quinta-feira, março 06, 2025

 

5ª feira depois das Cinzas (6 março)

 



Quem perder a vida por minha causa salvá-la-á. (cf. Lc 9, 22-25)

 

O amor revelado por Deus é um perder-se pelo amado.

A misericórdia lava a ofensa e busca a reconciliação.

O Filho de Deus abaixa-se da sua divindade

e encarna a nossa condição de fragilidade,

aceitando o sofrimento e a morte inocente,

perdendo-se por nossa causa e salvação.

Ser discípulo de Jesus é aprender a descer, esvaziar-se,

servir e dar a vida por este Caminho de salvação.

 

Há um desejo ardente de vencer, ser grande,

preservar a vida, evitar a dor e o fracasso,

porque toda a esperança se coloca no presente,

nas riquezas, nas armas, na capacidade de fazer temer.

Para se conseguir este objetivo, ameaça-se, furta-se,

mente-se, corrompe-se, fere-se, mata-se, destrói-se

É o reino do medo e da guerra instalada,

que torna desacuada todo a iniciativa de justiça e de paz,

toda a tentativa de perdão e reconciliação,

todo o esforço de diálogo e solidariedade gratuita.

 

Senhor, eis-me aqui para recomeçar mais uma Quaresma,

tempo favorável de salvação, brisa suave de esperança,

paragem para ver para onde caminhar e como peregrinar.

Espírito de Sabedoria, ajuda-nos a compreender a vida de Jesus,

que é o de perder-se para salvar, e a colhe-la com confiança,

apesar da ansiedade de ir a contracorrente

e renunciar a tentar controlar o amanhã e o sempre.

Dá-nos Senhor uma Quaresma diferente!



quarta-feira, março 05, 2025

 

4ª feira da Cinzas (5 março)


 


Tende cuidado em não praticar as vossas boas 

obras para serdes vistos pelos homens.(cf. Mt 6, 1-5.16-18)

 

Deus vê para além das aparências:

vê sentimentos, vê comportamentos, vê atitudes,

conhece o coração para além dos ritos e das palavras.

Ele é justo juiz porque conhece o passado, o presente e o futuro.

Acima de tudo, Deus vê-nos com o coração de Pai

e perdoa-nos com a compaixão que compreende

que a humanidade “muitas vezes não sabe o que faz”!

 

Quando se fala em Quaresma, costumamos reduzi-la

a umas orações, sacramentos, comidas, ritos, cinzas…

Muitas coisas são feitas para que os outros vejam

ou para que eu as contabilize como méritos próprios.

E o resultado é o orgulho de ser melhor que os outros,

“pois não sou como esses que não sabem o que é o jejum,

que não conseguem distinguir o bem do mal,

e não sabem rezar nem conhecem os mandamentos”.

 

Obrigado, Senhor, por mais este dom da Quaresma,

tempo favorável para a nossa conversão

e para acolher a tua misericórdia infinita.

Espírito Santo, ajuda-nos a trabalhar

para a verdadeira conversão a Ti como nosso Deus

e aos irmãos como incondicionais amigos do coração.

Liberta-nos de tudo o que nos tira a liberdade

e nos torna escravos dos instintos, da ganância,

da fama e do poder que se reduz ao instante.

Faz de nós peregrinos da esperança e da santidade.



terça-feira, março 04, 2025

 

3ª feira da 8ª semana do Tempo Comum (4 março)

 



Vê como nós deixámos tudo para Te seguir. (cf. Mc 10, 28-31)

 

Quem acredita em Jesus como Filho de Deus

e nosso salvador pelo seu sangue na cruz,

considera tudo o mais como lixo,

perante o bem maior que é ser discípulo de Jesus.

E quem dá tudo por causa de Jesus e do seu Evangelho,

renuncia a si mesmo, toma a sua cruz e segue-O

e fica livre para receber cem vezes mais na terra e no Céu.

 

A vida consagrada é uma tentativa de deixar tudo por Cristo.

É uma tentativa, pois corre o risco de deixar algumas coisas,

mas apropriar-se do que recebeu em casas, terras,

irmãos, irmãs, país e mães, fruto do ministério

e do instituto onde ingressou.

Pode-se dizer os “votos religiosos de pobreza, castidade e obediência”,

mas depois viver à rica, com afetos desordenados

e individualismo crónico, fechado na sua indiferência

e sem compaixão pelos que se perdem.

 

Senhor, tenho medo do “todo” e por isso tento fragmentar,

criar ilhas de representação ao lado de ilhas de autonomia e anomia.

Desculpa, mas estou longe de ser todo teu e deixar tudo por tua causa.

Mesmo quando deixo tudo, acabo por me apoderar do que me dás

e fazer do dom propriedade privada, segurança para ocasos de privação.

Apesar de tudo, obrigado pelos cem vezes mais que me dás,

pelo carinho e oração do povo a quem dedico o meu tempo e forças,

pela missão que fez de mim peregrino desta aldeia global,

pelo Espírito Santo que faz da minha boca trôpega

um evangelho anunciado e de cada acontecimento

uma palavra certeira e precisada nesta caminhada de discípulo.



segunda-feira, março 03, 2025

 

2ª feira da 8ª semana do Tempo Comum (3 março)

 



Que hei de fazer para alcançar a vida eterna? (cf. Mc 10, 17-27)

 

A vida eterna não se alcança nem se conquista,

mas acolhe-se e espera-se de coração vazio de seguranças

e confiante unicamente em Deus, nosso tudo.

É difícil confiar naquilo que não se vê

e esperar na promessa que vence a morte,

quando temos perante os olhos as recompensas do instante

e as riquezas com que se compram os consumíveis.

Mesmo para quem tem bom nome e piedade irreprovável,

ainda lhe falta sempre confiar unicamente na bondade de Deus.

 

Hoje, falar da vida eterna é pensar em fuga à dor

e ao envelhecimento, em conservar a beleza

e a inteligência, em manter o prazer sexual,

em ter saúde, paz e alegria de viver.

Evita-se tocar o tema do pós-morte

e procura-se adiar esse momento.

Por isso, o grande investimento não é na vida pós morte,

mas na saúde, nos ansiolíticos, na aparência jovial,

na ginástica, nas dietas, nas maquilhagens,

nas cirurgias plásticas para enganar o envelhecimento…

 

Senhor Jesus, purifica o nosso coração de falsas seguranças,

como o orgulho de ser bom e piedoso para conquistar o Céu.

Ajuda-nos a aceitar que somos sempre peregrinos da esperança,

que a salvação é sempre uma graça divina,

e que nos falta sempre alguma coisa para sermos santos.

Nós temos fé que, após este estágio transitório,

nos aguarda a morada eterna que para nós preparaste,

mas aumenta a nossa fé e sustenta a nossa esperança,

para, com humildade e espírito de conversão,

podermos ser salvos por Cristo e acolher a vida eterna.



domingo, março 02, 2025

 

8º Domingo do Tempo Comum (2 março)

 



O discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre. (cf. Lc 6, 39-45)

 

O Filho de Deus é como o Pai,

só faz o que o Pai faz e o que o Pai lhe manda fazer.

Por isso, pode dizer, que o Filho e o Pai são um só.

Jesus é a Palavra de Deus e revela-nos o seu mistério

de comunhão, de amor e de misericórdia ativa e escondida,

que é fonte de vida e de salvação, numa aliança eterna.

Os discípulos de Jesus devem ser como o Mestre,

árvore que dá frutos do Espírito Santo,

palavra que revela um coração purificado e bom,

compaixão que ama e serve com alegria e esperança.

 

Há a tentação de sermos como toda a gente.

Custa-nos fazer a diferença numa sociedade individualista,

em que o que conta é a aparência e a moda,

marcada pela indiferença e o consumismo,

em que a palavra é um fragmento desagarrado da vida.

Os cristãos assim estão a perder luz e a ser escândalo,

pois deixaram de ser fermento pascal

e sal que dá sabor a paz e justiça, numa mediocridade acostumada.

É com Cristo que nos devemos comparar na hora de avaliar.

 

Bom Mestre, a tua vida é a tua missão,

a tua palavra é o teu coração

e o teu anúncio é dar frutos do Pai que está nos Céus.

Bendito sejas, pois foste provado no fogo da dor na cruz

e a tua fidelidade deu frutos de misericórdia e aliança eterna.

Espírito Santo, conduz os nossos passos para seguir Jesus,

purifica-nos do egoísmo e da mentira embrulhada de presente

e ajuda-nos a dar frutos de verdade, de justiça e de santidade.

Prepara-nos para vivermos esta Quaresma querendo imitar o Mestre.

 



sábado, março 01, 2025

 

Sábado da 7ª semana do Tempo Comum

 



Quem não acolher o reino de Deus como uma 

criança, não entrará nele. (cf. Mc 10, 13-16)

 

O Filho de Deus encarnou e fez-se criança,

e assim fez a experiência de ser filho,

de acolher o reino de Deus como ser humano.

Maria e José formaram a família

que ajudaram o Filho de Deus

a acolher o reino de Deus como uma criança.

É a experiência de confiar nos pais

e adormecer tranquila no colo de quem as ama.

 

Ser criança é ser frágil sem ter medo nem ansiedade,

pois confia que aqueles que a cuidam,

pensam nelas, advinham as suas necessidades,

ficam ao seu lado quando sofrem

e mesmo quando não estão perto,

estão próximos e não as esquecem.

Já é grave quando a criança não pode fazer essa experiência,

porque é esquecida, abusada ou agredida,

abandonada ou objeto de disputa entre divorciados…

Então é difícil viver tranquila, fechar os olhos e adormecer,

confiar nas mãos estendidas e não chorar!

 

Bom Pai, obrigado pela família que me deste

e por ter aprendido a confiar e a ser amado.

Louvado sejas por Jesus, teu Filho,

e pela criança que n’Ele permaneceu,

expressa na forma terna de Te chamar “Papá querido”.

Ajuda-nos a cuidar das crianças e das pessoas frágeis,

com a mesma regularidade e previsibilidade de quem ama,

para que todos possam viver em paz e adormecer tranquilos,

mesmo quando lá fora os ventos rugem e os trovões atemorizam.

Aumenta e purifica o nosso amor, a nossa fé e a nossa esperança.


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