quinta-feira, abril 30, 2020

 

5ª feira da 3ª semana do Tempo Pascal – Semana de Oração pelas Vocações Consagradas


Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. (cf. Jo 6,44-51)

É Deus que toma a iniciativa de se revelar,
de ser Palavra que entra em diálogo e se faz Sabedoria.
É o Pai que envia o Filho e o Espírito,
para, pela profecia e a encarnação, ensinar o amor.
O Espírito Santo, por sua vez, envia os discípulos de Jesus,
a acompanharem a humanidade, a disporem-se a ensinar 
e a conduzir para Cristo os que andam à procura.
Olhamos para Filipe e parece-nos ver o Companheiro
que se põe a caminhar com os discípulos de Emaús!  

A instrução deve abranger: transmissão de conhecimentos,
interiorização de valores, educação da vontade,
e clarividência de ideais que assaltam a imaginação. 
A pessoa deve estar preparada para interagir com o meio,
o saber profissional, a relação justa e boa,
o discernimento e a esperança nas adversidades da vida.
A instrução de Deus faz-se a partir dos questionamentos,
das desilusões e alegrias, dos eventos lidos a partir da Bíblia!
Sem este olhar a partir do Céu, a vida é um ciclo sem sentido,
de nascer, crescer, envelhecer e morrer!

Senhor, bendito sejas pela iniciativa de nos conduzir,
pela instrução do saber viver, livre e com horizontes,
com a medida certa dos distanciamentos e proximidades,
como Luz que por detrás da nuvem nos ilumina! 
Obrigado, porque confias em nós a tua missão
e te identificas com a Igreja peregrina e companheira,
que acompanha lado a lado o peregrino da verdade,
como pedagoga da liberdade e da libertação!
S. Pio V, papa da liturgia e do Concílio de Trento,
intercede para que sejamos discípulos e missionários de Cristo!

quarta-feira, abril 29, 2020

 

4ª feira, S. Catarina de Sena – Semana de Oração pelas Vocações Consagradas


Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração. (cf. Mt 11,25-30)

A grandeza de Deus manifesta-se na humildade
dum Menino nascido numa gruta e crescido na Galileia!
A sua providência é graça revestida de normalidade,
que dá sem chamar a atenção, está sem se ver!
É um amor que só os simples se dispõem a contemplar,
que só os pobres têm espaço para acolher!
Catarina de Sena, jovem analfabeta que foi doutora,
ajoelhada nos bancos da escola da contemplação
e trabalhadora incansável pela paz e renovação da Igreja!
Mistério admirável dum perfume em vaso de barro!

Esta pandemia abate os arrogantes e exalta os obedientes!
Todos nos sentimos no mesmo barco da insegurança
e como aprendizes duma novidade invisível que nos invade.
Há um mistério onde nos movemos e vivemos,
uns dão-se conta dele pelo medo outros pelo amor!
Feliz de quem descobriu que o amor é Quem move a vida!
S. Catarina de Sena exclama com alegria:
“Conheci que estais enamorado da beleza da vossa criatura.”

Senhor, mistério tão surpreendente e tão novo,
omnipotência que se faz mansidão,
força que se gasta em buscar o perdido para o salvar,
ensina-nos a grandeza duma vida pacífica e humilde!
Sabedoria do Pai encarnada e Brisa suave que penetra no ADN,
ensina-nos a viver comprometidos com a vida, a paz e a justiça.
S. Catarina, padroeira da Europa, roga por nós,
para que sejamos vaso de sanidade e de santidade!

terça-feira, abril 28, 2020

 

3ª feira da 3ª semana Semana do Tempo Pascal – Semana de Oração pelas Vocações


Eu sou o pão da vida: quem vem e acredita em Mim nunca mais terá fome nem sede. (Cf. Jo 6,30-35)

A multiplicação dos pães é um sinal de Deus 
que revela e aponta para a obra única do Pai,
a Palavra de Deus incarnada, a Sabedoria feita alimento,
a Fonte que vem à procura da sede,
o Pão do Céu que se aproxima generosamente do esfomeado.
Estêvão, vive da fé em Jesus, está cheio do Espírito Santo,
por isso quando fala sabe a profecia
e quando entrega a sua vida cheira a Cordeiro Pascal!
O suspiro de misericórdia de Estêvão é a obra de Cristo nele!

Esta pandemia recordou-nos que a proximidade
pode ser boa ou pode ser portadora de mal.
Somos pão de vida quando trazemos paz e alegria,
quando levamos esperança e diagnosticamos o mal,
quando cuidamos do doente e damos a vida pela vida!
Somos pão de morte quando adoecemos o outro,
quando somos proposta de injustiça e de dependência,
quando somos imprudentes e abusadores,
quando agimos por maldade e por egoísmo.
O cuidado e a vigilância por amor, 
às vezes exige distanciamento! 

Senhor, tenho fome de infinito e sede de amor!
Bem eu sei onde esta Fonte se encontra, mas é de noite!
Alimenta-me com a tua Palavra e o teu Ser eucarístico,
para que pela ação do Espírito Santo,
este vaso de barro Te possa conter
e em Pão de vida me possa tornar!
Faz de mim bom companheiro e bom conselheiro,
capaz de dar a vida e perdoar, mesmo a sangrar,
e ser naturalmente Tu, sem me teatralizar nem forçar!
S. Pedro Chanel e S. Luís Maria de Grignion, rogai por nós!

segunda-feira, abril 27, 2020

 

2ª feira da 3ª semana do Tempo Pascal – Semana de Oração Pelas Vocações


A obra de Deus consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou. (Cf. Jo 6,22-29)

A obra de Deus é o seu Filho, Jesus.
É a sua obra desde toda a eternidade,
é a sua obra na encarnação no seio de Maria,
é a sua obra na fidelidade até à morte,
é a sua obra na ressurreição e glorificação!
Fazer as obras de Deus é acreditar e seguir Jesus,
ouvi-Lo e alimentar-nos Dele, assimilar-nos Nele.
Assim como quem O vê, vê o Pai,
assim quem vê Estêvão, vê Jesus cheio do Espírito Santo!

Reduzir o Batismo em Jesus a umas obras e deveres,
é fixar-nos na aparência e não no essencial!
É pela fé que vamos com ou sem sinais sacramentais,
com ou sem imagens tangíveis, com ou sem templos abertos.
Mas se a fé não gerar outros Cristos nas asperezas do caminho,
é uma fé manca, que não se aguenta nas tempestades!
A ausência do sinal aguça a confiança na presença e na comunhão,
mesmo que a proximidade não se possa tocar nem beijar!
Que o digam os idosos e os doentes sem visitas!

Senhor, que maravilha de Obra que se revela e se esconde,
para que o desejo se purifique e o olhar tome horizonte!
Perdoa as vezes em que ficamos pelo interesse da comida e da bebida,
que agora satisfaz, mas não tarda nada já está a pedir mais!
Ajuda-nos a curar a miopia que fica nos sinais,
tantos e variados, que nos vais dando cada dia,
e não é capaz de ver para onde os sinais apontam
e a ternura da Palavra revela, o Pão que nos dá vida!
Aumenta e purifica, Senhor, a nossa fé
e dá-nos vocações consagradas ao Teu seguimento fiel!

domingo, abril 26, 2020

 

3º Domingo da Páscoa


Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. (cf. Lc 24,13-35)

A vida é um mistério difícil de compreender.
Algo que é preciso falar e discutir entre nós,
mas que só quando escutamos Deus que se aproxima 
é que o coração nos começa a arder e a ver,
e a fuga começa a ser desejo de com Ele permanecer.
“Fica connosco, Senhor, porque anoitece!”
E é em casa, sentados na mesa da hospitalidade,
que Jesus nos ensina a partir o pão
e a memória da última Ceia se faz Eucaristia
e a Eucaristia se faz luz e missão!

O vazio das Igrejas contrasta com o cheio das casas.
Nós saímos do templo e Jesus pôs-se a caminhar connosco,
entrou primeiro nas nossas casas pelo digital e virtual,
e agora precisa de entrar pelo desejo e pela vontade.
A indiferença com que vivíamos a prática da fé,
revelou-se vazia no confinamento desta pandemia. 
A Eucaristia não é apenas um rito arrastado pela tradição,
é uma forma de viver em peregrinação da verdade,
em acolhimento e escuta do desconhecido,
em busca de sentido à luz da Palavra de Deus!

Senhor, fica connosco nesta noite que parou o mundo
e fez do medo uma espera desesperada com pressa de sair.
Obrigado porque apesar de andarmos longe de Ti,
Tu vens ao nosso encontro nos descaminhos da nossa vida!
Faz de mim esse desconhecido que se aproxima dos desiludidos,
e se faz amigo e companheiro, e explica as Escrituras,
fazendo arder o coração e alimentando o desejo de mais comunhão.
E nesta semana de oração pelas vocações,
faz dos jovens e de cada um de nós, companheiros da esperança!

sábado, abril 25, 2020

 

Sábado, S. Marcos, Evangelista


O Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra. (cf. Mc 16,15-20)

O Senhor envia e confirma aqueles, que de forma humilde e fiel,
partem de si como mensageiros de Cristo, salvador.
Entrega-nos a sua missão, não como servos mas como amigos.
É a missão da Igreja e de cada batizado,
com a qual Jesus e o Espírito Santo colaboram,
confirmando a nossa palavra como sua Palavra,
os nossos sinais sacramentais como a sua salvação!
Que maravilha Marcos nos comunica!

A Igreja é uma comunhão de carismas e serviços,
em ordem ao bem comum, à missão e ao louvor do Senhor.
Somos membros uns dos outros, cada um com a sua vocação,
não somos uns mais que os outros, 
mas colaboradores uns dos outros, inspirados pelo Espírito
e guiados por Cristo, Caminho, Verdade e a Vida.
O ensino dos Apóstolos e evangelistas 
é a base e a fonte onde permanentemente devemos beber.
Os leigos têm uma missão específica no mundo e na Igreja,
e os clérigos devem colaborar com eles, 
cooperando, confirmando, agradecendo, orientando.

Senhor, bendito sejas, porque fazes deste vaso frágil um tesouro,
não pelo vaso mas pelo que dele fazes brotar como Tua graça.
Ajuda-nos a ser uma Igreja missionária e dinâmica,
uma Igreja em saída, uma Igreja peregrina ao encontro.
S. Marcos, ensina-nos a escrever páginas do Evangelho,
nas letras que soletramos na evangelização
e nas marcas que deixamos na história.

sexta-feira, abril 24, 2020

 

6ª feira da 2ª semana do Tempo Pascal


Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados. (cf. Jo 6,1-15)

Jesus é a Palavra que alimenta e sacia.
Os discípulos, os que estão sentados numa atitude de escuta,
bebem em Jesus a água da vida e o pão do amor.
A Eucaristia começa por distribuir a Palavra
e depois distribui o seu próprio Corpo,
para que o discípulo se torne vida em Cristo,
Palavra que testemunha, vida que se reparte.
A Eucaristia começa no quarto, na meditação,
no estar sentado, sem pressas, numa atitude de escuta de Jesus!

O confinamento fez-nos ficar em casa,
mas não necessariamente “sentados” à escuta.
Às vezes enchemos a casa de tantos ruídos,
de tantas distrações e janelas que o que escutamos não alimenta, 
apenas diverte, ajuda a passar o tempo.
Outras vezes preferimos fechar os olhos e passar o dia de pijama,
à espera que o tempo passe e este tempo acabe.
O que escutámos com esta pandemia?
Que avaliação fazemos depois de pararmos de correr?
O que encontrámos em nós, volvidos a casa?

Senhor, levantas-Te para ensinar e sentas-Te para escutar o Pai,
ensina-nos a andar ao teu ritmo, neste sentar e levantar!
Continuas a semear a tua Palavra neste silêncio tão prenhe,
dá-nos o auxílio do teu Espírito, para que possamos aproveitar
e o que sobrar o possamos recolher e partilhar,
numa vida de discípulos e missionários vigilantes.
E que a ausência presencial da Eucaristia,
alimente o desejo de uma Eucaristia mais vivida,
mais discipular, mais comunhão, mais missionária!

quinta-feira, abril 23, 2020

 

5ª feira da 2ª semana da Páscoa – S. Jorge


O Pai ama o Filho e entregou tudo nas suas mãos. (cf. Jo 3,31-36)

A missão de Deus é um ato de confiança e de amor.
O Pai confia a sua Palavra e a sua graça ao Filho!
Unge-O com o Espírito Santo e deixa-o ser Evangelho,
entregando-Lhe a humanidade em trevas e perdida.
Jesus faz deste amor obediência, do envio missão,
da palavra obras, do amor oferta de Si na Cruz.
Deus faz do Filho Juiz, justiça que salva,
que assume em Si mesmo o castigo que nos era devido! 

S. Agostinho afirma: “ama e faz o que queres!”
Mas “amar” supõe “sabedoria”, discernimento,
assim como seguimento de Jesus supõe guia do Espírito Santo.
Os pais super protetores paralisam o filho por “amor”,
mas na realidade estão a agir por medo
e a impedir que o filho cresça, que aprenda com os erros!
Há uma certa solidariedade paternalista que quer ajudar,
mas na realidade está a criar dependência e infantilismo!
O amor confia, corrige, obedece, discerne, entrega-se, esconde-se!

Senhor, bendito sejas, porque nos envolveste nesta corrente de amor,
que inspira e anuncia, que acolhe e aprende, que confia e delega,
que avança sem medo e se entrega totalmente!
Dá-nos o teu Espírito sem medida, 
para que o confinamento seja missão,
a palavra seja Boa Nova, o abraço seja estímulo,
a mão indique o Caminho e os pés sejam reconciliação!
Ensina-nos a verdade na caridade e na justiça! 

quarta-feira, abril 22, 2020

 

4ª feira da 2ª semana do Tempo Pascal


Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que seja salvo por Ele. (cf. Jo 3,16-21)

Deus é amor e por isso olha-nos como Pai, não como polícia.
E a missão que deu ao seu Filho foi salvar, não condenar;
dar a vida, não tira-la; perdoar, não castigar!
Não é que Deus ame mais o mundo do que ao seu Filho,
mas é que o seu Filho nos ama com o mesmo amor do Pai!
O resultado é uma história iluminada pela esperança,
grávida de missão compassiva, fiel para sempre!
Quem somos nós Senhor para que nos ameis tanto?

Em tempos de crise aparecem sempre os aproveitadores do medo.
Falam-nos do fim iminente e terrível do mundo,
dum deus juiz e castigador que nos quer apanhar de surpresa,
dum mundo sem remédio que só lhe resta ser aniquilado,
dumas receitas mágicas que nos podem proteger da ira de deus!
E estes anunciadores de más novas colocam-se no lugar dos messias,
esquecendo que o Messias já foi enviado,
que deu a vida por nós e continua connosco em missão salvadora.

Senhor, no meio da noite vislumbro a promessa,
pressinto o amor, confio na Tua presença silenciosa e invisível.
Quando estamos confinados, como é bom saber-nos filhos do Infinito,
olhados com ternura, acolhidos como filhos, abraçados na cruz.
Não sabemos o que teremos, mas sabemos o que temos,
e é pela fé e pela esperança no teu Amor que vamos!
Perdoa as vezes que cegos de teimosia, 
amamos mais as trevas do que a Luz 
que nos revela as manchas e as moléstias que contagiam os outros!

terça-feira, abril 21, 2020

 

3ª feira da 2ª semana da Páscoa


Ouves a sua voz, mas não sabes donde vem nem para onde vai. (cf. Jo 3,7b-15)

O mistério do Céu perpassa a história da humanidade.
A vida é um reconhecimento, uma busca, um ideal!
Ouvimos apenas a Voz, mas não vemos nem tocamos,
a não ser o Enviado do Céu e Ungido pelo Espírito,
que nos revela Deus e se torna porta e caminho!
Acreditar Nele, confiar-lhe as nossas vidas,
toma-Lo como Mestre, deixar-se conduzir,
viver ao sabor do Espírito Santo, ser enviado a testemunhar…
são diversas formas de dizer a mesma aventura do Batismo!

Viver ao sabor do impulso e da emoção
é abrir as velas sem mão no leme, dum barco tocado a vento.
A vida assim, torna-se num cata-ventos ruidoso,
que corre veloz e a monte, mas não sai do sítio!
Viver ao sabor de que? Da moda, das novidades,
do consumismo, das dependências, da maioria…?
Ou viver ao sabor de valores, da justiça, do amor, da paz?
Este retiro forçado dá para pensar um bocado!

Senhor, fala-nos do Céu, donde vimos e para onde vamos,
do que nos faz bem e do que nos contagia e adoece,
do que é essencial e do que é lixo que nos entretém e ocupa?
Que o teu Espírito nos conduza e nós nos deixemos conduzir,
para que a aventura chegue a bom porto
e pelo caminho fortaleçamos o bem e não contagiemos o mal!
Ajuda-nos, Senhor, a viver o nosso Batismo nos dias de hoje!

segunda-feira, abril 20, 2020

 

2ª feira da 2ª semana da Páscoa


Não te admires por Eu te haver dito que todos devem nascer de novo. (cf. Jo 3,1-8)

Acreditar em Jesus ressuscitado é algo novo,
que não anda ao sabor de ideias feitas,
nem de fugas ao sofrimento, nem de interesses corporativos,
mas supõe um nascer de novo, viver segundo o Espírito.
A vida assim, numa obediência à Brisa de Deus,
ganha surpresa discernida, mistério confiante,
caminhada conjunta de uma Igreja peregrina e missionária.

A vida é complexa e cheia de surpresas,
mas nós gostamos de a simplificar, de criar rotinas,
de a viver num automático ilusório.
Daí a resistência à mudança e à readaptação.
Preferimos o previsível, a corrida sem pensar,
à tradição sem criticar, a democracia sem contraditório.
Mas a vida está cheia de surpresas, implica opções,
exige criatividade e diálogo, põe em causa planos e sonhos.
É uma aventura constante que exige vigilância e mãos dadas.
O cristianismo é uma verdadeira aventura cheia de mistério!

Senhor, mistério sempre novo, amor que nos surpreende,
ajuda-nos a entrar nesta aventura de Te seguir,
como discípulo sempre a começar e missionário a experimentar.
Dá-nos o dom da sabedoria que se faz humildade,
da fragilidade que procura em Ti a força para o testemunho,
da perseverança que em Ti encontra a medida da fidelidade.
Neste momento tão diferente, ajuda-nos a nascer de novo,
guiados pelo sopro do teu Espírito, 
nesta aventura de prosseguir a navegar,
nesta Igreja antiga e sempre nova!

domingo, abril 19, 2020

 

2º Domingo da Páscoa ou Domingo da Misericórdia


Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». (cf. Jo 20,19-31)

A misericórdia de Deus é o motor da história.
Apesar das portas fechadas, dos descaminhos da vida,
Deus não desiste, Jesus manifesta-se presente
nas prisões que construímos na nossa própria casa!
A fé vai para além dos milagres, do ver e do tocar,
e até para além dos sinais sacramentais!
A fé é confiar em Deus simplesmente,
estar em comunhão apesar da distância,
comungar Cristo pelo desejo unicamente!

O que sentimos neste tempo de quarentena,
é por um lado a falta que nos faz o outro,
a ausência da comunidade e do abraço…
e é pelo outro, a sensação que estamos no lugar certo,
que afinal temos vizinhos e há pessoas vulneráveis,
e o desejo de mais… de mais proximidade,
de mais liberdade, de mais paz, de mais solidariedade,
de mais gratuitidade, de mais comunhão, de mais vida!
Não será isto um sinal de que Cristo está vivo
e que o essencial não se vê, mas não se apaga em nós?

Meu Senhor e meu Deus, é bom sentir-Te a meu lado
a dar-nos a tua paz, a soprar sobre nós o teu Espírito,
a sermos reenviados como missionário da misericórdia!
Bendito sejas pelo dom da vida e da saúde,
pela força interior que nos dás na luta contra o mal,
pelos amigos desconhecidos que nos sustentam e cuidam com amor!
Aumenta a nossa fé e dá-nos a alegria de acreditar sem ver,
de tocar pelo desejo, de comunicar presença sem abraço,
de revelarmos ao outro que é importante e que faz toda a diferença, 
na incondicionalidade de valer a pena viver!

sábado, abril 18, 2020

 

Sábado da Oitava da Páscoa


Censurou-os, porque não acreditaram naqueles que O tinham visto ressuscitado. (cf. Mc 16,9-15)

Jesus manifesta-se vivo a quem quer e de formas diferentes.
Uma das provas da verdade destas testemunhas é a alegria, 
a humildade e a entrega desinteressada deste anúncio.
A fé, na maioria dos casos, é acreditar nestas testemunhas,
que têm necessidade de narrar, pela vida e pela palavra,
que Cristo está vivo e como foram surpreendidos nesta experiência.
Quem viu e ouviu não pode calar,
porque a missão é uma urgência que brota desta novidade!

A fé é um dom, que não depende do posto ou da função.
Por isso, encontramos gente de fé convicta
em pessoas simples e encontramos reticências 
em pessoas cultas, de poder e até em clérigos.
Às vezes penso que a direção espiritual
é mais para alimentar a fé do “orientador”
do que para conduzir espiritualmente o “dirigido”!
Nós somos uns para os outros missão de anúncio
ou contra-missão de desconfiança e perseguição!

Senhor, bendito sejas por tantas pessoas 
que tenho encontrado e me têm alimentado a fé!
Perdoa as vezes em que a razão resiste à manifestação
e em que a distração impede ver-me encontrado,
nesta vida surpreendente, entrelaçada de mistério!
Aumenta, Senhor, a minha fé
para que eu possa aumentar o meu ardor missionário!

sexta-feira, abril 17, 2020

 

6ª feira da Oitava da Páscoa


Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar: «Quem és Tu?»: bem sabiam que era o Senhor. (cf Jo 21,1-14)

O Senhor vem ter connosco quando o desânimo nos invade.
Vem pela madrugada, pois é o Sol da esperança.
O Perguntador inquire-nos sobre o pão que nos sustenta,
e temos que reconhecer que não temos nada!
Manda-nos recomeçar, pois a Páscoa é renovar com qualidade,
é retomar a missão orientada por Ele!
Ele tem os seus peixes, mas quer precisar dos nossos,
pois quer fazer de nós seus colaboradores na sua missão!

Nesta noite de medo e de confinamento,
muitos perguntam onde está Deus?
Temos descoberto que a obediência a quem nos quer bem,
apesar de nos custar, livra-nos da anarquia do capricho,
faz-nos pensar no bem de todos, sacrifica-nos pela vida.
Jesus encarna a esperança, o despojamento que sustenta a fé,
a entrega que ousa o amor pela vida,
a criatividade que revela a solidariedade e o dom.
No meio desta pandemia, 
Jesus tem-nos aparecido de muitas formas! 

Senhor, entregues a nós mesmos, a vida é uma noite estéril,
uma faina sem fruto, um correr sem rumo!
Precisamos da tua Palavra orientadora,
do teu mandato missionário, da tua Eucaristia fortalecedora!
Ajuda-nos a aprender com esta paragem obrigatória,
com este cair em nós, com esta vigilância sobre o mal.
Que a tua sabedoria nos acompanhe e guie
para que cada manhã seja um dia melhor!

quinta-feira, abril 16, 2020

 

5ª feira da Oitava da Páscoa


Está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia. (cf. Lc 24,35-48)

Deus sofre connosco, numa solidariedade materna,
para vencer em nós o mal que nos adoece.
Jesus é a revelação deste Deus comprometido connosco,
que caminha connosco, come connosco,
sofre e morre por nós, ressuscita e permanece connosco,
para continuar a sua missão na vida dos seus discípulos.
A Igreja tem o encargo de dar testemunho de Jesus,
convocar para a fé Nele, levar ao arrependimento
e batizar neste amor que se compadece e salva!

Perante esta pandemia, muitos sonham com uma saída milagrosa,
sem quarentena, sem paragem, sem doença, sem morte!
No entanto, há certas lições que só se aprendem com tempo,
persistência, reflexão, ausência e sofrimento.
O mundo corria a uma velocidade sem rumo!
Parar, ouvir o silêncio, encontrar-se consigo mesmo,
é o tempo propício para recomeçar de novo,
para avaliar caminhos, para buscar novos horizontes!
O grande milagre que Deus quer fazer é 
aproveitarmos esta quarentena para começarmos uma vida nova!

Senhor, custa-nos sofrer, enfrentar o silêncio e os nossos fantasmas,
por isso, ajuda-nos a olhar com seriedade e fé a nossa vida,
a pensar com calma as consequências das nossas opções,
a voltar a casa desta vida de vagabundo e de fora de nós!
Senhor, custa-nos ouvir o Teu silêncio 
e a ausência do calor da assembleia celebrante,
ajuda-nos a acolher as visitas que fazes à nossa casa,
a surpreender-nos com a paz escondida do nosso quarto,
a redescobrir a alegria de estarmos juntos com tempo!

quarta-feira, abril 15, 2020

 

4ª feira da Oitava da Páscoa


Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite. (cf. Lc 24,13-35)

A paixão, morte e ressurreição de Jesus é um mistério,
um caminho difícil de compreender e de aceitar.
Os discípulos de Emaús desesperaram de esperar.
Três dias foi muito e regressaram a casa,
depois de um sonho que se tornou num pesadelo.
Jesus vem de novo ao encontro destes desiludidos
e caminha com eles, explica-lhes a Sagrada Escritura
e aquece-lhes o coração…! Sem Ele o dia faz-se noite!
Pedem-lhe para ficar em sua casa e permanecer com eles.
E é em casa, ao partir do pão, que O reconhecem vivo!

Até aqui tínhamos confinado Jesus ao templo e ao sacrário.
Muitos ficaram desanimados por não poderem ir ao templo,
pois parece que Deus foi marginalizado, impedido de ser!
Outros começam a duvidar de Deus porque não faz um milagre 
e não nos livra de um dia para o outro desta pandemia!
Outros partiram para falar mal de Jesus, desta Páscoa de Calvário,
e foram descobrindo que estão a fazer um caminho purificador,
estão a aprender a rezar pela televisão e pela internet,
estão a reconhecer Deus em casa, ao partir do pão!

Senhor, estamos parados com olhar muito triste,
como se a realidade fosse um sonho
e o silêncio na cidade fosse um pesadelo.
Fica connosco nesta noite sem luz ao fundo do túnel,
e ajuda-nos a assimilar esta Páscoa tão real e parecida com a Tua.
E conforme vamos partindo o pão, nestes dias que parecem iguais,
abre-nos os olhos da fé e ajuda-nos a ver-Te presente,
sofrendo connosco, ajudando-nos a fazer da noite missão!

terça-feira, abril 14, 2020

 

3ª feira da Oitava da Páscoa


Enquanto chorava, debruçou-se para dentro do sepulcro e viu dois Anjos. (cf. Jo 20,11-18)

Deus fez Senhor e Messias a Jesus a quem matamos!
Andávamos fora de nós e a nossa vida tornou-se um sepulcro!
Agora estamos dentro de nós, choramos o tempo perdido,
olhando para dentro do nosso sepulcro e vemo-nos habitados!
Dentro de nós, no mais profundo da nossa verdade,
há anjos que nos perguntam: porque desanimamos,
porque não olhamos para trás e descobrimos o Amor?
A nossa casa não é uma prisão, mas a casa de Deus!

Há uma terapia de grupo que nos vai repetindo:
“Vai ficar correr tudo bem! Vai ficar tudo bem”
Precisamos destas frases motivacionais e positivas
para combatermos outras desmotivadoras e negativas:
“o mundo está perdido”, “isto é o fim do mundo”,
“isto vai ser uma catástrofe económica e social”!
É verdade que morreu um certo mundo e 
e é verdade que vamos atravessar um tempo muito exigente,
mas também é verdade que a esperança ainda não morreu!

Senhor, choramos o passado e tememos o futuro,
ajuda-nos a libertar do mal e a fortalecer a ousadia,
para procurarmos um mundo melhor, guiados por Ti!
Dá-nos coragem para nos debruçarmos para dentro do túmulo
e enfrentarmos a verdade da situação difícil que estamos a viver,
e de olharmos para trás para Te vermos sempre presente!
Que o teu Espírito nos conduza e a crise se torne oportunidade
para começarmos algo novo, segundo o teu projeto!

segunda-feira, abril 13, 2020

 

2ª feira da Oitava da Páscoa


Correram a levar aos discípulos a notícia da Ressurreição. (cf. Mt 28,8-15)

O túmulo de Jesus está aberto e o seu vazio fala.
De lá partem as mulheres a anunciar aos discípulos a Vida;
de lá partem os soldados a anunciar aos príncipes dos sacerdotes 
que o túmulo ganhou uma vida que eles não puderam controlar!
É a mesma missão, mas os resultados são diferentes:
os discípulos ganham nova vida e vão para a Galileia,
o poder religioso tenta distorcer a verdade,
corrompendo-a com subornos e dinheiro.
É esta a força e a fragilidade da boa nova da Ressurreição!

Por causa da pandemia do covid-19 
a Semana Santa revelou igrejas vazias,
apenas com o presidente da celebração 
um número mínimo de ajudantes, leitores e coristas.
É um vazio que dói, que grita, que fala!
Todos estamos lá, quando o procuramos no digital!
Quem não guarda, como marca que continua a falar,
a imagem do Papa a subir a rampa de S. Pedro,
só, a chover, com a praça vazia?
Apenas o esperam Cristo crucificado e o ícone de sua Mãe?
É um vazio que fala, que mobiliza para o anúncio!

Senhor, Luz que aquece as nossas trevas
e nos desafias a começar de novo, a partir da Galileia,
humildes e convictos, porque nos sabemos habitados,
apesar de nos parecermos abandonados!
Aumenta a nossa fé e a alegria de acreditar,
porque contigo ao leme, a nossa barca vai chegar!
Sabemos que a mentira e o mal vão continuar,
mas sabemos também que estamos ao teu lado,
Tu que venceste a morte e fizestes o túmulo falar!

domingo, abril 12, 2020

 

Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor


Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. (cf. Jo 20,1-9)

Ainda é noite e já corre Maria Madalena.
Aquela que foi salva, busca o Salvador
para terminar os ritos fúnebres, mas o túmulo já está aberto!
Alguém entrou primeiro, Alguém que ama mais do que ela,
Alguém que com Ele sofreu também na cruz,
a Vida que é Pai e que nada separa do amor do seu Filho!
Ao Terceiro Dia começa o Oitavo Dia do nova criação!

Os meus pais eram agricultores 
e nem sempre a sementeira produzia bem.
Cansado de tanto trabalho e tão pouco fruto,
lamentava-me e olhava o futuro com pessimismo e desânimo.
A minha mãe respondia-me confiante:
“Deixa lá, filho, Nosso Senhor já nos governa há muito tempo.
Sabe Deus quem irá comer o pouco que produzimos!”
E foi no pouco, nestas crises enevoadas
que aprendi que Jesus está vivo e o Invisível nos sustenta!

Senhor, andamos preocupados com a morte
e não nos preocupamos em viver a vida com sentido,
apesar de ser noite e as nuvens serem escuras!
Aumenta a nossa fé e o nosso amor,
para que a esperança não seja balofa
e tenha alicerces firmes onde se sustentar.
Em casa, dentro de nós, há um Hóspede oculto,
que um Jardineiro que semeia o amor,
um Artista que nos canta alegria e perfuma a relação!
Há tanto tempo estavas aqui e não Te via! Aleluia, Senhor!

sábado, abril 11, 2020

 

Sábado Santo


Luto

Mataram o Senhor e nem lhe demos o funeral como merecia!
Foi tudo tão rápido! Como podemos celebrar a Páscoa assim?
As lágrimas soluçam o desânimo, o nem quero acreditar,
num luto que repete sem parar: isto não pode ser verdade!
E a resposta do Céu tarda em chegar, num silêncio que dói!
Mas o lugar dos mortos foi visitado pela Vida,
num mistério de amor e de fidelidade, 
a missão continua como Luz nas trevas, a libertar, a ser Caminho!

Esta pandemia ausentou-nos da proximidade carinhosa.
Cada um tem que viver esta luta sozinho!
A doença e a morte são uma luta silenciosa e solitária.
Até a participação no velório e no funeral nos foi restringida!
A doença e a morte passou a ser mais um número de estatística!
Mas todo este jejum de proximidade carinhosa é por causa da vida!
Cada um tem que pensar no outro e lutar só, para não o contagiar!
E é nestas ocasiões que temos que acreditar que para nos salvar,
temos que nos sacrificar e ausentar para estamos mais unidos e solidários!

Senhor, o silêncio ouve-se nas ruas com uns falsetes chilreados,
que nos falam do medo e da esperança, contemplados através da janela!
Nunca o cenário tinha sido tão impressivo para viver o Sábado Santo!
Ajuda-nos a compreender a falta que nos faz Deus, quando O excluímos,
que nos faz a presença dos amigos, quando os esquecemos!
Ajuda-nos a acreditar que como naquele sábado pascal,
também neste Sábado Santo a Vida escondida está a lutar contra a morte,
e o Terceiro Dia já se vislumbra com a chegada da noite!

sexta-feira, abril 10, 2020

 

6ª Feira da Paixão do Senhor


Jesus disse: «Tenho sede». (cf. Jo 18,1-19,42)

A Fonte disse ao deserto: “Tenho sede!”.
E o deserto disse à Fonte, não tenho água,
só tenho vinagre do vinho de Caná que deixei azedar!
E a Fonte, maltratada e intimamente a chorar, bebeu e secou,
até que a lança a rasgou e, em vez de vinagre,
saiu sangue e água, que sacia e dá vida,
e transforma o vinagre em vinho da alegria!
Olho morte e vejo Vida, que estranha maravilha!

O planeta disse: “Tenho sede de carinho e de cuidado!”
e nós respondemos. “Que me importa a tua sede,
não vês que tenho sede e pressa de enriquecer?”
E a terra respondeu: “Não vês que estás em mim
e a minha sorte é a tua sorte?
Se as águas que em mim correm estão poluídas,
onde vás beber e regar as tuas plantas e os peixes viver?”
E nós respondemos: “Por agora ainda há água boa para usar,
os que vierem a seguir que se arranjem!”
E a terra respondeu. “Mas não vês que são os teus filhos e netos
que vão beber o vinagre do vinho que deixaste estragar?
Descansa um pouco, que preciso de me regenerar!”

Senhor, tenho sede, mas não sei se é a tua sede!
Bebo na tua Fonte, em Ti vivo e me movo, 
e nem percebo que estou no teu Útero de Amor!
Contemplo-Te morto e envergonho-me das minhas sedes,
tão envinagradas e tão mesquinhas!
Contemplo o teu lado aberto a sangrar graça e misericórdia
e Te peço que purifiques as minhas feridas,
para que não me sinta vítima, mas fonte de amor!
Ó morte que nos revelaste tão grande Fonte sedenta!

quinta-feira, abril 09, 2020

 

5ª Feira Santa


Compreendeis o que vos fiz?  (Cf. Jo 13,1-15)

Deus é uma Trindade de Amor.
É o Amor do Pai que se revela no Filho,
na comunhão do Espírito Santo!
O Amor de Jesus aproxima-se, procura-nos,
lava-nos os pés, faz-se pão que alimenta,
carrega as nossas culpas, oferece-se na cruz.
O Amor de Jesus confia em nós a sua missão.
A uns chama a presidir à Eucaristia e às Igrejas,
a outros a serem ministros da Palavra e da caridade,
a outros testemunhos vivos do Evangelho…!

A vida é um mistério do qual somos eternos aprendizes.
Há momentos em que somos obrigado a parar para pensar,
para meditar, para avaliar, para compreender:
um confinamento por causa de uma pandemia,
um tempo forte da liturgia, um sacramento,
um ato de generosidade ou incidente que nos impacta…
Hoje é um dia propício para tentarmos compreender:
o que Jesus fez, a medula da história da Igreja,
o meu percurso de fé, a minha qualidade de relação,
a minha capacidade de amar, a minha missão na terra…

Senhor Jesus, que nos amas até ao fim,
ajuda-nos a amar sempre, conjugando serviço com perdão.
Senhor, que nos chamaste a continuar a tua missão,
obrigado por me teres chamado ao sacerdócio,
a tocar-te com mãos e língua indigna e frágil.
Senhor, bendito sejas pela Eucaristia,
banquete tantas vezes banalizado e desprezado,
e hoje apenas visto e ansiado!
Cura-nos, Senhor, para que todos possamos sentar-nos
à mesma mesa que alimenta a compreensão do que fizeste
e do que devemos fazer nas mesas do encontro e do trabalho!

quarta-feira, abril 08, 2020

 

4ª feira da Semana Santa


Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus? (cf. Mt 26,14-25)

O Pai entrega-nos o seu Filho para nos salvar.
Jesus entrega a sua Vida para nos redimir.
É um Cordeiro frágil que é vendido como escravo.
Ele que é a Liberdade, sem trocas nem interesses!
Judas, eu, tu, nós trocamos Jesus por pouco,
não para O salvar, mas para O entregar à morte!
Estamos dispostos a entregar-nos como discípulos de Jesus?

Quando o tempo corre levado pelo vento da ambição,
quantas vezes trocamos Jesus por outros tesouros:
poder, fama, riqueza, prazer, comodismo, tempo…
É a questão da oportunidade, que achamos inadiável,
e se torna a prioridade das prioridades,
e deixa os valores evangélicos da verdade, 
da justiça e do amor, para último plano!
Aceitar um Mestre assim, que se entrega nas nossas mãos,
e nos parece fracassado e frágil, dá vontade de O trocar por outro!

Senhor, quanto estás disposto a dar-nos mais ainda
para nos salvar, em paciência, graça e misericórdia?
Obrigado porque nos dás tudo em troca de nada!
Ajuda-nos a não Te trocar por nada,
pois sem a Fonte nada somos, 
por nós mesmos, andamos ventilados até a máquina se desligar!
Não nos deixes cair em tentação, mas livra no mal!

terça-feira, abril 07, 2020

 

3ª feira da Semana Santa


Darás a vida por Mim? (cf. Jo 13,21-33.36-38)

A glória de Deus é graça e misericórdia.
Na noite dos homens, brilha a Luz de Cristo.
Não há trevas que escureçam a Luz.
Por isso, é na Cruz que está a glória,
é quando O traem e negam, que Jesus sela a sua Aliança.
Seguir Jesus é aprender a dar a vida por Ele,
entre cair e levantar, negação e promessa,
lágrimas e perdão, humildade e recomeçar!
É de amor e misericórdia que nos fala a Semana Santa!

Nos outros anos, estaríamos agora 
ocupados a comprar amêndoas, chocolates, coelhinhos, 
ou a preparar comidas e doçarias para a Páscoa.
Este ano, sem ruídos de mercado 
nem preocupações gastronómicas,
dá para escutar a questão fundamental de Jesus:
“Darás a vida por mim?” ou seja,
“Queres salvar os mais frágeis, onde eu estou presente?”
E, paradoxalmente, é para salvar que não os visitamos,
não os abraçamos nem beijamos, não os convidamos…
Mas é também para os salvar que cuidamos dos doentes,
comunicamos com os solitários, animamos os desanimados…

Senhor, gostaria, como Pedro, prometer seguir-Te,
dar a vida por Ti, mas reconheço que antes que o galo cante,
já te neguei três vezes 
ou me sentei à tua mesa com o coração divido!
Sinto que este pó que sou, é um borralho de amor,
que se reacende com o sopro do Espírito Santo
e ganha nova vida com o lenho da cruz.
Ajuda-me a não desanimar de mim como Judas,
e a ser humilde e confiante em Ti como Pedro!

segunda-feira, abril 06, 2020

 

2ª feira da Semana Santa


Maria ungiu os pés de Jesus e enxugou-Lhos com os cabelos; (cf. Jo 12,1-11)

O Filho de Deus assume-se como o Servo de Javé.
Seis dias antes da Páscoa é ungido por Maria,
com um perfume de nardo puro, de alto preço.
Perfuma e é perfumada, sentada aos seus pés,
na mesma atitude de escuta do mistério da doação.
A fidelidade à sua aliança não tem preço,
a mansidão da sua missão é fonte de graça,
por isso o perfume do amor enche toda a casa!
Como perfumamos os pés de Jesus nesta Semana Santa?

Esta Semana Santa é silenciosa e cheira a insegurança:
quanto tempo vamos ficar em confinamento?
Quanto tempo vamos ficar escola à distância?
Como será o pós-Covid na economia e no emprego?
Que mudanças trará esta quarentena na Igreja?
Maria prepara a morte de Jesus e antecipa a unção, 
dando o seu melhor, 
e nós como nos preparamos para uma vida nova?

Senhor, Pai nosso, estamos nas tuas mãos
nesta tempestade que nos assaltou,
neste mal invisível que ameaça contagiar-nos.
Fazemos memória da tua morte, contando mortos,
com funerais quase solitários como o Teu,
e é o amor que perfuma a esperança e prepara o amanhã!
Dou-Te graças por todos os que fazem do seu suor 
um perfume que gera vida e se descobrem instrumentos de salvação.
Ensina-nos o que significa hoje ungir-Te com perfume,
em vez de comer contigo a festa da Páscoa.

domingo, abril 05, 2020

 

Domingo de Ramos na Paixão do Senhor


É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa. (cf. Mt 26,14-27,66)

O Rei dos réis entra no mundo como uma criança,
cresce como um filho de carpinteiro galileu,
sofre a traição e a negação como um mestre fracassado,
entra em Jerusalém sentado na mansidão de jumentinho,
é condenado como um malfeitor e sepultado morto!
É a fragilidade que manifesta a sua força numa Pascoa diferente!
Cada um de nós é um ramo enxertado na Vide de Jesus!

É na casa de Jesus, o templo, 
que costumamos celebrar a Semana Santa.
Hoje, num confinamento preventivo, 
o Senhor quer celebrar a sua Páscoa em nossa casa.
É de longe, pela janela da fé e do virtual,
que vemos a celebração sacramental acontecer.
A proximidade familiar ou a solidão da casa
são o lugar do encontro, da escuta, da aclamação
duma Páscoa estranha, mas não mais verdadeira!
O pai ou a mãe são os que presidem a este tempo sagrado 
onde o tema é Jesus e o sentido das nossas vidas,
no mistério do sofrimento e do medo de morrer!

Senhor, nossa Páscoa e companhia na solidão!
Dá-nos vontade de gritar como Tu:
“Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste!”
Neste despojamento total em que nos encontramos,
só nos resta confiar em Ti que venceste a morte!
Dá-nos vontade de gritar e pedir:
manifesta que és Deus e cura-nos desta pandemia,
mas a tua vontade é que estejamos unidos,
apesar de distantes, no sofrimento e no medo,
na precaução e na vigilância, no cuidado e na oração!
Ajuda-nos a fazer desta semana uma Semana Santa!


sábado, abril 04, 2020

 

Sábado da 5ª semana da Quaresma


Que vos parece? Ele não virá à festa? (cf. 11,45-56)

Jesus esconde-se, mas não deixa de estar presente.
Ele é o Emanuel, o Deus-connosco, a sofrer connosco.
Não são as celebrações humanas, os ritos e as procissões
que O tornam presente, 
mas é porque Ele está presente que há celebrações!
Fazer memória é uma questão humana,
estar presente é resultado da fidelidade de Deus.
Quaresma sem a participação presencial no templo
é um exercício de fé em Jesus que está confinado connosco! 

Esta vai ser uma Semana Santa diferente.
Vai ser um desafio à criatividade espiritual,
pois os dias confinados em casa são todos iguais!
Há a televisão, a rádio e a internet 
que nos conectam com o templo, de forma virtual.
E seremos meramente espetadores, 
se não nos tornamos participantes ativos, 
se não fizermos da casa um templo!

Senhor, Tu não faltas à festa, porque esta é a tua missão.
Nesta pobreza de sinais exteriores, ajuda-nos a ver-Te presente,
ao nosso lado, a carregar a cruz dos nossos pecados,
a acalentar a nossa coragem paralisada pelo medo!
E neste despojamento que exige a opção da nossa determinação,
ensina-nos a celebrar a tua Paixão e Páscoa de amor,
no mais profundo do nosso coração, na intimidade da família.
Protege-nos de todo o mal e não nos deixes cair em tentação!

sexta-feira, abril 03, 2020

 

6ª feira da 5ª semana da Quaresma


Não é por qualquer boa obra que Te queremos apedrejar: é por blasfémia. (cf. Jo 10,31-42)

Em Deus, palavra e ação são a mesma coisa.
A palavra explicita o sentido das obras
e mobiliza para que nas criaturas a fé seja testemunho.
Quem apedreja e mata não permanece na Palavra,
mas faz as obras de outro pai, que não Deus.
A Quaresma é tempo de conversão,
de reconhecer que palavra seguimos
e se o que dizemos ser é o que é Jesus.

As ideologias políticas e as guerras religiosas,
vivem de palavras, de ataques sobre quem é o melhor,
quem é o mais poderoso, o mais verdadeiro…!
Muitas pedras são atiradas ao outro,
muita violência moral e física,
muito fundamentalismo que esquece a fraternidade.
O ataque invisível de um vírus despojou-nos de seguranças,
pôs-nos todos em casa, só a luta pela vida permanece.
Até os partidos políticos atenuaram as ideologias
e uniram esforços para salvarem vidas.
E as Igrejas renunciaram à celebração pascal presencial,
e uniram-se em oração, numa comunhão espiritual e virtual.

Senhor, enviaste a Palavra e Ela está no meio de nós,
mas nós andávamos surdos a divertir-nos com palavras.
Ajuda-nos, nesta paragem do tempo, a fazer silêncio,
a escutar o outro mais profundamente,
a escutar-Te a Ti mais detidamente.
Espírito Santo, Luz que nos confronta com a verdade,
ajuda-nos a descobrir as incoerências da nossa prática de fé,
a fazer das pedras que atiramos, pedras da calçada que usamos
para fazer o bem, para caminhar para Deus e seguir Jesus!

quinta-feira, abril 02, 2020

 

5ª feira da 5ª semana da Quaresma


Agarraram em pedras para apedrejarem Jesus, mas Ele ocultou-Se e saiu do templo. (cf. Jo 8,51-59)

Deus fez uma aliança com Abraão e todos os povos,
Jesus fez uma aliança eterna com todos, no seu sangue!
Este o Dia de Jesus com que Abraão se alegrou
e os homens apedrejaram e tentaram revogar.
Mas quando atacam a aliança, 
Jesus não responde com violência ou vingança,
mas oculta-se e sai do templo em missão de luz;
Luz que ilumina a mentira e queima a idolatria!

Estamos a viver tempos em que parece que o mal vence
e que todos nós, impotentes, nos temos que ocultar em casa.
Nem sequer podemos ir ao templo gritar por socorro!
Parece que Deus assiste impotente a esta paragem no ritmo,
a este cair doente global, a este morrer estatístico!
E parece que o que sobra é apenas solidão e medo!
Mas a história ensina-nos que há esperança na crise,
que a Vida, mesmo escondida, não nos abandona,
que esta é uma boa oportunidade de vermos 
que Deus não está confinado ao templo, mas caminha connosco!

Senhor, reconhecemos que o mais importante,
para o bem e para o mal, é invisível, mas traz consequências.
Ajuda-nos a compreender o tempo que vivemos,
a aliança que esquecemos, a Palavra que não tem nidação!
Desculpa porque agora dou-me conta que Te confinamos ao templo
e afinal, Tu estás em toda a parte como fonte do bem e remédio do mal.
Ajuda-nos a viver, com proveito, esta Quaresma tão diferente!

quarta-feira, abril 01, 2020

 

4ª feira da 5ª semana da Quaresma


Se Deus fosse o vosso Pai, amar-Me-íeis. (cf. Jo 8,31-42)

O Filho de Deus é a imagem perfeita do Pai,
não porque assim foi predeterminado, 
mas por obediência ao que vê e escuta do Pai.
É assim que o Pai se torna pai,
não apenas no ato de geração, mas por toda a eternidade.
O Filho é filho na eternidade e na encarnação,
na oração e na ação, nas dificuldades e nas facilidades!
E nós a quem temos por pai, a quem escutamos e seguimos?

Neste mundo de serviços, os filhos crescem longe dos pais.
Têm amas, assistentes sociais, animadores, professores,
catequistas, mestres, ídolos, colegas, amigos virtuais e reais…
E os pais? São senhores de alojamento e mesadas… e pouco mais!
E como não são iniciados na fé cristã, não conhecem o Pai,
o Pai de todos, o Irmão que nos faz filhos, 
o Espírito que plasma os sentimentos do Pai!
Este vírus veio colocar tudo em causa,
veio pôr um grande ponto de interrogação a esta forma de vida!

Bom Pai, obrigado pela tua Palavra de amor,
a tua graça misericordiosa, a luz da tua salvação.
Perdoa a dureza do nosso coração, a ilusão das nossas ambições,
a cegueira do nosso egoísmo, a surdez aos teus conselhos.
Espírito Santo, renova-nos à imagem de Jesus, Filho de Deus,
para que aprendamos a viver como filhos de Deus, no Filho!

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