sexta-feira, janeiro 31, 2014

 

6ª feira da 3ª semana do tempo Comum – S. João Bosco


Na altura em que os reis costumam sair para a guerra, David ficou em Jerusalém. (cf. 2 Sam 11,1-4a.5-10a.13-17)

Deus chamou David para ser pastor de Israel,
mas ele instalou-se no seu palácio como dono do povo,
entregue ao ócio e ao capricho dos seus instintos.
Uma má opção de vida determina uma cadeia de pecados:
cobiça da mulher alheia, adultério, mentira, assassínio.
A bênção de Deus, a Arca da Aliança em Jerusalém,
os louvores ao Senhor com arpas e Salmos...
tudo ficou eclipsado por um coração encurvado sobre si.

A nossa vida é como um campo aberto,
nele cresce a semente que se acolhe e cuida.
Se somos cristãos e acolhemos a Palavra de Deus
a nossa vida crescerá em serviço de louvor e de amor;
se nos instalamos no estatuto de cristãos ou consagrados,
mas deixamos semear no coração o joio do comodismo,
a erva daninha do capricho e da auto-satisfação,
o mato da fama, do poder e do prazer,
então o que era santo pode tornar-se num pecador escondido.
A incoerência e duplicidade de vida gasta energia em mentiras
que tentam esconder a verdade e impedir a conversão.

Senhor Jesus, Caminho, Verdade e Vida,
fecunda o nosso coração com a semente da vigilância,
alimentada pela Tua palavra e pelo Teu Corpo.
Espírito Santo, fonte de santidade e fortaleza,
ajuda-nos a fazer do exame de consciência
um meio de conversão contínua e de humildade pro-ativa.
Deus, verdade eterna, cura-nos da mentira oportuna

e da incoerência instalada no segredo cheio de trevas.

quinta-feira, janeiro 30, 2014

 

5ª feira a 3ª semana do tempo Comum

Quem sou eu, Senhor Deus para me terdes feito chegar até aqui? (cf. 2 Sam 7,18-19.24-29)

É perante a abundância da graça de Deus
que sentimos a pequenez do nada que merecemos
e a surpresa do engrandecimento com que fomos abençoados.
David reza, num espanto agradecido e humildade sincera,
confiando a sua vida e a sua descendência à bênção do Senhor.
Jesus é o culminar desta descendência abençoada,
canal da graça e fonte de luz para todos.

A ação de graças, na oração, nasce dum olhar novo,
um espanto inesperado perante a gratuitidade do amor,
um olhar a rotina como milagre multiplicado,
um confiar, mesmo sem entender,
que tudo concorre para nosso bem.
É inspirar a brisa da vida, generosamente doada,
e expirar o louvor incontido à Nuvem do acolhimento,
em festa do filho perdido, retornado à Casa da Misericórdia.

Senhor, quem sou eu para me amares assim sem medida?
Como posso agradecer-Te a esmola contínua do Teu perdão?
Quem sou eu para me chamares à santidade e felicidade eterna?
Será que mereço ser chamado Teu filho, assim tão inconstante?
Quem sou eu para me chamares a ser administrador da Tua graça,
a ser lâmpada que ilumina as trevas da desesperança,
a ser canal de amor e salvação que não nos pertence?

A Ti, Deus, uno e trino, toda a honra e glória para sempre! Ámen!

quarta-feira, janeiro 29, 2014

 

4ª feira da 3ª semana do Tempo Comum – S. José Freinademetz


Estive contigo em toda a parte por onde andaste. (cf. 2 Sam 7,4-17)

Deus não cabe em casas ou templos de matéria inerte,
mas tudo cabe nele e nele tem o fundamento e a vida.
É o amor por nós que faz o Senhor do Universo
aceitar ser peregrino e companheiro,
semeador de amor em corações desorientados.
Deus é amor e só num coração que ama pode habitar.

Houve cruzadas para libertar a “Terra Santa”;
há grande indignação se um templo é desrespeitado...
mas como reagimos quando um coração inocente é violado
ou uma pessoa indefesa é explorada e escravizada?
Os templos são lugares de encontro e de alimento da fé
e de construção de fraternidade segundo a Aliança.
Quem os frequenta abre-se à inabitação de Deus
e relaciona-se com os outros com respeito sagrado.

Senhor do universo, fonte do Ser que nos faz ser,
abre os olhos da nossa fé ao mistério da Tua presença.
Alarga o espaço da tenda do nosso coração
à brisa suave e fecunda da Tua Palavra de Vida.
Como S. José Freinademetz faz de nós reflexo do Teu amor
e ensina-nos a linguagem do testemunho evangelizador,
que salva a esperança e gera a caridade entre irmãos adotados,

no mistério dum amor anterior, crucificado e universal.

terça-feira, janeiro 28, 2014

 

3ª feira 3ª semana do Tempo Comum


David trouxe a arca de Deus para a «Cidade de David» entre manifestações de alegria. (cf. 2 Sam 6,12b-15.17-19)

David, no fulgor da sua glória, não esqueceu Deus.
Preparou um tenda e foi buscar, em clima de festa,
o símbolo da Sua presença: a arca da Aliança.
No reinado de David há lugar para o reinado de Deus.
O desafio é aceitar a Lei da Aliança como inspiradora
das relações sociais, políticas, militares e religiosas
do bastão de poder de David, Seu servo.

Os símbolos religiosos, presentes no quotidiano,
são importantes como memória da omnipresença de Deus.
Uma cruz, uma medalha, uma imagem, uma Bíblia, um templo...
surpreendem-nos, na corrida do tempo, com o eterno sagrado.
Mas o símbolo, como qualquer mediação, é frágil e manobrável,
podemos usa-lo como aviso de Amigo ou como amuleto mágico,
como apelo à conversão ou tentativa de pôr Deus ao nosso serviço.

Senhor, Deus da Aliança e Luzeiro da justiça,
ajuda-nos a não prender a cruz em fios de ouro,
mas a prender o coração na Tua cruz de salvação.
Ensina-nos a abrir todos os dias a Tua Palavra
e a meditar, com acolhimento, a Tua Lei de vida eterna.
Queremos pertencer ao povo da Aliança, família de Jesus,

que traz no coração o desejo de fazer sempre a vontade de Deus.

segunda-feira, janeiro 27, 2014

 

2ª feira da 3ª semana do Tempo Comum


David tornava-se cada vez mais poderoso e o Senhor, Deus do Universo, estava com ele. (cf. 2 Sam 5,1-7.10)

Deus não é monárquico nem republicano.
Serve-se de diferentes mediações para cuidar do seu povo,
a quem Deus ama como Pai, Esposo e Pastor.
Ele está com David pois David está com Deus,
como servo fiel e promotor da Aliança e da justiça.
Deus é graça, mas necessita de um canal sem resistências.

A insegurança dum mundo em crise de valores,
gera a desconfiança e o medo de tudo e de todos.
Há pessoas possuídas pelo pânico do “mal espiritual”:
medo de pragas, de bruxedos, de almas do outro mundo...
Buscam sucessivas “pessoas de virtude” para se libertarem.
Com um sentimento de impotência, sentem-se perdidos,
esquecendo Aquele que “venceu o mundo”
e é o único que nos pode libertar do mal para sempre.

Senhor Jesus, nosso Senhor e salvador,
aumenta a nossa fé e liberta-nos de todo mal.
Faz-nos sentir a força da Tua mão amiga
e conduz-nos pelos caminhos da justiça e do amor.
Que a sombra do Teu Espírito ilumine os nossos passos
e nos acompanhe em todos os dias da nossa vida,

até que um dia a eternidade se faça encontro definitivo.

domingo, janeiro 26, 2014

 

VEM E SEGUE-ME


Hoje, como sempre, Senhor,
Movido por nosso amor,
Continuas a passar
Junto a quem está na praia,
Pensativo e a olhar,
Triste e desanimado,
Por ter o barco parado
E sem peixe p’ra pescar.
Teu coração estremece
E chamas, como quem pede:
VEM E SEGUE-ME.
VEM COMIGO, AO ALTO MAR,
QUE EU TE ENSINO A PESCAR,
COM OUTRO TIPO DE REDES.

Confiando em Ti, eu digo:
Eis-me aqui. Conta comigo,
Na certeza que transformas
A minha fraqueza em força,
E dás, aos meus pés pesados,
A ligeireza da águia
E a agilidade da corça.

Como Tu, eu quero amar,
A todos, sem distinção,
Não olhando à aparência,
Nem mesmo à inteligência,
Ou social condição,
Mas servir, com reverência,
Todo e qualquer irmão,
Como bom samaritano
De quem encontrar ferido,
Desprezado e incompreendido,
Ou, no vale da indiferença,
Atirado para o chão.

Dá-me força para amar
E servir, sem condição,
Numa entrega/doação,
Levando a Tua Palavra
Em cada gesto e acção.

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 26.1.2014

 

3º Domingo do Tempo Comum


Cristo não me enviou para batizar, mas para anunciar o Evangelho.(cf. 1 Cor 1,10-13.17)

Jesus é a Luz da salvação que brilha na Galileia dos Gentios.
É uma Luz que se propaga por contágio e atração,
por isso, Jesus começa desde logo a chamar discípulos
para fazer deles tochas, alimentadas pelo mesmo Espírito,
e os enviar a levar a mesma Luz a toda a criatura.
Quando se cala a Voz que prepara os caminhos do Senhor,
inicia a Voz dAquele que estava para vir e era desde sempre.
Os passos do Filho de Deus surpreendem-nos a bater-nos à porta
e a convidar-nos a altear os umbrais da nossa conversão.

Na administração dos sacramentos há pessoas que se distraem
com pormenores de vanglória e divisão:
querem ser batizados ou receber a 1ª comunhão só do padre tal;
só querem casar, se for naquela capela tão gira e romântica;
só vão à missa se for tal padre, bispo ou Papa a presidir;
sonham ser ordenados sacerdotes pelo Papa ou tal bispo...
Cristo não será sempre a mesma Luz de salvação,
independentemente do ministro ou do lugar onde é administrado?
S. Paulo até diz que a sabedoria e a fama do evangelizador
acaba por ser um ruído que pode desvirtuar da cruz de Cristo.

Senhor Jesus, Luz peregrina e Palavra de salvação,
que continuas viva e gratuita a bater-nos à porta,
faz de nós fachos ardentes com anseios de partilha e doação
para que a Tua boa nova encontre em nós
parceiros fieis da Tua Missão evangelizadora e salvadora.

Cura-nos das divisões e vanglórias que desvirtuam a Tua Cruz.

sábado, janeiro 25, 2014

 

BUSCA DA UNIDADE NA DIVERSIDADE


Senhor, Deus de bondade,
Ilumina-me, como a Paulo,
No caminho da conversão,
De modo a descobrir-Te
Presente em cada irmão
E a procurar encontrar
Teu projecto de unidade,
No diálogo, com todos,
Em escuta e simplicidade.

Que em cada gesto orante,
De fé, vida e acção,
Buscador da unidade,
Se transforme em gotas de água,
Transparente e refrescante,
Que regue a todo o instante
Os humanos corações,
Sedentos de paz e de bem,
Por meio de toques de amor
Que afastem as tensões
E permitam comungar
O belo e o positivo,
Em cada um existente,
Sinal de que estás presente,
Em todos e cada um,
Como Deus e Pai comum,
Justo, terno e clemente,
Meio possibilitante
De evitar as divisões,
Que fomentam tantas guerras,
Entre povos e nações,
E, até mesmo, gerações.

Só o Teu amor é fonte
Da oração que se faz ponte,
Da verdadeira unidade,
Em Ti, Senhor, que és só Um,
E te dizes sempre amor,
Na diversidade existente,
Em toda a humanidade,
Como um convite insistente,
A descobrir a união,
Nas migalhas feitas pão,
De paz e fraternidade.

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 25.1.2014

 

Festa da conversão de S. Paulo


Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, porque Me persegues?’. (cf. At 22,3-16)

Jesus conhece o zelo de Saulo e sabe que age por cegueira.
Pensa que está a defender Deus e persegue o Seu Filho
ao perseguir os discípulos de Jesus, membros do seu Corpo.
A voz de Deus ouve-se quando a luz do céu cega as nossas certezas
e nos derruba do nosso orgulho violento e destruidor.
É a partir de baixo, da humildade do discípulo-toda-a-vida
que descobrimos Deus presente no irmão, mesmo diferente.
Ser batizado em Cristo é deixar-se conduzir pela mão da graça
e testemunhar o amor eterno dAquele a quem perseguimos.

Estamos no final da semana de oração pelos cristãos.
Ao longo da história houve cegueiras de separação,
zelos de perseguição e excomunhão, mau olhar de deformação.
Para exaltar o pedaço da nossa Igreja, desvalorizamos as outras.
O fundamental do seguimento de Cristo é a caridade.
Apesar de triste por ter um Corpo dilacerado e dividido,
Jesus continua a perfumar de santidade os que lhe são fieis,
independentemente das várias confissões cristãs a que pertencem.

Senhor Jesus cega-nos com a Tua Luz e cura o nosso olhar mau
que desfigura o irmão e se tenta apoderar de Deus pela força.
Envia-nos o Teu Espírito de discernimento e de comunhão
para que saibamos aprender com cada Igreja
os apelos comuns de conversão e fidelidade ao Teu seguimento.
S. Paulo intercede por cada um de nós
para que possamos dar um testemunho credível

da boa nova de Jesus que nos surpreende a todos com a Sua Luz.

sexta-feira, janeiro 24, 2014

 

6ª feira da 2ª semana do Tempo Comum – S. Francisco de Sales


Tu és mais justo do que eu, porque me tens feito bem e eu tenho-te feito mal. (cf. 1 Sam 24,3-21)

Deus é o Justo! Da sua bondade brota a nossa salvação.
Escolheu-nos como colaboradores e parceiros da Sua aliança,
salvou-nos dos nossos pecados e da morte eterna,
mas a nossa resposta nem sempre tem sido correspondente.
David manifestou a bondade dum ungido de Deus
ao poupar a vida de Saul no refúgio da oportunidade.
Se a oportunidade faz (revela) o ladrão e o assassínio,
também faz (revela) o santo, o justo, o misericordioso.

Pelo Batismo fomos ungidos pelo Senhor,
Filhos de Deus por dom e por opção.
Usar de violência contra o outro é ofender a Deus,
e revelar a maldade escondida nos porões do coração.
Há muita maldade revelada no segredo das relações familiares,
muita cobiça manifestada na oportunidade do negócio,
muita mentira escondida na injustiça e traição,
muito egoísmo disfarçado de indiferença e omissão.

Senhor de bondade e misericórdia infinita
purifica o nosso coração e unge-o com o Teu Espírito,
para que a oportunidade revele um coração puro e pacífico.
Liberta-nos do ódio, da vingança e da cobiça camuflada
que se manifestam nas chamadas “oportunidades de ouro”.
Dá-nos a fortaleza do Espírito e o dom do discernimento
para que em situações de poder e de riqueza

não empobreçamos em justiça e compaixão com o mais fraco.

quinta-feira, janeiro 23, 2014

 

5ª feira da 2ª semana do Tempo Comum


Saul começou a ver David com maus olhos. (cf. 1 Sam 18,6-9,19,1-7)

Deus dá a cada um os Seus dons para o bem comum.
Como numa equipa de futebol, uns marcam golos,
outros defendem-nos, todos constróiem o jogo,
o treinador orienta, o árbitro regula, a assistência aplaude.
Se começa a haver inveja ou desconfiança entre eles,
e o amor de si se sobrepõe ao amor do clube,
a equipa e o espetáculo deixam de funcionar.
Saul começou a ver David com maus olhos
porque o povo o exaltou como grande guerreiro.
Jónatas, filho de Saul e amigo de David,
porque ama os dois, faz de mediador da paz e da vida.

Os que se sentem pequenos em relação aos seus colaboradores,
têm medo e perseguem quem lhes possa fazer sombra,
por isso, rodeiam-se de pessoas medíocres e submissas.
O verdadeiro líder busca pessoas mais capazes que ele,
para o aconselhar e elevar o nível da equipa.
A inveja e o medo do outro são destrutivos.
Só o amor, descentrado para o bem comum, purifica o olhar.

Senhor Jesus, faz de nós pessoas com olhar bom, como Jónatas,
cuja felicidade é promover a paz e da vida para todos.
Liberta-nos dos maus espíritos que confessam a fé com os lábios,
mas a negam com as obras, as atitudes e valores éticos.
Ensina-nos a arte trinitária de vida em comunidade,
para que aprendamos a conjugar dons e diversidade,

qualidade e humildade, diálogo e complementaridade.

quarta-feira, janeiro 22, 2014

 

4ª feira da 2ª semana do tempo Comum


Porque esta guerra é do Senhor. (cf. 1 Sam 17,32-33.37.40-51)

A guerra de Deus é o combate contra o mal e a arrogância,
e a defesa da vida, em aliança e justiça para todos.
Deus atua pelos que fazem do serviço humilde uma entrega
e confiam mais no Senhor do que na sua força e nas armas.
David vence Golias porque entra nesta “guerra de Deus”,
que derruba os poderosos dos seus tronos e exalta os humildes.
Jesus coloca no centro a cura do homem de mão paralítica
e o fazer o bem, que não tem dias de folga nem abstinência.

Desde criança que as nossas guerras são
para ver quem é o mais forte e quem ganha.
Estas provas de força, quando adultos, testam-se
no campo social, afetivo, económico, político e religioso.
Consagrou de tal forma a competitividade
que já se fala em guerra de sexos, de gerações, de partidos,
de marcas comerciais, de audiências, de religiões, de classes...
Estas são as nossas guerras e não as de Deus!

Senhor, Deus da vida e da salvação da raiz do mal,
liberta-nos das armaduras do egoísmo e da arrogância
e reveste-nos com a armadura da fé e de fidelidade a Ti.
Faz de nós militantes mansos e humildes da Tua guerra
em defesa da vida e da justiça para todos.
Torna-nos competitivos na solidariedade e no amor,

na integração do fraco e do marginalizado.

terça-feira, janeiro 21, 2014

 

3ª feira da 2ª semana do Tempo Comum


Deus não vê como o homem: o homem olha às aparências, o Senhor vê o coração. (cf. 1 Sam 16,1-13)

O corpo revela e esconde a verdade do mistério da pessoa.
Há corpos belos e fortes que escondem monstros ardilosos,
e há corpos deformados e frágeis que nos surpreendem
como anjos ternos que temperam as relações de justiça e caridade.
O olhar humano deixa-se hipnotizar pelas aparências,
o olhar de Deus contempla a verdade dos corações,
sem a julgar nem invadir, sem envergonhar nem a revelar.
Na hora de chamar e escolher alguém para uma missão,
Deus elege os que têm coração de pastor e confiança de leão,
e envia-lhes o seu Espírito para os purificar e conduzir.

Hoje investe-se muito na formação profissional,
mas pouco na educação do coração e na maturidade afetiva.
O resultado são doutores em conhecimentos,
mas adolescentes em valores, em ética, em sensibilidade, em fé.
As praxes universitárias revelam isso mesmo:
quase doutores a introduzir os novatos na humilhação,
na agressividade gratuita, no álcool e na bestialidade coletiva.

Senhor, obrigado pelo Teu amor puro e confiante,
apesar de conheceres a nossa verdade mais íntima e secreta,
mesmo as sombras mais escuras que nos envergonham.
Obrigado pelo Teu olhar misericordioso e terno
com que nos levantas e reforças com o dom do Teu Espírito.
Obrigado porque nos chamas a ser sócios da Tua Missão

e confias em nós os tesouros da tua graça e libertação. 

segunda-feira, janeiro 20, 2014

 

2ª feira da 2ª semana do Tempo Comum


A obediência vale mais do que os sacrifícios. (cf. 1 Sam 15,16-23)

Saul trocou o mistério da obediência à voz do Senhor
pelo orgulho da oferta de grandes sacrifícios no templo.
O povo assim lhe pediu e ele, no calor da vitória,
obedeceu mais ao povo do que a Deus.
É um pequeno pormenor que parece não ofender a obediência,
mas que faz toda a diferença, pois consagra o relativismo subjetivo.
O profeta diz-lhe que um rei assim, sem coluna vertebral na fé,
não serve para governar o povo da aliança.

Hoje achamos normal termos a “nossa” fé.
Mesmo os chamados praticantes vão misturando e justificando
práticas religiosas e opções éticas pouco cristãs.
Balança-se entre o relativismo subjetivo e laxista
e o fundamentalismo meticuloso e agressivo.
Os dois extremos tocam-se e estão feridos na raiz:
falta-lhe a liberdade para deixar Deus conduzir-nos
na aventura da fé que exige um discernimento contínuo
e uma conversão permanente, à luz da Palavra e da Igreja.

Senhor da Aliança e da libertação da humanidade
dá-nos um coração dócil e firme na adesão à Tua vontade.
Ensina-nos a acolher a vida como uma aventura na fé,
sempre à escuta do Teu coração libertador,
sempre recomeçando a partir de Cristo, nosso salvador,
sempre testada na caridade das relações com Deus e os outros.
Que o Teu Espírito seja a Luz das nossas opções
e o discernimento inquieto o ritmo dos nossos passos.

Faz de nós amigos do Esposo na festa da Aliança e da Vida.

domingo, janeiro 19, 2014

 

VOU FAZER DE TI LUZ DAS NAÇÕES


Todo o que vive nas trevas,
Aspira poder ver a luz,
E todo o que anda oprimido
Anseia a libertação
Que à vida traga sentido,
Como deseja o próprio Deus,
Que no Seu Filho Jesus,
Veio oferecer a todos
A paz e a salvação.

Eis porque a Vocação
É um ministério sagrado
Duma vida/doação
A Deus e cada irmão,
De quem se sentiu chamado,
Escolhido e enviado,
Para, em nome do Senhor,
Ser sinal libertador
Dos pobres e excluídos,
Por sistemas de pecado
De poderes instituídos
Que exploram e vitimizam
Os mais frágeis e mais fracos.

Feliz aqueles que ouvem
Os apelos do Senhor
E, confiantes, respondem
Com vida de fé e amor,
Para serem sinais vivos
Da Sua santa vontade,
Que é de justiça e bondade,
Conforme o plano de Deus
Que é de paz e salvação,
Para todos os filhos Seus.

IMPRIME, MEU BOM SENHOR,
EM MEU POBRE CORAÇÃO,
AQUELE CANTO DE AMOR,
QUE ANUNCIE, EM TODA A PARTE,
TEU SONHO DE SALVAÇÃO,
EM JESUS QUE, DO PECADO,
NOS PURIFICA E LIBERTA,
LEVANDO LUZ ÀS NAÇÕES
E A PAZ AOS CORAÇÕES.

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 19.1.2014

 

2º Domingo do Tempo Comum


«Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha glória» (cf. Is 49,3.5-6)

Deus manifesta a Sua glória por meio de mediações.
A eternidade espera, em dores de parto, que haja alguém,
que no tempo, se disponha a nascer Seu servo,
com olhar atento e coração aberto à Sua vontade
e pés de peregrino para realizar a Sua Missão.
Quando se aceita nascer servo e Deus ser a sua força,
manifesta-se: “Israel, servo de Deus e luz das nações”,
“a Igreja de Deus que está em Corinto”,
“o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”,
“o Ungido do Senhor que batiza no Espírito”.

Deus quer continuar a manifestar a Sua glória
e somos nós, os crentes, que devemos dar corpo a esta Missão.
É o caminho do “ainda não basta” de escuta, de acolhimento,
de serviço, de coerência, de doação de vida, de testemunho,
de disponibilidade para partir, de conversão para recomeçar.
O perigo é querer fazer do “servo” um “ministro de honra”,
da sabedoria um instrumento de domínio e exclusão,
do sagrado uma realidade desencarnada e puramente ritual,
da missão uma estratégia de marketing e de poder.

Senhor, nosso Deus, obrigado porque pensaste em nós
para manifestar a Tua glória de beleza e santidade,
aos que estão próximos e aos que estão longe.
Envia-nos o Teu Espírito e sê a nossa força
para que cada Igreja cresça em unidade, caridade e santidade.
Alimenta-nos assiduamente com o Cordeiro de Deus,
para que, como pessoas e como comunidade,
sejamos luz de esperança e manifestação do teu Filho.



sábado, janeiro 18, 2014

 

HISTÓRIA DUMA SEMENTE


Era uma vez, uma semente
Que, ao cair na terra,
Foi logo bem acolhida,
Com uma estima tão grande
Que fez acordar do sono
A vida nela contida.
E o universo inteiro
Se uniu fraternalmente,
Para proteger a vida
Que dormia na semente.

As nuvens deram-se as mãos
E todas juntas valsaram.
Possuídas de alegria,
Felizes, dançaram tanto
Que surgiram, por encanto,
Gotinhas de água, no céu,
Suspensas, formando um véu.

Aumentaram de volume
E, de pesadas, caíram,
Na terra que suspirava
Por água para a semente
Que, só depois de regada,
Convidada pelo sol,
Entrega-se confiante
Ao milagre da existência.

Cresce, então, silenciosa
E oferece, generosa,
Folhas, flores e frutos,
Delícia para as crianças
E consolo dos adultos.

Entra em verdadeiro êxtase,
Ao ver-se, assim, transformada
E ao ouvir as próprias aves,
Por entre os ramos pousadas,
Soltar chilreios suaves,
Sentindo-se abençoadas.

E toda a gente encantada,
Com tão grande maravilha,
Pôs-se a cantar, também,
Hinos de amor à vida,
A procurar mais sementes,
Na Palavra do Senhor,
E a abrir-se ao sol da graça,
À sua luz e calor,
Sob o cuidado amoroso
Do próprio Semeador.

Maria Lina da Silva, fmm-Lisboa, 18.1.2014

(Inspiração inédita de 27.11.2004)        

 

Sábado da 1ª semana do Tempo Comum


Põe-te a caminho, para procurares as jumentas. (cf. 1 Sam 9,1-4.17-19; 10,1a)

Deus escolhe Saúl para ser o primeiro rei de Israel.
Era jovem, belo, alto, obediente ao pai
e persistente na busca das jumentas perdidas da família.
Enquanto procura as jumentas vai descobrindo um povo perdido
e um profeta acolhedor que o espera em nome de Deus:
“Fica comigo, amanhã te direi tudo o que tens no coração!”.
Deus unge-o rei, por meio de Samuel, para salvar o seu povo.
É Deus quem escolhe e chama, uns de pastores a rei,
outros de cobradores de impostos a anunciadores da graça.

Somos uma sociedade de produção de lixo.
O tempo torna tudo descartável, as coisas e as pessoas.
A preocupação pelo perdido deixou de nos ocupar o coração.
Felizmente a ecologia recuperou o conceito de reciclagem
e a Igreja e alguns movimentos sociais continuam a lutar
pelo valor da pessoa humana, em todos as fases e formas de vida.
A nova evangelização nasce desta atenção ao perdido de fé.

Senhor Jesus, compaixão que se fixa na generosidade do coração,
mesmo quando ferida pelo zelo egoísta do cobrador de impostos,
obrigado porque nos chamas a cada um, no lugar onde estamos,
a sermos buscadores do perdido e cuidadores do frágil.
Faz de nós aprendizes da Tua arte de cura, personalizada no doente,

para que sejamos Tua Missão aonde quer que nos envies.

sexta-feira, janeiro 17, 2014

 

6ª feira da 1ª semana do tempo Comum


Queremos um rei e assim seremos como todos os outros povos: (cf. 1 Sam 8,4-7.10-22a)

O reino de Deus baseia-se na Lei da Aliança.
Promove a união de pessoas, a solidariedade, a paz entre os povos,
o respeito pela justiça, a luta contra o mal, o louvor a Deus.
Deus reina por meio de mediações: profetas, juízes, sacerdotes, reis...
Sem fidelidade à Aliança, 
as mediações tornam-se "senhores do reino",
iguais aos outros povos na tirania e na injustiça,
na corrupção e no descuido do bem comum.

Há diversas formas políticas de organizar a sociedade:
republicana e monárquica, democrática e oligárquica...
Cada uma delas, só por si, não garante o bem comum e a justiça.
Se estiverem feridas pelo pecado da corrupção e da injustiça,
seja qual for o regime político, dará sempre os mesmos frutos.
Os políticos, as forças de segurança e a sociedade civil
precisam de compreender que somos todos irmãos,
filhos dum mesmo Pai e criador do universo,
e, por isso, devem apenas assegurar e promover o bem comum.

Senhor, Pai Santo, venha sobre o nós o Teu Reino
e liberta o nosso coração da tirania do pecado.
Senhor Jesus, Rei que nos lava os pés e reina servindo,
destrona os nossos sonhos de domínio em condomínio fechado.
Ajuda-nos a ser os pés e os braços amigos do paralítico,
acorrentado pelo mal, a marginalidade e a injustiça,
que o conduzimos ao Médico das almas e dos corpos.
Reina em nós para que nos tornemos parceiros da Tua Aliança

e a paz, a fraternidade e a justiça floresça nas nossas sociedades.

quinta-feira, janeiro 16, 2014

 

5ª feira da 1ª semana do Tempo Comum


Então o povo mandou buscar a Silo a arca da aliança do Senhor do Universo. (cf. 1 Sam 4,1-11)

O povo colocou a aliança numa arca e não no coração.
Guardou-a num templo e não a levou para a vida.
Combateu os inimigos com as armas da iniquidade
e perdeu vidas, perdeu liberdade e forças.
Só na desgraça é que se lembrou da arca da aliança,
não como Lei divina que conduz e converte,
mas como amuleto de sorte, requisitado como escudo mágico.
No combate, os filisteus vencem os israelitas e roubam a arca,
pois há muito que Israel tinha esquecido a aliança do Senhor.

Hoje, Deus está reduzido ao “senhor dos aflitos”
e a Igreja à instância de serviços religiosos especiais:
funerais, missas por alma, sacramentos e umas bênçãos.
Prolifera a busca de amuletos, medalhas milagrosas,
velas e incensos de proteção, escapulários, terços ao pescoço,
“pessoas de virtude”, cartomantes, mediuns...
Conduz-se o carro, sem observância das leis da boa condução,
mas procura-se a bênção do veículo para que não tenha acidentes!

Meu Senhor e meu Deus, nosso Pai e Salvador,
abre o nosso coração e grava nele a Lei do Teu amor.
Ensina-nos a fazer da Tua aliança o GPS da nossa vida
e do seguimento confiante de Jesus o antivírus do nosso mal.
Liberta-nos das práticas supersticiosas que se alimentam do medo
e faz do nosso coração a arca da aliança viva, como Maria,

e do nosso corpo o templo da Tua presença na vida. 

quarta-feira, janeiro 15, 2014

 

4ª feira da 1ª semana do Tempo Comum – S. Arnaldo Janssen


Samuel respondeu: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta». (cf. 1 Sam 3,1-10.19-20)

Deus chama Samuel, dom consagrado pelos pais,
a ser servo da Palavra e despertador da Aliança.
Samuel vive no templo e serve o sacerdote Eli,
mas precisa de conhecer o Senhor e escutar a Sua voz.
É o passar do “aqui estou, Heli, porque me chamaste”,
para o “falai, Senhor, que o vosso servo escuta”.
Ser profeta é ter ouvido de discípulo e olhar de aliança,
é aprender a distinguir, durante a noite da busca inquieta,
a voz do Senhor que nos desperta para a missão.

A sociologia escuta os anseios e alertas da sociedade.
A oração, parte dos sinais dos tempos para o discernimento:
“que quer Deus de mim para responder a estes sinais?”
S. Arnaldo Janssen, no séc. XIX, percebe que a Alemanha
necessita de se abrir à ação missionária.
Reza, escreve, anima, busca alguém que lidere este projeto,
até que um bispo lhe diz: “Funde você mesmo um seminário!”
Deixou de olhar para si e para as suas limitações humanas
e começou a aprender a confiar apenas no Senhor que o chamava.
A amendoeira floriu no Inverno e os frutos foram aparecendo:
três congregações missionárias enviadas a evangelizar.

Deus, verdade eterna, cremos em Ti.
Deus, nossa força e salvação, esperamos em Ti.
Deus, bondade infinita, amamos-Te de todo o coração.
Envias-te o Verbo, Salvador do mundo,
faz que nele sejamos todos um.
Infunde em nós o Espírito do Filho
para que glorifiquemos o Teu nome. Ámen.

(Oração de S. Arnaldo Janssen)

terça-feira, janeiro 14, 2014

 

3ª feira da 1ª semana do Tempo Comum


Estava apenas a desabafar diante do Senhor. (cf. 1 Sam 1,9-20)

A oração é um diálogo de corações,
cheio de confiança, lágrimas e reciprocidade no dom.
Ana, infeliz pela sua esterilidade e humilhação,
busca no Senhor a fecundidade do seu deserto
e promete-lhe, não uma vela, um animal ou dinheiro,
mas consagrar-lhe o filho-dom para toda a vida.
Samuel, “o seu nome é de Deus”,
é um dom que se faz dom
e nasce dum desabafo sentido e prolongado diante de Deus.

A oração anda inflacionada de palavras, fórmulas aprendidas,
negociatas interesseiras, rezas para despachar.
O encontro com um Amigo escondido,
o desabafo dum peregrino perdido e aflito,
a abertura ao dom desconhecido que necessito,
fica difícil de se experimentar nessas orações formais.

Senhor Jesus, Enamorado que habitas na minha alma,
cria em mim a confiança para o desabafo na oração.
Ensina-nos a rezar com o coração da fé
e a escutar com entranhas de servo, adotado como filho,
que sabe que és o primeiro a querer a nossa salvação.
Envia-nos o Teu Espírito, intimidade do Amor eterno,
para que a oração nos torne fecundos e renovados
pelo dom da Tua graça e o dom da nossa caridade.



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