segunda-feira, novembro 30, 2015

 

S. André, Apóstolo


Caminhando Jesus, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. (cf. Mt 4,18-22)

Jesus caminha pelas veredas da nossa vida,
não como quem passeia a ociosidade ou cultiva o corpo,
mas como quem procura colaboradores para a sua missão!
Viu dois irmãos, que sabem trabalhar juntos,
que aprenderam a enfrentar a adversidade do mar,
a resistir ao desânimo quando a pesca é pequena
e a saber não perder a cabeça quando esta é abundante
e chama-os para outras pescas, igualmente exigentes!
Eles deixam tudo e seguem Jesus, Mestre peregrino,
sem redes nem barco, a não ser um olhar e coração de amigo!

As famílias de filho único, pais ausentes e super produtores,
estão a criar uma geração de pessoas solitárias, inseguras,
habituadas a tudo receber, bastando para isso um pedido ou birra!
Quando a vida adulta os chama a enfrentar tempestades adversas,
a suportar “nãos” sem apelo, a caminhar sem a proteção de alguém,
acabam por se achar vítimas do mundo, deprimidos da sorte,
e alienados da realidade no subterfúgio do virtual ou da droga!
Tudo isto interfere na pastoral vocacional
e no barómetro da esperança para a sociedade e a Igreja!

Senhor, obrigado por continuares a frequentar os atalhos da nossa vida
e a chamar pessoas para deixarem tudo para Te seguir.
Envia-nos o teu Espírito e capacita-nos para continuar a tua missão.
S. Pedro e S. André, irmãos e trabalhadores da mesma faina,
ajudai-nos a encontrar caminhos de unidade e de comunhão
entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas!
Dá-nos a tua paz e o ardor pela evangelização,

alimentados pela tua Palavra e pelo teu Corpo na Eucaristia.

domingo, novembro 29, 2015

 

ERGUEI-VOS E LEVANTAI VOSSA CABEÇA



Porque a libertação está próxima,
Ergamos nossa cabeça,
Para que não aconteça
Que do céu para nós desça
A paz e s salvação
E nos encontre a dormir
Ou de olhos fixos no chão,
Por isso, sem conseguir
Ver e ler os sinais do céu,
Avisos que Deus nos deu,
No sol, na lua e estrelas,
Como a nos solicitar
Ajudemos a transformar
O sofrimento e a tristeza
Em vida de esperança e beleza.

Vem, rebento de Jessé,
Reavivar nossa fé,
Fazer germinar e florir
A justiça e o direito,
No humano coração,
Sem razões para sorrir,
Porque dividido e desfeito,
E sem amor ao irmão,
Ao ter deixado entrar
O ódio a envenenar seu peito.

Vem, Senhor, fica connosco,
E arranca-nos deste fosso,
Onde, sem Ti, mergulhamos,
Por fraqueza e enganos.
Vem libertar-nos, de novo,
Para sempre Te louvarmos,
Te amarmos e nos amarmos,
Uns aos outros como irmãos,
E sermos Teu fiel povo,
E consagrada nação,
Que olho todos os povos,
Como amados filhos Teus,
Senhor da terra e dos céus.

Senhor, em Ti, eu confio,
Leito e água do meu rio,
Para, Teu nome levar  
Aos sequiosos de vida,
De paz e amor abundante,
E, a todos, saciar,
Progredindo sem cessar,
No Teu amor que nos une
E sermos irmãos, afinal,
Presépio vivo. Natal!

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 29.11.2015

 

1º Domingo do Advento


Vigiai e orai em todo o tempo. (Cf. Lc 21,25-28.34-36)

Jesus está no meio de nós como uma presença ausente,
mas prometeu-nos vir como presença revelada,
como luz que expõe a verdade da nossa vida escondida!
O Advento é este tempo de despertar para Deus,
vigiando e orando para não adormecermos na rotina,
recordando a primeira vinda anunciada no Evangelho,
dialogando na fé e na oração com esta presença escondida
para nos prepararmos para o encontro face a face
com Quem nos amou primeiro, nos ama sempre
e nos quer discípulos de um amor abrangente e permanente!

Estar atento à vida e aos seus frutos dá trabalho
e, por isso, gravamos o conhecido na memória,
repetimos rotinas no automático,
e vamos indo pelo que nos dá prazer!
Se temos objetivos a alcançar, aproveitamos o tempo livre
para os conseguir, aprender coisas novas e os possuir!
Quando as metas são meramente materiais
deixamos de lado as metas espirituais e eternas!
Mas nós fomos feitos para a vida eterna e não para o nada!
Daí a importância do Advento antes do Natal,
do vigiar e orar em vez de levarmos uma vida de sonâmbulos!

Senhor, mistério sempre novo que nos esperas e pões à procura,
aumenta a nossa fé e faz da nossa vida uma vigilância inquieta,
um barómetro da nossa capacidade de amar e servir com verdade!
Envia o teu Espírito e auxilia-nos com o dom do diálogo orante,
que sabe procurar o silêncio que escuta o Invisível
e desperta para a nuvem que nos envolve na comunhão
e nos preenche a solidão com valores inefáveis!
Senhor, que eu não me contente com análises e diagnósticos,
de mim, dos outros, da sociedade e da Igreja,

mas entre num caminho de conversão que prepare o encontro!

sábado, novembro 28, 2015

 

Sábado da 34ª semana do Tempo Comum


Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados. (cf. Lc 21,34-36)

Jesus conhece como funciona o nosso coração.
Sabe que o coração fica pesado e obeso
quando acumulamos demasiado e damos pouco,
quando andamos à volta de nós mesmos
e adormecemos a solidariedade e o bem comum!
Por isso, convida-nos a viver na temperança,
na sobriedade, no serviço que busca tesouros no Céu,
na vigilância e na oração que dialoga com o Invisível!

Vivemos na cultura do sedentarismo ensimesmado.
Quase tudo se faz sentado com um simples toque de mão!
Com isso, o coração torna-se pesado e custa-nos dar passos,
caminhar ao encontro do outro, fazer esforço físico,
acomodados na intemperança e com as preocupações com o amanhã!
É como se nos tornássemos um rodopio insaciável
que acumula e consome, numa psicose compulsiva!
Sentimo-nos vazios, apesar de estarmos cheios de tudo!
É preciso voltar ao ginásio da ascese dos ruídos e dos desejos,
ao passeio do diálogo tranquilo e da contemplação,
ao exercício da visita aos amigos e do voluntariado,
ao Spa da celebração litúrgica e da renovação sacramental!

Senhor, de coração leve, saudável e amante,
ensina-nos a arte de viver leves para servir e amar!
Cristo, insaciáveis pés que anunciam boas novas,
liberta-nos do comodismo que nos enche de colesterol egoísta!
Ajuda-nos a fazer dieta daquilo que nos torna pesados:
a indiferença, o prazer umbilical, as dependências,
o vazio ateu, o descompromisso com o bem comum!
Senhor desperta-nos cada dia para o bom senso e para a razão,
e que o teu Espírito nos ensine a arte saudável de viver

como filhos de Deus e arautos da esperança que permanece!

sexta-feira, novembro 27, 2015

 

6ª feira da 34ª semana do Tempo Comum


Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. (cf. Lc 21,29-33)

Jesus é a Palavra de Deus viva e eterna,
encarnada no Nazareno mortal e ressuscitado!
O que fez e ensinou, não foram palavras feitas de feno,
mas Videira fecunda e eterna, onde todos damos bom fruto!
O seu Evangelho é caminho de vida na terra,
válido em todo o tempo e vivido desde sempre no Céu!
Tudo o que existe foi criado por esta Palavra,
por isso, nós e este universo passaremos,
mas a sua Palavra não passará!

O ato de nascer e ser criado supõe o processo de evoluir e de morrer.
A nossa identidade permanece num corpo a renascer e a morrer.
Tudo é dinâmico, mas nem tudo preanuncia desenvolvimento,
evolução para valores eternos, melhoria de qualidade de vida para todos!
O desenvolvimento atual está a destruir o equilíbrio do planeta,
a aprofundar o fosso entre os que possuem e os miseráveis,
a fermentar sentimentos violentos de revolta e injustiça!
Há que voltar à Palavra sempre atual do amor fraterno,
da verdade que salva, do cuidado do mais frágil, do perdão que cura,
da justiça que traz segurança e felicidade, da esperança que não acaba!

Senhor, que Te fizeste Filho do Homem
para que nós fôssemos filhos de Deus,
abre os nossos ouvidos e o nosso coração à tua Palavra
e conduz-nos com bordão de Mestre e de Pastor.
Aumenta a nossa fé nesta Palavra que não passa
e dá-nos o discernimento de saber avaliar as palavras de turno,
sem as menosprezar nem as idolatrar, num diálogo aberto
em busca da Verdade que nos espera e que por nós anseia!
Faz de nós porta-vozes dessa Palavra que não passa,

com a ternura de quem semeia para a vida eterna!

quinta-feira, novembro 26, 2015

 

5ª feira da 34ª semana do Tempo Comum


Erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. (cf. Lc 21,20-28)

Jesus é a Palavra que permanece na ruína do tempo.
Quando tudo parece ruir e as fortalezas começam a desmoronar-se,
aparece sempre a luz da esperança que vem do Céu
e nos faz erguer a cabeça para acolher a salvação!
Já passaram muitos reinos e impérios,
mas o amor e o nome de Jesus não passa!
Já apareceram muitos carrascos de Deus,
que juraram mata-Lo e acabar com a fé,
mas esses foram acabando e Deus permanece para sempre!

É quando se desmoronam as nossas seguranças
que ficamos mais abertos para aquilo que permanece:
uma doença grave e súbita, um desaire económico,
a situação de velhice, uma desilusão política ou social...
A própria situação de mudanças rápidas e provocadas do clima,
levam-nos a interrogar sobre a ética e o modelo de desenvolvimento!
São momentos de crise que nos fazem erguer a cabeça
e olhar para além do imediato e do interesse egoísta!
É então que tomamos consciência de que somos casa comum,
passageiros do mesmo barco, peregrinos a caminhar juntos!

Senhor, Sol da justiça que não queres ofuscar outros sóis da moda,
brilha sobre nós, dá-nos a tua força e a sabedoria de viver!
Liberta-nos da miragem enganosa de que somos todo-poderosos
e não precisamos de Ti nem de ninguém!
Cura-nos da cegueira do cão que ladra de medo e de arrogância!
E nos momentos mais difíceis e críticos da nossa vida,
não nos deixes cair na tentação do desânimo e do desespero,
mas ajuda-nos a levantar a cabeça da conversão

e da confiança em Ti, que és a mão que sustenta e salva!

quarta-feira, novembro 25, 2015

 

4ª feira da 34ª semana do Tempo Comum


Assim tereis ocasião de dar testemunho. (cf. Lc 21,12-19)

Jesus veio ao mundo para dar testemunho da verdade.
Testemunhou a fidelidade da aliança entre Deus e a humanidade,
por meio da palavra proclamada e da vida provada.
As adversidades, perseguições e paixão na cruz
foram ocasiões para dar testemunho da verdade da aliança,
válida em todas as situações, até na morte injusta!
Os cristãos, discípulos deste Mestre para todo o terreno,
devem aproveitar todas as situações para manifestar a sua fé
e dar testemunho que ela é válida em todas as situações!

Às vezes desejamos um Deus que nos retire as adversidades
e queremos que todos acreditem no que nós acreditamos,
que ninguém se oponha nem nos hostilize...
mas se isto não acontecesse não teríamos ocasião de dar testemunho!
Perante a perseguição alguns desistem de acreditar,
outros fortalecem e enraízam a sua fé e a sua esperança.
Perante um ambiente adverso à manifestação da sua fé,
uns remetem a sua prática para o espaço do privado,
outros fazem-no publicamente e naturalmente!
São as provas onde se amadurece a fé!

Senhor Jesus, encarnação da perseverança e da arte de amar,
ensina-nos a levar a nossa fé para todas as situações da vida,
sem fugas, nem violências, nem desistências!
Envia-nos o teu Espírito e liberta-nos do medo e da vergonha!
Fortalece-nos com o dom da perseverança e da ternura,
que floresce amor, mesmo no meio de espinhos
e no seio de uma terra árida e adversa!
Perante a indiferença e a rejeição não me deixes fazer camaleão,

mas lírio do campo que testemunha a vida no meio do inverno!

terça-feira, novembro 24, 2015

 

3ª feira da 34ª semana do Tempo Comum – S. André Dung Lac e companheiros


Comentavam alguns que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas. (cf. Lc 21,5-11)

Os olhos humanos distraem-se com a beleza exterior do templo,
Jesus recorda-nos que tudo isso é secundário e passageiro!
O mais importante é o lugar de encontro da comunidade celebrativa
com o Deus que tomou a iniciativa de fazer connosco uma Aliança!
O rolo da Lei pode ser queimado e o Templo destruído,
mas Deus continua presente e fiel à aliança no coração do que acredita!
Jesus veio destituído de títulos e adornos externos:
nem era sacerdote, nem doutor da Lei, nem fariseu...
era apenas um “Filho de Homem”, nazareno e galileu!
A sua autoridade brotava do seu testemunho e da coerência da palavra!

Há uma arte litúrgica que nos envolve no mistério de fé,
cria silêncio e intimidade, concentra o coração em Deus;
há outra arte que nos enche de orgulho, brilha riqueza material,
cria ruído de fotógrafos e turistas, distrai-nos do mistério!
Há uma beleza que reflete olhar límpido e sorriso franco,
mesmo nas rugas de uma pele envelhecida;
há outra beleza, fruto de muitas maquilhagens e cirurgias,
de adornos brilhantes e revestida de marcas sonantes,
mas que fala oco, em voz troante, e revela vazio de valores!

Senhor, palavra final da verdade num mundo de aparências,
dá-nos a tua luz e revela a riqueza única da nossa pobreza.
Ajuda-nos a não nos distrairmos com o cintilar do ouro
ou o engano do embrulho com que mascaramos a realidade!
Ensina-nos a ousar viver na verdade, mesmo que nos doa
e, com humildade e desejo de conversão à santidade,
acolher a tua misericórdia e a graça de recomeçar!
Que o teu Espírito nos fortaleça na nossa peregrinação sagrada,
em Igreja e guiados pela tua Palavra, anunciando a esperança

e despojando-nos das seguranças que nos acomodam no pecado! 

segunda-feira, novembro 23, 2015

 

2ª feira da 34ª semana do Tempo Comum


Em verdade vos digo: Esta viúva pobre deu mais do que todos os outros. (cf. Lc 21,1-4)

Jesus vê a oferta, mas também aquele que a oferece:
quem tem muito dá do que sobeja, quem nada tem dá-se totalmente!
Jesus não se impressiona pela quantidade, pois tudo lhe pertence,
mas pela totalidade, pois assim revê-se na doação de si!
Para Deus todos somos importantes e seus filhos!
Também Ele, sendo omnipotente e eterno,
se fez pobre e mortal, oferecendo aos homens a salvação
e ao Pai a entrega total da sua vida à sua vontade!
Por isso, Jesus é tão grande na sua nudez na cruz,
como na sua exaltação e reinado no seio da Trindade!

A máquina calculadora ignora pessoas, só vê números,
por isso, os pobres são massas sobrantes e descartáveis,
pois a sua contribuição não se nota no aumento do PIB.
O que conta e é protegido e privilegiado são que têm muito:
inteligência, poder, iniciativa, tecnologia, liderança...
As crianças, os desempregados, os doentes, os deficientes,
os idosos são vistos como um peso, não como um dom!
Nesta lógica, a vida contemplativa não tem sentido,
é um desperdício passar a vida em oração no mosteiro!
Como é possível, mulheres com um curso universitário,
encerrarem-se num convento para se consagrarem a Deus?
É a lógica do dom, incompreensível e inútil
para a lógica do mercado e de produção de bens de consumo!

Senhor, que vês o interior do coração e não apenas as mãos cheias,
ajuda-nos a doar-nos totalmente em cada pequeno gesto e encontro!
Cristo, que te entregaste totalmente à missão de nos salvar,
doando-te incansavelmente até à última gota de sangue na cruz,
ajuda-nos a acolher a nossa vocação e missão com alegria,
continuando com o mesmo zelo e fidelidade a tua missão!
Espírito de discernimento ajuda-nos a não desanimar
quando nos damos conta do pouco que podemos fazer
e da fragilidade do pecado em que navegamos!
Ensina-nos a concentrar, não na pequenez do que somos,
mas na generosidade com que nos damos na oração,

na escuta, no acolhimento, na consolação, na evangelização!

domingo, novembro 22, 2015

 

O MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO



Eis o que afirmou Jesus,
Sem medo à morte de cruz,
Diante do próprio Pilatos,
Com poder para O mandar
Condenar e crucificar,
Poder bem contrário ao Seu
Que é Rei para salvar
E, para isso nasceu,
Ele, o Princípio e o Fim
De tudo quanto existe,
Que n’Ele renasce e persiste,
Porque Ele é Aquele que é,
Que era e que há-de vir,
O Senhor do Universo,
Que congrega e reanima
Todo o ser fraco e disperso,
Pelos séculos dos séculos,
Pois Seu Reino não terá fim.

Escutai, vós que temeis
As noites em que viveis,
Se credes na Sua Palavra
E na vida de Jesus,
Que morreu para salvar,
Perdoar e libertar,
E vive num trono de Luz,
De santidade e bondade,
Atento à humanidade,
Pois, nos arrancou das trevas,
Das noites das várias eras,
Para nos levar ao Reino de Deus,
Como filhos amados Seus,
Em Cristo regenerados
E na fé a Ele ligados,
Vivendo no meio do mundo,
Mas por Ele, bem guardados,
Protegidos e iluminados,
Pelo fogo de amor profundo,
Saberão contemplar os Céus,
E ver surgir lá do Alto,
Entre as nuvens do espaço,
O enviado de Deus,
Rei e Senhor do Universo,
Cujo Reino não é deste mundo,
Que vem intervir e salvar,
Ensinando-nos a amar,
Ao contrário dos critérios
Dos poderosos do mundo.

COM A TUA LUZ DIVINA,
A MINHA MENTE ILUMINA,
MEU CORAÇÃO E OLHAR,
PARA, EM TUDO E TODOS, TE AMAR,
TE SERVIR E BENDIZER,
EM TODO O TEMPO E LUGAR,
REI DA VIDA UNIVERSAL.

Maria Lina da Silva, fmm-Lisboa, 22.11.2015  

 

34º Domingo do Tempo Comum - N. S. Jesus Cristo, Rei do Universo


É por ti que dizes que sou rei, ou foram outros que to disseram de Mim? (cf. Jo 18,33b-37)

Jesus é rei, não apenas do que é perecível,
mas, acima de tudo, do que é verdadeiro e eterno.
Veio ao mundo, não para conquistar poder, pois tudo lhe pertence,
mas para dar testemunho da verdade e nos libertar da mentira.
Quem O escuta e O segue, faz parte do seu reino libertador,
constrói pontes de comunhão, faz do quotidiano um templo de louvor,
alimenta-se do pão da vida e jejua do pão da avareza e da violência,
semeia fraternidade e serve a misericórdia com alegria!

Estamos no final de mais um ano litúrgico, guiados por S. Marcos.
Nesta caminhada anual, fomos ouvintes do evangelho
e deixámo-nos iluminar pelo Sol da justiça
ou cumprimos relógio, mas estamos no mesmo sítio?
Falamos do que outros nos disseram sobre Jesus,
ou do que sentimos, assumimos e vivemos no encontro com Cristo?
Foi mais um tempo de paciência de Jesus e de sementeira do bem,
que nos aproximou ou afastou do reinado de Cristo?

Senhor, Rei que serve como missão redentora,
toma conta da nossa vida e vive em nós com a tua santidade!
Envia-nos o teu Espírito de discernimento e aumenta a nossa fé,
para que demos testemunho de Ti com fidelidade e alegria,
e continuemos a tua missão de anúncio de esperança e de salvação.
Dá-nos o dom da alegria que serve o cuidado da criação e do irmão
e liberta-nos da miopia que só vê o presente e o poder do instante!
Ajuda-nos, Senhor, a crescer em Ti, para que sejas tudo em nós!



sexta-feira, novembro 20, 2015

 

Sábado da 33ª semana do Tempo Comum – Apresentação de N. Senhora


Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos. (cf. Lc 20,27-40)

Deus é a vida que é, que era e que será eternamente.
Criou-nos para a vida e não para a morte!
O pecado coroou-nos de solidão e afastou-nos do amor,
mas Deus não se afastou de nós porque quer ver-nos felizes,
em comunhão uns com os outros e com Ele.
Enviou Jesus para ser a Porta que nos conduz à vida
com a chave do Evangelho provado na cruz.
A morte destas células é um novo nascimento para a eternidade,
que brota das opções feitas nesta vida de peregrinos!

O cristianismo está associado à morte:
a capela mortuária ao lado da Igreja,
os funerais e missas pelos falecidos...
Muitos só entram na Igreja em celebrações ligadas à morte
e ouvem sempre as mesmas leituras e a mesma homilia!
Mesmo na Semana Santa só participam na procissão dos passos,
ignorando a Vigília da Páscoa e a celebração da Ressurreição.
Não admira, por isso, que não vivam a fé na eternidade,
que não sigam Jesus como Caminho e Porta,
e dos mortos só sintam medo e respeito pelo mistério!

Senhor, fonte e colo que nos espera eternamente,
obrigado pelo dom da vida e da salvação
com que sustentas a nossa vida e nos levantas do chão!
Cristo, nosso salvador, que não queres que ninguém se perca,
toma-nos pela mão e desperta-nos da solidão acomodada.
Cura-nos do medo da morte e ensina-nos a ser vida em oferta,
solidária e fraterna, amiga e misericordiosa, feliz e companheira,
fiel e eucarística, numa ternura que vale a pena viver!

Santa Maria, Mãe da Vida, intercede por nós cegos do eterno!

 

6ª feira da 33ª semana do Tempo Comum


A minha casa é casa de oração’; e vós fizestes dela ‘um covil de ladrões’.(cf. Lc 19,45-48)

Jesus é a casa de oração que acolhe o Pai e o Espírito,
num diálogo de amor que favorece a comunhão e a missão.
Por isso, fica triste quando vê o templo de Jerusalém,
símbolo da casa de oração, cheio de ruído mercantil,
que sacraliza a desigualdade entre ricos e pobres
e distrai da relação gratuita e comunitária com Deus!
Quem se aproxima e ouve Jesus, escuta o próprio Deus,
porque nele a aliança é um fogo que arde sem se consumir,
gratuito, misericordioso, zeloso, fraterno e sacramental!
Como gostaria que cada um de nós fosse “casa de oração”,
em permanente comunhão de louvor a Deus
e de amor solidário e silencioso aos irmãos!

A natureza é casa de oração, acolhedora e contemplativa,
na montanha que eleva, no vale que descansa,
no deserto que purifica, no oásis que fortalece,
no rio que fecunda, no campo que acolhe a semente e dá fruto.
O lar familiar é casa de oração no amor que aquece,
no diálogo que semeia valores, na prece que liga ao Céu,
na partilha que abre a porta ao pobre, no cuidar do mais frágil.
O corpo é casa de oração que se abre à fé,
fala com o Invisível presente e escuta a verdade,
doa-se gratuitamente e respeita a dignidade e a liberdade.
A Igreja é casa de oração de portas abertas,
presença sacral no silêncio hospitaleiro,
escola de vida fraterna e altar de oferta fiel.
Tudo o que foi criado por Deus é casa de oração,
que pode gerar intimidade, escuta e comunhão!

Senhor, obrigado porque queres morar no meio de nós,
apesar da nossa impureza, da nossa ausência e distração.
Cristo, que vieste para purificar este mundo,
que se converte facilmente num “covil de ladrões”,
purifica-nos das relações interesseiras e agressivas,
da impaciência pelo diferente e do cansaço provocado pelo frágil!
Ajuda-nos a ser casa de oração que acolhe o mistério da fé,
se abre ao mistério do outro e louva o Criador com a sua vida.
Dá-nos famílias e comunidades que sejam casas de oração,
onde se fala de Deus e se fala com Deus,
onde há diálogo e tempo para a escuta gratuita,

onde se serve o perdão sempre fresco como o pão! 

quinta-feira, novembro 19, 2015

 

5ª feira da 33ª semana do Tempo Comum


Jesus ao ver a cidade, chorou sobre ela. (cf. Lc 19,41-44)

Jesus olha-nos com o coração a sangrar de amor.
Chora ao ver-nos entretidos com a guerra,
a jogar ao monopólio de quem é o mais forte,
à volta de nós mesmos, num rodopio estonteante!
Visita-nos e ninguém O acolhe, fala-nos e poucos O escutam,
avisa-nos da ratoeira em que caímos,
mas cada um segue o seu caminho de violência competitiva!
Chora, mas resiste a entrar na mesma lógica de guerra,
por isso, quando a cidade O prende para calar esta Voz de paz,
entrega a sua vida e oferece o seu perdão e salvação!

Hoje também Jesus chora este planeta a destruir-se!
Chora porque vê o resultado das opções de morte
dos pais que se tornam carrascos dos filhos antes destes nascerem,
dos adultos que abusam das crianças a seu belo prazer,
dos jovens que entram na dependência que os faz envelhecer,
da idolatria do eu que faz do divórcio a solução mais fácil,
do vazio de sentido que busca no consumo a forma de o preencher,
na falta de diálogo que usa as armas de morte para vencer,
na injustiça que usa os fracos para se engrandecer!
Chora ao ver os seus discípulos a entrarem na mesma lógica,
a gritar vingança, em vez de chorarem misericórdia e oração!
Se hoje soubéssemos o que nos pode trazer a paz!

Senhor, peregrino da paz e mestre da aliança,
aumenta a nossa fé no Deus do amor e do perdão,
apesar do reinado do ódio e do rancor que nos envolve!
Dá-nos a tua paz e sacia a nossa sede de ter e possuir,
com a tranquilidade do pão nosso de cada dia,
que senta à mesa a inclusão e a solidariedade com alegria!
Envia-nos o teu Espírito e cura a nossa cegueira e surdez,
para que não percamos a capacidade de chorar
pelo irmão que sofre e escutar o gemido do solitário marginalizado.
Ajuda-nos a rezar pelos nossos inimigos e pelos pecadores,

para que aprendamos contigo a chorar por este mundo!

quarta-feira, novembro 18, 2015

 

4ª feira da 33ª semana do Tempo Comum – Dedicação das Basílicas de S. Pedro e de S. Paulo


Entregou-lhes dez minas, dizendo: ‘Fazei-as render até que eu volte’. (cf. Lc 19,11-28)

Jesus apresenta-se como Rei que se ausenta e delega em nós
a administração dos seus bens e da sua missão.
Pede-nos que sejamos fecundos e bons gestores,
para que todos os dons recebidos se multipliquem.
Ficar a olhar para o Céu à espera que Ele faça o que podemos fazer,
ou parados, com medo de arriscar ou de não sermos dignos,
é ser servo mau e preguiçoso, estéril e inútil!
Jesus quer cristãos maduros, ousados e evangelizadores!

Receber o Batismo e não dar frutos crísticos,
ser ungido com o óleo do Crisma e não viver segundo o Espírito,
comungar o Corpo de Cristo e não ser membro ativo da Igreja
é ser servo-administrador mau que não põe a render o que recebeu!
Habituámo-nos a ser consumidores de bens espirituais,
que guardamos no curriculum do nosso orgulho
e escondemos para nós, à espera de termos tempo,
estarmos bem preparados e equipados espiritualmente,
de sermos santos e anunciarmos apenas o que já vivemos.
Tanto dom enterrado ou guardado no lenço do comodismo,
numa vida de espetador e comentador da vida dos outros!

Senhor, louvado sejas pelo dom da vida e da vocação.
Conduz-nos com a luz do teu Espírito e da tua Palavra,
para que não corramos sem rumo nem nos cansemos inutilmente,
mas geremos vida à nossa volta e testemunhemos a esperança.
Ajuda-nos a responder com verdade e fidelidade
à pergunta: “o que faria Jesus hoje no meu lugar?
Que opções, sentimentos, atitudes e projetos tomaria?”
Senhor, estremeço ao ousar ser Cristo nesta conjuntura,
mas quero tentar pôr a render a minha mina,

como Pedro e Paulo e tantos outros fizeram!

terça-feira, novembro 17, 2015

 

3ª feira da 33ª semana do Tempo Comum – Isabel da Hungria


O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido. (cf. Lc 19,1-10)

Jesus caminha no meio da multidão,
mas está atento ao coração daquele que O procura,
embora tenha um passado e um presente de pecado!
Para Jesus, Zaqueu não é um publicano rico e execrável,
mas um filho de Abraão que desperta para a Luz.
Jesus pede-lhe hospedagem em sua casa,
para, a partir de dentro, lhe oferecer a salvação.
Ele veio procurar e salvar o que estava perdido
e por isso hospeda-se na casa de um pecador,
não para premiar o pecado, mas para o redimir!
Jesus desce à nossa miséria para nos elevar à sua santidade!

Ensinam-nos a ética do “salve-se como puder”,
mas se alguém é apanhado e denunciado,
é julgado na praça pública da comunicação social
e rotulado de criminoso, mesmo antes de ser julgado!
Mesmo sabendo que não somos santos,
andamos à procura de pecadores para os denunciar!
Por isso, quando nos damos conta dos nossos pecados,
temos medo de nos aproximar de Jesus, que vemos como juiz,
em vez de procurar Aquele que nos procura para nos curar!

Senhor, misericórdia com bordão de peregrino e pedinte,
obrigado porque nos convidas a abrir-Te a porta da nossa casa,
atulhada de coisas, de lixo tóxico e de solidão dourada!
Entra Senhor e ajuda-nos a arrumar a casa,
a abrir as janelas de vida nova, a partilhar a alegria,
e a recuperar a grandeza de ser filho de Deus!
Liberta-nos da culpa, que nos martiriza e paralisa,
e dá-nos força para correr e subir aos sicómeros,
por onde Tu vais passar e nos podes falar:
silêncio meditativo da Tua Palavra,
confiança na Tua misericórdia infinita e sacramental,

partilha de bens e hospitalidade dos pobres!

segunda-feira, novembro 16, 2015

 

2ª feira da 33ª semana do Tempo Comum


Ele recuperou a vista e seguiu Jesus, glorificando a Deus. (cf. Lc 18,35-43)

Jesus caminha no meio da multidão que O segue.
Muitos só veem a multidão, mas não veem Jesus
e perguntam aos cristãos o porquê de ser Igreja,
comunidade que caminha unida na mesma fé!
A Igreja deve anunciar Cristo presente, como salvador,
mas não deve ser um obstáculo aos buscadores de fé.
Para poder ver Jesus, a partir dos olhos da fé,
é necessário reconhecer a nossa cegueira,
orar com insistência e persistência, pedindo o dom da fé,
e deixar-se conduzir a Cristo, quando Ele nos chama.
A prova da fé que vê é o seguimento de Jesus
e uma vida que glorifica a Deus!

Alguns dizem que acreditam em Jesus,
mas não aceitam caminhar em Igreja,
nem seguir os valores que esta proclama!
É uma religião vertical e solitária,
como se cada um fosse uma ilha,
apesar de viver nesta casa comum!
Falta-lhes a dimensão da cruz, que liga verticalmente o céu à terra,
e abraça horizontalmente toda a humanidade e a natureza!
Ter fé em Jesus é acreditar que só podemos viver em comunhão,
caminhando solidários no louvor e no amor!

Senhor, quando penso só em mim, tem piedade de nós
e cura o nosso egoísmo cego e insensível!
Cristo, quando o comodismo se apodera de mim
e fico à margem dos problemas da sociedade e da Igreja,
tem piedade de mim e cura o meu autismo!
Senhor, quando me digo cristão, mas sou apenas juiz da Igreja,
ajuda-me a começar por mim a renovação que exijo dos outros!
Faz que eu Te veja a caminhar connosco
e Te siga nesta aventura de ser Igreja universal e bela,

diversa, celebrativa, justa, solidária, pacífica e evangelizadora!

domingo, novembro 15, 2015

 

33º Domingo do Tempo Comum


Aprendei a parábola da figueira. (cf. Mc 13,24-32)

Jesus desperta-nos para a esperança do encontro,
a partir dos sinais do tempo presente.
O brotar das folhas na figueira revela a estação da Primavera,
mas Jesus não quer que nos fixemos nas folhas da aparência,
mas que desejemos o Verão, estação dos frutos.
É no Verão que a figueira se revela resistente ao sol ou não,
com muitos ou poucos frutos, figos doces ou amargos!
Aprender com a parábola da figueira é viver o presente,
com o olhar no futuro, viver na fé desejando o encontro,
andar à luz do sol e das estrelas procurando ser luz do mundo,
viver nas aparências, mas tendo o verdadeiro tesouro no coração.
A alegria da figueira é que Jesus a encontre com figos maduros! (Mt 21,18-19)

O consumismo incentiva-nos a comprar agora e a pagar a crédito.
Vai-se tentando adiar a juventude com plásticas e medicamentos.
O estudante goza a camaradagem do momento com vigílias de prazer,
esquecendo que os exames se vencem após duro tempo de estudo.
Os namorados entretêm-se com beijos e banalidades de primavera,
em vez de prepararem o Verão da maturidade no amor e no diálogo.
Os políticos, para assegurarem o poder, prometem um presente de sonho,
esquecendo a sustentabilidade e escondendo a verdade que nos espera.
A imediatez quer fazer da natureza uma fábrica rápida e em série,
sem dó nem descanso, esquecendo as gerações futuras!
Como temos que aprender com a parábola da figueira!

Senhor, agricultor que nos plantaste neste jardim de encontros,
aumenta a nossa fé e ajuda-nos a caminhar na fraternidade.
Cristo, que vieste, que vindes e que haveis de vir,
ensina-nos a estar vigilantes e atentos ao teu bater da nossa porta,
para que nos encontres fecundos de santidade e de caridade.
Desperta-nos, Senhor, nas distrações do tempo presente!
Que o teu Espírito crie em nós uma cultura de encontro

e um sentido de verdade e fidelidade, que serve a justiça e a paz.

sábado, novembro 14, 2015

 

REAVIVANDO O ESPÍRITO DE MARIA DA PAIXÃO



Quando um silêncio profundo,
Pareceu envolver o mundo
E atingiu o mais profundo
Do sensível coração
Das irmãs que assistiam
Ao adormecer, em paz,
De Maria da Paixão,
Deixando de ouvir a voz
Que as motivava e aquecia,
Com a Palavra de Deus,
E agora entrava nos céus,
Em oração, se uniram,
Gratas pelo dom da vida,
Doada a Deus e ao mundo,
Inteiramente e sem medida,
Reforçando a confiança,
Na Palavra do Senhor,
Autor daquela obra de amor,
Que continuaria presente,
P’ra fazer do Instituto
Das Franciscanas Missionárias de Maria,
Um sinal vivo de amor,
Universal e multicolor,
Feito sonho eficaz,
A envolver o mundo inteiro
No sol da justiça e da paz,
De vida e amor verdadeiro.

A exemplo de Maria da Paixão,
Ativemos a Missão
E a chama da vocação,
Que Deus lhe confiara,
Orando, sem desanimar,
Para, em Deus, força encontrar,
E a tempo e contra-tempo,
Nos deixarmos inflamar
Do fogo pela Missão
E a nova evangelização,
Servindo sempre os mais pobres
E simples de coração,
A quem Deus ama e defende
Das garras da exploração.

Reaviva, em nossa mente,
Nossa alma e coração,
Ó Maria da Paixão,
A tua fidelidade
A Deus e à humanidade,
Pelo ardor à Missão!

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 14.11.2015        

 

Sábado da 32ª semana do tempo Comum


A necessidade de orar sempre sem desanimar (cf. Lc 18,1-8)

Jesus ora sem cessar ao Pai, num diálogo vital.
Ele deixaria de ser Filho de Deus sem esta união com o Pai.
O Filho do Homem sem oração não poderia ser Cristo,
ungido pelo Espírito Santo, pois agiria apenas por si!
É a oração que permite que seja Filho do Carpinteiro e de Maria,
sem deixar de ser Filho de Deus, inspirado pelo Espírito!
Jesus associa-nos a esta aventura de diálogo na fé,
que é estarmos permanentemente ligados ao Céu,
para sabermos viver na terra como Jesus viveu!

As novas técnicas permitem-nos estar sempre “on line”:
com o telefone, a internet, a televisão, as redes sociais...
Umas vezes para passar o tempo, outras para comunicar,
outras para preenchermos a nossa solidão,
outras satisfazer curiosidades,
outras para buscar respostas à nossa sede de conhecer...
Comunicar com Deus é um pouco mais difícil,
porque supõe fé no invisível, escuta no silêncio do desejo,
paciência para sintonizar com o tempo de Deus,
luta teimosa entre o que eu quero e o que Deus quer de mim,
ascese para não me desligar de Deus quando alguém me liga...
A oração é um exercício de fé e de amor ao projeto de Deus!

Senhor, eis-me aqui em busca da aurora
no silêncio da madrugada que quer vencer a noite.
Obrigado pelo orvalho da tua Palavra fecundante!
Envolve-nos com o teu Espírito de luz que purifica o desejo.
Alimenta a nossa fé e ajuda-nos a elevar o nosso coração
no meio do ruído do trabalho e das canseiras da vida!
Ensina-nos a permanecer em Ti, sem divisões nem pressas,
para aprendermos a estar com os outros gratuitamente,
com o ouvido interessado e um olhar atento,
num diálogo de amigo, que busca a comunhão e a partilha!
Dá-nos o dom da oração permanente e perseverante

para que vivamos como filhos de Deus no Filho e no Espírito!

sexta-feira, novembro 13, 2015

 

6ª feira da 32ª semana do Tempo Comum


Como sucedeu nos dias de Noé... e de Lot, assim será também nos dias do Filho do homem. (cf. Lc 17,26-37)

Deus está atento à forma como cada um de nós vive.
Muitos iludem-se com a plena liberdade com que Deus nos envolve,
agindo como fossem senhores de si, dos outros e da natureza,
esquecendo-se da aliança e da ética, fugindo da verdade e da justiça.
Mas os dias de Noé e de Lot mostram que Deus está atento
e que nós devíamos avaliar cada dia a nossa conduta,
estar vigilantes, investir no amor e na conversão de todos!
Veio o Filho de Deus e agiu com paciência e mansidão,
ensinou-nos a rezar e a amar Deus, servindo e perdoando o próximo,
passou fazendo e ensinando o bem, e por fim deixou-se morrer na cruz!
Ressuscitou e ficou connosco para sempre para continuar a sua missão!
Tudo isto faz sem violência nem castigo, procurando fazer-nos crescer,
a partir de dentro, pela ação do seu Espírito!

A educação baseada no prémio e castigo
distrai-nos da personalização e interiorização dos valores,
concentrando-nos nos sentimentos de medo ou de prazer
para avaliar a bondade ou não de uma conduta de vida.
Por isso, deixa-se de falar em consciência e verdade,
e fala-se mais em adrenalina, ansiedade, mecanismos de defesa,
corrupção, cunhas, distração, realização pessoal...
Como Deus não age na base do prémio e castigo,
o insensato acha que Deus não existe nem conhece o seu íntimo!
Talvez perante uma morte jovem, um acidente inesperado,
estremeça por dentro e por uns instantes se emocione,
mas muitas vezes prefere calar o susto com distrações e drogas!


Senhor, obrigado pelo dom deste estágio de vida no tempo
para nos preparamos para viver na eternidade!
Cristo, nosso irmão, amigo e redentor invisível,
que Te fizeste nosso companheiro libertador,
continua a ensinar-nos o caminho da vida feliz e madura
que ama o irmão, constrói a justiça e a paz, e louva o Criador!
Envia-nos o teu Espírito e desperta-nos para a verdade
para que saibamos relativizar e perdoar as fragilidade dos outros
e ser exigentes e autênticos nos valores que nos movem.
Liberta-nos do medo e enraíza-nos no amor misericordioso,
num diálogo permanente entre os sonhos que nos assaltam

e o sonho de eternidade feliz que nos prometes e ensinas!

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