e que a fé é uma luz que ilumina a noite.

As leis nasceram para fazer o mundo mais justo.
Mas a letra da lei é uma espada de dois gumes:
dá para aplicar a justiça e para fugir dela.
Depende muito do juiz que a aplica.
Daí que não é a justiça que faz um povo justo,
mas são os rebentos justos, de coração puro,
que fazem florescer a justiça e paz num povo.

Senhor Jesus, rebento justo que brota de David
pela ação misteriosa do Espírito Santo,
conduz-nos na noite, pela luz da fé, como José.
Faz brotar em nós um rebento novo justo,
dos cepos de pecado em que envelhecemos,
para que enxertados no Rebento da Vida,

possamos dar frutos de esperança e justiça.

terça-feira, dezembro 17, 2013

 

3ª feira da 3ª semana do Advento


Até que venha Aquele a quem pertence e a quem os povos hão-de obedecer. (cf. Gen 49,2.8-10)

Olhamos para Judá como leão, mas esperamos um Leão novo.
Vemos a genealogia da história da Salvação,
mas ansiamos pela vinda daquele que é o Senhor da História.
À nossa frente só vemos cetros de poder, epopeias,
luzes de ribalta, óscares de ouro, prémios Nobel, pais natal,
mas tudo isso passa e aponta para o definitivo
que geme esperança no seio de uma Virgem
que caminha incógnita no chão que pisamos.
Haverá lugar para Ela quando José bater à nossa porta?

A Igreja dedicou três domingos a preparar a vinda do Senhor
e só a partir de hoje aponta para o presépio, a primeira vinda.
Quem olha só para o passado, recorda a história,
mas não se dá conta do Emanuel vivo e presente na fé
nem do Senhor há de vir a restaurar em si todas as coisas.
Um Natal sem Advento é puro vento de nevoeiro,
só molha tolos, torna o piso escorregadio e perturba a visão.

Senhor Jesus, Leão novo que Te fizeste Cordeiro,
em oferta sublime de amor redentor incondicional,
abre-nos o horizonte da esperança à Tua manifestação,
alimentando em nós a tensão para um sempre mais:
mais acolhimento da Tua Palavra na simplicidade do quotidiano,
mais conversão a uma vida de amor verdadeiro e puro,
mais ousadia no perdão e na solidariedade sem exclusões,

mais confiança na Tua misericórdia e salvação.

segunda-feira, dezembro 16, 2013

 

2ª feira da 3ª semana do Advento


Eu vejo, mas não é para agora; eu contemplo, mas não de perto: Surge uma estrela de Jacob. (cf. Num 24,2-7.15-17a)

O Espírito do Senhor revela os projetos de Deus.
Um profeta não se reconhece pela cidadania,
nem pela classe social, nem pela profissão mas, como Balaão,
se tem olhar penetrante e ouve as revelações de Deus,
se contempla as visões do Omnipotente,
se cai em êxtase sob a ação do Espírito da fidelidade e da bênção,
se obedece às ordens de Deus e não às do poder.

A Igreja é o sacramento de salvação de Cristo,
mas “o Espírito do Senhor encheu a Terra”,
por isso, devemos estar atentos aos profetas seculares,
de outras religiões e até agnósticos e ateus.
Tudo o que nos conduz à verdade e à justiça,
tudo o que manifesta ternura solidária e altruísta,
tudo o que é cuidado da Terra e do mais frágil,
tudo o que é promoção de paz e reconciliação,
tudo o que é beleza e arte que louva o Criador,
vem de Deus, parece-se com Jesus e a Deus nos conduz.

Senhor, Deus do universo e inspirador do bem,
abre os nossos olhos e ouvidos às Tuas revelações
e faz de nós Teus profetas, bênção da história.
Ensina-nos a ver e a viver para além do imediato,
e a saber esperar com confiança em Advento permanente.
Ajuda-nos a dar a mãos a todos os que promovem e servem

o bem, a paz, a justiça, a solidariedade e o amor.

domingo, dezembro 15, 2013

 

3º Domingo do Advento


Fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. (cf. Tg 5,7-10)

O tempo de Deus é eternidade
e a alegria do Céu é reunir a todos num banquete de família.
Deus é paciente, numa azafama grávida de esperança.
Ele quer conquistar-nos o coração e libertar-nos dos coágulos
que nos entopem a vida e nos paralisam o amor.
Ele quer curar a cegueira que nos impede de vê-Lo presente,
a surdez que nos distrai de escutar a Sua voz,
a mudez que nos perturba o diálogo com Ele e com os outros.
Deus vem permanentemente
até que um dia O deixemos permanecer para sempre.

A nossa religiosidade é feita de pastilhas de fervor:
uma missa no Domingo, uma vela, uma oração na aflição,
uma peregrinação a um santuário, uma confissão de desobriga...
e o resto do tempo é todo nosso, para trabalhar e gozar,
centrado em nós, nas nossas necessidades, nos ginásios do corpo...
É uma fé e uma caridade de concessões fragmentadas,
mas que lhe falta a totalidade de uma entrega permanente por amor.

Senhor Jesus, expressão do amor fiel e filial,
fortalece os nossos corações cansados e inconstantes,
e fideliza todos os recantos rebeldes do nosso ser.
Apressa em nós o acolhimento do Teu Advento,
para que toda a nossa vida seja busca inquieta e desperta
dum Amor que nos procura incessantemente.
Faz de nós precursores que preparam caminhos de fé

a quem anda distraído e perdido do Eterno presente.

sábado, dezembro 14, 2013

 

ALEGREMO-NOS E EXULTEMOS


Alegremo-nos e exultemos,
Porque aí vem o Salvador
Do pobre e do pecador,
Para, na alegria, vivermos,
Espalhando paz e amor.

No deserto descampado,
Nascerão, por todo o lado,
Lindas flores, perfumadas,
Alegrando os corações
E até as mãos fatigadas,
Mãos ditosas e honradas
Dos idosos, campeões,
Da defesa da verdade,
Da fé e da caridade,
Para bem da humanidade.

O próprio Deus vem salvar-nos,
Em Jesus Cristo, Seu Filho,
Fazendo justiça ao pobre,
Levantando o abatido
E libertando o cativo,
Dando voz ao perseguido,
Enchendo-o de fortaleza
E divina paciência,
Para, em paz e fé, esperar,
A hora que vai chegar,
Da libertação final.

Ensina-nos, João Baptista,
A proclamar, sem cessar,
Que, para acolher Jesus,
É necessário aplanar
O que, em nossa própria vida,
Nos impede caminhar
De coração aberto,
Feito oásis, não deserto,
Para, em nós, poder morar
E, connosco, partilhar,
A paz e a alegria
De sermos, por Ele, amados,
Salvos e dignificados,
Porque, em Seu divino amor,
Nossa vida tem valor,
Precioso e sagrado.

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa. 14.12.2013

 

Sábado da 2ª semana do Advento – S. João da Cruz


Apareceu como um fogo o profeta Elias e as suas palavras queimavam. (cf. Sir 48,1-4.9-11)

Os profetas são uma transparência da mensagem de Deus.
Elias revela o zelo de Deus pelo seu povo
e apela à fidelidade radical à Sua Aliança.
A sua palavra é fogo que desmascara os ídolos
e queima os cancros que enfraquecem as nossas vidas.
O seu Deus é poder fulminante que vence o mal
e é brisa suave que acalma os delírios febris que alimentamos.
João Batista, João da Cruz e tantos outros profetas
são os Elias de hoje e deste Advento que devemos escutar,
para criarmos espaço de conversão para Jesus poder habitar.

Associamos “homens de Deus” à fama e multidão de seguidores,
por isso, admiramos os pregadores que enchem estádios,
fazem milagres, aparecem nos meios de comunicação social...
No entanto, a Bíblia e a história mostram que os profetas,
enquanto vivem, são incómodos e geram alergias e medos.
Raramente morrem de morte natural,
normalmente são perseguidos, presos e impedidos de falar.
Após a morte, são reabilitados e reconhecidos como profetas
e toma-se consciência de que a sua palavra continua viva.
É como um facho ardente que interpela, queima e purifica.

Senhor Jesus, Palavra viva e vivificadora do Pai,
ajuda-nos a estar atentos aos profetas de hoje
e a acolhe-los como palavra amiga e desafiadora de conversão.
Faz-nos ouvintes da Palavra e dos profetas do passado,
para que possamos reconhecer os profetas do presente.
Desça a Tua profecia, como orvalho, e fecunda a nossa vida,
para que a nossa voz seja eco fiel e personalizado

da sarça ardente com que nos amas e purificas.  

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