Diálogo Aberto

Como ousas reclamar,
Se andas por ver andar,
Fazendo o que vês fazer,
Sem nunca te questionar
Sobre a direcção do vento
Que te arrasta a todo o tempo,
Conforme lhe dá prazer,
Como faz à folha seca,
Incapaz de reagir
E até feliz, no momento
Em que se sente voar,
Sem pensar que vai cair
No chão ou na valeta,
Quando a ilusão passar?!

Que fazes da inteligência
E dos dons que Deus te deu,
Para, responsavelmente,
Fazeres da terra céu,
No que depende de ti,
Sendo justo e verdadeiro,
Porque a mudança começa
Dentro de ti primeiro,
Para poder actuar,
Como fermento na massa,
No campo familiar,
Político e social?!

Desta coerência de vida
Resulta a autenticidade
E também e autoridade
De uma acção positiva,
Duradoura e construtiva,
Que anuncia o que está bem
E rejeita todo o mal,
Apoiado na Esperança,
Na Justiça e na Verdade,
No bem-querer, para todos,
Mesmo que nos chamem tolos.

A História da Humanidade
Deixa clara esta verdade:
Os oportunistas morrem,
Sem ficar deles memória.
Mas o Justo vive sempre,
Com a palma da vitória
E os louros da eternidade.
Maria Lina da Silva, fmm, - Lisboa, 28.01.2010

Em 1901 S. José Freinademetz escrevia desde a China afirmando que “O meu amor pelos chineses em nenhum momento diminuiu nos meus 23 anos de estadia ininterrupta na China. Ainda que seja um povo de não cristãos, os chineses são e serão um povo ideal. Eu amo a China e os chineses; no meio deles quero morrer e no meio deles ser enterrado”.

Aspiro pela mudança
A partir do coração
Sensível, e não de pedra,
A bater por compaixão,
Ao ritmo de fé e amor,
Que faz sua toda a dor
E se desdobra em acção,
Gratuita e empenhada,
Dando sempre o seu melhor,
Para que o brilho do Sol
Surja, em cada madrugada,
Tornando a vida na terra
Mais bela e perfumada.

Aspiro pela mudança
Que acabe com a ganância
E o olhar indiferente
Ao sofrimento existente
Na vida de tanta gente,
Formando pessoas capazes,
Coerentes e audazes,
Na defesa dos valores,
Fermento da solução,
Para um mundo mais unido
Em solidária missão.

Aspiro que a humanidade
Se torne fraternidade,
Onde a própria concorrência
Dê lugar à competência
Vestida de honestidade,
Dignificando o trabalho
E a acção do missionário
Que abraça a linha da frente,
Por amor a toda a gente,
Desprezada e impotente.

Aspiro ouvir de novo,
Para bem de todo o povo,
A voz do Deus de Bondade,
Da Justiça e da Verdade,
Alertando os corações
Para a Paz, fonte do Bem,
Como os anjos em Belém

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 19.01.2010

Ó vem, Senhor Jesus, vem
Nascer, entre nós, de novo,
Trazer a Paz e a Esperança,
O Amor e a Confiança,
Ao coração do teu Povo,
Pois, só Tu dás segurança
À nossa fragilidade
Que encontra força e alento
No Teu olhar de Bondade.

Ó vem, Senhor Jesus, vem
Entrar na nossa “Belém”,
Com teu poder salvador,
Empapar a humanidade
Dessa sensibilidade
Que nos abre a toda a dor,
Como Tu, ó Deus Amor,
Para que a compaixão,
Que brota do coração
Atento a cada irmão,
Transforme em luz nosso olhar,
Nosso jeito de servir,
Numa doação gozosa
Que, sem palavras, se espalha,
Como o perfume da rosa.
Ó vem, Senhor Jesus, vem
Abrir as portas ao bem,
À Justiça e à Verdade,
Para que a Paz aconteça
E o Amor nos aqueça
E derreta a indiferença
Que produz tanta exclusão
Programada e consentida,
Em vez do direito a viver
A dignidade da vida
Que Jesus veio trazer
A todos, sem distinção.

Oh! Nasce, Jesus de novo,
No coração do teu Povo,
Para que haja o Natal
E a Paz seja universal.

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 24.12.09

Senhor Deus, dono do tempo e da eternidade,