sábado, setembro 26, 2009
NORMOSE" (a doença de ser normal)
"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." (Friedrich Nietzsche)
Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema. Quem não se "normaliza", quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento que "exercem" tanto poder sobre nossas vidas? Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados.
A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer ser o que não se precisa ser. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?
Então, como aliviar os sintomas desta doença?
Um pouco de auto-estima basta.
Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original.
Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.
Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais e tentam viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Para mim são os verdadeiros normais, porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações. Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada.
Por isso divulgue o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.
Michel Schimidt Psicoterapeuta
quarta-feira, setembro 23, 2009
Casa Bom Samaritano: Uma capelania evangelizadora
Numa das passagens pela comunidade de Fátima, quando era provincial, pediram-me para ir celebrar ao Bom Samaritano. Encontrei a porta entreaberta. Entrei e fui descobrindo intuitivamente a capela e a sacristia. Revesti-me e ao cântico inicial entrei na capela. Perante o rosto desconhecido do sacerdote, a devoção cedeu lugar à interrogação. A curiosidade das meninas era palpável. Logo que terminei a saudação inicial da missa e fiz uma pequena pausa, imediatamente surgiu uma porta-voz da ansiedade de todas: “Como te chamas?” Fiz uma tímida apresentação que a irmã coordenadora completou dizendo que eu era o superior dos padres do Verbo Divino que vinham habitualmente ali celebrar a Eucaristia. Perante tal apresentação, olharam-me de alto a baixo com olhar surpreso. Compreendendo a sua admiração, perguntei-lhes: “Não parece, pois não?” A resposta foi unânime: “Não!” Sorri e imediatamente me senti em casa. Estava perante pessoas crescidas com olhar de criança, incapazes de representar um papel aprendido quando no palco da vida a verdade lhes parecia outra.
Contemplando este mundo à parte, a partir do mundo pragmático e eficiente em que vivemos, interroguei-me se valia a pena um grupo de irmãs, consagradas à Divina Providência, gastarem a sua vida com pessoas que a sociedade considera inúteis e um fardo? Confesso que a primeira reacção foi de estranheza e de dúvida.
Com o andar do tempo e conhecendo melhor as irmãs e as pessoas que habitam esta casa diferente, a minha estranheza foi sendo vencida pela admiração e estima. Aprendi a olhar para além das limitações e a surpreender-me com a pureza de coração na espontaneidade e simplicidade da verdade duma criança com corpo de mulher. Neste oásis de humanidade aprendi a ver para além das aparências e a valorizar a pessoa humana mais pelo que é do que pelo que faz.
Esta capelania faz parte do projecto comunitário dos missionários do Verbo Divino em Fátima. O que começou por ser um compromisso esporádico foi sendo assumido por todos os que têm passado pela comunidade como um projecto natural e querido. Não é visto como um serviço ou um dever, mas quase como uma extensão da nossa comunidade. Participando desta forma na missão das irmãs, sentimo-nos também nós em missão.
As meninas brindam-nos com a amizade e o interesse por todos os sacerdotes que por ali passaram. A sua memória é extraordinária quando o reconhecimento as preenche. Perguntam por este e aquele padre. Mandam cumprimentos. Dizem que têm saudades e rezam por eles. Num mundo de indiferença e de esquecimento, todo este carinho e interesse é evangelizador e compensador.
À capela vêm apenas as que querem e têm condições para isso. Muitas outras ficam nas suas salas e ouvimos, de vez em quando, os seus gritos incontrolados de quem não sabe falar de outra forma. No entanto, todas na casa têm um nome e fazem parte da família do Bom Samaritano. A comunidade de irmãs, portuguesas e timorenses, convive com todas estas situações e vêem neste serviço uma missão de amor ao próximo. Tal como o bom samaritano, acolhem as rejeitadas da sociedade, cuidam delas, curam as suas feridas e aceitam-nas como irmãs de caminhada. Uma família diferente simplesmente! Um desafio profético ao ideal de perfeição, beleza, eficácia e sabedoria dos nossos tempos.
Nas festas da comunidade tive oportunidade de perceber que há muita gente que aprecia esta obra e dela é benfeitor e amigo. Nota-se a Divina Providência em acção. Parabéns às irmãs por esta obra que nos desperta tantos sentimentos de gratidão e humanidade.
Contemplando este mundo à parte, a partir do mundo pragmático e eficiente em que vivemos, interroguei-me se valia a pena um grupo de irmãs, consagradas à Divina Providência, gastarem a sua vida com pessoas que a sociedade considera inúteis e um fardo? Confesso que a primeira reacção foi de estranheza e de dúvida.
Com o andar do tempo e conhecendo melhor as irmãs e as pessoas que habitam esta casa diferente, a minha estranheza foi sendo vencida pela admiração e estima. Aprendi a olhar para além das limitações e a surpreender-me com a pureza de coração na espontaneidade e simplicidade da verdade duma criança com corpo de mulher. Neste oásis de humanidade aprendi a ver para além das aparências e a valorizar a pessoa humana mais pelo que é do que pelo que faz.
Esta capelania faz parte do projecto comunitário dos missionários do Verbo Divino em Fátima. O que começou por ser um compromisso esporádico foi sendo assumido por todos os que têm passado pela comunidade como um projecto natural e querido. Não é visto como um serviço ou um dever, mas quase como uma extensão da nossa comunidade. Participando desta forma na missão das irmãs, sentimo-nos também nós em missão.
As meninas brindam-nos com a amizade e o interesse por todos os sacerdotes que por ali passaram. A sua memória é extraordinária quando o reconhecimento as preenche. Perguntam por este e aquele padre. Mandam cumprimentos. Dizem que têm saudades e rezam por eles. Num mundo de indiferença e de esquecimento, todo este carinho e interesse é evangelizador e compensador.
À capela vêm apenas as que querem e têm condições para isso. Muitas outras ficam nas suas salas e ouvimos, de vez em quando, os seus gritos incontrolados de quem não sabe falar de outra forma. No entanto, todas na casa têm um nome e fazem parte da família do Bom Samaritano. A comunidade de irmãs, portuguesas e timorenses, convive com todas estas situações e vêem neste serviço uma missão de amor ao próximo. Tal como o bom samaritano, acolhem as rejeitadas da sociedade, cuidam delas, curam as suas feridas e aceitam-nas como irmãs de caminhada. Uma família diferente simplesmente! Um desafio profético ao ideal de perfeição, beleza, eficácia e sabedoria dos nossos tempos.
Nas festas da comunidade tive oportunidade de perceber que há muita gente que aprecia esta obra e dela é benfeitor e amigo. Nota-se a Divina Providência em acção. Parabéns às irmãs por esta obra que nos desperta tantos sentimentos de gratidão e humanidade.
quinta-feira, setembro 17, 2009
Encontro Ecuménico
Pela primeira vez na história da Igreja, o Santo Padre vai reunir-se, com os cinco Patriarcas Católicos de Rito Oriental (das igrejas maronita, melquita, síria, arménia e caldeia), ao mesmo tempo, no dia 19 deste mês. É um encontro muito importante para o futuro das relações entre todos nós e para a imagem pública de Igreja de Jesus Cristo.
Rezemos por este encontro.
Rezemos por este encontro.
terça-feira, setembro 15, 2009
Decálogo para ler a Bíblia com proveito
1. Nunca achar que somos os primeiros que leram a Santa Escritura. Muitos, muitíssimos, através dos séculos, a leram, meditaram, viveram e transmitiram. Os melhores intérpretes da Bíblia são os santos.
2. A Escritura é o livro da comunidade eclesial. Nossa leitura, ainda que seja em solidão, jamais poderá ser solitária. Para lê-la com proveito, é preciso inserir-se na grande corrente eclesial que é conduzida e guiada pelo Espírito Santo.
3. A Bíblia é "Alguém". Por isso, é lida e celebrada ao mesmo tempo. A melhor leitura da Bíblia é a que se faz na Liturgia.
4. O centro da Sagrada Escritura é Cristo; por isso, tudo deve ser lido sob o olhar de Cristo e buscando n'Ele seu cumprimento. Cristo é a chave interpretativa da Sagrada Escritura.
5. Nunca esquecer de que na Bíblia encontramos fatos e frases, obras e palavras intimamente unidos uns aos outros; as palavras anunciam e iluminam os fatos, e os fatos realizam e confirmam as palavras.
6. Uma maneira prática e proveitosa de ler a Escritura é começar com os Santos Evangelhos, continuar com os Atos dos Apóstolos e Cartas e ir misturando com algum livro do Antigo Testamento: Génesis, Êxodo, Juízes, Samuel etc. Não querer ler o livro do Levítico de uma só vez, por exemplo. Os Salmos devem ser o livro de oração dos grupos bíblicos. Os profetas são a "alma" do Antigo Testamento: é preciso dedicar-lhes um estudo especial.
7. A Bíblia é conquistada como a cidade de Jericó: "dando voltas". Por isso, é bom ler os lugares paralelos. É um método interessante e muito proveitoso. Um texto esclarece o outro, segundo o que diz Santo Agostinho: "O Antigo Testamento fica patente no Novo e o Novo está latente no Antigo".
8. A Bíblia deve ser lida e meditada com o mesmo espírito com que foi escrita. O Espírito Santo é o seu principal autor e intérprete. É preciso invocá-lo sempre antes de começar a lê-la e, no final, agradecer-lhe.
9. A Santa Bíblia nunca deve ser utilizada para criticar e condenar os demais.
10. Todo texto bíblico tem um contexto histórico em que se originou e um contexto literário em que foi escrito. Um texto bíblico, fora do sue contexto histórico e literário, é um pretexto para manipular a Palavra de Deus. Isso é tomar o nome de Deus em vão.
+ Mario de Gasperín Gasperín
Bispo de Querétaro
2. A Escritura é o livro da comunidade eclesial. Nossa leitura, ainda que seja em solidão, jamais poderá ser solitária. Para lê-la com proveito, é preciso inserir-se na grande corrente eclesial que é conduzida e guiada pelo Espírito Santo.
3. A Bíblia é "Alguém". Por isso, é lida e celebrada ao mesmo tempo. A melhor leitura da Bíblia é a que se faz na Liturgia.
4. O centro da Sagrada Escritura é Cristo; por isso, tudo deve ser lido sob o olhar de Cristo e buscando n'Ele seu cumprimento. Cristo é a chave interpretativa da Sagrada Escritura.
5. Nunca esquecer de que na Bíblia encontramos fatos e frases, obras e palavras intimamente unidos uns aos outros; as palavras anunciam e iluminam os fatos, e os fatos realizam e confirmam as palavras.
6. Uma maneira prática e proveitosa de ler a Escritura é começar com os Santos Evangelhos, continuar com os Atos dos Apóstolos e Cartas e ir misturando com algum livro do Antigo Testamento: Génesis, Êxodo, Juízes, Samuel etc. Não querer ler o livro do Levítico de uma só vez, por exemplo. Os Salmos devem ser o livro de oração dos grupos bíblicos. Os profetas são a "alma" do Antigo Testamento: é preciso dedicar-lhes um estudo especial.
7. A Bíblia é conquistada como a cidade de Jericó: "dando voltas". Por isso, é bom ler os lugares paralelos. É um método interessante e muito proveitoso. Um texto esclarece o outro, segundo o que diz Santo Agostinho: "O Antigo Testamento fica patente no Novo e o Novo está latente no Antigo".
8. A Bíblia deve ser lida e meditada com o mesmo espírito com que foi escrita. O Espírito Santo é o seu principal autor e intérprete. É preciso invocá-lo sempre antes de começar a lê-la e, no final, agradecer-lhe.
9. A Santa Bíblia nunca deve ser utilizada para criticar e condenar os demais.
10. Todo texto bíblico tem um contexto histórico em que se originou e um contexto literário em que foi escrito. Um texto bíblico, fora do sue contexto histórico e literário, é um pretexto para manipular a Palavra de Deus. Isso é tomar o nome de Deus em vão.
+ Mario de Gasperín Gasperín
Bispo de Querétaro
(QUERÉTARO, segunda-feira, 14 de Setembro de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- Por ocasião do mês da Bíblia, o bispo de Querétaro, Dom Mário de Gasperín Gasperín, biblista reconhecido, escreveu um "Decálogo para ler a Bíblia com proveito", que compartilhamos a seguir, por considerá-lo de interesse geral.)
sexta-feira, setembro 11, 2009
VIDA EM DOM TRANSFORMADA
No Teu altar, Senhor,
Coloco a minha vida,
Para em dom ser transformada
E, por Ti próprio, enviada
A ser expressão de Amor,
Perdão e Paz, sem medida.
Em Ti, Jesus, que me chamas
E me cumulas de graça,
A cada hora que passa,
Contemplo o olhar de Maria,
Minha e Tua mãe também,
Que a sorrir me estende a mão,
A dar-me força e alento,
Para seguir-Te, Jesus,
Sempre e a todo o momento,
Fiel ao Teu chamamento
E em gozosa doação,
Para que o mundo Te aceite
E se abra à Salvação.
Tudo o que tenho e o que sou,
A Ti, meu Deus, tudo dou,
Para, onde quer que esteja,
Ser presença benfazeja
A testemunhar o Amor,
Que és Tu, meu bom Senhor.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 05.09.09
Coloco a minha vida,
Para em dom ser transformada
E, por Ti próprio, enviada
A ser expressão de Amor,
Perdão e Paz, sem medida.
Em Ti, Jesus, que me chamas
E me cumulas de graça,
A cada hora que passa,
Contemplo o olhar de Maria,
Minha e Tua mãe também,
Que a sorrir me estende a mão,
A dar-me força e alento,
Para seguir-Te, Jesus,
Sempre e a todo o momento,
Fiel ao Teu chamamento
E em gozosa doação,
Para que o mundo Te aceite
E se abra à Salvação.
Tudo o que tenho e o que sou,
A Ti, meu Deus, tudo dou,
Para, onde quer que esteja,
Ser presença benfazeja
A testemunhar o Amor,
Que és Tu, meu bom Senhor.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 05.09.09
quarta-feira, setembro 09, 2009
SALVE, MARIA MENINA!
O céu se abriu
E Deus nos sorriu
No rosto inocente
Da doce menina
Chamada Maria,
Fonte de alegria
E muita esperança
Para toda a gente,
Ao tornar palpável
A grande Aliança
De Deus Pai de Amor
Com a humanidade,
No dom admirável
Da maternidade
Na fé assumida
Para, em Jesus,
Deus nos dar a Vida.
Parabéns, Maria,
Porque nesse dia
Deus se enamorou
Do teu coração
E, por ti, sonhou
Dar-nos o Seu Filho,
Nossa salvação!
Ele te fez menina,
Jovem e mulher
Sempre disponível
E pronta a acolher
O plano de divino
Que o teu Sim fiel
Fez acontecer,
Tornando-te mãe
Do Filho de Deus
E nossa também.
Por isso, rezamos
E, alegres, cantamos
A ti, Mãe Maria,
Senhora da Esperança,
Arca da Aliança
Que a paz anuncia.
Feliz quem te toma
Por Mãe e por Guia!
Maria Lina da Silva, fmm, Lx,08.09.09
No rosto inocente
Da doce menina
Chamada Maria,
Fonte de alegria
E muita esperança
Para toda a gente,
Ao tornar palpável
A grande Aliança
De Deus Pai de Amor
Com a humanidade,
No dom admirável
Da maternidade
Na fé assumida
Para, em Jesus,
Deus nos dar a Vida.
Parabéns, Maria,
Porque nesse dia
Deus se enamorou
Do teu coração
E, por ti, sonhou
Dar-nos o Seu Filho,
Nossa salvação!
Ele te fez menina,
Jovem e mulher
Sempre disponível
E pronta a acolher
O plano de divino
Que o teu Sim fiel
Fez acontecer,
Tornando-te mãe
Do Filho de Deus
E nossa também.
Por isso, rezamos
E, alegres, cantamos
A ti, Mãe Maria,
Senhora da Esperança,
Arca da Aliança
Que a paz anuncia.
Feliz quem te toma
Por Mãe e por Guia!
Maria Lina da Silva, fmm, Lx,08.09.09