sexta-feira, setembro 21, 2007

 

Dia Internacional da Paz


As Nações Unidas proclaram, em 1981, o dia da abertura do período ordinário das sessões da Assembleia Geral da ONU como Dia Internacional da Paz. Pede-se as todas as nações que observem um dia de cessar fogo e de não violência a nível mundial.
Como é fácil usar da violência, mesmo querendo interiormente a paz, apresento um pequeno poema fruto do meu retiro, em Dueñas, Espanha:

De tanto zelo por Deus
em trabalhos me esgotei e lutas sem descansar!

De tanto a injustiça querer denunciar
injusto me tornei e perdi a autoridade para falar.

De tanto contra a violência lutar
violência usei e deixei de amar.
De tanto o pecado querer acabar
juiz me fiz e o meu irmão deixei de olhar.

Por o mundo querer salvar
de Deus me afastei e ao mundo me vim assemelhar,

Tudo isto fiz, esquecendo que só Deus salva
e eu de servo inútil não devo passar.

Comments:
Encontro nos versos de São João da Cruz (1542-1591) -
o frade espanhol que dizia que somos aquilo que amamos - muita similitude de momento interno com o poema deste poeta que aqui leio.

Que bien sé yo la fonte que mana y corre,
aunque es de noche.


Aquella eterna fonte está escondida,
que bien sé yo do tiene su manida,
aunque es de noche.


Su origen no lo sé, pues no le tiene,
mas sé que todo origen della viene,
aunque es de noche.


Sé que no puede ser cosa tan bella,
y que cielos y tierra beben della,
aunque es de noche.


Bien sé que suelo en ella no se halla,
y que ninguno puede vadealla,
aunque es de noche.


Su claridad nunca es oscurecida,
y sé que toda luz de ella es venida,
aunque es de noche.


Sé ser tan caudalosos sus corrientes,
que infiernos, cielos riegan y las gentes,
aunque es de noche.


El corriente que nace de esta fuente
bien sé que es tan capaz y omnipotente,
aunque es de noche.


El corriente que de estas dos procede
sé que ninguna de ellas le precede,
aunque es de noche.


Aquesta eterna fonte está escondida
en este vivo pan por darnos vida,
aunque es de noche.


Aquí se está llamando a las criaturas,
y de esta agua se hartan, aunque a escuras,
porque es de noche.


Aquesta viva fuente que deseo,
en este pan de vida yo la veo,
aunque es de noche.
 
Klaatu foi uma banda indie/folk/rock progressivo canadense dos anos 70 da qual muito pouco se sabia originalmente. Seus componentes (mais tarde identificados como sendo Terry Draper, Dee Long e John Woloschuk) queriam que sua música fosse avaliada idealmente, por si mesma, por isso os álbuns do misterioso Klaatu não incluíam créditos, nomes, informações sobre a banda – nada. Hoje sabemos que esta música, Esperança, foi composta e cantada por John Woloschuk para o segundo álbum do grupo, Hope, de 1977. Porque senti procedente com o tema aqui, segue a tradução da música Hope.

Esperança
é como o facho de luz para o zelador do farol
Esperança,
remendadeira-mestra dos nossos sonhos
Pois ela, a esperança, crê em torrentes no deserto
As mais potentes estrelas
O microcosmo dentro de um vidro
Quer vasto quer menor, revolvem todos
ao redor da esperança


Esperança,
anjo da guarda que zela pela pomba,
Esperança,
dom de orientação enviado do alto
Pois ela, a esperança, é o coração do amor da mãe
Não se fariam planos
Navios temeriam oceanos
Pois a coragem não chegaria a ter lugar
não fosse a esperança


O caminho proposto a nós
Abre-se agora ao nosso olhar
Não o vês?
E conduz ao portão
Que por ele me introduzas
Não o vês?


Vem, então, toma a minha mão
Ergue alto tua cabeça
Seca agora os teus olhos
Pois adiante já vejo
Ah, já o vejo
O raio de paz
Repousando sobre mim


Nutramos, então, esperança
e sintamos na mente o sol nascer
Conceder esperança
é iluminar toda a humanidade
Perca, no entanto, a esperança,
e a vida, cega, enegrece
Quando a fé dá lugar ao temor
Quando a motivação desaparece
Tudo está perdido
quando se abandona a esperança


Tudo se perde
quando se perde a esperança
 
AMERICANOS PELA PAZ

DECLARAÇÃO DAS POSTURAS ADOTADAS PELA CONVENÇÃO DE PAZ
da Society for the Establishment of Peace among Men (Sociedade para a promoção da paz entre os homens) – Boston, Massachusetts

Nós abaixo assinados consideramos como nosso dever a nós mesmos, à causa que amamos, ao país em que vivemos, publicar uma declaração que expresse os propósitos que ansiamos alcançar e as medidas que adotaremos para levar adiante a obra da reforma pacífica universal.

Não podemos permitir qualquer apelo ao patriotismo a fim de vingar qualquer ofensa ou injúria nacional.

Não reconhecemos submissão a qualquer governo humano. Reconhecemos apenas um Rei e Legislador, um Juiz e Governante da humanidade. Nosso país é o mundo, nossos compatriotas a humanidade. Amamos a nossa terra natal apenas na medida em que amamos todas as outras terras. Os interesses e direitos dos cidadãos norte-americanos não nos são mais caros do que os da raça humana como um todo, diante do que não podemos permitir qualquer apelo ao patriotismo a fim de vingar qualquer ofensa ou injúria nacional.

Entendemos que uma nação não tem qualquer direito de se defender contra inimigos externos ou de punir invasores, que nenhum indivíduo possui de si mesmo esse direito, e que o indivíduo não pode ter maior precedência que o agregado. Se uma multidão de soldados estrangeiros que tencionem cometer pilhagem e destruir vidas não deve ser resistido pelo povo ou pela magistratura, tampouco resistência deve ser oferecida diantes dos perturbadores domésticos da paz pública e da segurança privada.

Tomamos por anticristãs e ilegítimas não apenas todas as guerras, quer ofensivas, quer defensivas, mas todas as preparações para a guerra.

O dogma de que todos os governos do mundo são ordenados com a aprovação de Deus, e que os poderes constituídos nos Estados Unidos, na Rússia e na Turquia agem em conformidade com a sua vontade, é tão absurdo quanto ímpio. Ele torna desigual e tirânico o Autor imparcial da nossa existência. Não se pode afirmar que os poderes constituídos de qualquer nação sejam impelidos ou guiados pelo exemplo de Cristo no tratamento dos inimigos; eles não podem estar portanto de acordo com a vontade de Deus, e portanto a derrubada desses regimes através de uma regeneração espiritual dos seus cidadãos é inevitável.

Tomamos por anticristãs e ilegítimas não apenas todas as guerras, quer ofensivas, quer defensivas, mas todas as preparações para a guerra; toda nave de guerra, todo arsenal, toda fortificação tomamos por anticristã e ilegítima; a existência de qualquer exército constituído, todos os chefes militares, todos os monumentos que comemoram a vitória sobre um inimigo caído, todos os troféus de guerra, todas as celebrações em honra de façanhas militares, todas os confiscos realizados para defesa armada; consideramos anticristão e ilegítimo qualquer edito governamentel que requeira dos seus cidadãos o serviço militar.

Como julgamos ilegítimo o porte de armas, não podemos assumir qualquer posição que exija do seu responsável que procure coagir os homens a fazer o que é certo sob a ameaça de dor ou de prisão ou de morte. Nós portanto nos excluímos voluntariamente de todo corpo legislativo e judicial e repudiamos toda política humana, honras mundanas e posições de autotidade. Se não podemos ocupar um assento na câmara legislativa ou na tribuna, tampouco podemos eleger outros para agirem como nossos substitutos nessa capacidade. Segue-se que não podemos também processar judicialmente quem quer que seja para forçá-lo a devolver-nos o que ele pode ter subtraído injustamente de nós; se ele levou nossa túnica, deixaremos com ele nossa capa ao invés de submetê-lo a punição.

Cremos que o código penal da velha aliança – olho por olho, dente por dente – foi abrogado por Jesus Cristo, e que sob a nova aliança o perdão ao invés da punição dos inimigos foi imposto a todos os seus discípulos em todos os casos quaisquer que sejam. Extorquir dinheiro dos inimigos, atirá-los em prisões, exilá-los ou executá-los, não é obviamente perdoar, é exigir retribuição.

O mal pode ser exterminado apenas pelo bem.

A história da humanidade está repleta de evidências de que a coerção física não se adequa à regeneração moral, e que as inclinações pecaminosas dos homens podem ser subjugadas apenas pelo amor; de que o mal pode ser exterminado apenas pelo bem; de que não há garantia em confiar num braço forte a fim de nos preservar do mal; de que existe grande segurança em ser gentil, longânimo e abundante em misericórdia; de que apenas os mansos herdarão a terra – pois todos que empunharem a espada morrerão pela espada.

Portanto como medida de política coerente – pela segurança da propriedade, da vida e da liberdade – pela tranqüilidade pública e pela satisfação privada – bem como em termos de lealdade àquele que é Rei dos reis e Senhor dos senhores, adotamos cordialmente o princípio de não-resistência, confiantes de que ele se mostra propício para todas as possíveis conseqüências, é armado de ilimitado potencial e triunfará em última instância contra qualquer ataque armado.

Tomamos como medida superior enchermo-nos do espírito de Cristo.

Não apoiamos as doutrinas dos jacobinos [partido revolucionário extremista da Revolução Francesa]. O espírito jacobino é o espírito da retaliação, da violência, do assassinato. Ele não demonstra temor a Deus nem consideração pelo homem. Tomamos como medida superior enchermo-nos do espírito de Cristo. Se toleramos o mal em concordância com nosso princípio fundamental de não opor o mal com o mal, não podemos tomar parte de qualquer sedição, traição oun violência. Demonstraremos submissão a toda e qualquer ordenança ou requerimento governamental, exceto quando se mostrarem contrários às ordens do evangelho, e em caso algum resistiremos à operação da lei, exceto submetendo-nos de bom grado à pena pela desobediência.

Porém ao mesmo tempo em que aderimos à doutrina da não-resistência e da submissão passiva aos inimigos, nós nos propomos, num sentido moral e espiritual, a atacar a iniqüidade em lugares elevados e instâncias inferiores, a aplicar nossos princípios a todo o mal existente, a instituições políticas, legais e eclesiásticas, de modo a apressar a ocasião em que os reinos deste mundo passarão a ser o reino de nosso Senhor Jesus Cristo. Parece-nos verdade evidente que o que quer que seja que o evangelho foi projetado para eliminar em qualquer período da história, por mostrar-se contrário a ele, não deve ser abandonado. Se, então, prediz-se um tempo em que as espadas serão feitas em arados e as lanças em ferramentas de poda, e que os homens não mais aprenderão a arte da guerra, segue-se que todos que fabricam, vendem ou empunham essas armas de combate levantam-se desta forma contra o domínio pacífico do Filho de Deus na terra.

Tendo dessa forma declarado nossos princípios, prosseguimos especificando as medidas que propomos adotar para atingir o objetivo em questão.

Esperamos prevalecer através da Loucura da Pregação.

Esperamos prevalecer através da Loucura da Pregação. Procuraremos divulgar esses conceitos entre todas as pessoas, de quaisquer que sejam as nações, seitas ou posições sociais a que pertençam. Organizaremos portanto palestras públicas, faremos circularem tratados e publicações, formaremos sociedades e enviaremos petições a todos os corpos governamentais. Será nosso objetivo primordial conceber modos e meios de efetuar uma mudança radical de conceitos, sentimentos e práticas sociais com respeito à pecaminosidade da guerra e o tratamento dos inimigos.

Ao nos lançarmos à imensa obra diante de nos, não ignoramos que ao persegui-la podemos ser convocados a ter nossa sinceridade testada ao ponto da mais ardente provação. Estaremos sujeitos ao insulto, à indignação, ao sofrimento e sim, à própria morte. Antecipamos uma não pequena parcela de incompreensão, de deturpação e de calúnia. Tumultos podem levantar-se contra nós. Os orgulhoso e farisaicos, os ambiciosos e tirânicos, os principados e potestades podem entrar em conluio para nos esmagar. De mesma forma trataram o Messias, cujo exemplo procuramos humildemente imitar. Não temeremos as suas estratégias de terror. Nossa confiança está no Senhor Todo-poderoso e não em homem algum. Tendo aberto mão de toda proteção humana, o que pode nos sustentar se não a fé que vence o mundo? Não estranharemos a ardente provação que vem para nos provar, mas nos regozijaremos em sermos participantes dos sofrimentos de Cristo.

Compretemo-nos portanto em preservar nossas almas para Deus. Para cada um que abrir mão de casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou esposa, ou filhos, ou terras por causa de Cristo, receberá cem vezes mais, e herdará por fim a vida eterna.

Com plena confiança no triunfo certo e universal das posturas expostas nesta declaração, por mais formidável que possa mostrar-se a oposição a elas, pela presente anexamos nossas assinaturas a ela, encomendando-a à razão e à consciência da humanidade, resolutos a, na força do Senhor Deus, calma e mansamente cumprirmos o exposto.

Boston, 1838
 

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