sábado, março 08, 2008
8 de Março - DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Lá estavam elas, ao som dos teares, tecendo com fio de lilásos tecidos que deveriam vestir e aquecer outros corpos (roupas que elas mesmas jamais vestiram).
Já próximas ao limite de suas forças,
Exaustas pelas 16 horas de lida diária,
Exaustas pelas 16 horas de lida diária,
As operárias ainda encontravam ânimo
Para socorrer companheiras que se esvaíam tuberculosas;
Para socorrer companheiras que se esvaíam tuberculosas;
Para saudar recém-nascidas
que saltavam para dentro da vida ali mesmo, sob os teares;
E para chorar envelhecidas jovens
que aos 30 anos agonizavam em seus postos e se despediam da vida.
Trabalhavam em condições sub-humanas, recebiam um ínfimo salário,
as condições de salubridade eram precárias, não havia nenhuma lei que as protegesse no tempo de gravidez e de parto.
as condições de salubridade eram precárias, não havia nenhuma lei que as protegesse no tempo de gravidez e de parto.
Embaladas pelo ritmo das máquinas,
E com o colo molhado de lágrimas,
As mulheres gestam sonhos de esperanças:Salários dignos, melhores condições de saúde,
Jornada de trabalho que lhes permitisse abraçar mais longamente suas crianças,
Beijar mais ternamente seus maridos
E saborear um pouco mais a comunhão à mesa na simplicidade de seus lares.
Contagiadas por esse sonho,
Declararam greve e foram compartilhar seus anseios com o patrão.
Mas o patrão, indignado com tamanho absurdo,
Julgou ser este um caso de polícia.
E aquele sonho divino foi transformado em um pesadelo infernal.
No dia 8 de Março de 1857, A fábrica de tecidos Cotton, de Nova York, foi incendiada. As portas estavam trancadas. O edifício foi transformado em um grande crematório. 129 mulheres morreram queimadas.
Mas a fumaça daquele holocausto espalhou-se por todo lugar,
Levando consigo o sonho daquelas mulheres,
Contagiando e sensibilizando pessoas em todo o mundo,
Que se encarregaram de tornar realidade aquele ideal.
Mártires cremadas, fios lilases,
Gestantes de um mundo melhor,
Inspiraram Clara Zetkin a propor,
Durante o 1º Congresso Internacional de Mulheres, realizado na Noruega em 1910,
A instituição do Dia Internacional da Mulher.
Desde então, a cada 8 de Março,
Mulheres e homens tem reafirmado sua tarefa
De tecer uma nova história.
(Adaptação do poema O fio da história, de Edenir Antunes Filho e Luiz Carlos Ramos)Fonte: http://www.cebi.org.br/
(Adaptação do poema O fio da história, de Edenir Antunes Filho e Luiz Carlos Ramos)Fonte: http://www.cebi.org.br/
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MULHER
WOMAN - [John Lennon]
Woman I can hardly express
My mixed emotions at my thoughtlessness
After all I'm forever in your debt
And woman I will try to express
My inner feelings and thankfulness
For showing me the meaning of success
Woman I know you understand
The little child inside of the man
Please remember my life is in your hands
And woman hold me close to your heart
However distant don't keep us apart
After all it is written in the stars
Woman please let me explain
I never meant to cause you sorrow or pain
So let me tell you again and again and again
I love you
Now and forever
I love you
Now and forever
I love you
Now and forever
I love you
WOMAN - [John Lennon]
Woman I can hardly express
My mixed emotions at my thoughtlessness
After all I'm forever in your debt
And woman I will try to express
My inner feelings and thankfulness
For showing me the meaning of success
Woman I know you understand
The little child inside of the man
Please remember my life is in your hands
And woman hold me close to your heart
However distant don't keep us apart
After all it is written in the stars
Woman please let me explain
I never meant to cause you sorrow or pain
So let me tell you again and again and again
I love you
Now and forever
I love you
Now and forever
I love you
Now and forever
I love you
"As mulheres honram o seu Caminho Sagrado quando se dão conta do conhecimento intuitivo inerente a sua natureza receptiva. As mulheres precisam aprender a amar, compreender, e, desta forma, curar umas às outras. Cada uma delas pode penetrar no silêncio do próprio coração para que lhe seja revelada a beleza do recolhimento e da receptividade".
- Jamie Sams -
- Jamie Sams -
MULHERES: FRAGILIDADE E FORÇA
Maria Clara Lucchetti Bingemer*
No Dia Internacional da Mulher escolho para simbolizar e presidir esta reflexão uma adolescente de 16 anos que descobre ter ficado grávida depois de fazer sexo descuidadamente com o namoradinho da mesma idade. Em sua fragilidade e juventude, a excepcional atriz Ellen Page dá um show de interpretação no papel da menina frágil e forte ao mesmo tempo em que se depara repentinamente com uma situação com a qual não contava e que fará apelo direto a sua identidade e sua condição feminina.
Juno é filha de pais separados. Sua mãe casou-se com um militar e mora em outro estado, em uma base militar. O máximo de ligação que mantém com a filha é enviar um cactus de presente a cada Valentine´s day (o correspondente ao Dia dos Namorados nos EUA). A menina vive com o pai, com quem mantém boa relação e com a madrasta, com quem também tem facilidade de conversar. No entanto, inegavelmente, não se passa incólume pela experiência de ter a mãe longe e incomunicada. E o filme insinua isso com perícia. Certamente, sendo um filme autobiográfico, sua roteirista Diablo Cody não colocou esse elemento na narrativa à toa.
Ao descobrir sua gravidez, Juno em um primeiro momento lida sozinha com o fato. E procura em primeiro lugar uma das muitas associações de mulheres existentes em seu país que possam encaminhá-la para a interrupção da gravidez, ou seja, o aborto. O atendimento frio e mal humorado que aí encontra, a visão das mulheres nervosas e apavoradas da ante-sala da organização a fazem sair correndo e levemente em pânico. Ali foi decidido no coração dessa mulher ainda menina que não passaria o atestado de óbito ao filho.
É somente a partir deste momento que Juno procura o diálogo com pai e madrasta. A alternativa mortal já estava descartada e a menina começa um belo discernimento a favor da vida daquele que será seu filho, mas que ela sabe que não tem condições de criar nem cuidar. A opção de buscar um anúncio de um casal sem filhos pelo jornal vai levá-la até Mark e Vanessa, casal de posses e aparentemente desejosos de adotar um filho.
Na verdade, apenas um dos dois tinha esse desejo. O outro se encontrava em processo bem diferente, coisa que o filme mostrará com maestria, deixando o espectador em suspense até o final. A partir do dia em que faz o acordo de adoção com o casal até o parto, uma série de fatos vão suceder na vida da adolescente Juno que vão levá-la a ter que improvisar uma maturidade que não seria comum em sua idade.
O emotivo, mas ao mesmo tempo belo final não escamoteia a porção de dor necessária à decisão tomada pela menina que virou mulher à força. Mas ao mesmo tempo abre perspectivas para a continuação de sua vida que não por causa de uma gravidez não planejada deve deixar de ser jovem, alegre e cheia de todas as coisas que integram o cotidiano da juventude.
Em um momento em que a questão da vida em seus inícios está sendo tão debatida creio que o filme Juno traz um abordagem nova e fecunda. Não defende os direitos irrestritos da mulher em relação a seu corpo em detrimento da vida de outro que não pode gritar nem defender-se da decisão tomada por outros de que não tem direito a nascer. Mas também não defende os direitos do feto de tal maneira que a mulher apareça condenada a uma vida sem horizontes e sem felicidade possível apenas porque, na precipitação de sua pouca idade, fez uso um tanto irresponsável de sua sexualidade.
Juno, em sua juventude, encarna de maneira linda e harmoniosa as duas principais características da mulher. Frágil em sua juventude, em sua orfandade materna, em sua luta contra o preconceito que pretende marginaliza-la na rua, na escola, na casa do namorado. Forte na maneira como leva avante a vida que traz dentro de si e a defende, seguindo o instinto milenar que sempre caracterizou a fêmea diante da cria, presente em todo o reino animal e que no ser humano adquire conotações transcendentes e sagradas.
Juno não é uma doidinha que irresponsavelmente quer se livrar das conseqüências de seus atos. Pelo contrário, assume o que lhe acontece e, com a ajuda do pai e da madrasta, do amor pelo namorado e inclusive do amor pelo bebê que vive e pulsa em seu ventre, intui certeiramente qual é o destino melhor para aquele que gerou.
O final do filme é realista. Não cai na tentação dos happy ending americanos. Juno não fica com o bebê. Mas também não o entrega a qualquer um e sim àquela que lhe parece que tem mais condições de cuidá-lo bem e dar-lhe uma vida digna desse nome. Sua cabecinha, que até o momento da descoberta da gravidez só pensava em tocar rock na guitarra e falar no telefone em forma de hambúrguer, começa a funcionar perfeitamente, animada pela vida que traz dentro de si.
Para todas as mulheres que um dia se depararam com uma gravidez inesperada, indesejada ou assustadora, Juno é um grito de esperança. No sentido em que diz que há soluções intermediárias para essa situação que não precisam passar pela eliminação assassina da vida frágil que brota no seio da mulher. Nem tampouco precisam penalizar mulheres que às vezes foram empurradas a esta situação, seja por sua pouca idade, por sua fragilidade, pela violência e todas as formas de opressão que metade da humanidade ainda sofre em muitos lugares e sob muitos aspectos.
A fragilidade da mulher unida a sua força certamente podem encontrar caminhos adultos e éticos para situações difíceis. No Dia Internacional da Mulher, uma saudação solidária e amiga a todas as que um dia tiveram que lidar com o problema de deparar-se com um problema parecido ao de Juno e foram deixadas sozinhas e desamparadas pela sociedade cruel e abortiva na qual vivemos. É tempo que a comunidade pense que a gravidez e os problemas a ela ligados não são apenas um problema da mulher, mas sim de toda a humanidade.
* Maria Clara Lucchetti Bingemer, teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio de Janeiro, Brasil
Maria Clara Lucchetti Bingemer*
No Dia Internacional da Mulher escolho para simbolizar e presidir esta reflexão uma adolescente de 16 anos que descobre ter ficado grávida depois de fazer sexo descuidadamente com o namoradinho da mesma idade. Em sua fragilidade e juventude, a excepcional atriz Ellen Page dá um show de interpretação no papel da menina frágil e forte ao mesmo tempo em que se depara repentinamente com uma situação com a qual não contava e que fará apelo direto a sua identidade e sua condição feminina.
Juno é filha de pais separados. Sua mãe casou-se com um militar e mora em outro estado, em uma base militar. O máximo de ligação que mantém com a filha é enviar um cactus de presente a cada Valentine´s day (o correspondente ao Dia dos Namorados nos EUA). A menina vive com o pai, com quem mantém boa relação e com a madrasta, com quem também tem facilidade de conversar. No entanto, inegavelmente, não se passa incólume pela experiência de ter a mãe longe e incomunicada. E o filme insinua isso com perícia. Certamente, sendo um filme autobiográfico, sua roteirista Diablo Cody não colocou esse elemento na narrativa à toa.
Ao descobrir sua gravidez, Juno em um primeiro momento lida sozinha com o fato. E procura em primeiro lugar uma das muitas associações de mulheres existentes em seu país que possam encaminhá-la para a interrupção da gravidez, ou seja, o aborto. O atendimento frio e mal humorado que aí encontra, a visão das mulheres nervosas e apavoradas da ante-sala da organização a fazem sair correndo e levemente em pânico. Ali foi decidido no coração dessa mulher ainda menina que não passaria o atestado de óbito ao filho.
É somente a partir deste momento que Juno procura o diálogo com pai e madrasta. A alternativa mortal já estava descartada e a menina começa um belo discernimento a favor da vida daquele que será seu filho, mas que ela sabe que não tem condições de criar nem cuidar. A opção de buscar um anúncio de um casal sem filhos pelo jornal vai levá-la até Mark e Vanessa, casal de posses e aparentemente desejosos de adotar um filho.
Na verdade, apenas um dos dois tinha esse desejo. O outro se encontrava em processo bem diferente, coisa que o filme mostrará com maestria, deixando o espectador em suspense até o final. A partir do dia em que faz o acordo de adoção com o casal até o parto, uma série de fatos vão suceder na vida da adolescente Juno que vão levá-la a ter que improvisar uma maturidade que não seria comum em sua idade.
O emotivo, mas ao mesmo tempo belo final não escamoteia a porção de dor necessária à decisão tomada pela menina que virou mulher à força. Mas ao mesmo tempo abre perspectivas para a continuação de sua vida que não por causa de uma gravidez não planejada deve deixar de ser jovem, alegre e cheia de todas as coisas que integram o cotidiano da juventude.
Em um momento em que a questão da vida em seus inícios está sendo tão debatida creio que o filme Juno traz um abordagem nova e fecunda. Não defende os direitos irrestritos da mulher em relação a seu corpo em detrimento da vida de outro que não pode gritar nem defender-se da decisão tomada por outros de que não tem direito a nascer. Mas também não defende os direitos do feto de tal maneira que a mulher apareça condenada a uma vida sem horizontes e sem felicidade possível apenas porque, na precipitação de sua pouca idade, fez uso um tanto irresponsável de sua sexualidade.
Juno, em sua juventude, encarna de maneira linda e harmoniosa as duas principais características da mulher. Frágil em sua juventude, em sua orfandade materna, em sua luta contra o preconceito que pretende marginaliza-la na rua, na escola, na casa do namorado. Forte na maneira como leva avante a vida que traz dentro de si e a defende, seguindo o instinto milenar que sempre caracterizou a fêmea diante da cria, presente em todo o reino animal e que no ser humano adquire conotações transcendentes e sagradas.
Juno não é uma doidinha que irresponsavelmente quer se livrar das conseqüências de seus atos. Pelo contrário, assume o que lhe acontece e, com a ajuda do pai e da madrasta, do amor pelo namorado e inclusive do amor pelo bebê que vive e pulsa em seu ventre, intui certeiramente qual é o destino melhor para aquele que gerou.
O final do filme é realista. Não cai na tentação dos happy ending americanos. Juno não fica com o bebê. Mas também não o entrega a qualquer um e sim àquela que lhe parece que tem mais condições de cuidá-lo bem e dar-lhe uma vida digna desse nome. Sua cabecinha, que até o momento da descoberta da gravidez só pensava em tocar rock na guitarra e falar no telefone em forma de hambúrguer, começa a funcionar perfeitamente, animada pela vida que traz dentro de si.
Para todas as mulheres que um dia se depararam com uma gravidez inesperada, indesejada ou assustadora, Juno é um grito de esperança. No sentido em que diz que há soluções intermediárias para essa situação que não precisam passar pela eliminação assassina da vida frágil que brota no seio da mulher. Nem tampouco precisam penalizar mulheres que às vezes foram empurradas a esta situação, seja por sua pouca idade, por sua fragilidade, pela violência e todas as formas de opressão que metade da humanidade ainda sofre em muitos lugares e sob muitos aspectos.
A fragilidade da mulher unida a sua força certamente podem encontrar caminhos adultos e éticos para situações difíceis. No Dia Internacional da Mulher, uma saudação solidária e amiga a todas as que um dia tiveram que lidar com o problema de deparar-se com um problema parecido ao de Juno e foram deixadas sozinhas e desamparadas pela sociedade cruel e abortiva na qual vivemos. É tempo que a comunidade pense que a gravidez e os problemas a ela ligados não são apenas um problema da mulher, mas sim de toda a humanidade.
* Maria Clara Lucchetti Bingemer, teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio de Janeiro, Brasil
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