sexta-feira, abril 10, 2020

 

6ª Feira da Paixão do Senhor


Jesus disse: «Tenho sede». (cf. Jo 18,1-19,42)

A Fonte disse ao deserto: “Tenho sede!”.
E o deserto disse à Fonte, não tenho água,
só tenho vinagre do vinho de Caná que deixei azedar!
E a Fonte, maltratada e intimamente a chorar, bebeu e secou,
até que a lança a rasgou e, em vez de vinagre,
saiu sangue e água, que sacia e dá vida,
e transforma o vinagre em vinho da alegria!
Olho morte e vejo Vida, que estranha maravilha!

O planeta disse: “Tenho sede de carinho e de cuidado!”
e nós respondemos. “Que me importa a tua sede,
não vês que tenho sede e pressa de enriquecer?”
E a terra respondeu: “Não vês que estás em mim
e a minha sorte é a tua sorte?
Se as águas que em mim correm estão poluídas,
onde vás beber e regar as tuas plantas e os peixes viver?”
E nós respondemos: “Por agora ainda há água boa para usar,
os que vierem a seguir que se arranjem!”
E a terra respondeu. “Mas não vês que são os teus filhos e netos
que vão beber o vinagre do vinho que deixaste estragar?
Descansa um pouco, que preciso de me regenerar!”

Senhor, tenho sede, mas não sei se é a tua sede!
Bebo na tua Fonte, em Ti vivo e me movo, 
e nem percebo que estou no teu Útero de Amor!
Contemplo-Te morto e envergonho-me das minhas sedes,
tão envinagradas e tão mesquinhas!
Contemplo o teu lado aberto a sangrar graça e misericórdia
e Te peço que purifiques as minhas feridas,
para que não me sinta vítima, mas fonte de amor!
Ó morte que nos revelaste tão grande Fonte sedenta!

Comments:

Enviar um comentário





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?