segunda-feira, abril 26, 2010
Bento XVI: como escutar voz do Senhor e reconhecê-lo
CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de abril de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos, a seguir, as palavras pronunciadas pelo Papa Bento XVI hoje, antes da oração do Regina Caeli, aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
***
Queridos irmãos e irmãs:
Neste 4º Domingo da Páscoa, chamado "do Bom Pastor", celebra-se o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que este ano tem como tema "O testemunho suscita vocações", o qual está estreitamente unido à vida e à missão dos sacerdotes e dos consagrados (cf. Mensagem para o 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações).
A primeira forma de testemunho que suscita vocações é a oração, como nos mostra o exemplo de Santa Mônica, que, suplicando a Deus com humildade e insistência, obtém a graça de ver seu filho Agostinho tornar-se cristão; ele escreve: "Sem dúvida, creio e afirmo que, por suas orações, Deus me concedeu a intenção de não antepor, não querer, não pensar, não amar outra coisa a não ser a realização da verdade" (De Ordine II, 20, 52, CCL 29, 136).
Portanto, convido os pais a rezarem, para que o coração dos seus filhos se abra à escuta do Bom Pastor e até "o mais pequenino gérmen de vocação (...) faça com que se torne uma árvore frondosa, carregada de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade" (ibid.).
Como podemos escutar a voz do Senhor e reconhecê-lo? Na pregação dos Apóstolos e dos seus sucessores: nela ressoa a voz de Cristo, que convida à comunhão com Deus e à plenitude de vida, como lemos hoje o Evangelho de São João: "As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão" (Jo 10, 27-28). Somente o Bom Pastor protege com imensa ternura seu rebanho e o defende do mal, e só n'Ele os fiéis podem depositar absoluta confiança.
Neste dia especial de oração pelas vocações, exorto em particular os ministros ordenados para que, estimulados pelo Ano Sacerdotal, sintam-se comprometidos "com um mais intenso e incisivo testemunho evangélico no mundo de hoje" (Carta de proclamação).
Recordem que o sacerdote "continua na terra a obra da Redenção"; saibam "de bom grado deter-se diante do sacrário"; adiram "totalmente à sua vocação e missão mediante uma severa ascese"; tornem-se disponíveis à escuta e ao perdão; formem de maneira cristã o povo confiado a eles; cultivem cuidadosamente a fraternidade sacerdotal (cf. ibid).
Sigam o exemplo de sábios e diligentes pastores, como fez São Gregório Nazianzeno, quem escrevia dessa maneira ao amigo fraterno e bispo São Basílio: "Mostra teu amor pelas ovelhas, tua solicitude e tua capacidade de compreensão, tua vigilância (...), a severidade na doçura, a serenidade e a mansidão na atividade, (...) as lutas na defesa do rebanho, as vitórias (...) alcançadas em Cristo" (Oratio IX, 5, PG 35, 825ab).
Agradeço a todos os presentes e a todos os que, com a oração e o afeto, sustentam meu ministério de Sucessor de Pedro; e sobre cada um invoco a celeste proteção da Virgem Maria, a quem nos dirigimos agora em oração.
***
Queridos irmãos e irmãs:
Neste 4º Domingo da Páscoa, chamado "do Bom Pastor", celebra-se o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que este ano tem como tema "O testemunho suscita vocações", o qual está estreitamente unido à vida e à missão dos sacerdotes e dos consagrados (cf. Mensagem para o 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações).
A primeira forma de testemunho que suscita vocações é a oração, como nos mostra o exemplo de Santa Mônica, que, suplicando a Deus com humildade e insistência, obtém a graça de ver seu filho Agostinho tornar-se cristão; ele escreve: "Sem dúvida, creio e afirmo que, por suas orações, Deus me concedeu a intenção de não antepor, não querer, não pensar, não amar outra coisa a não ser a realização da verdade" (De Ordine II, 20, 52, CCL 29, 136).
Portanto, convido os pais a rezarem, para que o coração dos seus filhos se abra à escuta do Bom Pastor e até "o mais pequenino gérmen de vocação (...) faça com que se torne uma árvore frondosa, carregada de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade" (ibid.).
Como podemos escutar a voz do Senhor e reconhecê-lo? Na pregação dos Apóstolos e dos seus sucessores: nela ressoa a voz de Cristo, que convida à comunhão com Deus e à plenitude de vida, como lemos hoje o Evangelho de São João: "As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão" (Jo 10, 27-28). Somente o Bom Pastor protege com imensa ternura seu rebanho e o defende do mal, e só n'Ele os fiéis podem depositar absoluta confiança.
Neste dia especial de oração pelas vocações, exorto em particular os ministros ordenados para que, estimulados pelo Ano Sacerdotal, sintam-se comprometidos "com um mais intenso e incisivo testemunho evangélico no mundo de hoje" (Carta de proclamação).
Recordem que o sacerdote "continua na terra a obra da Redenção"; saibam "de bom grado deter-se diante do sacrário"; adiram "totalmente à sua vocação e missão mediante uma severa ascese"; tornem-se disponíveis à escuta e ao perdão; formem de maneira cristã o povo confiado a eles; cultivem cuidadosamente a fraternidade sacerdotal (cf. ibid).
Sigam o exemplo de sábios e diligentes pastores, como fez São Gregório Nazianzeno, quem escrevia dessa maneira ao amigo fraterno e bispo São Basílio: "Mostra teu amor pelas ovelhas, tua solicitude e tua capacidade de compreensão, tua vigilância (...), a severidade na doçura, a serenidade e a mansidão na atividade, (...) as lutas na defesa do rebanho, as vitórias (...) alcançadas em Cristo" (Oratio IX, 5, PG 35, 825ab).
Agradeço a todos os presentes e a todos os que, com a oração e o afeto, sustentam meu ministério de Sucessor de Pedro; e sobre cada um invoco a celeste proteção da Virgem Maria, a quem nos dirigimos agora em oração.
sábado, abril 24, 2010
Feliz aquele que segue o Bom Pastor
Feliz o que escuta e segue
Sempre a voz do Bom Pastor
Que, firme, o defenderá
Do lobo devorador.
Confiante em Sua voz
E firme no Seu bordão,
Entrega-lhe o coração
E vai para onde Ele for,
Seduzido e animado
Pela força do amor
Que dimana do Seu Ser,
Curando e libertando
Todo o que encontra a sofrer.
No meio de tantas vozes
Que pretendem enganar,
Confundir e dividir
Quem, distraído, as ouvir,
Só a voz do Bom Pastor
Traz, em si, a melodia
De quem o mal alivia,
Afasta todo o temor,
Garantindo paz e amor,
E desvelo em Seu cuidar
Aqueles que o Pai lhe deu
Que, para os salvar, morreu.
Mas, da morte triunfou!
Ressuscitou, glorioso,
E abriu as portas do céu,
Para que, todo o que O segue
Participe no Seu gozo,
Cante e louve eternamente,
Com toda a corte celeste,
O Cordeiro inocente,
Coroado pelo Pai
Como o Salvador da gente.
Feliz quem n’Ele confia
E O segue, noite e dia,
Porque Ele o conduzirá
Até às fontes da alegria.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 23.4.2010
Sempre a voz do Bom Pastor
Que, firme, o defenderá
Do lobo devorador.
Confiante em Sua voz
E firme no Seu bordão,
Entrega-lhe o coração
E vai para onde Ele for,
Seduzido e animado
Pela força do amor
Que dimana do Seu Ser,
Curando e libertando
Todo o que encontra a sofrer.
No meio de tantas vozes
Que pretendem enganar,
Confundir e dividir
Quem, distraído, as ouvir,
Só a voz do Bom Pastor
Traz, em si, a melodia
De quem o mal alivia,
Afasta todo o temor,
Garantindo paz e amor,
E desvelo em Seu cuidar
Aqueles que o Pai lhe deu
Que, para os salvar, morreu.
Mas, da morte triunfou!
Ressuscitou, glorioso,
E abriu as portas do céu,
Para que, todo o que O segue
Participe no Seu gozo,
Cante e louve eternamente,
Com toda a corte celeste,
O Cordeiro inocente,
Coroado pelo Pai
Como o Salvador da gente.
Feliz quem n’Ele confia
E O segue, noite e dia,
Porque Ele o conduzirá
Até às fontes da alegria.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 23.4.2010
segunda-feira, abril 19, 2010
Meu Bento XVI
Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar de Aracajú
Nunca escondi meu profundo amor por Joseph Ratzinger. É antigo: desde 1981. Em novembro daquele ano, seminarista em férias, li um texto seu. Lá havia uma frase do então Cardeal Arcebispo de Munique: “Ninguém é maduro de verdade até que tenha enfrentado sua própria solidão!” Meus olhos marejaram (como marejam agora, neste momento). Pensei: quem afirma isto só pode ser um homem de verdade, só pode ser alguém que tem uma profunda experiência de Cristo! Eis aqui um homem de Igreja que continuou homem, com um coração, com sensibilidade, com retidão!
Um ano depois, dei com uma entrevista do Cardeal, agora nomeado Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Ele afirmava: “O primeiro dever do Bispo é defender a fé dos pequenos contra a prepotência de alguns teólogos...” Vibrei de alegria! O homem era realmente católico em cada fibra: sabia que a fé supera a razão e que o Mistério não se apreende em profundidade a não ser de joelhos e bebendo a límpida fé da Mãe Igreja, fé que se manifesta sobretudo nos pequenos, nos simples, no Povo de Deus em seu dia-a-dia.
Ratzinger tornou-se para mim uma referência. Doíam-me tanto as calúnias contra ele, as afirmações de muitos adeptos da Teologia da Libertação, que deformavam a imagem e o pensamento do Cardeal de modo vergonhosamente desonesto. Lembro-me das declarações pervertidas de Leonardo Boff e companhia a respeito do Cardeal Prefeito que, generosamente, ajudara ao próprio Boff nos tempos de estudo na Alemanha... Aqui no Brasil, as editoras católicas o censuravam metodicamente... Se algum seu escrito perdido aparecia, era dos menos expressivos e importantes... A imprensa só falava do Cardeal para criticá-lo, insuflada por certos setores da Igreja no nosso País...
A coisa intensificou-se quando da doença de João Paulo II. Agora era preciso queimar de vez o Cardeal da Inquisição, o Desumano, o Ditador... Foi uma pesada campanha dentro e fora da Igreja, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa... As pessoas nunca leram nada de Ratzinger, mas o antipatizavam de todo o coração. Recordo do conhecido jornalista Alexandre Garcia, que confessou ter comprado livros de Ratzinger e lido seus textos. Tomou um susto: o homem que escrevera aquelas coisas não era nada daquele monstro que diziam... Eis: o preconceito, filho da ignorância e irmão da má-fé!
E veio o Conclave. Aquele que no céu tem o seu trono riu-se dos planos dos homens e zombou dos grandes e sabidos deste mundo. Ratzinger tornou-se Bento XVI! Ouvi entrevistas, vi matérias na imprensa nacional e internacional simplesmente vergonhosas, vi entrevistas de teólogos – recordo de um da PUC de São Paulo à TV alemã – simplesmente revoltantes: mentirosas, desonestas, caluniadoras, sem caridade...
E aí está Bento XVI: amado por seu rebanho e por tantas pessoas de boa vontade, pela gente simples, cristã, de DNA católico; homem profundo, mergulhado em Cristo, nele alicerçado; homem doce e ao mesmo tempo tão firme; homem que não tem medo de proclamar a verdade, sem gritar, sem impor, mas sem jamais escondê-la: mostra-a inteira, límpida, serena, cortante, libertadora!
No tocante à vida moral do clero, menos de um mês antes de ser eleito Papa, na via-sacra do Coliseu, afirmou sem meias palavras, desgostando a muita gente: “E que dizer da terceira queda de Jesus sob o peso da cruz? Pode talvez fazer-nos pensar na queda do homem em geral, no afastamento de muitos de Cristo, caminhando à deriva para um secularismo sem Deus. Mas não deveríamos pensar também em tudo quanto Cristo tem sofrido na sua própria Igreja? Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacramento da sua presença, frequentemente como está vazio e ruim o coração onde Ele entra! Tantas vezes celebramos apenas nós próprios, sem nos darmos conta sequer d’Ele! Quantas vezes se distorce e abusa da sua Palavra! Quão pouca fé existe em tantas teorias, quantas palavras vazias! Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta auto-suficiência! Respeitamos tão pouco o sacramento da reconciliação, onde Ele está à nossa espera para nos levantar das nossas quedas! Tudo isto está presente na sua paixão. A traição dos discípulos, a recepção indigna do seu Corpo e do seu Sangue é certamente o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe trespassa o coração. Nada mais podemos fazer que dirigir-Lhe, do mais fundo da alma, este grito: Kyrie, eleison – Senhor, salvai-nos (cf. Mt 8, 25)".
Um homem assim não passa despercebido: ou é amado ou profundamente odiado! E há muitos que odeiam este santo e bendito Papa! Foi ele que, logo ao assumir, suspendeu o Padre Marcial Maciel, sacerdote famoso e muito apreciado por João Paulo II (o Papa João Paulo desconfiava muitíssimo de acusações na área de pedofilia, porque os comunistas poloneses utilizavam muitas acusações falsas como modo de desmoralizar o clero polaco. Isto criou em João Paulo II uma tendência a não dar muito crédito às acusações. Sempre que via um padre zeloso ser acusado, a tendência era logo recordar as mentiras dos comunistas poloneses... daí, a lentidão do processo do Pe. Macial. Foi um erro compreensível, mas um erro). Bento XVI não! Suspendeu o Pe. Maciel e determinou que vivesse seu fim de vida de modo recluso e sem contato algum com os fieis, numa vida de oração e penitência. O mesmo com o conhecidíssimo italiano Pe. Luigi (Gino) Burresi. Sua punição foi severíssima. Aos Bispos sempre recomendou tolerância zero com a pedofilia. Em seus pronunciamentos sobre o tema, nunca, Papa algum foi tão direto, claro e radical: na Igreja não há lugar para pedófilos. Os pedófilos devem ser demitidos do estado clerical e os Bispos devem comunicar à justiça comum! Tanto que em seu pontificado os casos de pedofilia desabaram...
Mas, nada disso interessa à imprensa, sobretudo aos jornais anticatólicos como New York Times, La Repubblica, El País, Spiegel... Para estes não interessa a verdade: interessam os fatos distorcidos, as meia verdades que, somadas, dão uma enorme mentira, uma triste difamação, uma calúnia monstruosa... O mesmo fizeram com Pio XII... Qual o objetivo? Desautorizar um Papa incômodo, cuja única preocupação é testemunhar o Cristo com toda a inteireza da fé católica. E nada é tão incómodo e antipático quanto isto! Por isso mesmo, tudo quanto este Papa diga ou faça é distorcido, deformado e, depois, duramente criticado, até ao paroxismo...
Mas, Bento XVI seguirá seu caminho! No meu primeiro encontro com ele como Bispo novo com o Sucessor de Pedro, disse-lhe: “Santo Padre, o Povo de Deus lhe quer bem! Nós rezamos por Vossa Santidade, nós estaremos sempre ao lado de Vossa Santidade!” Ele sorriu aquele sorriso tímido, mas tão humilde e franco e disse: “Obrigado! Muito obrigado! Eu preciso tanto do vosso sustento!” Só quem não o conhece poderia pensar que ele se dobra! Ninguém é tão perigosamente livre, é tão docemente forte quanto o homem que fez de Cristo o seu refúgio, a sua luz, a sua certeza! Bento XVI – santo Bento XVI, bendito Bento XVI! – é assim.
Hoje, 29 anos depois daquele 1981, quando, de coração apertado, imagino a dor e a solidão deste homem de Deus, consolo-me pensando no gigante que ele é e vem-me forte, mansa, decidida, certa, a sua palavra: “Ninguém é maduro de verdade até que tenha enfrentado sua própria solidão!” Bento XVI é maduro, Bento XVI não tem medo da própria solidão, pois ela é toda povoada por Cristo!
Deus o abençoe sempre, Padre Santo! Deus o abençoe e o livre das mãos de seus ferozes e maldosos inimigos!
Nunca escondi meu profundo amor por Joseph Ratzinger. É antigo: desde 1981. Em novembro daquele ano, seminarista em férias, li um texto seu. Lá havia uma frase do então Cardeal Arcebispo de Munique: “Ninguém é maduro de verdade até que tenha enfrentado sua própria solidão!” Meus olhos marejaram (como marejam agora, neste momento). Pensei: quem afirma isto só pode ser um homem de verdade, só pode ser alguém que tem uma profunda experiência de Cristo! Eis aqui um homem de Igreja que continuou homem, com um coração, com sensibilidade, com retidão!
Um ano depois, dei com uma entrevista do Cardeal, agora nomeado Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Ele afirmava: “O primeiro dever do Bispo é defender a fé dos pequenos contra a prepotência de alguns teólogos...” Vibrei de alegria! O homem era realmente católico em cada fibra: sabia que a fé supera a razão e que o Mistério não se apreende em profundidade a não ser de joelhos e bebendo a límpida fé da Mãe Igreja, fé que se manifesta sobretudo nos pequenos, nos simples, no Povo de Deus em seu dia-a-dia.
Ratzinger tornou-se para mim uma referência. Doíam-me tanto as calúnias contra ele, as afirmações de muitos adeptos da Teologia da Libertação, que deformavam a imagem e o pensamento do Cardeal de modo vergonhosamente desonesto. Lembro-me das declarações pervertidas de Leonardo Boff e companhia a respeito do Cardeal Prefeito que, generosamente, ajudara ao próprio Boff nos tempos de estudo na Alemanha... Aqui no Brasil, as editoras católicas o censuravam metodicamente... Se algum seu escrito perdido aparecia, era dos menos expressivos e importantes... A imprensa só falava do Cardeal para criticá-lo, insuflada por certos setores da Igreja no nosso País...
A coisa intensificou-se quando da doença de João Paulo II. Agora era preciso queimar de vez o Cardeal da Inquisição, o Desumano, o Ditador... Foi uma pesada campanha dentro e fora da Igreja, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa... As pessoas nunca leram nada de Ratzinger, mas o antipatizavam de todo o coração. Recordo do conhecido jornalista Alexandre Garcia, que confessou ter comprado livros de Ratzinger e lido seus textos. Tomou um susto: o homem que escrevera aquelas coisas não era nada daquele monstro que diziam... Eis: o preconceito, filho da ignorância e irmão da má-fé!
E veio o Conclave. Aquele que no céu tem o seu trono riu-se dos planos dos homens e zombou dos grandes e sabidos deste mundo. Ratzinger tornou-se Bento XVI! Ouvi entrevistas, vi matérias na imprensa nacional e internacional simplesmente vergonhosas, vi entrevistas de teólogos – recordo de um da PUC de São Paulo à TV alemã – simplesmente revoltantes: mentirosas, desonestas, caluniadoras, sem caridade...
E aí está Bento XVI: amado por seu rebanho e por tantas pessoas de boa vontade, pela gente simples, cristã, de DNA católico; homem profundo, mergulhado em Cristo, nele alicerçado; homem doce e ao mesmo tempo tão firme; homem que não tem medo de proclamar a verdade, sem gritar, sem impor, mas sem jamais escondê-la: mostra-a inteira, límpida, serena, cortante, libertadora!
No tocante à vida moral do clero, menos de um mês antes de ser eleito Papa, na via-sacra do Coliseu, afirmou sem meias palavras, desgostando a muita gente: “E que dizer da terceira queda de Jesus sob o peso da cruz? Pode talvez fazer-nos pensar na queda do homem em geral, no afastamento de muitos de Cristo, caminhando à deriva para um secularismo sem Deus. Mas não deveríamos pensar também em tudo quanto Cristo tem sofrido na sua própria Igreja? Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacramento da sua presença, frequentemente como está vazio e ruim o coração onde Ele entra! Tantas vezes celebramos apenas nós próprios, sem nos darmos conta sequer d’Ele! Quantas vezes se distorce e abusa da sua Palavra! Quão pouca fé existe em tantas teorias, quantas palavras vazias! Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta auto-suficiência! Respeitamos tão pouco o sacramento da reconciliação, onde Ele está à nossa espera para nos levantar das nossas quedas! Tudo isto está presente na sua paixão. A traição dos discípulos, a recepção indigna do seu Corpo e do seu Sangue é certamente o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe trespassa o coração. Nada mais podemos fazer que dirigir-Lhe, do mais fundo da alma, este grito: Kyrie, eleison – Senhor, salvai-nos (cf. Mt 8, 25)".
Um homem assim não passa despercebido: ou é amado ou profundamente odiado! E há muitos que odeiam este santo e bendito Papa! Foi ele que, logo ao assumir, suspendeu o Padre Marcial Maciel, sacerdote famoso e muito apreciado por João Paulo II (o Papa João Paulo desconfiava muitíssimo de acusações na área de pedofilia, porque os comunistas poloneses utilizavam muitas acusações falsas como modo de desmoralizar o clero polaco. Isto criou em João Paulo II uma tendência a não dar muito crédito às acusações. Sempre que via um padre zeloso ser acusado, a tendência era logo recordar as mentiras dos comunistas poloneses... daí, a lentidão do processo do Pe. Macial. Foi um erro compreensível, mas um erro). Bento XVI não! Suspendeu o Pe. Maciel e determinou que vivesse seu fim de vida de modo recluso e sem contato algum com os fieis, numa vida de oração e penitência. O mesmo com o conhecidíssimo italiano Pe. Luigi (Gino) Burresi. Sua punição foi severíssima. Aos Bispos sempre recomendou tolerância zero com a pedofilia. Em seus pronunciamentos sobre o tema, nunca, Papa algum foi tão direto, claro e radical: na Igreja não há lugar para pedófilos. Os pedófilos devem ser demitidos do estado clerical e os Bispos devem comunicar à justiça comum! Tanto que em seu pontificado os casos de pedofilia desabaram...
Mas, nada disso interessa à imprensa, sobretudo aos jornais anticatólicos como New York Times, La Repubblica, El País, Spiegel... Para estes não interessa a verdade: interessam os fatos distorcidos, as meia verdades que, somadas, dão uma enorme mentira, uma triste difamação, uma calúnia monstruosa... O mesmo fizeram com Pio XII... Qual o objetivo? Desautorizar um Papa incômodo, cuja única preocupação é testemunhar o Cristo com toda a inteireza da fé católica. E nada é tão incómodo e antipático quanto isto! Por isso mesmo, tudo quanto este Papa diga ou faça é distorcido, deformado e, depois, duramente criticado, até ao paroxismo...
Mas, Bento XVI seguirá seu caminho! No meu primeiro encontro com ele como Bispo novo com o Sucessor de Pedro, disse-lhe: “Santo Padre, o Povo de Deus lhe quer bem! Nós rezamos por Vossa Santidade, nós estaremos sempre ao lado de Vossa Santidade!” Ele sorriu aquele sorriso tímido, mas tão humilde e franco e disse: “Obrigado! Muito obrigado! Eu preciso tanto do vosso sustento!” Só quem não o conhece poderia pensar que ele se dobra! Ninguém é tão perigosamente livre, é tão docemente forte quanto o homem que fez de Cristo o seu refúgio, a sua luz, a sua certeza! Bento XVI – santo Bento XVI, bendito Bento XVI! – é assim.
Hoje, 29 anos depois daquele 1981, quando, de coração apertado, imagino a dor e a solidão deste homem de Deus, consolo-me pensando no gigante que ele é e vem-me forte, mansa, decidida, certa, a sua palavra: “Ninguém é maduro de verdade até que tenha enfrentado sua própria solidão!” Bento XVI é maduro, Bento XVI não tem medo da própria solidão, pois ela é toda povoada por Cristo!
Deus o abençoe sempre, Padre Santo! Deus o abençoe e o livre das mãos de seus ferozes e maldosos inimigos!
sábado, abril 17, 2010
Aceitar Cristo na vida
Com Cristo presente,
A vida do crente
Ganha mais sentido.
Tudo é diferente.
No seu dia-a-dia,
O que faz e diz
É revelação,
Pura e transparente,
Do seu coração
Que feliz se sente
E quer partilhar
Essa sensação
De felicidade,
Espontaneamente,
Deixando no ar,
Como melodia,
A razão de ser
Da sua alegria.
Aceitar Cristo na vida,
É certeza garantida
De uma pesca abundante,
Para o pescador atento
À voz de Cristo Senhor,
Que soa a cada momento
Marcado por sofrimento,
Por receios ou temor,
A inspirar confiança
No Seu poder salvador.
Feliz quem O reconhece
Presente em sua aflição,
Porque encontrará a paz
Que o Senhor sempre oferece
Ao humano coração
Que exultará de alegria,
Se partilhar peixe e pão
À volta da mesma mesa,
Sinal de amor/comunhão.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 16.4.2010
A vida do crente
Ganha mais sentido.
Tudo é diferente.
No seu dia-a-dia,
O que faz e diz
É revelação,
Pura e transparente,
Do seu coração
Que feliz se sente
E quer partilhar
Essa sensação
De felicidade,
Espontaneamente,
Deixando no ar,
Como melodia,
A razão de ser
Da sua alegria.
Aceitar Cristo na vida,
É certeza garantida
De uma pesca abundante,
Para o pescador atento
À voz de Cristo Senhor,
Que soa a cada momento
Marcado por sofrimento,
Por receios ou temor,
A inspirar confiança
No Seu poder salvador.
Feliz quem O reconhece
Presente em sua aflição,
Porque encontrará a paz
Que o Senhor sempre oferece
Ao humano coração
Que exultará de alegria,
Se partilhar peixe e pão
À volta da mesma mesa,
Sinal de amor/comunhão.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 16.4.2010
sábado, abril 10, 2010
Aleluia! Exultemos!
Que à luz da fé e do amor,
Eu Te veja, meu Senhor,
Vivo e ressuscitado,
Em todo o tempo e lugar,
Pronto a reacender
A esperança no olhar
Inquieto e angustiado
De quem Te busca e não vê,
Por Te crer crucificado.
Vejo-Te a reanimar
O coração desolado
De quem caminha a chorar
O seu sonho fracassado
Na tua morte, Jesus,
De forma horrível na cruz.
Cura a minha miopia,
Para poder perscrutar
O que me queres dizer
Em cada gesto e olhar,
Na vida do dia-a-dia,
Para Te reconhecer
Sempre que Te deixas ver,
Tocar, sentir e ouvir
Tua voz libertadora
Do medo paralisante
Que consegues transformar
Em positiva energia
E força motivadora
Da nova forma de estar,
Seguindo o exemplo vivo
De Cristo ressuscitado.
Aleluia! Exultemos!
Não há maior alegria,
Para nós os que sabemos
Que Jesus ressuscitou
E da morte nos salvou.
Aleluia! Exultemos!
Sua vitória, cantemos
E ao mundo anunciemos,
Sem qualquer medo ou pudor.
É justo testemunhemos
Que Ele é o nosso Salvador.
Eu Te veja, meu Senhor,
Vivo e ressuscitado,
Em todo o tempo e lugar,
Pronto a reacender
A esperança no olhar
Inquieto e angustiado
De quem Te busca e não vê,
Por Te crer crucificado.
Vejo-Te a reanimar
O coração desolado
De quem caminha a chorar
O seu sonho fracassado
Na tua morte, Jesus,
De forma horrível na cruz.
Cura a minha miopia,
Para poder perscrutar
O que me queres dizer
Em cada gesto e olhar,
Na vida do dia-a-dia,
Para Te reconhecer
Sempre que Te deixas ver,
Tocar, sentir e ouvir
Tua voz libertadora
Do medo paralisante
Que consegues transformar
Em positiva energia
E força motivadora
Da nova forma de estar,
Seguindo o exemplo vivo
De Cristo ressuscitado.
Aleluia! Exultemos!
Não há maior alegria,
Para nós os que sabemos
Que Jesus ressuscitou
E da morte nos salvou.
Aleluia! Exultemos!
Sua vitória, cantemos
E ao mundo anunciemos,
Sem qualquer medo ou pudor.
É justo testemunhemos
Que Ele é o nosso Salvador.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 08.04.2010
Lisboa, 08.04.2010
quarta-feira, abril 07, 2010
Aleluia! Aleluia! Jesus ressuscitou!
O céu sorriu
E a terra floriu!
Numa explosão de alegria,
O universo desperta,
Para se unir à festa
De Jesus ressuscitado,
O Cordeiro imolado,
Que da morte triunfou
E em seu sangue derramado
Do pecado nos lavou.
Deixou p’ra trás o sepulcro
E nele toda a finitude
E as amarras do pecado.
Não há razão para luto,
Pois Jesus nos libertou.
Está vivo. Ressuscitou!
Aleluia! Aleluia!
Canta a natureza
Em sua beleza
E as aves do céu
Enchem de alegria
Este novo dia,
Que abre nova era
De cor e de luz,
Em Cristo Jesus,
Nossa Primavera
Eterna e florida,
A vestir de encanto
Esta nova vida
D’Ele recebida.
Rasgado o véu da tristeza
Por Cristo, o Libertador
Do mal e de toda a dor,
Eis que o Sol da Alegria,
Que transforma a noite em dia,
Faz renascer a beleza
Pintada de cor e de luz,
No coração de quem crê
E, na fé, tem a certeza
Que caminhar com Jesus
Vivo e ressuscitado,
É amar e fazer festa,
Páscoa nova em todo o lado.
Aleluia! Aleluia!
Viva a Páscoa que liberta
E canta o Ressuscitado,
Num compromisso de vida
Com cada crucificado!
Maria Lina da Silva,fmm
Lisboa, 01.04.2010 (Quinta feira santa)
E a terra floriu!
Numa explosão de alegria,
O universo desperta,
Para se unir à festa
De Jesus ressuscitado,
O Cordeiro imolado,
Que da morte triunfou
E em seu sangue derramado
Do pecado nos lavou.
Deixou p’ra trás o sepulcro
E nele toda a finitude
E as amarras do pecado.
Não há razão para luto,
Pois Jesus nos libertou.
Está vivo. Ressuscitou!
Aleluia! Aleluia!
Canta a natureza
Em sua beleza
E as aves do céu
Enchem de alegria
Este novo dia,
Que abre nova era
De cor e de luz,
Em Cristo Jesus,
Nossa Primavera
Eterna e florida,
A vestir de encanto
Esta nova vida
D’Ele recebida.
Rasgado o véu da tristeza
Por Cristo, o Libertador
Do mal e de toda a dor,
Eis que o Sol da Alegria,
Que transforma a noite em dia,
Faz renascer a beleza
Pintada de cor e de luz,
No coração de quem crê
E, na fé, tem a certeza
Que caminhar com Jesus
Vivo e ressuscitado,
É amar e fazer festa,
Páscoa nova em todo o lado.
Aleluia! Aleluia!
Viva a Páscoa que liberta
E canta o Ressuscitado,
Num compromisso de vida
Com cada crucificado!
Maria Lina da Silva,fmm
Lisboa, 01.04.2010 (Quinta feira santa)