domingo, julho 31, 2016

 

ACORDA ENQUANTO É TEMPO



Tua vida não depende,
Dos bens materiais que tens,
Mesmo guardados à chave,
Até quando, não se sabe,
E construas mais celeiros,
Quando há muita produção,
Pensando acumular,
Por ganância ou vaidade,
Fechado à realidade,
Para seres o primeiro,
Em valor e dignidade,
A impor-se entre os demais.

“Ó vaidade das vaidades,”
Tudo é vaidade e ilusão,
Como bola de sabão
Que, mal sobe, se desfaz,
Pois, tudo isto é fugaz,
Te deixa a olhar o chão,
Sem qualquer sinal no ar,
Mão estendida, em vão,
E vazio o coração,
Sem nada a que se agarrar.

Querendo ser rico de bens,
Seguiste os critérios humanos,
Semeadores de enganos.
Escolhendo a insegurança,
Da erva que de manhã cresce,
Mas, `a tarde, já fenece,
E os bens que a traça rói
E, se a tempestade avança,
Nada fica em segurança,
O vento sopra e destrói,
E tu, despido de amor,
Te descubras sem sentido,
Em solidão interior.

Depende de ti escolher,
Como desejas viver.
 Se rico aos olhos dos homens,
Ou rico aos olhos de Deus,
Senhor da terra e dos céus,
 Que ama todos os filhos Seus,
Mas nos dá a liberdade
De podermos escolher
Nossa própria desventura,
Ou alegria que perdura,
Sem deixar de nos seguir,
Com Seu olhar de ternura,
No desejo interior,
De misericordioso amor,
Pronto a nos receber
Para que a nossa desgraça,
Seja transformada em graça,
Por nos amar a valer.


Maria Lina da Silva, fmm-Lisboa, 31.07.2016    

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