segunda-feira, março 18, 2024

 

2ª feira da 5ª semana da Quaresma

 



O desejo perverteu-te o coração. Deus, que salva aqueles que esperam n’Ele. (cf. Dan 13,1-9.15-17.19-30.33-62)

 

Deus conhece a verdade mais profunda de cada um

e salva os que esperam n’Ele, com o coração contrito.

Perdoa o pecador arrependido e condena o mentiroso,

a quem o desejo perverteu o coração.

Jesus, o coração de Deus no coração do homem,

não veio para condenar mas para salvar,

desafiando-nos a todos à conversão e à compaixão.

Somos um povo de pecadores, amados e salvos por Deus,

como peregrinos da verdade e da justiça,

apoiados no cajado da misericórdia e do desejo de salvar.

 

Vivemos numa sociedade dominada pelo desejo.

Desejo de possuir e consumir; desejo de gozar e de fruir;

desejo de dominar e de vencer; desejo de ter fama e ser livre,

muitas vezes à custa da mentira, da violência,

da opressão, do abuso, da corrupção, do falso testemunho,

da exploração, do adultério, da luxúria e da injustiça.

É pela fé em Deus que deixamos de condenar os outros

para, com caridade e verdade,

nos colocarmos todos no caminho da conversão.

 

Senhor, estamos já na 5ª semana da Quaresma.

É altura de olharmos para dentro com coragem e verdade

e olharmos para fora com compaixão e profecia.

É em Ti, Jesus, que procuramos refúgio e a salvação,

quando os dedos acusadores nos humilham e matam a esperança.

Ilumina-nos com a tua Palavra e a luz do teu Espírito,

para que nos purifiques o coração de toda a perversão do desejo,

e fortaleças os nossos pés para anunciar a esperança

e buscar o perdão, batendo à porta da misericórdia e da salvação.

Dai-nos, Senhor, um coração bom, fraterno e santo!



domingo, março 17, 2024

 

5º Domingo da Quaresma

 



Hei de imprimir a minha lei no íntimo da sua alma 

e gravá-la-ei no seu coração. (cf. Jer 31,31-34)

 

O amor brota do coração, como fonte de vida,

não é o resultado de leis exteriores nem de obrigações exigidas.

Por isso, Se Deus a Moisés escreveu a lei do amor em pedras,

em Jesus Cristo, vai gravar a sua lei no coração,

pela ação do Espirito Santo que nos move a partir de dentro.

Não é um amor idílico e fácil, mas um amor incondicional,

capaz de dar a sua vida pela salvação do outro e de todos,

mesmo aqueles que não são amigos e até nos perseguem!

Jesus aprendeu a obedecer no sofrimento e na rejeição

e nós também devemos seguir o mesmo caminho!

 

É relativamente fácil ser amigos dos que nos são amigos,

gostar de estar e conviver com quem nos acolhe e compreende,

perdoar a quem já nos perdoou, dar a quem nos deu,

convidar a quem nos costuma convidar…

Mais difícil é continuar a amar um filho que nos desobedeceu

ou nos envergonhou com dependências, roubos, violências…

Mais difícil é vencer o ressentimento quando um filho,

por causa de umas heranças, deixar de falar com os pais e os irmãos,

e mataram no seu coração aqueles onde corre o mesmo sangue.

Mais difícil é perdoar aqueles em quem confiávamos e nos traíram,

e voltar a recomeçar na insegurança de uma má lembrança.

Mas é deste amor que falamos, provado no sofrimento

e gravado no coração, que nos faz optar morrer para nós mesmos

para que haja paz e todos tenham vida e vida em abundância!

 

Senhor, que para seres Pão da vida Te fizeste grão lançado à terra,

para fazeres brotar vida nova entre os espinhos da infidelidade.

Grava no meu coração a lei do amor para que apague a lei do rancor,

que muitas vezes vou gravando e reimprimindo

para que o desejo de vingança se pague e cure o ressentimento.

Espírito Santo, ajuda-nos a acolher o outro como ele é,

e a fazer tudo para que haja paz e harmonia,

e a contribuir para que o egoísmo se cure com mais amor,

provado no sofrimento como quem colhe rosas com muitos espinhos.



sábado, março 16, 2024

 

Sábado da 4ª semana da Quaresma

 



Senhor do Universo, que julgais com justiça, a Vós 

confio a minha causa. (cf. Jer 11,18-20)

 

Em Jesus encontram-se o enlevo do Pai pelo seu Filho,

o amor do Filho com o Pai e o seres humanos que salvar,

e a rejeição e a indiferença da humanidade que O quer matar.

Perante este drama de amor e trama de morte,

Jesus, com a mansidão dum cordeiro,

coloca no Pai a sua esperança e abre o coração à graça,

mesmo quando amar incondicionalmente é dar sem receber.

Hoje vivemos ainda este drama de amor divino

e de infidelidade humana, de mansidão e agressividade,

de confiança e desconfiança que o amor e a paz vencerá!

 

Muitos são julgados antes de serem conhecidos

devido aos preconceitos acerca do lugar de onde vêm.

O lugar de onde nasceu condiciona a categoria onde se arruma,

o medo ou confiança que se desenvolve,

a escuta ou a indiferença ao que é e anuncia.

O racismo, a xenofobia, descriminação…

são formas de preconceito que determinam o nosso comportamento

e cegam o nosso olhar e fecham ou abrem o nosso coração.

Jesus escolher vir da Galileia para nos mostrar isso mesmo.

Há jardins escondidos que nunca chegamos a conhecer

porque encerramos o dossier sobre o outro,

ainda antes de nos encontrarmos e conhecermos,

por causa da cor da pele ou do lugar onde nasceu,

da etnia a que pertence ou da pobreza em que vive.

 

Senhor, obrigado porque o que sabemos de Ti

ainda não nos dá direito a parar de Te procurar

no mistério insondável de um Deus que se faz homem

e nos revela um amor incompreensível e desafiador.

Liberta-nos de todo o preconceito e prejuízo,

para que a fraternidade seja possível

e nos deixemos enriquecer com a diferença do outro.

Faz da tua Igreja uma casa de oração para todos,

na mesa única da fraternidade e da justiça,

alimentada pela fé e a esperança de sermos uma só família.

 



sexta-feira, março 15, 2024

 

6ª feira da 4ª semana da Quaresma

 



Provemo-lo com ultrajes e torturas, para 

conhecermos a sua mansidão. (cf. Sab 2,1.12-22)

 

Deus é um mistério de amor que resiste ao ultraje e à traição.

A sua Palavra de aliança brota do seu coração

e não depende nem desaparece quando rejeitamos o seu Filho.

E Jesus, imagem verdadeira de seu Pai,

continua manso e afável, mesmo na perseguição e na cruz.

A sua morte e ressurreição mostram a verdade das suas palavras,

a grandeza da sua misericórdia e a incondicionalidade do seu amor.

Contemplar a sua paixão e morte é ver-nos ao espelho:

os nossos ultrajes e traições, as nossas infidelidades e pecados,

mas também o hospital da graça que continua aberto

e espera pacientemente a nossa conversão e arrependimento.

 

A doença aguda e prolongada põe à prova o amor.

O acompanhamento e o cuidado manifesta que é amigo.

A criação e educação de um filho põe à prova a mansidão

de quem acompanha e se depara com desobediências e birras.

O professor ou educador é posto à prova na sua mansidão e paciência

perante a inconstância irrefletida do adolescente e do jovem.

Muitos cansam-se, desistem de cuidar, deixam aflorar a agressividade,

perdem a ternura, estressam-se e perdem o controle.

Felizmente Deus, perante o fraco e o pecador,

fortalece ainda mais o cuidado e a busca de salvação,

e Jesus faz da sua “hora da cruz” a hora da renovação da aliança.

 

Bendito sejas, mistério de um Deus que ama as criaturas,

e se manifesta fonte de graça e misericórdia.

Louvado sejas, Filho de Deus encarnado,

que Te fizeste nosso irmão, passando na prova da cruz.

Espírito Santo, dom de sabedoria e fortaleza,

ajuda-nos a fazer das horas difíceis e injustas,

horas de testemunho do amor divino que nos habita.

Dá-nos, Senhor, um coração bom e misericordioso!



quinta-feira, março 14, 2024

 

5ª feira da 4ª semana da Quaresma

 



Fizeram um bezerro de metal fundido, prostraram-

se diante dele, ofereceram-lhe sacrifícios e 

disseram: ‘Este é o teu Deus’. (cf. Ex 32,7-14)

 

Deus é o autor de todas as coisas e seres vivos.

O ser humano gostou do brilho do ouro e da prata,

e adornou-se com ele, usando-os como moeda de troca.

Para se apoderar destes metais preciosos,

ofereceu-se como força de trabalho, sacrificou-se,

correu riscos, transformando-os como fins imprescindíveis,

em vez de os tomar como meios instrumentais e simbólicos.

Rapidamente o dinheiro tomou o lugar de Deus,

nele se colocou a nossa esperança e segurança

e se confundiu a felicidade com o acumular riquezas e poder.

O Filho de Deus veio sem sinais de poder e de riqueza,

para nos restituir o verdadeiro Deus,

não criado pelas mãos humanas,

nem reduzido a brilho de metal fundido.

 

Por causa do dinheiro somos capazes de nos esgotar a trabalhar,

de migrar renunciando ao calor de quem amamos,

de mentir e de abdicar de uma boa convivência,

de prejudicar a nossa saúde ou explorar a fragilidade do necessitado…

É um deus, por nós criado, que sofre dos mesmos vícios dos humanos,

que escraviza, engana, sacrifica e suga aqueles que o adoram.

É um ídolo que cria dependências e modas que sustentam tendências,

criam mundos de exclusão, e até alimentam indústrias desumanas

como o mercado de armas, tráfico de pessoas e de órgãos,

narcotráficos, negócios de guerra e de saúde…

É estranho este ídolo nos fazer tanto mal e atrai tantos adeptos!

 

Senhor Jesus, que te fizestes pobre para nos enriquecer a todos,

livre para servir e amar, proposta de salvação da nossa alienação.

Aumenta a nossa fé e confiança neste caminho de seguimento evangélico,

para que não vivamos cegos pela urgência de possuir

nem escravos das novidades, das modas e do consumismo.

Purifica a nossa fé para que não caiamos na tentação

de criar deuses à nossa medida e semelhança,

mas nos deixarmos transformar, pela conversão,

até chegarmos à estatura e imagem de Jesus, o Filho de Deus.


quarta-feira, março 13, 2024

 

4ª feira da 4ª semana da Quaresma

 



Pode a mulher não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Eu nunca te esquecerei. (cf. Is 49,8-15)

 

Nós e toda a criação somos o fruto das entradas de Deus,

um pedaço de pó amassado com o amor e a liberdade divina,

vida que bebe da Vida invisível de Deus,

misericórdia e graça que nos cura o coração da morte do pecado.

O Batismo é dia novo que nos abre a porta do 8º Dia da ressurreição,

porta essa que fica aberta para entrar e para sair,

e que faz da missão de Deus um trabalho ardoroso de pastor,

porque não quer que ninguém se perca nem obrigar ninguém.

Deus é um coração de mãe e de pai que nos olha com ternura

e jamais esquece a sua aliança, o fruto das suas entranhas.

 

Pode uma mãe esquecer e odiar o fruto das suas entranhas?

Sim, o aborto procurado que o diga,

o abandono pós parto que o manifeste,

o tráfico de crianças e a exploração de menores que o revele,

as guerras que matam crianças inocentes

ou os transformam em crianças soldados que o denunciem.

Há muita miséria, divórcio e realização pessoal que esquece os filhos.

A vida de individualismo e de indiferença faz esquecer muita gente

na solidão da velhice, no sofrimento do hospital,

na comodidade dos lares séniores, na cela de uma prisão

nas periferias de uma cidade, nas ruas frias da pobreza…

 

Bom Pai e Mãe de cujas entranhas nascemos

e sob o olhar de amor permanecemos,

obrigado por nos teres a todos inscritos no teu coração.

Bendito sejas por seres missão redentora,

que não se cansa de procurar conquistar-nos o coração,

nos purificar os desejos e a vontade, nos perdoares os pecados,

nos curares as feridas do ódio e do ressentimento,

e nos enviares em missão de amar os esquecidos.

Ajudai o Papa Francisco, neste 11º aniversário de eleição,

a ser um bom pastor da Igreja, à imagem do bom Pastor,

Jesus Cristo!



terça-feira, março 12, 2024

 

3ª feira da 4ª semana da Quaresma

 



Aonde esta água chegar, tornar-se-ão sãs as outras 

águas e haverá vida por toda a parte. (cf. Ez 47,1-9.12)

 

Deus é fonte de vida. Ele cria, purifica, sacia, fecunda.

O templo é o sinal da sua presença e da sua ação,

dele brota a palavra do amor e nele se abre a comunhão,

que liga o Céu à terra e as pessoas como povo de irmãos.

Mas Deus, fonte de vida, não é um lugar estático,

mas uma Pessoa que vem ao nosso encontro

para nos curar e salvar, e nos libertar das piscinas inacessíveis.

As águas do Batismo são o sacramento da graça de Cristo

que nos purifica do pecado e rega o coração que ama.

 

A água é símbolo e fonte de vida.

Sem água boa e regular a terra torna-se desértica e árida.

O nosso corpo é essencialmente água,

que, por isso, também pode ser contaminado e poluído

pelo que comemos, bebemos e respiramos.

Cuidar da água e usa-la com respeito e medida,

é assegurar qualidade de vida e equilíbrio ecológico.

A água é nossa mãe e nela nascemos,

nela nos lavamos e regeneramos,

por ela, nós e a terra, damos fruto e nos multiplicamos.

Na água do Batismo temos acesso à água do Espírito

que brota do coração de Jesus na Cruz.

 

Senhor, pelas tuas chagas fomos curados

e no teu lado aberto fomos regenerados e salvos.

Obrigado porque nos chamaste ao Batismo

e nos purificastes dos nossos pecados,

dando-nos a graça de escutar a tua Palavra

e alimentar-nos do teu Corpo.

Espírito Santo faz que do nosso coração

jorre a água da santidade, a torrente do amor,

e a fecundidade da comunhão e da paz.

Ajuda-nos a ser Igreja, Corpo de Cristo,

que germine a esperança num mundo novo.


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