domingo, janeiro 30, 2011

 

FELIZES, FELIZES, FELIZES…


Só um Deus belo e bom pode e sabe felicitar os pobres. Com um tom carregado de felicidade, não restritivo, mas alargado a toda a humanidade, as «Felicitações» do Rei novo atingem todas as pessoas, chegando às franjas da sociedade, onde estão os pobres de verdade. No meio destas «Felicitações» – é por nove vezes que soa o termo «FELIZES –, note-se a centralidade da MISERICÓRDIA (5.ª felicitação) (5,7). (...)

Os «pobres de espírito», aqui referidos, não são pobres de Espírito Santo nem de inteligência, mas pessoas humildes, no sentido em que uma pessoa humilde é «baixa de rûah» (shephal rûah) (Provérbios 16,19; 29,23), isto é, sem espaço físico, económico, social ou psicológico. Não precisam de se afirmar. São claramente os últimos da sociedade, mas que, na sua humildade e pobreza, desafiam a sociedade, pois os ptochoí são pobres ao lado de gente rica, acomodada, que estendem a mão para nós, apontando o dedo ao nosso egoísmo, afirmação, instalação e comodidade.

Note-se ainda que, na mentalidade e na língua hebraica, «FELIZES» ou «BEM-AVENTURADOS» diz-se ’ashrê, termo que qualifica os pioneiros, aqueles que abrem caminhos novos e bons e belos e de vida nova e boa e bela para o mundo. E é verdade, por paradoxal que pareça. Foram e continuam a ser os Santos e os Pobres os que verdadeiramente abrem caminhos novos e belos neste mundo enlatado, saciado, enjoado, dormente e anestesiado em que vivemos.

D. António Couto: http://mesadepalavras.wordpress.com/


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