segunda-feira, janeiro 21, 2008

 

Semana de Unidade pelos Cristãos: 21 Janeiro


4º dia: Orai sem cessar pela justiça

Vede que ninguém retribua o mal com o mal; procurai sempre o bem uns com os outros e de todos (1 Tes 5, 15)


Êx 3,1-12: O Senhor ouve o grito dos filhos de Israel
Sal 146: O Senhor... faz justiça aos oprimidos
1 Tes 5,(12a)13b-18: Vede que ninguém retribua o mal com o mal
Mt 5,38-42: Não resistais ao homem mau

Comentário
Como povo de Deus, somos chamados a orar juntos pela justiça. Deus ouve o grito dos oprimidos, dos necessitados, do órfão e da viúva. Deus é um Deus de justiça e responde às nossas orações através do seu Filho, Jesus Cristo, que nos pediu que trabalhássemos juntos na unidade e na paz, e não na violência. É também o que nos recorda Paulo quando destaca: «Vede que ninguém retribua o mal com o mal; procurai sempre o bem uns com os outros e de todos».

Os cristãos rezam sem cessar pela justiça, para que toda vida humana seja tratada com dignidade e receba o que lhe corresponde. Nos Estados Unidos, a injustiça da escravidão só acabou com uma guerra civil sangrenta, à qual sucedeu um século de racismo mantido pelo Estado. A segregação em função da cor da pele existia inclusive nas igrejas. Infelizmente, o racismo e outras formas de sectarismo, como a xenofobia, ainda não desapareceram da sociedade americana.

Sobre tudo graças aos esforços das Igrejas, em particular das Igrejas afro-americanas e de seus sócios ecumênicos, e muito especialmente graças à resistência não-violenta do Reverendo Martin Luther King, Jr, os direitos cívicos de todos se inscreveram na legislação americana. Ele estava convencido profundamente de que só o amor cristão pode superar o ódio e permitir a transformação da sociedade; os cristãos continuam hoje se alimentando dessa certeza que os leva a trabalhar juntos a favor da justiça. O aniversário do nascimento de Martin Luther King é uma festa nacional nos Estados Unidos. Cada ano, cai exatamente antes ou durante a Semana de oração pela Unidade dos Cristãos.

Deus ouviu e respondeu aos gritos dos filhos de Israel. Deus continua ouvindo e respondendo aos gritos de todos os oprimidos. Jesus nos lembra que a justiça divina se revela em sua vontade pessoal de renunciar inclusive à sua segurança, sua potência e seu prestígio, e também à sua vida, com o fim de oferecer ao mundo a justiça e a reconciliação graças às quais todos os seres humanos se considerarão iguais em valor e dignidade.
Somente quando ouvimos e respondemos aos gritos dos oprimidos, podemos progredir juntos no caminho da unidade. Isso vale também para o movimento ecumênico, que pode nos exigir «dar passos suplementares» em nossa vontade de escutar o outro, de renunciar a ser vingativos e de atuar na caridade.

Oração
Senhor Deus, vós criastes a humanidade, homem e mulher, à vossa imagem. Concedei-nos orar sem cessar, com uma só alma e com um único coração, para que todos os que têm fome no mundo fiquem satisfeitos; que os oprimidos se libertem; que todo ser humano seja tratado com dignidade. Fazei de nós instrumentos vossos, para que este desejo se converta em realidade. Vo-lo pedimos em nome de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.


(Tradução da ZENIT.org O texto faz parte do material distribuído pela Comissão Fé e Constituição, do Conselho Ecumênico das Igrejas e o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.)

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OS MANDAMENTOS QUE NOS UNEM

Buenos Aires - No ano passado, após as polêmicas que suscitou um discurso de Bento XVI na universidade alemã, em Ratisbona, em certos setores do Islã, algumas personalidades islâmicas lhe dirigiram uma carta. O documento foi assinado por um grupo de 38 exponentes muçulmanos de diferentes países e tradições. Seu objetivo era precisamente continuar o diálogo de Ratisbona, superando definitivamente os aspectos polêmicos. De fato, esta resposta coincidia com algumas afirmações papais, em outros casos realizou comentários e sobre alguns pontos manifestou suas razões de desacordo.

Próximo ao final do documento se dizia que o Islã e o Cristianismo representam mais da metade da população global. Por essa razão, segundo os assinantes, a relação entre ambas religiões constitui um fator decisivo para a paz mundial. Os contatos amistosos e pacíficos entre seus fiéis –se afirmava– se baseiam nos elementos comuns, em particular “nos dois grandes mandamentos”: o do amor a Deus e o do amor ao próximo (Evangelho de Marcos, 12, 29-31).

Nos meses seguintes, a carta recebeu novas adesões e alcançou o total de cem assinantes. Há um ano deste episódio, devido à finalização do mês do Ramadã, em 13 de outubro, 138 líderes islâmicos voltaram a enviar uma nova carta, esta vez dirigida não só ao Papa, mas também aos demais representantes de todas as Igrejas cristãs.

“Uma palavra em comum entre vocês e nós” é o título do documento que aprofunda, citando amplamente o Alcorão e a Bíblia, o que se afirmava na carta do ano passado: os mandamentos do amor a Deus e ao próximo são um elemento comum nas três religiões monoteístas. Em segundo lugar, o documento convida a levar em conta que esse “terreno comum não é uma mera questão de correto diálogo ecumênico entre os chefes religiosos” porque se “muçulmanos e cristãos não estiverem em paz, o mundo não pode estar em paz”. “Ajamos de maneira tal que nossas diferenças não provoquem ódios e conflitos entre nós. Compitamos uns com os outros só em retidão e em boas obras. Respeitemos-nos, sejamos justos e gentis, vivamos em paz sincera, na harmonia e na benevolência mútua”, concluiu o texto.

Sabemos que a religião muçulmana não está representada por uma única autoridade, como com freqüência ocorre nas Igrejas cristãs e, em especial, na católica. Portanto, cabe se perguntar pelo peso que tem esta iniciativa nos setores mais populares do Islã, dado que os assinantes representam o âmbito mais “oficial” ou o mais intelectual.

Não obstante, podem se ressaltar alguns aspectos desta iniciativa –que o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo entre as Religiões, cardeal Jean-Louis Tauran, definiu como um “sinal muito alentador”– que merecem ser destacados.

Em primeiro lugar, é a primeira vez que um número tão grande de exponentes do Islã se dirige aos cristãos através de uma mensagem em comum. Entre os assinantes existem sunitas, xiitas, ismaelitas, jaafari, ibadi de 43 países. Por sua vez, a iniciativa situa o diálogo em um profundo clima espiritual: o amor exclusivo a Deus e ao próximo, o que deixa vislumbrar um espaço de mútuo enriquecimento que só pode beneficiar as respectivas comunidades.

Outro aspecto deste anseio da alma das “religiões do livro” é que ajuda a superar as interpretações superficiais ou parciais de nossas verdades, as quais costumam alimentar todo tipo de fundamentalismos, que geralmente se baseiam em posturas mais ideológicas que religiosas.

Há uma sintonia entre este documento e as recentes intervenções de Joseph Ratzinger sobre o diálogo inter-religioso. Bento XVI assinalou que os dez mandamentos constituem o fundamento de uma ética universal. E os dez mandamentos se resumem precisamente no amor a Deus e no amor ao próximo.

Para que líderes religiosos, tomando distância das polêmicas, falem a partir dos mandamentos do amor é necessário um giro importante: ganha ulterior impulso o caminho do diálogo, acaso o único que hoje pode neutralizar a lógica do choque de civilizações que se pretende instalar.
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Alberto Barlocci
Jornalista da revista Ciudad Nueva
 

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