sexta-feira, dezembro 31, 2010

 

A harmonia do universo
Fala-nos de paz.
Da paz que paira nas nuvens celestes,
Que viaja nas gotinhas de água
Que refrescam a terra ressequida
E se unem para dar vida,
Formando rios e mares,
E alimentando as nascentes
Que dão de beber às gentes,
Às plantas e animais.

Quem não ouve a sua voz?!

Como ser indiferente à paz
Que jorra da luz das estrelas,
Das coisas boas e belas;
À paz que é doce repouso,
Felicidade e gozo,
Ao escutar o silêncio
Profundo, amigo e calmo,
Nos montes, prados e vales,
Ao ver germinar as plantas
E o acordar das flores,
Ou o elevar da montanha
Que nos relembra a façanha
Da paz estabelecida
Por Deus na sua aliança
De amor por nós, sem medida,
Sendo, d’Ele, a iniciativa.
Porém, a paz não se esgota
Na harmonia universal,
Nem nas coisas mais sublimes
Que existem à nossa volta.

A fome de paz que em nós mora
Exige que, a toda a hora,
A saibamos acolher
Como dom celestial
Que se alimenta do bem,
Fonte da paz verdadeira,
A inundar nossas vidas
Da calma do seu caudal,
Como a água faz ao Rio
Que caminha para o Mar,
Na ânsia de repousar.

Haja paz, dentro dos muros
Da vida, nossa cidade,
Paz que ofereça abundância
De Amor, Justiça e bondade
A unir a humanidade.

Maria Lina da Silva, fmm – Lx.31.12.2010

quinta-feira, dezembro 23, 2010

 

Contemplar o Mistério dum Menino



Na gruta do Mistério me adentro
Neste Natal tão antigo e actual
A fonte de tanta luz eu contemplo
Na cidade revestida de luz sem igual.

Já dentro, a surpresa espanta-se a olhar
Um Pai e uma mãe, com tempo, a embalar
E um Menino frágil e recém-chegado
Que lágrimas derrama por ser amado.

É o Sol da Justiça de humano revestido
Nas grutas marginais de hoje desamparado
Clama apenas por uma família abrigo
Que O acolha com um coração renovado.


Boas festas de Natal e Ano Novo na paz e na graça do Senhor,

J. Augusto, svd

quarta-feira, dezembro 22, 2010

 

BOAS FESTAS! É NATAL!


Hoje e sempre será Natal,
Em Jesus, Deus humanado,
Se em cada vida existir
Um presépio bem armado,
Com estrelas a brilhar,
No céu da nossa existência,
A anunciar harmonia,
Quer de noite, quer de dia,
Para tudo, em nós, cantar
Ao Menino de Belém,
Com gestos feitos canções
À justiça e à verdade,
Pela voz da caridade,
Onde as notas da bondade
Ilustrem as Boas Festas,
Para toda a humanidade.

Desejamos BOAS FESTAS,
No cartão que tem impresso
Muito amor, num simples gesto,
E atitudes manifestas
De viver e ser Natal.
BOAS FESTAS!
Façamos acontecer
NATAL!

Maria Lina da Silva, fmm
Natal de 2010

 

Diálogo entre o Pai Natal e o Menino Jesus


DIA DE NATAL*
Diálogo entre o Pai Natal e o Menino Jesus
Foi numa esquina qualquer que se encontraram o Pai Natal e o Menino Jesus. Enquanto aquele se preparava para trepar um prédio, com o seu saco às costas, este último, recém-nascido, descia à terra e oferecia-se inerme, num pobre estandarte, que cobria uma mísera janela.
- Quem és tu, Menino – disse o velho – e que fazes por aqui?! É a primeira vez que te vejo!
- Sou Jesus de Nazaré e ando há vinte séculos à procura de uma casa que me receba e, como há dois mil anos em Belém, não há quem me dê pousada.
- Pois não é de estranhar! Não vês que vens quase nu?! Porque não trazes roupas quentes, como as que eu tenho, para me proteger do frio do inverno?
- O calor com que me aqueço é o fogo do meu amor e o afecto dos que me amam.
- Eu trago muitos presentes, para os distribuir pelas casas das redondezas. E tu, que andas por aqui a fazer?
- Eu sou rico, mas fiz-me pobre, para os pobres enriquecer com a minha pobreza. Eu próprio sou o presente de quem me acolher. Não vim ensinar os homens a ter, mas a ser, porque quanto mais despojada é a vida humana, maior é aos olhos do Criador.
- E de onde vens e como vieste até aqui? Eu venho da Lapónia, lá para as bandas do pólo norte.
- Eu venho do céu, de onde é o meu Pai eterno, e vim ao mundo pelo sim de uma virgem, que me concebeu do Espírito Santo.
- Que coisa estranha! Nunca ouvi falar de ninguém que tenha nascido de uma virgem e assim tenha vindo ao mundo! E não tens nenhum animal que te transporte para tão longa viagem, como eu tenho estas renas?
- Um burrinho foi a minha companhia em Belém, e foi também o meu trono real, na entrada triunfal em Jerusalém.
- Um burro?! Não é grande coisa, para trono de um rei…
- O meu reino não é deste mundo e a sua entrada é tão estreita que os meus cortesãos, para lá entrarem, se têm que fazer pequeninos, porque destes é o meu reino.
- E que coisas ofereces? Que tesouros tens para dar? Que prometes?
- Trago a felicidade, mas escondida na cruz de cada dia; trago o céu, mas oculto no pó da terra; trago a alegria e a paz, mas no reverso das labutas do próprio dever; trago a eternidade, mas no tempo gasto ao serviço dos outros; trago o amor, mas como flor e fruto da entrega sacrificada.
- Pois eu trago as coisas que me pediram: jogos e brinquedos para os miúdos e, para os graúdos, saúde, prazer, riqueza e poder. Mas, por mais que lhes dê, nunca estão satisfeitos!
- A quem me dou, quer-me sempre mais na caridade que tem aos outros, porque é nos outros que eu quero que me amem a mim.
- Mais um enigma! De facto, somos muito diferentes, mas pelo menos numa coisa nos parecemos: ambos estamos sós, nesta noite de consoada!
- Eu nunca estou só, porque onde estou, está sempre o meu Pai e onde eu e o Pai estamos, está também o Amor que nós somos e estão aqueles que me amam.
- Bom, a conversa está demorada e ainda tenho muitas casas para assaltar, pela lareira, como manda a praxe.
- Eu estou à porta e bato e só entrarei na casa de quem liberrimamente me abrir a porta do seu coração e aí cearei e farei a minha morada.
- Pois sim, mas eu vou andando que já estou velho e cansado …
- Eu acabo de nascer e quem, mesmo sendo velho, renascer comigo, será como uma fonte de água viva a jorrar para a vida eterna.
O velho Pai Natal, resmungando, subiu ao telhado do luxuoso prédio, atirou-se pela chaminé abaixo e desapareceu.
Foi então que a janela onde estava o estandarte se abriu e uma pobre velhinha de rosto enrugado, como um antigo pergaminho, beijou o reverso da imagem do Deus Menino, que estremeceu de emoção. A seguir, encostou a vidraça, apagou a luz e, muito de mansinho, adormeceu. Depois, o Menino Jesus, sem a acordar, pegou nela ao colo e, fazendo do seu pendão um tapete mágico, levou-a consigo para o Céu.
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
* Os primeiros cristãos chamavam dies natalis, ou seja, natal, ao dia da sua morte, porque entendiam que esse era o dia do seu nascimento para a verdadeira vida.
A Voz da Verdade, 19Dez2010

sexta-feira, dezembro 17, 2010

 

Tudo pára, à luz do espanto


Diante da novidade
De um Deus que, em sua bondade,
Se esquece da divindade
E até pede permissão
P’ra encarnar a humanidade,
A partir do coração
Que O acolha e dê morada,
Hoje, como fez um dia,
A Virgem Santa Maria
Que a Deus não negou nada,
Quem não se sente feliz
E não canta jubiloso,
Ao saber-se convidado,
Apesar de pecador,
Para ser Presépio Vivo
De Jesus, o Salvador?!

Entre surpresa e encanto,
Surge o silêncio de espanto,
Que deixa as palavras presas
Na boca que emudece,
Enquanto o coração
Bate forte de emoção,
Se dilata e se faz prece,
Para, no que diz e faz,
Ser digno de receber
O Filho de Deus amado,
Rei e Príncipe da Paz.,
Que nasce para salvar
Todo o homem pecador,
Ao relançar as sementes
Da cultura do Amor,
Com a sua própria vida,
A todos, oferecida.

É que o silêncio de espanto,
É dialogo profundo,
Meditativo e fecundo,
Revelador do segredo
De que amar, é não ter medo
E é sentir grande alegria,
Em trazer a Paz ao mundo
Que fez exultar Maria.

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 17.12.2010

sábado, dezembro 11, 2010

 

Convite a escolher outro caminho


Alegre-se o descampado
E nasçam flores no prado!
Corra água no deserto
E a Luz brilhe em céu aberto!
O monte se torne plano
E o coração humano,
Transparente e sem engano,
Se abra ao desamparado,
Para que todos vivamos
Em festa, em pleno deserto,
Porque o Senhor está perto!
Vem a nós, o Desejado,
Trazendo a salvação
A quem vive amargurado,
Com falta de amor e pão.

Rejubile e se alegre,
Quem tem fé e acredita
No Messias Salvador,
Cuja vinda está p’ra breve,
Para acabar com o ódio,
A guerra e todo o mal,
Em troca do seu Amor
Que opera libertação
Em quem se sente inseguro,
Mas age com rectidão,

Seguindo a voz da Justiça,
Da Verdade e Caridade,
Que fala ao seu coração,
Onde Jesus quer nascer,
P’ra propor à Humanidade
Uma nova Criação,
Com estrelas a brilhar,
No rosto de cada irmão.

A alegria da certeza
Que nasce desta verdade:
-Um Menino, Deus Amor,
Vem salvar a Humanidade,
É brilho e luz no olhar,
Música no coração
E, dos nossos pés, leveza,
Para, sem medo, avançar
Pelos caminhos do Bem
Que terminam em Belém,
Onde grandes e pequenos
Se rendem ao Deus Menino,
Pois, tudo ali é divino,
Como um convite a voltar,
Escolhendo outro caminho.

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 10.12.2010

terça-feira, dezembro 07, 2010

 

Mãe Imaculada


Mãe Imaculada,
Ó cheia de graça!
Virgem pura e santa,
Que até o céu encanta,
A Vida em ti passa,
Envolta em mistério
De Amor tão profundo
Revelado ao mundo,
Um dia em Belém,
Por anjos cantando:
-“Glória a Deus e paz
Aos homens de bem!”

Foi por ti Maria,
Senhora e Mãe,
Que Jesus nos trouxe
A Paz e o Bem,
Rio de Jessé,
Fecundando a vida
Do povo de Yavé,
Que ora e trabalha
Sempre à luz da fé.

Por isso, rezamos
E a ti cantamos,
Maria de Nazaré:
- Ave! Ave!

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 8.12.2010 ( Festa da Imaculada Conceição)

sábado, dezembro 04, 2010

 

Despertai e vigiai


Despertai e vigiai!
É preciso acordar
Do sono alienante,
Para poder escutar
Essa voz de Deus Amor
Que está perto e não distante,
Convidando a preparar
Os caminhos do Senhor
Que, por amor, a nós vem,
Para nos trazer a Paz
E oferecer todo o Bem.

Despertai e caminhai,
À luz da fé e da esp’rança,
Atentos a cada irmão
Que, sem voz p’ra dar um ai,
Apenas estende a mão
A suplicar compaixão,
Para juntos avançar,
Sonhando, em cada passo,
Operar toda a mudança,
Até o mundo ser espaço
Aberto para acolher,
Venerar e defender,
A vida, dom permanente,
No idoso e no doente,
Ou na criança a nascer.

É neste mundo de amor,
Respeito e liberdade,
Que o Salvador quer nascer,
P’ra falar à Humanidade
Escolhendo, p’ra mansão,
Nosso pobre coração
Que Ele enche de Luz e Cor,
Em sinal da salvação,
Da justiça, paz e pão,
Que Deus vem oferecer
A quem Jesus acolher.

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 3.12.2010

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