quarta-feira, fevereiro 28, 2018

 

4ª feira da 2ª semana da Quaresma


Vamos feri-lo com a difamação, sem fazermos caso do que ele disser. (cf. Jer 18,18-20)

Encontrámo-nos em vida, em surpresa de dom.
A tomada de consciência é posterior,
vemo-nos no seio materno e no colo da mãe, nos filhos!
Esta escuta do dom deveria buscar a Fonte do dom,
escutar o que Ela no ensina, responder bondade e louvor.
Mas não, apropriamo-nos da vida, pagamos o bem com a difamação
e fechamos os ouvidos ao dom, virando-nos contra a Fonte.
Enquanto Jesus fala, disto entretemo-nos a ver quem é o maior!

A autossuficiência tornou-se sinónimo de liberdade.
Por isso, todos querem ter salário, rendas, subsídios,
para não depender de ninguém, não ter que agradecer a ninguém.
A não dependência financeira dá direito a levantar a voz,
a não ter que pedir por favor, a não escutar conselhos,
a não obedecer, a não ter que dizer obrigado!
Vendo a Deus nesta perspetiva, pensamos que o dinheiro e o poder,
nos dá direito a negar a Deus, lutar contra Ele, não escuta-Lo.
Somos como o peixe que não faz caso do mar onde vive!

Senhor, louvado sejas, Fonte de toda a nossa vida!
Desperta-nos para o dom que somos e abre-nos ao louvor!
Abre-nos à tua Palavra de sabedoria e cura-nos da nossa surdez
que nos faz ser ingratos e ingénuos,
a lutar pelo que não nos pertence, a destruir o que criaste,
a semear divisão no que fraternizaste!
Faz desta Quaresma um tempo novo de crescimento em sermos dom,
em servir a vida, em ser louvor ao Criador e escuta ao Salvador!


terça-feira, fevereiro 27, 2018

 

3ª feira da 2ª semana da Quaresma


Deixai de praticar o mal e aprendei a fazer o bem. (cf. Is 1,10.16-20)

A Palavra de Deus é o seu coração.
Não há diferença entre o que ensina e o que é.
Jesus é mestre e doutor pela verdade da sua vida,
pois a sua escola é a experiência do Pai,
a santidade da aliança servida com fidelidade
e assumida com alegria na comunhão do Espírito Santo.
Passou a vida a fazer o bem, a salvar o perdido,
a curar o doente, a elevar o sem esperança, a dar vida…
Quaresma é entrar nesta escola de Jesus, deixando outros mestres!

O bem precisa de ser aprendido,
pois nem tudo o que parece bom é um bem!
A ratoeira tem um isco bom, mas o fim é prender.
A vida está cheia de ratoeiras enganadoras,
que pretendem usar um isco atraente para roubar a liberdade,
abusar da ingenuidade e explorar a fragilidade!
Precisamos da sabedoria que vem de Quem nos quer bem,
que nos conhece e sabe o que nos faz felizes para sempre.

Senhor, Bondade que se faz Palavra e Companheiro,
em Jesus, nosso Mestre e Salvador,
envia-nos o teu Espírito e faz-nos segui-Lo com fidelidade.
Liberta-nos das ilusões do bem egoísta,
da tentação de viver apenas guiado pelo prazer momentâneo,
de usar a inteligência para fazer o mal aos incautos.
Abre-nos à tua Palavra e cura-nos da incoerência,
para que a nossa vida fale mais pelo testemunho do que pelo instrução!


segunda-feira, fevereiro 26, 2018

 

2ª feira da 2ª semana da Quaresma


Fomos rebeldes, afastando-nos dos vossos mandamentos e preceitos. (cf. Dan 9,4b-10)

Deus é forte na misericórdia, vence o pecado perdoando.
O nosso comportamento é o do adolescente,
que prima pela rebeldia, pela negação de quem nos ama.
É por isso que os profetas falam em despertar,
voltar ao primeiro amor, conversão, crescimento, fidelidade.
Cristo é o Homem novo, rico em misericórdia,
que é Palavra que faz crescer a fidelidade ao amor!
Quaresma é tempo para uma dieta de maturação misericordiosa!

Todos passamos por diversas fases na vida,
pois o ser humano é um peregrino da verdade, 
que faz de cada fase da vida uma meta no crescimento.
O problema é quando se para de crescer
e o adolescente continua criança, o jovem continua adolescente,
o adulto continua criança, adolescente ou jovem.
Quem não consegue perdoar e amar o outro como a si mesmo,
ainda é uma criança que só pensa em si,
um rebelde negacionista, um libertinário aventureiro e egoísta.
A capacidade de conversão e fidelidade é sinal de maturidade!

Senhor, fonte inesgotável de misericórdia,
louvado sejas pela tua fidelidade à aliança,
apesar da nossa rebeldia, do nosso aventureirismo egocêntrico.
Ensina-nos a medida de Cristo e a seguir o seu modelo,
que não julga nem condena, não murmura nem desiste,
porque só ama, só cuida, só perdoa, só salva… até pregado na cruz!
Faz-nos misericordiosos como o Pai do Céu é misericordioso!


domingo, fevereiro 25, 2018

 

2º Domingo da Quaresma


E quem os condenará, se Cristo intercede por nós? (cf. Rom 8,31b-34)

Deus fala-nos da nuvem do amor primeiro
e em seu Filho revela-nos um Deus diferente!
Não quer a morte de ninguém, nem sacrifícios sangrentos,
mas apraz-se em ver Abraão obediente e fiel,
o seu Filho oferecendo-se para salvar a todos!
Deus revê-se neste descentramento redentor,
nesta confiança incondicional de um Deus que nos ama na cruz!

Cristo encarnou para transfigurar a imagem de Deus.
O seu Evangelho revela-nos a certeza de um Deus da vida!
Apesar disso, continuamos a ter medo de Deus,
a vê-lo como um inimigo da felicidade do homem,
a suspeitar que nos quer apanhar em falta como um polícia,
a recorrer a Ele apenas na aflição e desespero,
a achar que não tem força para vencer o mal,
a querer liberdade e ao mesmo tempo a sonhar com um Deus-Fada! 
Estamos demasiado convencidos na nossa perdição 
para escutarmos Jesus e acreditarmos num Deus diferente!

Senhor, na montanha da oração e da escuta,
encontro a paz de ser amado e o perdão não merecido!
Na tua Palavra encontro uma luz por entre as nuvens,
que transfigura a verdade de um Amigo escondido,
que me sustenta na sua mão e me anima a que parta em missão.
Dá-nos a fé de Abraão, a audácia libertadora de Moisés,
a mística comprometida com a salvação do povo de Elias,
e a fidelidade de Filho, transfigurada no sacrifício da cruz!

sábado, fevereiro 24, 2018

 

Sábado da 1ª semana da Quaresma


Serás um povo consagrado ao Senhor, teu Deus. (cf. Deut 26,16-19)

Deus é perfeito e intocável na capacidade de amar.
Ama a todos sem nada esperar em troca,
mas chama a todos a aprender a amar como Ele.
Envia o seu Filho a ensinar a amar sem medida,
a ser fonte de amor no deserto e solidão da cruz.
Seguir Jesus é consagrar a nossa vida a Deus
e fazer da Igreja um povo consagrado ao Senhor e à sua missão.

O carisma dos consagrados é ser memória da consagração de todos.
O testemunho da vida consagrada não é de uma santidade especial,
mas da mesma santidade e perfeição que todos devem seguir
no trabalho de cada dia, na missão da família e na política.
A vida consagrada deve apontar para as realidades últimas,
no transitório da vida, do nascer e morrer, do sonhar e realizar.
Daí a importância de uma vida consagrada fiel à sua missão,
que vive no mundo como luz ténue que aponta para o eterno!

Senhor, louvado sejas pelo dom da consagração batismal,
ungida pelo Espírito do amor e a mesa do louvor.
Louvado sejas por, apesar do nosso pecado e infidelidade,
continuares a convocar-nos para sermos uma Igreja santa,
sacramento de reconciliação, navio de náufragos.
Louvado sejas, porque neste mundo violento e indiferente,
nos chamas a ser espelho da tua misericórdia,
ponte de paz, fonte purificadora do ódio, prece de perdão.
Faz-nos povo consagrado ao Senhor com o coração de Jesus!

sexta-feira, fevereiro 23, 2018

 

6ª Feira da 1ª semana da Quaresma – S. Policarpo, Dia de Jejum e oração pela paz


Se o justo se desviar da justiça e praticar o mal porventura viverá? (cf. Ez 18,21-28)

Deus olha-nos com amor de Pai.
Quer salvar a todos, justos e pecadores,
porque para Ele todos somos filhos amados, 
tesouro único do seu coração!
Compete-nos a nós estar atentos ao nosso proceder,
se vivemos como filhos de Deus como Jesus
ou se vivemos como filhos de Adão no egoísmo.
A todo o momento podemos converter-nos,
podemos voltar a seguir Cristo e o seu Evangelho.
As portas da justiça e do perdão estão sempre abertas!

Às vezes olhamos a Deus e os outros
na perspetiva da contabilização dos méritos
ou na gravidade dos pecados em que caímos,
como se a salvação dependesse de nós e não da graça de Deus.
É um presente virado para o passado:
“eu fiz”, “ eu sou assim”, “eu sou o melhor”, 
“eu sou uma desgraça”!
Não importa o que fomos, importa sim o que queremos ser,
como queremos ser, em quem colocamos a nossa confiança!

Senhor, não passo de um servo inútil, amado por Ti!
Obrigado pela paciência e sabedoria com que me envolves,
para que eu deixe o Espírito semear o Evangelho,
no centro mais profundo dos sonhos e desejos.
Obrigado pela graça e misericórdia com que me dás a mão
e fortaleces os meus pés nesta peregrinação sagrada.
Dá-nos o dom da paz, de modo especial no Congo,
no Sudão do Sul e na Síria!

quinta-feira, fevereiro 22, 2018

 

Cadeira da de S. Pedro


Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, velando por ele. (cf. 1 Ped 5,1-4)

O Senhor é o Pastor que nos conduz à vida eterna feliz.
Fez-nos à sua imagem, capazes de sermos coração atento,
comprometido com o bem dos que nos são companheiros.
Jesus chamou Pedro a ser Pedra da sua Igreja
e a nós a sermos pedras vivas do seu Templo,
cada um com o seu carisma, mas todos pelo bem comum.
Cada um é responsável pelo outro e o Papa é responsável por todos!

Na cadeira de S. Pedro já se sentaram muitos papas.
Uns sentaram-se na cadeira do poder, outros do serviço,
uns na cadeira da comunhão outros da divisão,
mas a Igreja de Cristo não sucumbiu, 
pois ela é maior do que as pessoas que a conduzem.
Graças a Deus, temos tido grandes e santos papas
que velam pela Igreja de Cristo e pelo bem do mundo.
Temos um tesouro de ensinamentos que brotaram desta Cadeira,
que são já um património da tradição da Igreja.

Senhor, Bom Pastor que nos queres a todos com coração de pastor,
dá-nos a graça de Te servir e dar glória, segundo a nossa vocação.
Protege o nosso Papa Francisco e os nossos pastores,
para que nos conduzam à pureza da fé e à conversão ao Evangelho.
Ajuda-nos a ser cordeiros que colaboram com os nossos pastores,
pela obediência da fé e o compromisso com a justiça,
numa Igreja diversa, mas sempre em comunhão e missão.

quarta-feira, fevereiro 21, 2018

 

4ª feira da 1ª semana da Quaresma- S. Pedro Damião


Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, proclamaram um jejum. (cf. Jonas 3,1-10)

Deus olha do Céu o interior do ser humano,
avisa-o do seu mau caminho, indica-lhe a vida
e convoca-o para a conversão, por meio da sua Palavra.
A profecia recorda-nos a Aliança, 
o Verbo de Deus é a própria Aliança renovada para sempre.
Não precisamos de esperar nada mais,
basta-nos apenas parar para escutar e ousar a mudança!

Mudar de vida é difícil  e não faltam desculpas!
O pecado deixa-nos sempre presos ao que somos,
mesmo que nos faça sofrer e tenhamos consciência de que é mau.
O fumador e o alcoólico sabem que deviam parar,
mas a dependência enfraquece-lhes a vontade.
O dependente do jogo sabe que se está a afundar,
mas está tão zangado por perder que quer de novo tentar a sorte.
O ofendido sabe que o rancor o faz sofrer e deprimir,
mas acha que perdoar é sinal de fraqueza!
O pecado é irracional e faz sofrer, mas deixa saudades!

Senhor, Palavra personalizada sempre ativa,
falas-nos de conversão de vida no silêncio do quarto
e nós andamos à procura de pregadores famosos
para fazermos o que só nós podemos fazer!
Faz de nós servos da Palavra que liberta do mal,
nos anima a começar hoje uma nova vida,
a cortar as amarras do passado que nos faz sofrer 
e ao qual nos agarramos desesperados!
S. Pedro Damião, intercede pela nossa conversão!

terça-feira, fevereiro 20, 2018

 

3ª feira da 1ª semana da Quaresma – S. Francisco e Jacinta Marto


A palavra que sai da minha boca não volta sem ter realizado a sua missão. (cf. Is 55,10-11)

Deus é salvação e a sua Palavra uma missão de amor.
Como a chuva e o orvalho, vai fecundando a nossa vida,
semeando luz e conversão, brotando louvor e compromisso.
Jesus é esta Palavra paradigmática de muitas outras palavras,
que o Espírito vai suscitando, no coração da história.
Tudo fala de Deus, tudo é missão em ação,
quando os olhos veem a luz que desce do Céu,
quando os ouvidos escutam o apelo a ser bom filho de Deus,
quando a natureza, as visões místicas, a profecia, a Bíblia, 
os sacramentos… nos ajudam a ver a história à luz da esperança!  

Hoje celebra-se pela primeira vez a festa dos santos pastorinhos,
Francisco e Jacinta Marto, videntes de Fátima.
Deus escolhe os simples e pequeninos para seus colaboradores
e envia sua Mãe como mensageira do Céu.
Como cresceram estas crianças em maturidade de fé,
em compromisso com a missão de Deus,
em intimidade com o divino, em entrega de vida!
Não eram nada e a Mãe do Céu deu-lhe um sentido para a vida!

Senhor, Palavra amorosa que nos visitas do Céu,
dá-nos a água viva do teu Espírito e da tua Palavra,
para que confiemos em Ti, como os Pastorinhos de Fátima.
Faz de nós instrumentos ao serviço da salvação e da paz do mundo.
S. Francisco Marto, contemplativo do Senhor escondido no sacrário,
ensina-nos a beleza da adoração e da contemplação.
S. Jacinta Marto, intercessora e reparadora do mal,
ensina-nos a alegria de oferecermos a nossa vida 
pela salvação dos pecadores e consolação dos corações de Jesus e Maria.

segunda-feira, fevereiro 19, 2018

 

2ª feira da 1ª semana da Quaresma


Sede santos… Amarás o teu próximo como a ti mesmo. (cf. Lev 19,1-2.11-18)

Deus é amor e ser santo como Deus é amar.
É um amor feito de justiça, de entrega, de reconciliação,
de verdade, de respeito, de resposta solidária, de louvor.
Deus quer colaboradores na terra para cuidar do pobre e do doente,
para acolher o estrangeiro, para visitar e corrigir o que erra,
para dar esperança ao desesperado, ser luz de quem está só.
Jesus é o Deus santo que se faz nosso irmão no próximo
e em nós espera um bom samaritano compassivo!

Há movimentos que identificam santidade com espiritualismo,
com praticas litúrgicas, com afastamento e condenação dos pecadores.
A santidade, segundo Jesus, tem momentos de intimidade orante,
de participação comunitária no templo, de pregação, 
de libertação do oprimido, de festa na mesa, 
de trabalho na carpintaria, de acolhimento e perdão do pecador…
A santidade de Jesus é um coração de pastor sempre ativo,
livre para amar, para buscar o perdido e para glorificar o Pai.

Senhor, balança da justiça onde a santidade do amor é pesado,
dá-nos um coração livre para amar e tocar o frágil,
que enviaste a bater à nossa porta, porque esperas que o atendamos.
Faz-nos santos como Vós, Pai, Filho e Espírito, sois santos.
Faz santo o nosso olhar, santo o nosso escutar,
santo o nosso falar, santo o nosso tocar, santo o nosso saborear,
santo o nosso sentir, santo o nosso coração, santas as nossas mãos,
santos os nossos pés, santo o nosso corpo, santos os nossos desejos,
santa a nossa vontade, santo o nosso agir, santo o nosso louvor!

domingo, fevereiro 18, 2018

 

1º Domingo da Quaresma


O Batismo que agora vos salva é o compromisso para com Deus de uma boa consciência; (cf. 1Ped 3,18-22)

Deus abraça a história com uma aliança eterna de vida.
No meio das nuvens escuras do nosso pecado,
Deus faz aparecer o arco-íris da esperança e da misericórdia.
Cristo, do alto da cruz, abraça-nos a todos na paz.
O Batismo é confiar a Deus a nossa fragilidade
e comprometer-nos a beber da água viva do Espírito Santo
que nos ensina a caminhar segundo o exemplo de Cristo!

A Quaresma é o tempo propício para nos retirarmos para o deserto!
E fazer silêncio de ruídos inúteis que nos distraem,
jejuns purificadores de pensamentos e desejos inúteis,
dedicar mais tempo à oração e à meditação sobre os frutos que damos,
contemplar o arco-íris no céu e o peixe no rio que luta por sobrevivência!
É bom regressar à pia batismal que nos purificou do mal congénito
e recordar as promessas que fizemos e ver as que estamos a cumprir!

Senhor, obrigado porque continuas a esperar com paciência,
sentado na Barca de Pedro 
e a convidar-nos para passarmos para a outra margem da conversão.
Aumenta a nossa fé para nos deixarmos conduzir pelo Espírito
ao deserto da verdade, ao silêncio da paz, à coragem da conversão.
Ajuda-nos, nesta Quaresma, a renovar o nosso Batismo em Cristo,
aceitando do desafio de sermos peregrinos inquietos da vontade de Deus,
que buscam o arco-íris da esperança no meio das encruzilhadas da vida!

sexta-feira, fevereiro 16, 2018

 

Sábado depois das Cinzas


Tu serás como o jardim bem regado. (cf. Is 58,9b-14)

Jesus passa pelos postos de cobrança da nossa ambição.
Busca o perdido, chama o pecador, recupera o destruído.
Quem O segue não anda nas trevas, mas torna-se luz flamejante,
que brilha pela piedade adornada de caridade atenta.
É tão grande a caridade que dá esmola como a caridade que perdoa,
a liturgia que rega a esperança com a fonte da vida.
Quem segue esta Fonte da Vida torna-se jardim bem regado! 

As cidades assemelham-se a eucaliptais de betão 
que abafam e secam o mato grosso rasteiro.
As desigualdades alargam as margens de fossos em castelo,
mesmo ao lado uns dos outros, como irmãos desconhecidos!
Há desertos nos jardins sociais da cidade,
há ruas que parecem cantos de dormir,
há centros comerciais que fazem crescer água na boca,
de cobiça sem asas e sonhos frustrados.
Mas há gente que ao seu lado tudo cresce verde e florido,
perfumado de dignidade, num respeito sagrado pelo que é!

Senhor, obrigado porque Te abeiraste desta mesa de cobrança,
que sou eu a negociar favores, a cobrar ofensas!
Envia-nos o teu Espírito, fonte de Água Viva,
e rega a nossa missão em pau de inverno sem poda,
a nossa fraternidade sentada em tronos de gelo indiferente,
a nossa piedade satisfeita com a rotina dum ritualismo sem alma.
Faz de nós um jardim bem regado, belo e perfumado,
cheio de frutos saborosos e sombras animadas pela sinfonia da Criação! 

 

6ª feira depois das Cinzas


O jejum que Me agrada. (cf. Is 58,1-9a)

Deus não gosta de teatro religioso,
pois prefere ver vidas de fé que a amassam com a vida!
Então o jejum torna-se numa opção  libertadora de nós mesmos,
que nos deixa vazios de orgulho e de coisas,
para nos tornarmos escuta e comunhão na oração,
partilha na vida, atenção na aflição, cuidado na doença!

A preocupação com o corpo, em especial o obeso,
leva a dietas de fome e de privações, 
que levadas ao estremo pode conduzir à anorexia e à morte.
Não é este o jejum que agrada ao Senhor, centrado na vaidade de si!
Abster-se de alimento, tabaco ou bebida para cumprir o jejum,
com o objetivo de, após a Quaresma, voltar ao mesmo
e até poupar uns trocos para aumentar o “pé-de-meia”,
é alguma coisa, mas ainda não é o jejum que agrada ao Senhor!
Privar-se para partilhar, fazer exercício de ascese para rezar,
corrigir opções para se converter, descentrar-se para amar…
eis o que agrada ao Senhor que vê a verdade do nosso desejo de santidade!

Senhor, Pão vivo que sacia a nossa fome de sentido,
ensina-nos a jejuar de outros pães adocicados 
que nos engordam o orgulho, a cobiça, o egoísmo e a indiferença.
Jesus, Esposo da Igreja que nos acolhestes como teus amigos,
ensina-nos o jejum que nos prepara para a festa da Páscoa.
Cristo, nossa paz e justiça, fortalece a nossa liberdade,
perante o medo de nos perdermos, o receio do diferente,
a dependência que nos distrai de Ti e dos outros!
Ensina-nos o que devemos jejuar para não nos fecharmos em nós!

quinta-feira, fevereiro 15, 2018

 

5ª feira depois das Cinzas


Escolhe a vida, amando o Senhor, teu Deus, escutando a sua voz e aderindo a Ele. (cf. Deut 30,15-20)

Deus criou-nos livres para escolher o caminho a seguir.
Enviou-nos o seu Filho para nos mostrar o caminho da vida,
segundo o coração de Deus, a abundância de um amor que se faz fonte!
Pensávamos que ser feliz era acumular coisas cada um para si,
subida na fama que aniquila os outros,
gastar energias na defesa de nós e desinvestimento no do outro…
e afinal é liberdade de si, cuidado do outro, em especial do mais fraco,
entrega de vida para que todos tenham vida!

A firmação do valor da pessoa, lida com os óculos do individualismo,
resulta em egoísmo autoreferêncial, indiferença à dor do outro,
avareza, ausência de presença e diálogo, máquina de consumo!
É por isso que a natureza está doente e febril,
a sociedade cresce em solidão com multidões em movimento,
as dependências aumentam e a escravidão prolifera,
o mercado comanda a política em vez desta o mercado…
É sintomático que os jovens universitários frequentem duas escolas,
a do dia em que acumulam saber para conseguir um diploma
e a da noite, onde a prendem a beber e a consumir prazer!

Senhor, obrigado porque nos criastes livres,
com a dignidade de filhos de Deus, com capacidade para amar.
Reconhecemos que muitas as vezes fazemos más opções,
enveredamos por caminhos de morte e de dependência,
portamo-nos como crianças caprichosas que só pensam em si!
Ajuda-nos e ensina-nos nesta Quaresma a tomar consciência disso,
a retomar o caminho do amor, da justiça e da verdade!
Só Tu sabes o que nos pode fazer felizes,
por isso, conduz os nossos passos, pois confiamos em Ti!

quarta-feira, fevereiro 14, 2018

 

4ª feira da de Cinzas


Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus. (cf. 2 Cor 5,20-6,2)

A Quaresma é um tempo litúrgico que favorece a conversão.
As cinzas recordam-nos a nossa condição de criaturas,
necessitadas de salvação, pó animado pelo Espírito divino.
A esmola, a oração e o jejum devem levar-nos às lágrimas do pecado,
consoladas pela infinita misericórdia de Deus,
que conduzem ao sacramento da Reconciliação em Cristo,
abraço de graça, purificação do desnorte, festa do perdão.

Os ritos apontam para a vida e a vida desperta com os ritos.
Cinzas e Círio pascal devem andar de mãos dadas,
num jejum de maldades e desobediências
e num excesso de caridade e de oração.
Reconciliar-se com Deus por meio de Jesus Cristo,
é renunciar à idolatria do egocentrismo ,
é optar pela vida na natureza e na sociedade,
é retomar o projeto de Deus duma fraternidade reconciliada.

Senhor, louvado sejas pelo dom de mais uma Quaresma,
fruto do teu amor misericordioso e generosidade da graça.
Ajuda-nos a viver esta Quaresma como tempo propício para a conversão,
submetendo-nos a um check up espiritual no hospital da verdade
e a um tratamento obediente das dependências debilitantes
da alegria e da fraternidade solidária e orante!
Lembra-nos que somos pó e sem a tua graça nada somos!

terça-feira, fevereiro 13, 2018

 

3ª feira da 6ª semana do Tempo Comum


Não vos deixeis enganar, caríssimos irmãos. (cf. Tg 1,12-18)

Tudo o que é boa dádiva e dom perfeito vem de Deus.
Há muito fermento de poder, ilusão de Herodes,
e muito fermento de orgulho religioso, segurança farisaica,
revestidos de luz e brilhantes tentações que conduzem a lado nenhum,
mas enganam a sede de felicidade, de eternidade e de comunhão.
Há uma certa cegueira e surdez que nos arrastam para o mau caminho
e nos seduzem para o medo e a dependência escravizante!

Vive-se a ilusão de que podemos enganar todo o mundo,
mas a nós ninguém nos engana nem apanha!
É a arte da falcatrua, da mentira escondida com rabo de fora,
da corrupção e do roubo camuflado, 
do falso testemunho para esconder o nosso engodo, 
da maquilhagem para mascarar a vergonha de ser…
Há muita falsa notícia a circular na comunicação social e
nas redes virtuais, que precisam de discernimento e investigação.
Há muito engano que nos faz sentir tão ingénuos
que somos tentados a cala-lo para não nos sentirmos ridículos!

Senhor, luz que conduz e sabedoria que previne,
cura a cegueira que nasce dos maus desejos,
que nos arrastam para o mais fácil e ilusão de prazer rápido.
Que o teu Espírito nos alargue o horizonte de esperança
e nos dê o dom do discernimento que olha para os frutos,
reconhece o erro e sabe mudar de rumo com humildade.
Neste carnaval, ajuda-nos a perceber as nossas verdadeiras máscaras!

segunda-feira, fevereiro 12, 2018

 

2ª feira da 6ª semana do Tempo Comum


Considerai como motivo de grande alegria as diversas provações por que tendes passado. (cf. Tg 1,1-11)

Deus concorre em tudo para o bem dos que O amam.
Não quer uma fé de estufa, frágil e infantil,
sempre a precisar de novos sinais e provas para acreditar.
Mas alegra-se com uma fé madura, 
sem auto-convencimento, mas provada pelas crises,
capaz de caminhar sob a nuvem da dúvida e da perseguição.
A constância, aliada à oração, à coerência de vida 
e ao testemunho missionário, são os frutos de uma fé madura.

Há tempo para uma fé infantil, para a busca de sentido,
para pôr em causa as verdades herdadas, 
para se comprometer com a missão da Igreja e dum mundo melhor,
para deixar tudo sem perder a paz e a alegria da esperança!
O importante é fazer da vida uma escola de fé,
uma peregrinação sagrada, um diálogo permanente com o Mistério,
de mãos dadas, nesta busca comum do santuário da verdade!
É porque muitos pararam no seu crescimento de fé,
que consomem aniversários, mas continuam infantis na fé.
Talvez por isso, nota-se um desejo difuso de espiritualidade e misticismo,
misturado com muita superstição, muita magia, astrologia,
espiritismo, medo e insegurança, inconstância, 
práticas religiosas ao sabor do sentimento e do milagroso.

Senhor, a vossa Mão nos sustenta com um olhar misericordioso,
aumenta a nossa fé, fortalece a nossa esperança,
consolida a nossa caridade no quotidiano, na liturgia e na missão.
Ajuda-nos a ser bons companheiros de quem quer crescer na fé,
escutando-o nas suas crises e dúvidas, 
acompanhando-o e animando-o a buscar onde pode encontrar.
Dá-nos a sabedoria que faz da provação um degrau para crescer na fé,
num diálogo confiante: “Senhor que me queres ensinar com isto?”.

domingo, fevereiro 11, 2018

 

6º Domingo do Tempo Comum, Nossa Senhora de Lurdes – Dia Mundial do Doente


Fazei tudo para glória de Deus. (cf. 1 Cor 10,31-11,1)

A glória de Deus é a salvação das suas criaturas.
Deus faz tudo, tudo, para atrair a Si todos os seus filhos.
Propõe uma aliança, move profetas, envia o seu Filho e o seu Espírito,
fazendo da história uma epopeia de cura e de libertação.
Jesus toca a impureza, toma o lugar do marginalizado,
cura a lepra da condenação sem esperança!
A sua missão é, em tudo, dar glória a Deus! 

Normalmente circunscrevemos a glória de Deus
a determinados momentos, lugares e ações:
oração, liturgia, templo, retiro, sacerdote, convento…
Como se tivéssemos tempos e lugares com Deus e outros sem Deus;
como se partes do dia fossem para a nossa glória
e outras partes para a glória de Deus ou de outros!
O amor e o louvor são totalizantes, não excluem nada nem ninguém!
A novidade do cristão é aprender a dar glória a Deus como Jesus,
na saúde e na doença, na festa e no luto, na pobreza e na abundância,
na solidão e na assembleia, no trabalho e na Igreja!

Senhor, se quiseres podes curar-me!
Toca-me, liberta-me da glória efémera e interesseira,
que contamina o mundo com a lepra do egoísmo.
Ensina-nos a dar glória da Deus no sofrimento e na doença,
seja como sujeitos passivos seja como agentes de saúde!
Imaculada Conceição e Senhora da Lurdes,
intercede por estes teus filhos e conduz-nos à imitação de Cristo!

sábado, fevereiro 10, 2018

 

Sábado da 5ª semana do Tempo Comum – S. Escolástica


Semelhante procedimento fez pecar a casa de Jeroboão, causou a sua ruína e o seu extermínio. (cf. 1 Reis 12,26-32; 13,33-34)

O medo de perder o coração do povo,
fez Jeroboão impedir que fossem ao templo de Jerusalém.
Mandou fazer dois bezerros de ouro para os templos de Dan e Betel
e criou um culto alternativo, à sua imagem e semelhança.
O resultado foi arrastar o povo para a idolatria,
fazê-lo esquecer a aliança e arruinar o seu reino!
Jesus veio para os pecadores e os esfomeados da verdade.
Condu-los de novo ao deserto da conversão
e sacia-os com o pão da Aliança e as bênção da partilha!

Vivemos num mundo que caminha para a ruína,
embora todos queiram o “seu” desenvolvimento,
a “sua” felicidade, o “seu” poder, a “sua” realização!
A parte sem o todo, desproporciona a harmonia,
fragmenta a realidade, divide o mundo, esquece a fraternidade!
O resultado é uma ecologia febril e um clima bipolar,
uma desigualdade gritante e estrutural,
uma solidão aos encontrões na cidade da indiferença,
uma fuga para o virtual, pois o real supõe sair de nós mesmos!

Senhor, há muitos bezerros de ouro a quem entregamos o coração,
nas horas corridas e umbilicadas do nosso dia!
Leva-nos ao deserto da verdade que nos desperta
e transforma o nosso coração de pedra num coração fraterno,
humilde, livre para amar e servir o bem comum, 
incenso de louvor ao Deus da vida!
S. Escolástica, mulher consagrada ao Senhor,
ensina-nos hoje o que nos conduz à ruína e o que nos salva!

sexta-feira, fevereiro 09, 2018

 

6ª feira da 5ª semana do Tempo Comum


Aías pegou no manto novo que trazia e rasgou-o em doze pedaços. (cf. 1 Reis 11,29-32; 12,19)

O esplendor do reino de Salomão, 
esse dom do manto novo real, foi efémero!
O coração dividido de Salomão gerou um reino retalhado,
entre o Norte e o Sul, Israel e Judá, Jerusalém e Samaria!
Deus quer curar a escuta para que se solte o louvor!
Jesus vem abrir-nos do nosso autismo mudo e surdo,
recriando-nos o coração e dando-nos ouvidos de discípulo!

Queremos tudo novo, com pedaços de uso privado e fragmentado.
Gostamos de habitar na cidade mas vivemos isolados;
queremos ter uma família, mas cada um no seu mundo;
desejamos encontrar-nos com os amigos 
mas cada um continua a comunicar com os ausentes!
Por isso, tornámo-nos surdos e mudos à realidade,
ausentes da mesa do encontro e prolíferos na rede virtual!
E nesta corrida de evasão não temos pachorra para esperar a voz de Deus!

Senhor, a minha vida é uma manta de retalhos,
que só a tua Palavra e misericórdia podem unificar e embelezar!
Cura-nos da nossa surdez para que floresça o anúncio,
enraíze o testemunho e brilhe a coerência da fé!
Liberta-nos do vírus do individualismo e da divisão,
que enfraquece a Igreja, fragmenta a comunidade e a família,
e debilita o diálogo e a missão!

quinta-feira, fevereiro 08, 2018

 

5ª feira da 5ª semana do Tempo Comum – S. Josefina Bakita


Quando Salomão envelheceu, as suas mulheres desviaram-lhe o coração para outros deuses. (cf. Reis 11,4-13)

As alianças políticas trouxeram a Salomão uma poligamia abundante.
O seu coração ficou divido por alianças políticas
e quebrou-se a pureza da sua aliança com o Senhor!
Quis agradar a todos e a todas, mas desagradou ao Senhor,
porque a Deus se deve amar “com todo o coração”
e não “um entre muitos”, no mercado das conveniências.
Na primeira leitura as mulheres afastam Salomão de Deus,
no Evangelho a siro-fenícia aproxima-se de Jesus com Fé!

Há muitas coisas que nos afastam ou aproximam de Deus.
Envelhecer na fé é perder a força e a liberdade para ser fiel.
Quem se envergonha de testemunhar e pratica a sua fé,
e se deixa levar pelo politicamente certo, pressões sociais ou de moda,
interesses de poder, de fama, riqueza ou prazer,
acaba por ficar escravo de uma idolatria que enfraquece a fé!
Substitui a virgindade de coração pela poligamia de amores!
Quem alimenta a sua fé e é criterioso nas escolhas dos seus amores,
acaba por continuar livre, unificado, forte, determinado
para ser fiel à aliança com o Senhor, mesmo que se sinta raro!

Senhor, o teu amor por nós é uma rocha firme e inabalável,
neste deambular em que anda a nossa barca pessoal e eclesial!
Renova-nos com a força do teu Espírito e o Pão da tua Eucaristia,
para que no meio de tantas tentações fragmentárias,
eu não deixe envelhecer a fé nem dividir o coração!
Ilumina o nosso caminho e fortalece a nossa liberdade,
para que não queiramos estar a bem com Deus e com o Diabo! 

quarta-feira, fevereiro 07, 2018

 

Cinco Chagas do Senhor


Caiu sobre ele o castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados. (cf. Is 53,1-10)

Quem ama de coração carrega voluntariamente as dores do amado!
O Crucificado é a revelação mais clara de um Deus Amor,
que como os lírios do inverno florescem no meio do gelo!
Ele carrega as nossas faltas, assume os nossos erros
e repara-os com a sua graça e misericórdia!
Deus não envia o seu Filho para nos castigar e destruir,
mas para nos salvar e dar a vida por cada um de nós!

Só o amor se gasta voluntariamente pelo amado!
Uns ficam ao lado de um doente a troco de dinheiro,
outros apenas preocupados com a solidão e a dor de quem sofre!
Os que amam levantam-se as vezes que forem necessárias pela confortar o bebé,
que chora a noite, numa insónia que não sabe explicar o porquê!
Uns expõem a vida para salvar a natureza, bens e pessoas do fogo,
outros semeiam violência para destruir aqueles que odeiam!
Há pais que assumem as multas da má condução dos filhos,
para que estes possam continuar a conduzir como bons condutores!
Tudo deixa a sua marca, felizes as chagas que o são por amor!

Senhor, obrigado porque continuas a deixar marcas do teu amor,
numa fidelidade a toda a prova, testemunhada por Tomé após a ressurreição!
Louvado sejas pelas mesmas chagas dos teus pés,
que carregam e se ferem nos nossos caminhos mal andados!
Louvado sejas pelas chagas das tuas mãos, 
feridas por constantemente nos salvares 
dos dedos engatilhados, dos punhos zangados, das mãos ladras!
Louvado sejas pela chaga do teu lado, ferido pela injustiça,
que continua a brotar perdão e o dom do Espírito
para curar o egoísmo e sarar a indiferença e o ódio!

terça-feira, fevereiro 06, 2018

 

3ª feira da 5ª semana do Tempo Comum – S. Paulo Miki e companheiros


Quando eles rezarem neste lugar, escutai da vossa morada no Céu. (cf. 1 Reis 8,22-23.27-30)

A transcendência de Deus é um amor próximo.
A Aliança é o ponto de encontro entre Deus e as criaturas,
simbolizado no templo, lugar de oração e do louvor,
da comunhão e da memória, da conversão e da graça.
O templo de Jerusalém atrai a si a peregrinação,
Jesus, morada de Deus no meio de nós, 
vai ao encontro, busca o perdido, purifica as tradições!

Um santuário é uma memória viva da presença do Sagrado,
mas não esgota nem limita essa presença no meio de nós.
A escada que liga o Céu à terra é mais tangível num santuário
do que na vida quotidiana, onde a rotina anda de avental ou de pijama,
no entanto podemos ligar-nos, em qualquer lugar, ao Coração de Deus!
O santuário convoca à oração, congrega a assembleia,
escuta a prece, queima o egoísmo, perfuma o louvor,
num silêncio que dá espaço à fé e à verdade da nossa vida!
O que faz um espaço sagrado é Deus e nós!

Senhor, o Altíssimo a morar no meio de nós,
entra e torna sagrada a minha alma, o meu corpo, a minha morada!
Faz do meu quarto o templo do encontro e da escuta,
sem ruídos da TV, da rádio, do telemóvel, do computador ou da ansiedade...
simplesmente nós, envolvidos neste mistério surpreendente de amor!
Que o teu Espírito me ajude a ser pedra viva da Igreja,
para que a oração se torne comunhão fraterna,
a vida uma peregrinação sagrada,
a esperança uma meta a concretizar cada instante!
S. Paulo Miki e companheiros, maduros na fé da Igreja do Japão,
animai-nos a viver a vida com a fortaleza de seguir Jesus!

segunda-feira, fevereiro 05, 2018

 

2ª feira da 5ª semana do Tempo Comum – S. Águeda


Na arca não havia nada, além das duas tábuas de pedra: as tábuas da aliança. (cf. 1 Reis 8,1-7.9-13)

Deus é uma nuvem escura do mistério de amor,
que desce e se faz aliança com o seu povo.
A Arca da Aliança é um compromisso mútuo,
de Deus com o seu povo, que ilumina o caminho da vida.
No templo de Salomão conserva-se esta aliança,
que enche de glória o templo mas abrange todo o seu reino.
Jesus desce da sua Nuvem escura e faz-se salvação,
que se deixa tocar e, pela fé, a todos liberta do mal.

A vida sustenta-se pela relação comprometida e previsível.
A religião, o sagrado e o profano, o templo e tempo sacralizado,
a paz e o encontro, o rito e a magia, a imagem e a palavra…
tudo é simples e redutível à surpresa do mistério da fidelidade.
O Matrimónio é belo e reconstruido quando é fiel e misericordioso;
o compromisso do consagrado é luminoso quando um sim sustentado;
o Batismo é semente de vida quando a promessa cresce e floresce;
a cidadania é boa quando há um compromisso justo com o bem comum…

Senhor, eu creio em Ti, deixa-me tocar-Te e salva-me!
Cristo, Mestre da Vida, liberta-nos das distrações da Aliança,
das desculpas do amor, das conveniências traiçoeiras.
Abre-nos à Luz do teu Espírito 
e ensina-nos a caminhar na nuvem escura da fé,
para que esvaziemos o templo e o coração 
de tudo o que vai para além da Aliança de amor!
S. Águeda, jovem fiel ao Esposo leal,
ensina-nos a fazer da religião uma entrega de amor! 

domingo, fevereiro 04, 2018

 

5º Domingo do Tempo Comum – S. João de Brito


E tudo faço por causa do Evangelho, para me tornar participante dos seus bens. (cf. 1 Cor 9,16-19.22-23)

Jesus é a Missão de evangelizar a todos.
A sua vida é semear o Evangelho da salvação,
livre de todas as procuras, pressões sedentárias,
palmas de um grupo particular, necessidades privilegiadas.
Paulo comunga da mesma identidade de enviado
e tudo faz por causa do Evangelho para salvar a todos,
porque só assim, mostra que acolhe Jesus como Boa Nova para si!
O cristão que não sente esta urgência de evangelizar,
talvez ainda não tenha sido tocado pelo Evangelho!

Quais são as motivações pelas quais continuamos cristãos?
Pela tradição? Porque nasci numa família cristã e fui batizado?
Porque tenho medo de ir para a o Inferno?
Porque me sinto bem e em paz quando vou a uma igreja?
Porque a escola ou a instituição social que me assiste é cristã?
Em todas estas motivações o móbil é externo,
o sujeito é passivo, a religião é uma identidade difusa ou ritual.
Felizes os evangelizados que anseiam por ser discípulos de Jesus,
acolhem com alegria os impulso do Espírito
e se empenham em levar esta Boa Nova 
a todos os que se arrastam pela vida!

Senhor, louvado sejas porque continuas Emanuel,
numa missão fiel, que também me apanhou a mim pelo caminho!
Que grandeza de amor, poder celebrar o mistério Pascal 
em cada Eucaristia,comungando do mesmo ardor redentor
com que entregaste a Tua vida na Última Ceia e depois na cruz!
Pai, aumenta a nossa fé e faz de nós verdadeiros discípulos do teu Filho,
para que guiados pelo teu Espírito, possamos participar do Evangelho!
S. João de Brito, intercede por nós, cristãos acomodados,
e ensina-nos a ser livres para fazer da nossa vida uma evangelização!

sábado, fevereiro 03, 2018

 

Sábado da 4ª semana do Tempo Comum – S. Brás


Agradou ao Senhor esta súplica de Salomão. (cf. 1 Reis 3,4-13)

A oração revela-nos a fé que temos e a ambição que nos habita.
Salomão, ao pedir sabedoria para governar o seu povo,
já estava a manifestar muita sabedoria e humildade.
Ter saúde, riquezas e poder sem sabedoria é um perigo,
é como um carro potente nas mãos de alguém que não sabe conduzir!
Jesus manifesta que a verdadeira sabedoria é o amor,
que se manifesta em compaixão e cuidado pelo outro!
O seu olhar comunica com as entranhas do seu ser!

A oração é sempre a liberdade de pedirmos o que quisermos!
Alguns reduzem a sua oração para pedir: saúde, dinheiro e amor!
E pedem apenas para si ou quando muito para alguns amigos e familiares;
ora Jesus ensina-nos a pedir por todos 
e a pedir que nos envie o seu Espírito de fé, santidade e sabedoria,
para que saibamos praticar a justiça, cuidar do próximo
e dar glória a Deus pelo bom uso dos dons e bens recebidos!

Senhor, a vida é um mistério maravilhoso a descobrir,
por isso, dá-nos a sabedoria de a sabermos viver com alegria e justiça.
Dá-nos um olhar de fé para Te sabermos ver ao nosso lado e
um ouvido apurado para Te sabermos escutar com o coração!
Ilumina-nos com o teu Espírito e mostra-nos a verdadeira felicidade,
com a humildade de discípulo, a audácia de apóstolos
e a compaixão de irmão sempre atento ao bem do outro!
Ensina-nos a viver na terra como filhos de Deus!

sexta-feira, fevereiro 02, 2018

 

Apresentação do Senhor – Dia do Consagrado


Eles serão para o Senhor, os que apresentam a oblação segundo a justiça. (cf. Mal 3,1-4)

O dom deve continuar a ser dom.
Vimos de Deus e voltamos para Deus,
consagrados ao seu amor, purificados do egoísmo injusto,
para apresentarmos a oferta de todo o nosso ser
nas pequenas coisas do quotidiano e na assembleia litúrgica.
Maria, virgem de posse, apresenta o Filho primogénito a Deus,
como Senhora da Luz, Candeia do Santíssimo.
O consagrado imita Maria, buscando ser candeia de Cristo!

É uma ousadia chamar-se “consagrado”
só porque fez votos e ingressou num instituto de Vida Consagrada.
A vida consagrada é mais do que uma promessa datada e celebrada,
é vocação de seguimento radical, dinamismo de santidade,
processo de cristificação, atualização voluntária e permanente dum sim,
purificação discernida, acolhimento da graça e da misericórdia,
humildade verdadeira feita conversão contínua, 
caminhada comunitária em diálogo inquieto com Deus e a vida!
Só assim, sabendo-se “servo inútil” e sinal de “ser-se de Deus”,
que desperta o batizado para a sua consagração e oferta de si!

Senhor, obrigado pelo chamamento a consagrar a minha vida a Ti
e à salvação dos meus irmãos, como frágil Círio de Cristo! 
Maria e José, servos fieis que fazem do Dom uma consagração,
ensinai-nos a oferecer o melhor de nós mesmos ao Senhor!
Maria, Candeia do Emanuel, faz de nós pirilampos,
que iluminam as trevas e apontam para a esperança.
Espírito de santidade purifica e renova a Vida Consagrada!

quinta-feira, fevereiro 01, 2018

 

5ª feira da 4ª semana do Tempo Comum – Semana do Consagrado


Vou seguir o caminho de todos os mortais. Tem coragem e procede como um homem. (cf. 1 Reis 2,1-4.10-12)

A condição humana na história é mortal:
nasce como dom de Deus, cresce, amadurece e morre.
Quem vive em Deus e segundo a sua aliança,
pode participar na natureza divina e vencer a morte!
Cristo é o primogénito dos que venceram a morte,
ela é o caminho, a verdade e a vida da nova humanidade.
Quem está em Cristo e O segue,
não “segue o caminho de todos os mortais,”
mas segue o “caminho do Filho de Deus, da vida eterna”!

David diz ao filho: “Tem coragem e procede como homem”.
Paulo VI repetia-nos: “Homens , sede homens!”.
Pilatos apontava para Jesus flagelado: “Eis o Homem!”
Mas afinal o que é proceder como homem?
Não é certamente proceder como um animal,
um louco, um fantasma, uma máquina de matar e atemorizar,
uma esponja movida a álcool, uma chaminé de fumo,
uma ilha perdida, uma lua escondida, uma pedra muda e dura,
um perfil virtual, um relógio de marcar tempo…

Senhor, Homem novo, cheio de amor e sangrando esperança,
faz de nós teus discípulos e missionários
para que possamos ser fermento duma humanidade renovada e divina.
Envia-nos o teu Espírito e grava no nosso coração a aliança,
para que a ternura vença a agressividade, a compaixão a indiferença,
a solidariedade o egoísmo, o perdão a vingança, o dom o mercado,
a paz a guerra, a alegria a tristeza, a justiça a injustiça.
Faz com que os consagrados sejam um sacramento do Homem Novo!

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