quinta-feira, novembro 05, 2009
P. Kondor, uma paixão pela mensagem de Fátima
“Quando vamos para Fátima?”
Esta era a questão que colocava insistentemente no hospital e na casa onde faleceu. Fátima para ele era o Secretariado dos Pastorinhos. Os acontecimentos que começaram em 1916 com as aparições do Anjo e continuaram em 1917 com as aparições de Nossa Senhora aos pastorinhos na Cova da Iria, assim, como as visões de Lúcia em Tuy e Pontevedra, tomaram conta da sua vida. Correu mundo, publicou e traduziu as Memórias da Irmã Lúcia, assim como o Boletim para levar a boa nova da santidade e da inteligência da fé manifestada na vida destas crianças. Fora da casa do Secretariado da Vice-postulação sentia-se estranho. Para ele, ser fatimense era mais importante do que ser húngaro por nascimento, austríaco por adopção ou português por eleição.
“Qual é o programa?”
Ao chegar a Fátima, após um longo período de internamento no Hospital de Leiria, apesar de debilitado pela leucemia e o tumor na bexiga, perguntou às empregadas: “qual é o programa?” Durante quase toda a sua vida viveu sozinho, com uma agenda preenchida de contactos, projectos e relações sociais. Tudo tinha que passar pelo crivo da sua decisão e da sua assinatura. Agora estava numa cama, sem conseguir andar, dependente da ajuda de todos, numa casa da Postulação (embora para ele lhe parecesse estranha). As empregadas, incansáveis ao longo deste período de convalescença, ainda lhe fizeram uma folha A4 com o “programa” das refeições e higiene diária. Foi com muita dificuldade que foi aceitando delegar tarefas e entregar a responsabilidade da Vice-Postulação. Agora perdia tudo: a sua privacidade, os seus rituais, horários, comidas e direcção de projectos. Estava totalmente dependente dos outros, sem programa. Por fim, dizia: “estou aqui até quando Deus quiser. Só posso rezar.”
“Quando é que vou aprender a andar?”
A fragilidade do corpo e o longo período de acamamento, fizeram-no perder o andar. O Dr. Garcia do hospital de Leiria tudo fez para o pôr a caminhar, mas não conseguiu. As irmãs Concepcionistas disponibilizaram a sua fisioterapeuta para ir a casa fazer-lhe fisioterapia. Ao ver o andarilho que lhe compramos disse: “graças a Deus”. Mas a realidade era cruel e nem sequer aguentava muito tempo sentado no cadeirão, quando as senhoras do Centro Social de Boleiros lhe vinham fazer a higiene diária. Por fim, tudo era feito na cama. Aí teve que reaprender a andar sem pernas!
Tinha escrito uma Via Sacra da adoração reparadora que o Secretariado dos Pastorinhos publicou em Setembro deste ano. Escreveu um livro sobre a mensagem de Fátima que ainda não foi publicado. Na teoria, tudo estava claro, mas foi na cama que aprendeu a andar nos caminhos do oferecimento e da adoração reparadora pelos pecadores, por amor a Deus e ao Imaculado Coração de Maria. Terá sofrido muito, mas nunca se queixou de nada. Quando lhe perguntávamos como estava, sempre respondia com um sorriso: “Estou óptimo!”. No entanto, tudo o que fosse mudá-lo de posição, fazer-lhe higiene ou dar-lhe de comer, transparecia um desconforto que ele procurava disfarçar, embora difícil de conter.
“Traz lá a comunhão? Graças a Deus!”
O momento da comunhão era aguardado com ansiedade cada dia. Era a plenitude da sua adoração reparadora, seguindo o exemplo dos pastorinhos. Ganhava forças para rezar e receber o Senhor Jesus. No final, rezávamos a oração do Anjo: “Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-vos...”. Ao dar-lhe a bênção final, despedia-se e continuava em silêncio: “Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-vos profundamente e ofereço-vos o preciosíssimo Corpo, Sangue Alma e Divindade de Jesus Cristo...”
“Há novidades?”
Apesar de ter vivido a maior parte da sua vida sozinho na casa da Vice-Postulação, a sua ligação à Congregação do Verbo Divino nunca foi cortada. Várias vezes o vi falar com entusiasmo da Congregação e preocupar-se com as vocações. Gostava de estar informado do que ia acontecendo e lia com interesse as notícias do Provincial e do Geral. Sentiu-se e quis ser missionário do Verbo Divino até ao fim.
“A reunião acabou!”
A Dra Branca adoptou-o voluntariamente como seu doente. Visitava-o periodicamente, vinda de Coimbra. Este acompanhamento completava o da Ir. Ângela e do primo Bela, ambos médicos. Nos últimos dias a febre não o deixava. No dia 28 de Outubro, a Dra Branca fez-lhe a sua última visita. O diagnóstico era crítico. Pelas 12 horas, antes de se despedirem, o P. Kondor disse-lhe: “a reunião acabou”. Ela não percebeu ou fez que não percebeu e disse-lhe até amanhã. Comeu normalmente e pediu ao seu primo médico: “Bela, um sumo de laranja,”. Às 14 horas o coração parou. Acabou esta reunião e começou o encontro da festa. Agora já estava pronto para andar sem pernas e voar sem asas. Acabou esta reunião de sofrimento e fragilidade e começou a comunhão plena com os seus amores: a Santíssima Trindade, Nossa Senhora e os pastorinhos. O velório e o funeral decorreram num ambiente de oração e de acção de graças. Agora só sofre de amor pela salvação dos pecadores, como todos no Céu. Morreu como pedia na sua Via Sacra da adoração reparadora: “Ajudai-nos a morrer como o Vosso Filho e a dizer: ‘Pai, nas Vossa mãos entrego o meu espírito’. Assim, se transforme, também, a hora da nossa morte, como a do Vosso Filho e a do ladrão do Seu lado direito, na grande hora da Vossa adoração” (12ª estação, p. 31).
Esta era a questão que colocava insistentemente no hospital e na casa onde faleceu. Fátima para ele era o Secretariado dos Pastorinhos. Os acontecimentos que começaram em 1916 com as aparições do Anjo e continuaram em 1917 com as aparições de Nossa Senhora aos pastorinhos na Cova da Iria, assim, como as visões de Lúcia em Tuy e Pontevedra, tomaram conta da sua vida. Correu mundo, publicou e traduziu as Memórias da Irmã Lúcia, assim como o Boletim para levar a boa nova da santidade e da inteligência da fé manifestada na vida destas crianças. Fora da casa do Secretariado da Vice-postulação sentia-se estranho. Para ele, ser fatimense era mais importante do que ser húngaro por nascimento, austríaco por adopção ou português por eleição.
“Qual é o programa?”
Ao chegar a Fátima, após um longo período de internamento no Hospital de Leiria, apesar de debilitado pela leucemia e o tumor na bexiga, perguntou às empregadas: “qual é o programa?” Durante quase toda a sua vida viveu sozinho, com uma agenda preenchida de contactos, projectos e relações sociais. Tudo tinha que passar pelo crivo da sua decisão e da sua assinatura. Agora estava numa cama, sem conseguir andar, dependente da ajuda de todos, numa casa da Postulação (embora para ele lhe parecesse estranha). As empregadas, incansáveis ao longo deste período de convalescença, ainda lhe fizeram uma folha A4 com o “programa” das refeições e higiene diária. Foi com muita dificuldade que foi aceitando delegar tarefas e entregar a responsabilidade da Vice-Postulação. Agora perdia tudo: a sua privacidade, os seus rituais, horários, comidas e direcção de projectos. Estava totalmente dependente dos outros, sem programa. Por fim, dizia: “estou aqui até quando Deus quiser. Só posso rezar.”
“Quando é que vou aprender a andar?”
A fragilidade do corpo e o longo período de acamamento, fizeram-no perder o andar. O Dr. Garcia do hospital de Leiria tudo fez para o pôr a caminhar, mas não conseguiu. As irmãs Concepcionistas disponibilizaram a sua fisioterapeuta para ir a casa fazer-lhe fisioterapia. Ao ver o andarilho que lhe compramos disse: “graças a Deus”. Mas a realidade era cruel e nem sequer aguentava muito tempo sentado no cadeirão, quando as senhoras do Centro Social de Boleiros lhe vinham fazer a higiene diária. Por fim, tudo era feito na cama. Aí teve que reaprender a andar sem pernas!
Tinha escrito uma Via Sacra da adoração reparadora que o Secretariado dos Pastorinhos publicou em Setembro deste ano. Escreveu um livro sobre a mensagem de Fátima que ainda não foi publicado. Na teoria, tudo estava claro, mas foi na cama que aprendeu a andar nos caminhos do oferecimento e da adoração reparadora pelos pecadores, por amor a Deus e ao Imaculado Coração de Maria. Terá sofrido muito, mas nunca se queixou de nada. Quando lhe perguntávamos como estava, sempre respondia com um sorriso: “Estou óptimo!”. No entanto, tudo o que fosse mudá-lo de posição, fazer-lhe higiene ou dar-lhe de comer, transparecia um desconforto que ele procurava disfarçar, embora difícil de conter.
“Traz lá a comunhão? Graças a Deus!”
O momento da comunhão era aguardado com ansiedade cada dia. Era a plenitude da sua adoração reparadora, seguindo o exemplo dos pastorinhos. Ganhava forças para rezar e receber o Senhor Jesus. No final, rezávamos a oração do Anjo: “Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-vos...”. Ao dar-lhe a bênção final, despedia-se e continuava em silêncio: “Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-vos profundamente e ofereço-vos o preciosíssimo Corpo, Sangue Alma e Divindade de Jesus Cristo...”
“Há novidades?”
Apesar de ter vivido a maior parte da sua vida sozinho na casa da Vice-Postulação, a sua ligação à Congregação do Verbo Divino nunca foi cortada. Várias vezes o vi falar com entusiasmo da Congregação e preocupar-se com as vocações. Gostava de estar informado do que ia acontecendo e lia com interesse as notícias do Provincial e do Geral. Sentiu-se e quis ser missionário do Verbo Divino até ao fim.
“A reunião acabou!”
A Dra Branca adoptou-o voluntariamente como seu doente. Visitava-o periodicamente, vinda de Coimbra. Este acompanhamento completava o da Ir. Ângela e do primo Bela, ambos médicos. Nos últimos dias a febre não o deixava. No dia 28 de Outubro, a Dra Branca fez-lhe a sua última visita. O diagnóstico era crítico. Pelas 12 horas, antes de se despedirem, o P. Kondor disse-lhe: “a reunião acabou”. Ela não percebeu ou fez que não percebeu e disse-lhe até amanhã. Comeu normalmente e pediu ao seu primo médico: “Bela, um sumo de laranja,”. Às 14 horas o coração parou. Acabou esta reunião e começou o encontro da festa. Agora já estava pronto para andar sem pernas e voar sem asas. Acabou esta reunião de sofrimento e fragilidade e começou a comunhão plena com os seus amores: a Santíssima Trindade, Nossa Senhora e os pastorinhos. O velório e o funeral decorreram num ambiente de oração e de acção de graças. Agora só sofre de amor pela salvação dos pecadores, como todos no Céu. Morreu como pedia na sua Via Sacra da adoração reparadora: “Ajudai-nos a morrer como o Vosso Filho e a dizer: ‘Pai, nas Vossa mãos entrego o meu espírito’. Assim, se transforme, também, a hora da nossa morte, como a do Vosso Filho e a do ladrão do Seu lado direito, na grande hora da Vossa adoração” (12ª estação, p. 31).
Comments:
<< Home
Comovente demais, Querido Padre José Augusto. Demais.
Obrigada por compartir conosco.
Abração daqui de São Paulo, Brasil.
Obrigada por compartir conosco.
Abração daqui de São Paulo, Brasil.
<< Home
Enviar um comentário