domingo, março 05, 2017
1º Domingo da Quaresma
O pecado não é levado em conta, se não houver lei. (Cf. Rom 5,12-19)
Deus criou-nos para a santidade,
mas a desobediência ensurdeceu-nos os ouvidos à Aliança.
Quem não é movido pelo amor, só ouve o próprio interesse,
a satisfação egoísta, o aproveitamento da situação,
a liberdade de capricho, o sonho de poder e de glória.
A libertinagem aventureira não aceita Deus, porque sonha ser deus,
não reconhece as leis externas a si, porque quer impor as suas.
Este é o pecado original que emudece o louvor e o diálogo,
a justiça e a solidariedade, a misericórdia e a paz.
Inaudita obediência que vem de Deus e nos salva,
que cura o surdo e o mudo e nos grava a lei do amor no coração!
Bendita liberdade que aprende a obedecer ao Evangelho com alegria!
A exaltação do “eu livre”, criou o “indivíduo república”,
autónomo, autocrata, caprichoso e dominador.
Assim como houve as “cidades estado” na Grécia antiga,
hoje há os “Eus autónomos” rebeldes a tudo o que é autoridade,
que obedecem apenas pressionados por coimas e penas de coação.
Ao nível religioso perdeu-se o sentido de pecado,
numa ética do útil, agradável e sem esforço.
Numa sociedade secularizada, perdeu-se a sintonia com Deus,
a fé na eficácia dos mandamentos da Aliança,
a esperança na vida eterna como dom de Jesus Cristo.
Tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém!
Senhor, que o teu Espírito nos conduza ao deserto da escuta
e a tua Palavra nos ensine a distinguir as vozes de engano.
Cristo, Homem novo, sintonizado com o Pai,
renova em nós o Batismo do “Eu em comunhão”,
o Crisma do “Eu descentrado”, fonte de amor,
a Eucaristia do “Eu partilhado”, servidor da vida!
Dá-nos, Senhor, uma Quaresma iluminada pela Verdade,
para sejamos capazes de discernir e rejeitar as tentações do pecado,
num processo humilde e confiante de conversão ao Deus da vida!
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