terça-feira, abril 01, 2025

 

3ª feira da 4ª semana da Quaresma (1 abril)

 



Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: «Agora 

estás são. Não voltes a pecar». (cf. Jo 5, 1-3.5-16)

 

Jesus é a “Casa da misericórdia” que vai ao encontro do pecador,

a piscina de Betsatá que se move para curar.

Ele cura a paralisia da espera sem esperança

e nos manda que nos levantemos e carreguemos a nossa enxerga,

em dia do Senhor, para que cheguemos pelo Batismo

ao Templo de Cristo, a Igreja, fonte de vida e de purificação.

O Batismo não é um momento, mas o início de um caminho

que recebe o dom do perdão e o compromisso da fidelidade:

“agora estás são, não tornes a pecar”!

 

A vida é um caminho que precisa de continuidade.

Fazer um curso fornece saber

que precisa de ser continuamente atualizado e aprofundado.

A formação permanente deve ser uma tónica em todos os aspetos:

na escola, na catequese, na afetividade, na profissão, na política…

A vida, também a cristã, é sempre um dom “agora estás”,

mas é também uma resposta que alimenta o dom:

“não voltes” a pecar, a cair na dependência, na paralisia, na ignorância.

 

Senhor, obrigado por seres a piscina de Betsatá,

a “Casa da graça e da misericórdia” que vem ao nosso encontro

e nos ofereces a cura das nossas paralisias,

causadas pelo pecado do egoísmo e da desesperança.

Obrigado pelo dom do Batismo que nos purificou

e nos pôs a andar no caminho de Deus e do Evangelho.

Obrigado pelo dom do sacramento da Reconciliação,

que nos dá a oportunidade de retomar a santidade,

pela fé, a escuta do Espírito e o arrependimento.

Dá-nos, Senhor, uma Quaresma renovada e purificadora.



segunda-feira, março 31, 2025

 

2ª feira da 4ª semana da Quaresma (31 março)

 



Senhor, desce, antes que meu filho morra. (cf. Jo 4, 43-54)

 

Deus desce com a sua Palavra para que seja luz da humanidade

e tenham vida, dom da sua misericórdia.

O Filho de Deus desce e encarna para assumir as nossas mortes.

dando a sua vida por nós no monte Calvário.

Mas a vida e a cura dos nossos pecados,

não são fruto da magia da proximidade e do toque,

mas da força da Palavra e da fé em Jesus.

Hoje é a Igreja que proclama a Palavra da Vida

e realiza maravilhas pela missão e os sacramentos.

 

A medicina, hoje, é feita de proximidade e de toque,

mas também de telemedicina,

de exames de diagnóstico presenciais ou à distância,

de triagens telefónicas que esclarecem e orientam.

Ao nível espiritual também há a proximidade de escuta

e de oração pela imposição de mãos,

mas também a intercessão à distância e em segredo,

no coração amigo que suplica cura física e conversão.

 

Senhor da vida, hoje, quero pedir-Te

por todos os que estão doentes no corpo ou na alma,

amigos, familiares e desconhecidos.

Desce com a tua graça e torna dócil os corações empedernidos

insensíveis e surdos à tua Palavra de amor e compaixão.

Desce, Senhor, e cura a tristeza dos sem esperança;

cura a solidão dos que se sentem mal-amados;

cura a idolatria dos que colocam a sua confiança no poder e no ter.


domingo, março 30, 2025

 

4º Domingo da Quaresma (30 março)

 



Quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e 

correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de 

beijos. (cf. Lc 15, 1-3.11-329

 

Deus é a alegria do perdão do pecador arrependido.

Deus é sempre Pai, mesmo quando o filho se afasta,

por isso, quando este volta não vê a sua humildade

como uma humilhação e oportunidade de exploração,

mas como filho e oportunidade de reabilitação da sua dignidade.

A conversão do pecador é motivo de festa e alegria no Céu!

Jesus é o Filho que conta a parábola e que faz o papel de servo,

que prepara vestes novas e traz as sandálias e o anel

para o irmão que voltou à casa do Pai!

 

Habituámo-nos a ver a realidade a partir da grelha contabilística

do deve e haver, do lucro e do prejuízo, do ativo e do passivo.

Conceitos como amizade e amor, que supõem gratuidade,

acabam corrompidos pela mesma lógica de mercado.

O divórcio é muitas vezes justificado pelo:

“já não tenho nada a ganhar com esta relação”.

A unidade dos irmãos pode ficar comprometida

quando se trata de partilhar heranças materiais.

Talvez por causa disso é que a ofensa é vista como uma dívida,

muitas vezes incobrável, que para além de material é ressentida.

 

Bendito sejas, Pai de bondade, pela tua misericórdia,

sempre pronta a abraçar-nos e a beijar-nos,

quando voltamos com a humildade do arrependimento.

Bendito Jesus, Irmão querido, parábola da misericórdia do Pai,

que nos contas a alegria do perdão e a missão de salvação,

fazendo-Te servo dos maltrapilhos sem rumo,

e apresentando-nos ao Pai purificados e redimidos

com a alegria do dever cumprido e a festa preparada.

Dá-nos, Senhor, um coração novo e um olhar de fé esperançado,

para que me levante cada dia para voltar à casa do Pai,

aceitando a mão amiga do Filho que me anima à conversão.



sábado, março 29, 2025

 

Sábado da 3ª semana da Quaresma (29 março)

 



Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se 

consideravam justos e desprezavam os outros. (cf. Lc 18, 9-14)

 

Deus conhece o coração de cada um

e é Ele que nos pode julgar com justiça.

A santidade faz-nos humildes e fraternos,

não nos torna superiores na arrogância e na vaidade.

Jesus, o Filho de Deus altíssimo,

baixou-se à nossa humanidade,

fez-se servo e lavou-nos os pés sujos pelo pecado,

deu-nos a sua palavra com a doçura da misericórdia,

entregou a sua vida e tomou sobre si os nossos pecados.

Por isso, Deus O exaltou e Lhe deu o nome acima de todos.

 

A cegueira do orgulho pode criar olhar de desprezo,

ilusão de superioridade, martelo de juiz implacável,

domínio atemorizador dos fracos e marginais.

A autorrefencialidade que despreza os outros,

murmura e condena o argueiro nos olhos dos outros,

cega a abertura para a conversão,

pois não vê a trave que está nos seus olhos.

Tudo o que é ideologia de classe social,

ilusão de sangue azul, racismo, etnocentrismo,

clubismo, desprezo pelo pobre e o ignorante…

corrompem a fraternidade e criam exclusão.

 

Senhor, bendito sejas, porque sendo Deus

Te fizeste nosso irmão e destes a vida para nos salvar.

Tem compaixão de mim e dos meus irmãos,

porque somos fracos, instáveis, cegos e pecadores.

Mesmo quando estamos a fazer coisas boas

como rezar, dar esmola, promover o desenvolvimento…

podemos cair na tentação de cobrar, humilhar,

aproveitar a oportunidade para nos exaltarmos e envaidecermos.

Dá-nos, Senhor um coração semelhante ao Teu:

filial, humilde, cuidador, libertador

e restaurador de esperança e de libertação.


sexta-feira, março 28, 2025

 

6ª feira da 3ª semana da Quaresma (28 março)

 



Qual é o primeiro de todos os mandamentos? (cf. 12, 28b-34)

 

Deus que faz aliança e nos cura com a misericórdia

é o único Deus verdadeiro e libertador,

que envia o seu Filho como Filho de Maria

e dá a sua vida pela nossa salvação.

O coração do nosso Deus é um oceano de amor,

berço da humanidade onde todos devemos aprender a amar.

A fé faz de nós todos filhos do Amor,

na nossa relação com Deus e com os outros.

Quem não ama e não sai do centro das relações,

não conhece a Deus nem conhece o ser humano verdadeiramente.

Neste mandamento do amor estão todos os outros mandamentos!

 

Podemos saber toda a catequese de cor,

se não nos abrirmos ao amor, nada sabemos de Deus.

Podemos cumprir todos rituais religiosos com esmero,

mas se não brotarem do amor, são meras representações teatrais.

Podemos dizer que amamos muito a Deus,

mas se não conseguimos amar e perdoar os irmãos,

andamos enganados e ainda não compreendemos o que é ser cristão.

 

Senhor, há em mim uma luta de tronos

e a grande dificuldade em aceitar que és Tu o centro

e os outros são os sinais do centro que és Tu e não eu.

Espírito Santo, dom de amor e de comunhão,

ensina-nos a amar e a colocar amor em todas as relações,

a começar pela oração e o olhar contemplativo,

e passando pelas relações com os outros e a natureza.

Liberta-nos, Senhor, da tirania do “eu posso, quero e mando”!



quinta-feira, março 27, 2025

 

5ª feira da 3ª semana da Quaresma (27 março)

 



Jesus estava a expulsar um demónio que era mudo. (cf. Lc 11, 14-23)

 

Jesus é a Palavra de Deus porque é a escuta de Deus.

É uma escuta de coração a coração que cria envio e missão.

É uma resposta fiel à vontade de Deus, que pronuncia o seu sim.

Por isso, Jesus é o “Amém” ao Pai

que faz o Filho um só com o Pai.

A fé do crente nasce deste “Shemá” permanente,

deste pôr-se à escuta discipular

que gera a conversão animada pela Palavra e o Espírito Santo.

 

Pôr-se à escuta da vontade de Deus

é demasiado exigente, pois carece de disponibilidade para mudar,

abertura para se deixar aconselhar, anseio de verdade e fidelidade.

Sair de nós mesmos, da nossa zona de conforto e

até das nossas convicções, só é possível confiando,

acreditando que quem nos fala nos quer bem.

A falta de fé e de esperança leva-nos a ensurdecer,

a ter dificuldade em escutar a alteridade

e desbravar caminhos novos, com o risco de não acertar.

Sem escuta da Palavra de Deus é impossível a conversão.

 

Senhor, liberta-nos dos espíritos mudos e surdos,

que endurecem o coração e só se ouvem a si mesmos.

Espírito Santo, dá-nos o dom do discernimento,

que penetra até ao mais fundo do que nos move

e saber ler os frutos que damos.

Liberta-nos das motivações que criam divisões e guerras,

fazendo da vida um campo de batalha e de destruição.

Dá-nos um coração novo, disponível para escutar Deus e os irmãos,

num diálogo permanente de busca da verdade e da comunhão.

 



quarta-feira, março 26, 2025

 

4ª feira da 3ª semana da Quaresma (26 março)

 



Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar. (cf. Mt 5, 17-19)

 

Toda a história da salvação é a construção de uma aliança

entre Deus e a humanidade, começando por um povo escolhido.

Esta aliança é uma proposta progressiva

de acordo com o que o povo vai podendo compreender.

Esta história vai-se fazendo de leis eternas que subsistem

misturadas com leis marcadas pelo pecado que é preciso purificar

e que os profetas vão iluminando em nome do projeto de Deus.

Por fim, veio Jesus, o Filho de Deus, que não veio abolir a Lei,

mas purifica-la com o Espírito de amor e a paciência da justiça.

 

Ao escutarmos a Palavra de Deus, sem nos darmos conta,

estamos a adapta-la para nós mesmos, dizendo:

“antes era assim, mas agora é diferente,

por isso, não devemos fazer uma interpretação literal,

mas acolhe-la à luz da compreensão que temos hoje”.

Se é verdade que é preciso fazer uma hermenêutica,

que compreenda a Bíblia no texto e no contexto,

também é verdade que é preciso ter cuidado

para que não lhe retiremos a acutilância profética

que faz dela uma luz que interpela à real conversão.

 

Senhor Jesus, Palavra de Deus feita vida e caminho,

vem completar e aperfeiçoar a aliança que deteriorámos.

Espírito Santo, dom de sabedoria e de santidade,

ensina-nos a escutar a Palavra de Deus como fogo que arde

e como pão que alimenta o levantar da rotina do pecado,

para voltar para a casa de Deus que é a vida em Cristo.

Nesta Quaresma, em ano jubilar, purifica os nossos ouvidos

e dá rumo aos nossos passos para vivermos como discípulos de Jesus.



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