sábado, março 26, 2016

 

Sábado Santo


O silêncio da morte ou a morte do silêncio?

O Dia do Senhor aguarda o Oitavo Dia da nova criação.
No descanso de Deus da primeira criação
ouve-se o silêncio da morte que clama vitória!
Celebra-se a Páscoa com o coração apreensivo,
pois a memória da última visão é um túmulo fechado
e um corpo enfaixado, sem as unções devidas!
O Pai chora a morte de seu Filho e deixa o seu descanso
para curar a vida e destruir a morte na sua toca de trevas!
E o silêncio de morte afinal esconde a morte do silêncio,
pois a Palavra continua a sua missão
e anuncia a salvação aos que vivem no reino da morte!

A morte do amor provoca o silêncio de morte!
A boca parece um sepulcro apodrecido e fétido
quando guarda a morte do diálogo e do dom da palavra boa!
Então o amuo cheira a guerra fria e a silêncio sádico-masoquista,
o corte de relações despeja fel em murmurações,
a morte do ofendido acontece no silêncio do coração ferido!
Só o perdão ressuscita a capacidade de diálogo,
só o amor incondicional vence o silêncio mortífero!
Escutemos hoje o silêncio do amor que vence a morte!

Pai de misericórdia, ferido de amor e em diálogo permanente,
cura-nos das nossas desistências e mortes de amor!
Cristo, Palavra encarnada, proclamada, crucificada e sepultada,
começa uma nova criação no coração de cada um de nós,
para que a Páscoa seja comunicação e comunhão
e se abram os túmulos empestados de rancor
ao sol da tua graça e ao antibiótico do teu amor!
Neste silêncio, que só a fé e a esperança alumbra,
desculpa os nossos silêncios para contigo e para com os irmãos,

a nossa avareza em oferecermos a riqueza duma simples palavra!

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