sábado, novembro 30, 2013
SUBAMOS COM ALEGRIA À MONTANHA DO SENHOR
Eis o que
pede o profeta,
A convite do Senhor,
Que quer libertar, de novo,
Todo o Seu amado povo,
A quem olha, com amor,
Ensinando a transformar
As espadas em arados
E em pão para cada mesa,
A quem siga Seus caminhos
E ande nas suas veredas,
Com as lâmpadas acesas,
A iluminar as nações
E os povos de toda a terra,
Propondo paz e não guerra.
Façamo-nos peregrinos,
Que deixam ficar atrás
Comodismo e egoísmo,
Para subir os caminhos
Do Deus da Vida e da Paz,
Que nos quer fiéis arautos
Da vontade do Senhor,
Espalhando, em toda a parte,
Sementes de paz e de amor,
Tiradas com fé e ardor,
Do Celeiro da Palavra,
Para a todos revelar,
Na vida do dia-a-dia,
O que o profeta anuncia,
Exultando de alegria.
Eis que o Messias vai vir,
Pôr os pobres a sorrir,
Porque o Senhor vem a nós,
Como Realização,
Da promessa de salvação,
P’ra todo o povo e nação.
É tempo de despertar
Do sono alienante,
E mudar, enquanto há tempo,
Nosso coração, por dentro,
Revestindo-nos de luz
E o coração em festa,
Para acolher, com alegria,
O próprio Senhor Jesus,
Rei e Príncipe da Paz,
Que a salvação nos traz.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 30.11-2013
Sábado, Festa de S. André, Apóstolo
Pois com o coração
se acredita para obter a justiça.
(cf. Rm 10,9-18)
A
fé nasce da pregação e do testemunho alegre do Evangelho.
Acredita-se
em Jesus, não porque se sabe muito sobre Ele,
mas
porque se crê no Seu amor eterno e incondicional
e
brota no coração de quem crê o desejo de O seguir
e
amar os irmãos e a Deus como Ele.
Aquilo
em que se acredita não são verdades abstratas e etéreas,
mas
num amor eterno que se faz companheiro,
numa
aliança fiel que se faz misericórdia,
numa
paixão pela humanidade que se faz encarnação,
numa
unção do Espírito que nos faz ser outros Cristos,
num
poder que se faz serviço voluntário em doação.
Hoje
existe uma certa gnose moderna
que
joga com mistérios de palavras e conhecimentos,
métodos
de oração, alimentos, cheiros e cores que salvam.
O
povo simples sente-se fora deste círculo de doutos e magos,
pensando-se
excluídos na sua ignorância e perdição.
A
necessidade de formação permanente e adulta
não
é para aumentar o currículo do orgulho,
mas
para aderir com o coração, em caridade e verdade,
Àquele
que nos ama e cura as relações da cada dia.
Senhor
Jesus, que fizeste de S. André Teu seguidor
e
moldaste o seu coração para ser Apóstolo,
surpreende-nos
e toca-nos com o dedo da Tua graça
e
abre-nos ao amor e salvação que não passa.
Aumenta
a nossa fé e confiança nas bem-aventuranças,
pois
com o coração puro se acolhe o reinado de Deus
nas
pequenas coisas com que a vida se entrelaça.
Faz
de nós anunciadores alegres e fieis
do
Teu Evangelho, semente de corações novos.
sexta-feira, novembro 29, 2013
6ª feira da 34ª semana do Tempo Comum
Sobre as nuvens do
céu, veio alguém semelhante a um Filho do homem. (cf.
Dan 7,2-14)
As
contemplações da noite em que vivemos,
fazem-nos
ver monstros que sobem do mar do mal,
que
atemorizam, destroem e pronunciam palavras arrogantes.
As
contemplações da noite da fé em que esperamos
fazem-nos
ver descer do céu um homem de Deus,
que
destrói o mal e restitui a beleza ao universo,
e
traz a esperança aos desanimados e perseguidos.
Cristo
é a Palavra da vida, a primeira e a última,
desta
história maravilhosa de humanizar a bestialidade
e
de divinizar a humanidade numa eternidade amada.
A
tentação de querer subir a partir do mal,
de
ser poder pela força, ser grande roubando vida,
assentar
os alicerces na mentira e na corrupção,
continua
viva até tempo incerto e limite provisório.
Julgam-se
senhores da história,
mas
não aprendem com a história:
todos
os monstros têm um fim inglório, para esquecer.
Os
santos renascem do alto para servir a vida,
cuidam
do fraco, elevam o humilde
e
revestem-nos de dignidade e esperança,
por
isso, nunca morrem e o seu exemplo permanece.
Senhor
Jesus, Filho do Homem que desceste do Céu,
liberta-nos
da tentação de optar por uma vida de monstro,
que
inferniza as relações, fere a dignidade e
nos
torna escravos do senhor do mal.
Obrigado
porque sois, hoje e sempre, a Luz que brilha
na
noite da fé e na cegueira do poder que corrompe.
Venha
a nós o Teu Reino de vida
e
santifica os nossos passos de peregrino,
para
nos tornarmos mensageiros da esperança
e
colírio de fé nas contemplações da noite.
quinta-feira, novembro 28, 2013
5ª feira da 34ª semana do Tempo Comum
Ele é o Deus
vivo... salvou Daniel da garra dos leões. (cf.
Dan 6,12-28)
Por
detrás dos holofotes que brilham e cegam,
há
a Fonte da luz viva e permanente
que,
com a Sua energia, sustenta tudo o que se move.
Daniel
testemunha a fidelidade profética ao seu Deus,
porque
a fé é sempre pessoal e caminha em contracorrente.
É
o “Deus de Daniel”, porque é ele que o testemunha,
mas
Deus possui-nos a todos e de ninguém é propriedade.
O
rei Dario balança entre o desejo de ser deus à força
e
a constatação do Deus vivo que salva Daniel
das
garras dos leões, ao serviço dos reis de turno.
Vivemos
numa liberdade condicionada,
que
nos pressiona a todos a ser cidadãos constitucionais,
sem
religião, sem ética, sem palavra e sem culto público.
Tudo
se empurra para o foro íntimo e individual:
o
terço na rádio, a missa dominical assistida no sofá,
os
livros de religião e de oração para uso privado,
a
vela acesa e a visita particular a um santuário,
o
testemunho de fé no ambiente virtual, sem olhos nos olhos.
Acreditamos
em Deus mas temos medo de O afirmar.
O
mundo parece-se a uma cova de leões,
mas
nem sempre nos parecemos com Daniel na sua fé.
Senhor,
Fonte de toda a vida e caminho de eternidade,
aumenta
a nossa fé e coragem profética,
neste
mundo que zomba do diferente que olha para o alto,
que
confia no impossível, ama, rege-se pela justiça e pela verdade.
Que
o Teu Espírito nos sustente na adversidade
e
nos fortaleça na dor e abandono,
para
que sobre apenas a perseverança e a fidelidade
e
o nosso testemunho seja evangelizador.
quarta-feira, novembro 27, 2013
4ª feira da 34ª semana do Tempo Comum
Ele enviou aquela
mão que escreveu essas palavras. (cf.
Dan 5, 1-6.13-14.16-17.23-28)
Deus deixa-nos livres
para seguirmos os Seus caminhos
ou para nos perdermos
em atalhos de orgias de vanglória.
Como o rei Baltasar,
profanamos o sagrado divino e humano
e conduzimos outros
para o mal e a perdição.
Deus escreve profecias
de aviso e de luz,
com mãos humanas e
gramática conhecida,
para nos despertar, nos
corrigir e libertar:
“contado” está o
nosso tempo e a nossa glória,
“pesada” está a
nossa vida e a nossa caridade,
“dividido” está o
nosso coração e a nossa herança.
Perdeu-se o medo do
Inferno e a crença no Juízo final.
Tudo se vive na
liberdade do provisório egocêntrico,
cujo único critério é
o “apetece-me”, “gosto”, “quero e posso”.
É por isso, que há
tantos atentados contra a natureza,
se usa e abusa do mais
fraco,
se destrói a própria
saúde com dependências e adições,
se é indiferente à
solidão e marginalização.
Quando o único sagrado
sou EU, tudo fica a meus pés:
Deus, os outros, o bem
comum, a natureza...
Senhor, Deus da aliança
e dono da vida em liberdade,
ensina-nos a contar os
nossos dias
para adquirirmos a
sabedoria do que pesa para a eternidade
e nos libertarmos das
divisões que nos enfraquecem o amor.
Fortalece a nossa
perseverança na adversidade
e a nossa fidelidade na
prosperidade.
Sacia-nos com a luz da
Tua Palavra cada dia,
para que despertemos
para a vida
que não se conta, nem
pesa, nem divide.
terça-feira, novembro 26, 2013
3ª feira da 34ª semana do Tempo Comum
Levou-os o vento e
não ficou rasto deles. (cf. Dan
2,31-45)
Deus
fez-nos a todos, em projeto, para sempre,
com
coração de ternura, olhar de fraternidade,
mãos
solidárias e de louvor, ouvido de discípulo,
boca
de ouro, entranhas de misericórdia.
No
entanto, alguns preferem ser gigantones estátuas
com
cabeça luzente de ouro, peito e braços de prata,
ventre
e coxas de bronze, pés de ferro misturado com barro.
Basta
a pedra rolar o tempo e provar a fidelidade
para
que o agressivo mostre a sua fragilidade,
o
mentiroso revele a verdade escondida,
e
tudo o vento leve e o rasto desapareça.
O
sonho de ser estátua gigante continua:
possuir
toda a novidade e andar na moda de marca,
ser
famoso e andar nos ecrãs do mundo,
ganhar
a sorte grande e viajar extravagâncias,
conquistar
o mundo e ter amores aos pés,
parecer
jovem e charmoso até morrer...
Mas
quem não se liga à corrente do para sempre,
acaba
sempre surpreendido com o inevitável pó
do
barro que fomos formados.
Sem
o sopro e o beijo apaixonado de Deus,
não
passamos de vento e pó animado.
Senhor
Jesus, pedra angular da vida em construção,
alicerça
a nossa vida na esperança da salvação.
Ajuda-nos
a sonhar a ser discípulos da eternidade,
que
acham pequeno ser estátuas veneradas e paradas
nas
praças da idolatria do poder e da fama efémera.
Dá-nos
a arte do oleiro que sabe cuidar e reconstruir
o
barro partido e deformado da dignidade do irmão
e
faz surgir a beleza escondida na humildade assumida.
segunda-feira, novembro 25, 2013
2ª feira da 34ª semana do Tempo Comum
Deus concedeu a
esses quatro jovens a ciência e o conhecimento de toda a escritura e
de toda a sabedoria. (cf. Dan
1,1-6.8-20)
Deus
é o Senhor da história e ninguém é senhor de Deus.
A
infidelidade à aliança excomunga o rei do Povo de Deus,
pois
o pecado coloca-nos ao serviço de outros deuses.
Mas
Deus deixa sempre uma porta aberta de esperança,
simbolizada
em Daniel e os seus três jovens companheiros.
Eles
ficam ao serviço do rei da Babilónia
para
testemunharem que existe um outro Rei e um outro Deus,
mais
poderoso e mais sábio que a força das armas.
É
a ciência da fé, iluminada pelo conhecimento da Escritura,
que
alimenta o vigor e revela os mistérios da vida.
De
que se alimentam os jovens hoje?
O
que comem, bebem, leem, aprendem, sonham?
Como
se preparam para ser os administradores do amanhã?
Aprender
técnicas não significa ter critérios para as usar.
Saber
línguas não implica saber comunicar nem dialogar.
Acumular
experiências radicais não significa ser feliz.
Libertar-se
de tabus não significa ser livre de dependências.
A
verdadeira sabedoria contagia alegria e solidariedade,
alarga
horizontes de fé e esperança, serve a vida.
Senhor,
autor e consumador da história,
conduz
a nossa vida em sintonia de aliança
e
faz-nos sábios de valores que não passam
e
de projetos que permanecem para sempre.
Ajuda-nos
a descobrir na Tua Palavra, saboreada,
o
nosso alimento quotidiano e a luz do caminhar.
Ensina-nos
a sonhar grande e a ser santos,
semeadores
de felicidade e artistas do bem comum,
de
joelhos vigilantes e mãos dadas fraternas.
domingo, novembro 24, 2013
Domingo do Cristo Rei
Ele nos transferiu
para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção.
(cf. 1,12-20)
Deus
reina em família divina, numa partilha de amor,
e
promove um poder, que reina servindo
a
salvação da humanidade, em prato de doação de si.
Entrar
no reino do Seu Filho amado
é
deixar-se perdoar duma vida de pecado,
com
coração de ferro, olhar de lince e pés de barro,
e
acolher esperançado um Espírito novo
que
nos modela como filhos amados e irmãos solidários.
Entrar
no reino do Seu Filho amado
é
resistir à tentação de reinar sozinho,
altaneiro
e opressor, juiz e destruidor.
A
tentação do cristão é a mesma de Cristo na cruz:
“mostra
que és rei, salva-te a ti e a nós”.
Numa
humanidade em competição
onde
só o mais forte parece vencer,
os
fracos, os pobres, as crianças, os idosos, os doentes...
sobram
pois estragam a paisagem e baixam as estatísticas,
ficam
à margem e são para abater!
A
tentação do cristão é fazer igual aos que vivem à custa dos
outros,
e
começar também a explorar, a traficar, a corromper,
a
enganar, a oprimir, a marginalizar, a viver na duplicidade ética...
Senhor
Jesus, nosso Rei em trono de misericórdia,
ajuda-nos
a resistir à tentação de ser igual às estrelas cadentes
e
a ter necessidade de mostrar que somos mais que os outros.
Venha
a nós o Teu Reino de paz e de perdão
e
ensina-nos a ser grandes na simplicidade e na humildade,
a
ser os maiores na atenção ao outro e na fidelidade,
a
ser os campeões na caridade e na verdade,
a
ser só coração e intimidade no encontro e na oração.
sábado, novembro 23, 2013
JESUS CRISTO REI DO AMOR
Jesus
Cristo Rei do Amor,
De todos
nós Salvador,
Ao descer
do céu à terra,
Até se
despiu da glória,
Para
dar-nos a vitória
Que o Seu
projecto encerra
Afim de,
banir o mal
Que
atormenta sem cessar
A mente e
o coração
Imbuídos
de fraqueza,
Vítimas
de exploração
E mentira
organizada,
Com a
maior subtileza,
Pelos
senhores do mundo
Que
impõem, aos “pequeninos”,
Leis,
deveres e… mais nada.
De Amor
vens coroado,
Jesus Rei,
Deus humanado
Que, em
vez de trono real,
Usas
toalha à cintura,
Sempre
pronto a servir,
Para
lavares os pés
Da humana
criatura,
Com
compaixão e ternura,
Como Deus
Amor que és.
Que a voz
do meu coração
Reze e
cante a gratidão,
Pelo
infinito Amor,
Doado até
à cruz,
E se eleve
confiante,
Agora e a
cada instante,
Entre
hinos de louvor,
Com fé e
veneração,
Ao Rei dos
reis que é Jesus,
Vindo
habitar com o Povo,
Para tudo
fazer novo.
Maria Lina
da Silva, fmm
Lisboa,
23.11.2013, Festa de Cristo Rei,
(Inspiração
de 2009)
Sábado da 33ª semana do Tempo Comum
Adoeceu de tristeza,
porque os projectos não lhe tinham corrido como desejava. (cf.
1 Mac 6,1-13)
A
verdadeira alegria conjuga-se com liberdade
e
sintoniza com a vontade do Criador.
É
o encontro buscado e acolhido do meu projeto com o de Deus,
que
eterniza o horizonte para além do provisório,
mesmo
que este seja de pódio, ribalta ou trono de glória.
O
capricho, o medo e o fracasso adoecem o ego
e
entristecem a vida quando vive dependente
de
metas muitos estreitas e sonhos de possuir muito grandes.
Bem-aventurados
os pobres porque deles é o Reino de Deus!
As
crianças aprendem a ser reis na família.
Basta
um grito, um choro, um bater o pé, um amuo,
e
são-lhe feitas todas as vontades.
Quando
são adultos encontram-se com outros ditadores,
e
perante a impossibilidade de fazerem o que querem,
ficam
deprimidos, adoecem de tristeza, vitimizam-se no fracasso.
Só
quem aprendeu a fazer do fracasso uma escola de vida
sabe
ser feliz e olhar o amanhã com esperança.
Senhor,
Deus da alegria e projeto da história,
liberta-nos
da dependência do poder e da glória momentânea
e
ensina-nos a caminhar com humildade e liberdade,
dando
espaço ao diálogo e à obediência na fé.
Cura-nos
da tristeza que nos deprime e adoece
e
faz-nos sorrir à simplicidade ao serviço da vida
e
à fraternidade, cuja alegria é cuidar do outro.
sexta-feira, novembro 22, 2013
6ª feira da 33ª semana do Tempo Comum – S. Cecília
Subamos
a purificar o templo e celebrar a sua dedicação.
(cf. 1 Mac 4,36-37.52-59)
O
templo é o lugar da oração, da oferta agradável ao Senhor,
do
inclinar o coração contrito e acolhedor da Sua misericórdia.
É
o lugar e o tempo do louvor humilde ao Deus da vida,
fortalecendo
a nossa aliança, purificando a idolatria.
É
o momento do encontro com a eternidade,
num
diálogo de silêncio e de escuta filial,
em
que se respira com a fé e se ama com o coração,
em
incenso de espírito e verdade.
Precisamos
de purificar o Templo da comunhão,
para
que as palavras não sejam árido vento,
e
o diálogo não seja monólogo barulhento,
nem
a oferta chegue manchada de sangue e mentira,
de
relógio na mão para visitar outros deuses e outros templos.
Precisamos
de purificar as relações do negócio,
onde
tudo se compra e vende num mercado de afetos.
Precisamos
de parar para permanecer,
saborear
a contemplação e degustar a presença,
como
quem já aprende a viver na eternidade.
Senhor
Jesus, Templo vivo do encontro com o Pai,
ensina-nos
a orar em espírito e verdade,
e
a fazer de cada lugar e instante,
uma
comunhão consciente e envolvente,
com
Aquele que nos sustenta permanentemente.
Dá-nos
a coragem de perder tempo contigo,
para
ganharmos a eternidade em Ti.
Ensina-nos
a buscar a luz da Tua intimidade
no
deserto procurado da agenda atarefada,
na
família sob um teto de amor fecundado,
na
comunidade em movimento com tempo contado,
num
templo de pedra em silêncio cálido e sagrado.
quinta-feira, novembro 21, 2013
5ª feira da 33ª semana do Tempo Comum – Apresentação de Maria
Sereis
contados entre os amigos do rei e enriquecidos com prata, ouro e
muitos presentes». (cf. 1 Mac
2,15-29)
O
culto ao Deus da vida nasce dum amor fundante
e
não corre atrás da maioria em rebanho,
nem
dos poderes deste mundo em ribalta,
nem
do ouro e prata embrulhados em presentes.
É
um zelo que brota da Aliança acolhida na fé,
que
tende para a comunhão vivida na esperança,
e
opta pela caridade buscada na verdade.
Sofre
a perseguição e abraça o martírio,
resistindo
à chantagem, à corrupção e à dissimulação,
porque
sabe em quem pôs a sua esperança.
O
zelo macabeu pela Aliança vestiu-se de armadura,
empunhou
a espada de morte e optou pela guerra santa.
A
ira justa degolou os adversários e feriu também a aliança.
O
fim era bom, mas usou os meios mortíferos dos adversários.
É
assim quando suspendemos a caridade e o diálogo,
para
salvar a Lei e defender a Deus na sua honra.
É
assim que nascem os fundamentalismos e intolerâncias,
que
terraplanam a diferença e fazem da verdade um couto.
Senhor
Jesus, devorado pela paixão pelo Pai e pelo mundo,
ensina-nos
a ser zelosos, mansos e humildes,
do
Teu Reino de caridade paciente e misericordiosa.
Que
o Teu Espírito de fraternidade nos conduza
para
que a gritaria se renda ao diálogo,
a
violência encontre remédio na compreensão,
o
ódio se cure com perdão e misericórdia,
a
intolerância ceda lugar ao amor e hospitalidade.
Ensina-nos
a ser zelosos e fieis, como Maria, na paz e na caridade.
quarta-feira, novembro 20, 2013
4ª feira da 33ª semana do Tempo Comum
Não fui eu que vos
dei o espírito e a vida. ( cf.
2 Mac 7,1.20-31)
Deus
é o autor da vida e o Senhor do futuro.
Podemos
conhecer o processo de conceção da vida,
lançar
hipóteses sobre o início e a evolução do universo,
manobrar
genes e compensar deficiências proteicas ou minerais,
mas
ninguém pode criar uma vida nova do nada ,
com
identidade própria, liberdade, capacidade de amar,
de
se emocionar, pensar, sonhar e desejar eternidade.
O
encontro dum óvulo com um espermatozoide
é
fruto da ação humana, mas a configuração do novo ser
é
improgramável no sexo, carácter, inteligência, beleza da alma.
Há
movimentos feministas que advogam a posse do feto.
Esta
propriedade reivindicada dá-lhe poder mortal.
Aquela
que foi chamada a acolher e cuidar duma vida nova,
passa
a usar essa missão para interromper o seu crescimento.
O
novo ser, quando é dado à luz, precisa de ser adotado pelos pais,
envolvido
pelo amor, alimentado com valores, iluminado pela fé.
Ninguém
é dono de ninguém, pois somos dom dum Autor maior.
Somos
apenas anjos cuidadores, que partilham corações
e
nos ajudamos mutuamente a encontrar o verdadeiro Pai.
Senhor,
Pai escondido no mistério dum amor criador,
obrigado
pelo dom da vida e pelo dom da salvação.
Jesus,
nosso Irmão Maior, que regeneras a fraternidade,
obrigado
porque nos apontas o caminho do Pai
e
nos abres a porta duma vida para sempre.
Espírito
de fortaleza e de sabedoria
obrigado
porque fazes novas todas as coisas,
nos
curas o amor e fazes de nós cuidadores da vida.
Liberta-nos
do poder da morte e faz de nós servos da vida.
terça-feira, novembro 19, 2013
3ª feira da 33ª semana do Tempo Comum
Na nossa idade não
é conveniente fingir; (cf. 2
Mac 6,18-31)
A
fé em Deus, na sua presença e omnisciência,
não
tem noite nem dia, nem vitrinas nem esconderijos.
Deus
conhece-nos até ao mais íntimo cromossoma,
com
o coração de um Pai-Mãe e a mão dum instrutor,
que
nos aponta caminhos de liberdade e fidelidade,
mas
nos deixa cultivar o que optamos ser de verdade.
Eleazar,
sábio na Lei da Aliança e doutor em idade,
acredita
no que ensina e, por isso, vive o que acredita.
Não
soma anos ao tempo, mas prepara a eternidade
com
a obediência da fé e o amor aos mais novos,
falando
bem alto com o testemunho de vida.
A
opção por uma vida de fingimento,
não
é apenas um defeito de carácter,
mas
é acima de tudo falta de fé no Deus da vida e da verdade.
Só
acredita no poder e no hoje do pássaro na mão,
por
isso, investe no enganar para ganhar só para si,
embrulha
a mentira de verdade e a idolatria de piedade
e
faz da vida uma esquizofrenia entre o palco e os bastidores.
Respiramos
um ar contaminado de hipocrisia, corrupção,
palavras
ocas de verdade, malabarismos de representação.
Senhor,
Luz que ilumina e verdade que salva,
ensina-nos
a aprender com a história
a
crescer em coerência e fidelidade à Aliança,
para
que a velhice seja bela e a sabedoria testemunho.
Abre
o nosso coração para que possas entrar
e
purificar os esconderijos de duplicidade,
onde
procuramos segurança.
Faz-nos
caminhar em humildade e confiança,
comprometidos
com a verdade e fidelidade.
segunda-feira, novembro 18, 2013
2ª feira da 33ª semana do Tempo Comum
Ordenou por escrito
que em todo o seu reino formassem todos um só povo e cada qual
renunciasse aos próprios costumes. (cf.
1 Mac 1, 10-15.41-43.54-57.62-64)
Deus é comunhão de
Três Pessoas distintas.
A Sua unidade não
anula a especificidade de cada Pessoa.
É um amor que faz o
outro ser o que é
e encontra no diálogo
a força da complementaridade.
Este é o projeto de
vida da Santíssima Trindade
que se expressa na
criação em biodiversidade,
em famílias unidas
pelo amor dum homem e duma mulher
que frutificam em
filhos diferentes,
numa sociedade
enriquecida por regionalismos e religiões.
Este é o projeto do
Pentecostes,
onde todos se entendem,
apesar de cada um falar a sua língua.
Existe, por outro lado,
o projeto da Torre de Babel (Gn 11)
que fala em
uniformizar, diluir as diferenças,
todos falarem a mesma
língua, vestirem e comerem igual...
Este projeto “mono”
tem na globalização uma estrada aberta
e nos meios de
comunicação um fazedor de opinião.
Os mercados alargam
assim os seus potenciais consumidores,
os poderes sem rosto
dominam com mais facilidade,
as modas tornam-se
iguais em toda a parte...
O mais poderoso anula o
mais fraco
e até a Deus se tenta
instrumentalizar ao serviço do poder.
Senhor, Pai, Filho e
Espírito Santo,
obrigado porque nos
fizestes únicos e diversos,
num arco-íris de de
beleza e originalidade.
Obrigado porque fizeste
do diálogo buscador da verdade,
um instrumento de
crescimento e enriquecimento mútuo.
Ensina-nos a viver
unidos na alegria de sermos diferentes
e a dar-nos as mãos
com respeito e solidariedade.
Que o Espírito
continue em nós o Pentecostes da caridade
e nos liberte da
clonagem, em uniforme monocórdico,
que anula o fraco e
impõe o “mono” duma só cor,
dum só pensamento,
duma só cultura, dum só poder.
domingo, novembro 17, 2013
CONTEMPLAR O HORIZONTE PARA A META
Novos
céus e nova terra,
Horizonte a contemplar,
Como espaço a conquistar,
Pela fé e vida de acção,
Na corrida para a meta
Da felicidade plena,
Onde os sonhos se transformam
Em feliz realização,
Graças ao plano de Deus
Que é de paz e salvação.
O sonho alimentado
Pela Palavra de Deus,
É como um sol a brilhar,
A iluminar e guiar,
A nossa mente e vontade,
Para sabermos optar
Pelo caminho da paz,
Do amor e da verdade,
Da justiça e caridade,
Até à eternidade.
Aí, sim, haverá festa,
De alegria completa,
Com louvores ao Senhor,
Porque a fé e a esperança
E a firme perseverança,
De vida e coerente acção,
De quem se fez doação,
Dão lugar à exaltação
Plenificada do Amor,
De Jesus, o Salvador.
Por isso, aproveitemos,
Esta peregrinação,
E até na perseguição,
Pelo nome de Jesus,
Para, mais testemunharmos
Que Deus é salvação e luz,
Que, à paz e ao bem, nos conduz,
É força que nos alenta
E nos guia, em segurança,
Mesmo em plena tormenta,
Se só n’Ele confiarmos
E, na fé, perseverarmos,
A remar, com esperança.
Os céus se alegram
E a terra vibra e canta,
Perante a presença
De Deus que liberta,
Quem n’Ele acredita,
Do mal que o impeça
Alcançar a Meta.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 17.11.2013
33º Domingo do Tempo Comum
Há-de vir o dia do
Senhor... e nascerá o sol de justiça. (cf.
Mal 3,19-20a)
Hoje
é o nosso dia, pois o Sol se encobriu na nuvem da fé.
Um
dia será o dia do Senhor, brilhante de verdade,
pois
o encontro revelará se somos palha soberba ou ouro de aliança.
Hoje
será o dia do Senhor se ouvirmos a Sua voz
e
a tomarmos como bússola e alimento que conduz.
Hoje
será o dia do Senhor se o amor buscar o encontro
e
a confiança se fizer diálogo e a humildade abraçar a conversão.
Hoje
será dia do Senhor se o coração ganhar pés
e
o olhar brilhar irmão, em mãos solidárias e ombros de perdão.
O
medo do fim do mundo prolifera em profecias alucinatórias.
Quanto
maior é a crise e insegurança, melhor funciona a ameaça.
Esquece-se
o amor crucificado dum Deus misericordioso,
desfigura-se
o Bom Pastor que busca a ovelha tresmalhada,
para
apresentar um Deus juiz, tipo fiscal escondido e surpreso,
cujo
único objetivo é encontrar motivos para condenar o infrator.
E
a salvação, segundo estes evangelhos da ameaça, é excêntrica:
é
ter uma cruz iluminada num monte, comungar na boca,
ter
uma determinada medalha no peito, seguir um guru,
vestir
de certa forma e fazer uma dieta de certos alimentos...
Senhor
Jesus, Vós sois o Sol da Justiça que brilha da cruz,
como
aliança eterna a sangrar misericórdia,
abrasa
o nosso egoísmo soberbo e semeia em nós vida nova
forte
na tentação, alegre na esperança, fiel na doação.
Liberta-nos
da ociosidade umbilical e da futilidade do mal,
e
orienta todas as nossas energias para sermos Lua Nova suave
que
acompanha quem anda escondido na noite da mentira.
Que
o Teu Espírito aproxime os nossos pensamentos dos Teus,
para
que o “nosso dia” seja hoje um aperitivo do “Teu Dia”
e
o nosso testemunho um anseio confiante de sermos Tua Missão.
sábado, novembro 16, 2013
Sábado da 32ª semana do Tempo Comum
Viu-se a nuvem
cobrir de sombra o acampamento e o Mar Vermelho tornar-se um caminho
livre. (cf. Sab 18,14-16;
19,6-9)
A
Palavra de Deus toca o Céu e caminha sobre a Terra,
como
força libertadora e como sombra protetora.
O
que era uma barreira e impedia a passagem,
transforma-se
em caminho livre de liberdade
e
manifestação da glória e do poder de Deus.
É
a Páscoa na noite em que o medo se surpreende confiante
e
o gemido opressor se manifesta cântico de louvor.
O
amor de eleição é mais forte que a força das armas
e
toda a criação colabora no milagre da libertação.
Foi
assim no Mar Vermelho, foi assim no túmulo da Cruz,
é
assim nas nossas noites de pesadelo e de pecado
em
que acordamos vivos, surpreendidos, reconciliados e felizes.
A
ciência tem conseguido ultrapassar muitas barreiras,
muitos
Cabos das Tormentas que pareciam intransponíveis.
O
mar tornou-se campo de peixe e estrada navegável.
O
voar revelou-se possível e autoestrada veloz.
A
distância tornou-se curta em comunicação on line.
O
Universo desvela mistérios a anos de luz.
As
doenças incuráveis vão-se domando com novos medicamentos...
Mas
a fidelidade acostumou-se à solução da separação,
o
amor acha normal o adultério e a traição,
a
fraternidade adoece de individualismo e ressentimento,
o
respeito pelo mais fraco desvaloriza-se na bolsa dos valores,
a
solidariedade ganhou calo de insensibilidade...
A
Páscoa da Aliança geme pela verdadeira libertação!
Senhor
da Páscoa da Vida e da verdadeira libertação,
cura-nos
do pecado que nos afasta de Ti e dos irmãos.
Ensina-nos
a fazer das noites de dor e de crise na relação
oportunidade
de purificação e de crescimento no amor.
Senhor
Jesus cura-nos dos nossos autismos de auto-realização,
que
nos permitem viver na cidade em total solidão.
Na
família, na sociedade, na natureza e na relação contigo,
cria
pontes de encontro, de diálogo, de perdão e de comunhão,
para
que a festa aconteça e o sonho ganhe chão.
sexta-feira, novembro 15, 2013
6ª feira da 32ª semana do Tempo Comum
A grandeza e a
beleza das criaturas, conduzem, por analogia, à contemplação do
seu Autor. (cf. Sab 13,1-9)
Deus
deixou a Sua marca gravada em cada criatura.
É
um autor inconfundível pela beleza e diversidade.
Tudo
é único e personalizado, tudo é harmonia e cor.
Quanto
amor, sem se impor, transpira em cada coisa!
Cada
sentido é nutrido, numa salada de sensações:
o
ver, o ouvir, o sentir, o degustar, o cheirar, o tocar...
Sentimos
Deus na rocha firme e na água maleável e purificadora,
no
vento impetuoso e na brisa suave,
no
brilho e calor do Sol e na penumbra da Lua,
no
doce dos frutos e no gosto da verdura,
no
perfume das flores e na sinfonia das aves,
na
inteligência do ser humano e na candura da criança,
na
beleza dum pôr de sol e num lírio do campo,
na
montanha íngreme e no horizonte do universo...
Hoje
tudo corre veloz, sem tempo para contemplar.
Como
no tempo de Noé e Lot vive-se em círculo fechado,
sem
horizonte do amanhã nem a visão do Autor da vida.
Mas
em nós há uma fome de eterno, uma sede de infinito,
por
isso, muitos, necessitados de respostas rápidas,
viram-se
para as coisas e de tudo fazem deuses.
Este
neo-paganismo cultua a Mãe-Terra e o Rei Sol,
a
energia cósmica e espiritual, o “eco” e o “bio”,
num
panteísmo sem rosto, onde todos vivemos.
Substituem-se
as festas dedicadas aos santos padroeiros
por
festas da natureza: festa das amendoeiras, da flor,
das
vindimas, da cereja, da cortiça, do mel, do queijo...
Senhor,
Pai e Criador, numa dinâmica de amor,
faz-nos
especialistas na contemplação do pormenor,
sem
perdermos a visão complementar do conjunto.
Ensina-nos
o alfabeto das Tuas marcas indeléveis na natureza
para
compreendermos as mensagens personalizadas
que
deixastes inscritas, à espera de quem as saiba ler.
Jesus,
nosso irmão por opção, ensina-nos a contemplação
que
nos transporta para o mundo da fé:
“O
Reino de Deus é semelhante a uma semente, ao fermento...”