segunda-feira, agosto 11, 2008

 

A Missão, uma obrigação!


Reflexão sobre o Congresso Missionário, a partir de Mt 14,22-33

Jonas parte para a missão contra a vontade. Sente-se afogado pela tempestade exterior e interior, mas o Senhor vem ao seu encontro e salva-o para a Missão.
Os discípulos, após a multiplicação dos pães e dos peixes, queriam fixar-se ali para que o reino terreno de Cristo se estabelecesse. Jesus “obriga-os” a entrar na barca e a partir para outra margem. Partem contra a vontade e, mais uma vez, a tempestade interior e exterior os envolve na noite das suas vidas e dos seus projectos. Do outro lado da margem está o desconhecido e os que não pertencem ao Povo Eleito. Porque partir para a terra dos pagãos, se entre os nossos temos a grande oportunidade de prosperar e de nos impor com poder? Porque desperdiçar esta oportunidade em que o povo quer aclamar Jesus como rei?
Jesus fica em terra para despedir o povo e lhes recordar que nem só de pão vive o homem. Permanece em oração. Na solidão e no diálogo com o Pai vive a tempestade da opção entre as aclamações transitórias da multidão e a fidelidade à Missão do Pai que O enviou. É uma noite de luta. Vence a fidelidade à missão do Pai, “porque foi para isso que fui enviado” (Mc 1,38).
Como Jonas, os discípulos sentem-se perdidos e desesperados. Jesus vai ao seu encontro, caminhando sobre as águas. Revela-se como o Filho de Deus e não como rei político. Os discípulos não O reconhecem. Deixaram em terra o Messias político e ao seu encontro veio o Messias de Deus. Jesus, pedagogicamente, vai criando condições para que os discípulos o acolham na fé. Pedro manifesta uma fé frágil que precisa de sinais e vive ainda muito de medos e assente nas próprias capacidades limitadas. Por fim acolhem Jesus na sua barca, adoram-no e reconhecem-no como Filho de Deus. Agora podem partir em Missão, pois aceitar Jesus na fé, é aceitar também colaborar na sua Missão. Agora a tempestade interior e exterior deu lugar à paz, ao “shalom da bonança”.

A Igreja portuguesa convocou, para o início de Setembro, um Congresso Missionário Nacional. A reacção tem sido moderada. Os que já responderam e se inscreveram, bispos, sacerdotes, consagrados/as e leigos são pessoas que já navegam, de formas diferentes, em mares da Missão. O objectivo de colocar a Igreja portuguesa em estado de Missão, hoje como ontem, é sempre difícil de alcançar.
Porque partir para a outra margem da Missão se há tanto trabalho entre os nossos? Porque ir ao encontro do que não crê se ele tem direito e é livre para viver como quer? Porque partir para outras Igrejas necessitadas se a Igreja portuguesa precisa de tanta gente comprometida com a sua re-evangelização?
Muitos sentem-se como os discípulos na barca, no meio de uma tempestade, navegando durante a noite de desesperança e do medo. Com receio de perder o poder da Igreja, pensam em estratégias de marketing para conquistar novos prosélitos. Contam mais com os seus estratagemas do que com a força salvadora de Cristo. No meio de tantos planos tão humanos, será que ainda há lugar para Cristo na barca?
“Rasgar horizontes” é sair dos nossos planos humanos e corporativistas para acolher Jesus na fé e deixar que seja Ele a entrar na barca das nossas vidas ou comunidades e acalmar os nossos medos.
“Viver a Missão” é aceitar partir, porque é uma “obrigação” a que nenhum discípulo de Jesus pode escapar por comodidade ou por medo. A fé em Jesus vivo e as sementes do reino de Deus que em nós germinam, não podem ser guardadas em couto privado. É para partilhar e anunciar a quem está do outro lado da margem da falta de sentido e de futuro.
São horas de partir em Missão e despertar para a presença do Senhor que vem ao nosso encontro e nos diz. “Tende confiança. Sou Eu. Não tenham medo”.

J. Augusto, svd

Comments:
Querido Padre José Augusto,

Muito bonito o seu texto, Meu Amigo!

Gostei demais. Muito inspirado e bem escrito - sua marca registrada!

Abração afetuoso daqui de São Paulo, Brasil.
 
Querido Padre José Augusto,

Muito bonito o seu texto, Meu Amigo!

Gostei demais. Muito inspirado e bem escrito - sua marca registrada!

Abração afetuoso daqui de São Paulo, Brasil.
 

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