quarta-feira, maio 24, 2017

 

4ª feira da 6ª semana da Páscoa


Vejo que sois em tudo extremamente religiosos. (cf. At 17,15.22-18,1)

Deus fez-nos com sede e aptidão para O buscarmos.
As marcas de Deus estão escondidas em toda a parte.
O mistério que nos surpreende e não sabemos explicar,
leva-nos à sentir o pulsar de Alguém bom que nos acompanha!
A beleza espontânea de uma montanha semeada de cor e de vida,
leva-nos a pressentir a existência de um Pastor artista que nos precede!
A dedicação e o carinho gratuito de alguém pelo outro
leva-nos a perceber que o que nos faz divinos é o amor!
Mas o medo e o desejo de ser omnipotente
leva-nos a confiar no primeiro elixir que nos vendem
ou a entrar no pensamento mágico, ritualista e miraculoso.
Só quando Deus toma rosto em Jesus e se revela Evangelho,
servo, pastor, cordeiro oferecido, fraqueza de violência
e rocha-fonte de misericórdia inesgotável,
é que as marcas de Deus começam a fazer sentido 
e a miragem do ouro e da prata se desvanecem!

A geração do pensamento positivista e materialista
traz em si o borralho aceso de uma religiosidade latente.
Ela se manifesta quando o stress busca a uma paz interior,
a depressão nos assalta e perturba o ritmo diário,
a pouca sorte faz uma síntese vítimizadora do desconhecido,
uma doença incurável nos abala as seguranças...
Nessa alturas a religiosidade reacende-se 
e entra-se no mistério de soluções alternativas:
meditação de ginásio, ioga, reiki, bruxas, cartomancia
espiritismo, promessas, pessoas de virtude...
É uma religiosidade de supermercado subterrâneo, 
que busca energias positivas, espirituais e poderosas,
não a descoberta de si mesmo no encontro com um Deus pessoal,
que nos mova à revisão de vida e à conversão e à esperança!

Senhor, Pai criador e beleza insondável,
fragmentada neste mundo maravilhoso que nos deste,
dá-nos o dom da contemplação e do louvor
que brota de um coração agradecido e agraciado!
Cristo, rosto humano da divindade escondida,
envia-nos o teu Espírito para nos ajudar a acolher-Te como Salvador
e em Ti encontrar a força e o caminho para confiar sempre,
mesmo quando a solidão dói e a ingratidão sangra!
Faz da Igreja luzeiro que dá rosto à sede de Te procurar,
para que a religiosidade vaga e abstrata que respiramos,
possa ter a boa nova de um rosto e de um encontro
que se faz oração, liturgia, serviço, caridade, justiça,
e ousadia de carregar a própria cruz e de ser cirineu dos mais fracos. 

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