sábado, outubro 07, 2006
Outubro: Mês Missionário
A Missão de Deus é amar
1. Deus é amor. Em Deus, o amor é fecundidade e dom. Por isso, Deus é dinamismo comunitário: revela-se fonte do amor (Deus-Pai), comunicação de amor (Deus-Filho), comunhão de amor (Espírito Santo). O amor divino vive do encontro duma Trindade de diferentes, na unidade duma mesma missão. A missão de Deus é amar. Esta é a primeira e única missão, fonte de todas as outras missões. Porque nasce do amor de Deus, é eterna e não acaba jamais.
2. O amor não vive para si mesmo. A comunhão de amados cria novas coisas à sua imagem e semelhança. A Palavra, cheia do Espírito Divino, é enviada pelo Pai a pronunciar o “Faça-se”! O Verbo comunicou amor e surgiu a criação. É uma manifestação da missão de Deus que continua a criar e a sustentar toda a criação.
3. A humanidade amada suspeitou de tanto amor e gratuidade. Isolou-se para ser maior, desobedeceu para dominar. Criada para amar, a criação ficou assim ferida e diminuída. Geme porque não ama, mas tem medo de amar. Abraão, Moisés, David e os profetas aceitaram ser enviados pelo Espírito ao povo de Israel numa missão de fidelidade à Aliança. Israel aceita a Lei do Amor gravada em pedras, mas o sonho de Deus é grava-la no coração do seu povo.
4. A missão do amor divino permanece para sempre e destina-se a todos os povos. Apesar da infidelidade do seu povo, Deus não desiste nem se cansa de amar. Por fim, o Pai envia o seu Filho, que por acção do Espírito Santo, inicia uma nova criação no seio de Maria de Nazaré. O amor não se impõe. Apresenta-se frágil no respeito pelo crescimento lento de Deus no Filho do Homem. Após trinta anos de silêncio, o amor manifesta-se em Jesus como proposta, serviço, remédio, geração de vida nova. Sem medo de ser frágil, o Filho do Amor torna-se o Caminho que conduz a criação ao seu objectivo original: enviados para amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Na cruz da violência e da traição manifesta-se o amor transparente e gratuito de quem ama até ao fim. É a missão redentora de Deus.
5. A missão de Deus continua. A Ressurreição e o Pentecostes são os dois braços com que o amor de Deus recria e abraça a criação inteira. O baptizado em Cristo é um enviado em missão para viver e anunciar o amor. Ungido pelo Espírito, o cristão é um outro Cristo. Nele palpita a alma do amor que anseia por amar sem fronteiras. Uma vez descoberto este tesouro, tudo o mais se torna relativo e dispensável. Na criação renovada pelo amor de Deus a missão chama-se diálogo inter-religioso quando o cristão se relaciona e ama os que professam outras religiões; chama-se diálogo ecuménico quando se relaciona e colabora com os cristãos das Igrejas separadas; chama-se solidariedade e promoção humana quando se aproxima e toma a defesa dos pobres e marginalizados; chama-se ecologia quando se cuida da criação e lhe cria condições de futuro; chama-se justiça e paz quando, com sentido profético, promove um mundo mais humano e pacífico; chama-se espiritualidade e mística quando, acreditando que a missão é essencialmente de Deus, procura por meio da Bíblia, da oração, da contemplação e da ascese sintonizar com o amor de Cristo por todos; chama-se inculturação quando anuncia o evangelho no seio duma nova cultura e deixa que esta se fecunde e expresse com os valores evangélicos; chama-se anúncio e testemunho de Jesus Cristo quando, ao fazer tudo isto, se identifica com Cristo, verdadeiro caminho que conduz ao amor.
6. O amor é a alma, o projecto e o objectivo da Missão de Deus. Todos somos chamados a colaborar nesta missão de amar como leigos, como consagrados, como sacerdotes. Uns partindo para longe, tornando próximo o irmão de outra cultura e Igreja, outros permanecendo na sua Igreja local, testemunhando e anunciando Jesus. Sintonizados com a missão de Deus, todos se devem sentir enviados a amar como Deus manda: sem limites e gratuitamente.
José Augusto Duarte Leitão, svd (Texto incluído no Guião Outubro Missionário 2006)
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