quinta-feira, fevereiro 29, 2024
5ª feira da 2ª semana da Quaresma
Maldito o homem que põe na carne a sua
esperança, afastando o seu coração
do Senhor. (cf. Jer 17,5-10)
Deus é a fonte da vida. Nele temos as nossas raízes.
Se deixamos de nos alimentar da sua Palavra
e confiarmos apenas nas riquezas e no poder,
a nossa vida é arrastada pelas vozes de mentira que nos dominam
e tornamo-nos meros consumidores de coisas
e acumuladores de ambições, que nos cegam a fraternidade
e nos tornam dependentes de momentos de glória e prazer.
Seremos malditos por vivermos para nós mesmos
e à custa dos outros, desertificando tudo à nossa volta.
Alguns optam por viver solitários, de portas fechadas,
sem amigos nem necessitados que os incomodem,
com as suas economias, os seus consumos e mundo virtual.
Na sua casa não há graça, pois tudo é comprado!
O único motivo para sair de casa e trabalhar é ganhar dinheiro
para assegurar o futuro, sem ter necessidade dos outros.
É cómodo viver indiferente a tudo e a todos,
sem compromissos de fé, de partilha e cuidado.
mas é triste saber que não é querido por ninguém,
que se é como uma pedra solta no caminho
ou uma peça de ouro escondida que não brilha para ninguém.
Senhor, sonda o meu coração e ajuda-me a conhece-lo
para perceber onde e em quem coloca a minha confiança.
Dá-nos o dom de percebermos que somos missão
e sacramento do teu amor e tua presença junto do irmão.
Por isso, inunda o meu coração de sentimentos de compaixão,
de calor na relação, de partilha de tempo e de pão,
de oferta de compreensão, paciência e perdão,
de olhares sorridentes que acolhem e fazem festa.
E quando um dia nos encontrarmos face a face
me faças ver as vezes que já nos encontrámos
na oração e na escuta da Palavra, na relação e nos serviço,
no cuidado e na missão, no bom conselho e na conversão.
quarta-feira, fevereiro 28, 2024
4ª feira da 2ª semana da Quaresma
Porventura assim se paga o bem com o mal? (cf. Jer 18,18-20)
Deus criou-nos por amor à sua imagem e semelhança.
Criou-nos livres, capazes de amar ou de odiar.
Deus sustenta-nos a vida e reconstrói-nos o futuro,
fazendo uma aliança eterna, enviando-nos profetas
que nos fazem memória do caminho da conversão e do amor.
O envio do Filho de Deus é o gesto supremo do Pai
para nos dizer que nos ama e nos quer salvar,
apesar da nossa rebeldia e afastamento da aliança.
E nós pagamos tanto bem que Deus nos tem e faz,
rejeitando e matando o seu Filho numa cruz.
O amor não é uma moeda de troca,
assim como a fé e o seguimento de Jesus
não é para nos fazer maiores e mais importantes que os outros.
Mas o amor que recebemos na família
é uma escola de vida que deve preservar
a nossa imagem e semelhança com Deus.
Há umas vozes de mentira que nos dizem:
“ser o maior e dominar sobre os outros é a via da tua salvação,
mesmo que para isso tenhas que usar de injustiça,
e de pagar o bem com o mal, traindo e usando de violência!”
Senhor, eis-me aqui para Te agradecer tanto bem,
tanto palavra de despertar e aviso, tanto perdão,
tanta paciência comigo e com todos,
tanta confiança em nós para nos enviar em missão.
Perdoa as vezes em que pago o bem com o mal,
fugindo ou ficando indiferente ao cuidado do que necessita,
achando que vale tudo para ser maior que o outro,
endurecendo o coração e recusando o perdão.
Espírito Santo, dá-nos o dom da gratidão na oração
e do seguimento de Jesus, que veio para servir e dar a vida
e não para ser servido e tirar a vida.
terça-feira, fevereiro 27, 2024
3ª feira da 2ª semana da Quaresma
Afastai dos meus olhos a malícia das vossas ações e aprendei a fazer o bem. (cf. Is 1,10.16-20)
Deus quer-nos discípulos do amor e da justiça.
O seu olhar fixa-se nos sentimentos que habitam o nosso coração,
e não apenas no teatro que fazemos para que os outros vejam.
Aprendemos a fazer o bem escutando a sua Palavra,
seguindo a Jesus, seu Filho, deixando-nos guiar pelo Espírito Santo.
A coerência de vida entre o que mostramos e o que somos,
a fé em todas as horas e a caridade que brota silenciosa do coração,
a fraternidade humilde que perdoa e oferece reconciliação,
o parar gratuito para escutar e agradecer a Deus escondido…
E quando nos damos conta da incoerência de vida,
olhar para Aquele que nos vê o interior e confiar-lhe a nossa vida.
A vida não é só “não fazer mal”, porque a omissão também é um mal.
A indiferença é perder a oportunidade de fazer o bem
e uma mensagem a dizer: “para mim não és importante,
não tenho nada a ver contigo, deixa-me em paz”!
“Aprender a fazer o bem”, é saber colocar-se na pele do outro,
sentir a sua dor e a sua expetativa de ser ajudado,
ouvir o gemido que ficou reprimido por vergonha ou humilhação,
devolver ao que nos ofende perdão e compreensão,
tocar a fragilidade como quem pega num bebé a chorar…
Senhor, Tu me conheces e sabes o fogo que me arde no coração.
É perante o teu olhar de Pai que me descubro filho indigno amado,
a quem dás a mão e ensinas a caminhar nas pegadas do teu Filho, Jesus.
Ensina-me a aprender a fazer o bem,
a comprometer-me com a sorte do outro,
a resistir à tentação de fazer as coisas para que os outros vejam,
a ser o sacramento do Anjo da Guarda que protege e aconselha,
compreende, perdoa e liberta com fé em Deus e generosidade fraterna.
Nesta Quaresma, faz da nossa vida uma oferta de amor!
segunda-feira, fevereiro 26, 2024
2ª feira da 2ª semana da Quaresma
Sois fiel à aliança e à misericórdia e nós pecámos, cometemos injustiças e
iniquidades. (Cf. Dan 9,4b-10)
Deus é amor eterno, misericórdia infinita,
missão de aliança, palavra que guia, pastor que salva.
O ser humano é rebeldia e aventureirismo;
não gosta de ser mandado nem guiado;
gosta de reinar e dominar, os outros e a Deus.
Reconhecer esta nossa condição adolescente,
é condição para ter a humildade de pedir perdão
e aceitar viver uma vida nova que obedece à aliança
e nos torna misericordiosos à imagem do Pai celeste.
Desculpamo-nos facilmente com os erros dos outros.
Isto significa que reconhecemos que são erros
e que também caímos facilmente neles.
Somos capazes de criticar e julgar os outros,
mas como nos interessa, dizemos que os outros fazem o mesmo.
E como nos comparamos com os outros,
achamos que não precisamos de ser diferentes,
nem nos convertermos, pois somos todos “farinha do mesmo saco”.
Bom Deus, bendito sejas, Tu que és misericordioso e compassivo.
Perdoa estas pobres criaturas, insignificantes e rebeldes,
que teimam querer ser donos da verdade e de tudo,
com trono, súbditos e justiça ao nosso serviço.
Espírito Santo, dá-nos a sabedoria de sabermos discernir
o que é bom e vos é agradável, do que é mau e nos adoece a relação,
como quem cava o poço e se afoga na água, preso do egoísmo.
Nesta Quaresma, dá-nos a paz da oração e a escuta da tua Palavra,
para que contemplando o teu coração bom e compassivo,
aprendamos a ser misericordiosos como o Pai que Jesus nos revelou.
domingo, fevereiro 25, 2024
2º Domingo da Quaresma
Já que assim procedeste e não Me recusaste o teu
filho, o teu filho único,
abençoar-te-ei. (cf. Gn
22,1-2.9a.10-13.15-18)
Deus vai purificando a nossa fé ao longo da nossa vida.
O medo de nos perdermos, leva-nos a agarrar a pretensos salva-vidas
e a trocar a confiança em Deus, que não vemos,
por ídolos sem vida que luzem como o ouro
e nos prometem segurança: filhos, riqueza, poder, prazer…
Abraão, obedeceu à voz do Deus em quem confia,
mesmo que isso significasse a perda do seu filho querido.
Deus foi posto à prova no seu amor por nós,
quando matámos o seu Filho querido e revelou-se aliança eterna.
A nossa pertença e fidelidade a Deus,
muitas vezes não resiste à dura caminhada de subir ao monte
da confiança total em Deus e na sua Palavra.
Custa-nos o despojamento total das seguranças a que nos agarramos.
Por isso, quando se trata de fazer projetos e lutar por ambições,
começamos por trocar Deus e a sua Palavra
pelos nossos sonhos e nossos desejos.
Então, falta tempo para a oração e escuta da Palavra,
desvalorizamos a verdade e a justiça,
trocamos o amor e o cuidado pela indiferença e ausência,
protegemo-nos do real,
mergulhando no virtual e no trabalho contínuo…
Senhor, obrigado por mais esta Quaresma
e pelo convite que nos fazes de subir ao monte da oração,
para nos ajudares a transfigurar o essencial escondido,
a segurança que permanece, o amor que não acaba.
Senhor, reconheço que me agarro a muitas seguranças efémeras,
que penso serem fundamentais para assegurar o meu futuro,
mas que me paralisam e adiam o louvar e agradecimento,
e me impedem de ser livre para amar e ser fiel à tua Palavra,
para ser verdadeiro e justo, para partilhar e fazer a paz.
Senhor, purifica a minha fé e o meu amor por Ti e por todos.
sábado, fevereiro 24, 2024
Sábado da 1ª semana da Quaresma
Serás um povo consagrado ao Senhor, teu Deus,
como Ele prometeu. (cf. Dt 26,16-19)
A perfeição do amor de Deus por nós,
faz Deus ser missão de aliança com um povo rebelde,
para que, guiados pelos seus mandamentos,
nos tornemos um povo consagrado ao Senhor.
Consagramo-nos ao Senhor de joelhos e mãos levantadas,
orando pelos pecadores e escutando a Palavra de Deus;
consagramo-nos ao Senhor, indo ao encontro do outro
que necessita de um ouvido que o escute
e de um conselho que o abra à esperança,
e nos desafia a sair de nós mesmos e abrir-nos ao cuidado,
à partilha do tempo e das coisas, ao abraço e à reconciliação.
Andamos mais pela reciprocidade do que pela gratuitidade.
Somos amigos dos que são nossos amigos
e inimigos dos que são nossos inimigos.
A iniciativa é mais motivada pela fragilidade e o pecado
do que pela fortaleza no perdão e a vontade de salvar o outro.
E perante a inevitabilidade do conflito e do desencontro,
agilizamos os mecanismos de separação e divórcio,
e desinvestimos no diálogo, resolução de conflitos e perdão.
O resultado é vivermos amontoados na cidade, mas solitários.
Bom Deus, de coração grande e misericórdia infinita,
obrigado por seres missão redentora do perdido
e mestre da sabedoria de amar incondicionalmente.
Obrigado pela iniciativa de aliança connosco,
e por nos teres dados no teu Filho encarnado
um caminho gracioso de como é consagrar a vida ao Senhor,
amando até ao fim, mesmo os que o matam.
Ensina-nos a arte de sermos consagrados ao amor,
na forma como rezamos e na resposta que damos
perante este mundo de fragilidades egoístas
e rumos perdidos em guerras e dependências.
sexta-feira, fevereiro 23, 2024
6ª feira da 1ª semana da Quaresma
Não lhe serão lembrados os pecados que cometeu
e viverá por causa da justiça que praticou. (cf. Ez 18,21-28)
Deus vê-nos no hoje da nossa disposição.
Não carregamos méritos de justiça nem condenações do pecado,
mas somos presente de conversão e opção pela aliança.
Não somos fragmentos de prática religiosa e relação descuidada,
mas oferta de perdão antes de oferta de sacrifício no altar.
Somos um todo no hoje da nossa salvação.
cheio de esperança e possibilidades de recomeço.
Por isso, se achamos que nos devemos converter,
comecemos agora a viver segundo o Evangelho.
O peso do passado, muitas vezes, impede-nos de voar
e sonhar ser santos e a começar uma vida nova.
Há um misto de vergonha do pecado e de saudade,
que cria dependência e nos faz voltar ao lugar do crime.
Sabemos que não devemos mentir, nem ser injustos,
nem ter ressentimentos, nem esquecer a oração…
mas a urgência do momento ou a fuga do gratuito,
acaba por nos levar a perder tempo em coisas inúteis,
a faltar à verdade e à justiça, a evitar uma visita ou encontro,
a fechar-nos no nosso egoísmo, omitindo o amor.
Outras vezes somos exímios nos deveres religiosos,
mas descuidados e frios na prática da caridade
e indiferentes na ternura do serviço.
Senhor, ajuda-me, para que hoje seja o início de uma nova vida.
Hoje, só hoje, quero ser teu discípulo e ter os teus sentimentos,
louvar-Te com palavras, atos e iniciativas.
Hoje, só hoje, queria viver em paz com todos,
perdoar de coração a quem me fez sentir ofendido,
doar o meu tempo à oração e à pratica do bem,
consciente do dom que é viver hoje como sócio do Verbo Divino.
Espírito Santo, anima-me a acreditar
que hoje posso dar um passo diferente,
livre de falsas ambições, disponível para ser irmão
daquele que enviaste para eu o acolher e ajudar a converter.
quinta-feira, fevereiro 22, 2024
5ª feira da 1ª semana da Quaresma, Cadeira de S. Pedro
Apascentai o rebanho de Deus que vos foi
confiado, tornando-vos modelos do rebanho. (cf. 1 Pd 5,1-4)
Todos somos filhos de Deus, ovelhas do seu rebanho.
Deus é o nosso único Pastor e Senhor.
Jesus, seu Filho, é o enviado do Pai a conduzir o seu rebanho,
dando a sua vida pela salvação de todos.
A Igreja é o rebanho reunido pelo Batismo de Cristo,
confiado por Jesus a Pedro
para que este seja o alicerce firme e modular,
de uma comunhão no Espírito Santo,
uma fé verdadeira e fiel, uma caridade missionária,
um hino polifónico de louvor a Deus, em diversas línguas.
A autoridade na Igreja e na sociedade é ministerial.
É uma delegação do verdadeiro Senhor do povo,
que acontece por eleição divina e humana.
O Papa é o bispo de Roma, onde Pedro foi morto e sepultado,
que tem como missão animar a fé e a missão,
ser testemunho profético que anima e corrige,
unir e promover uma sã comunhão na diversidade.
O Papado é uma cadeira de ensino da fé,
da sua celebração litúrgica e vivência ética,
da disciplina interna e dinamismo missionário.
Senhor, nosso Criador, nosso eterno e bom Pastor,
obrigado pela paciência misericordiosa
que nos dá vida e nos faz crescer na fé e no amor.
Obrigado pela confiança em nós, no cuidado e salvação do irmão,
pelos serviços e ministérios que suscitas na Igreja,
pelo Espírito Santo que nos guia no zelo pelo bem comum
e na humildade e fidelidade de administrar sem tomar posse,
como modelo do rebanho à imagem do Bom Pastor.
Unimo-nos em oração pelo Papa Francisco,
para que possa ser uma pedra firme que nos alicerça em Cristo
e construa pontes de paz e de unidade no amor e na esperança.
quarta-feira, fevereiro 21, 2024
4ª feira da 1ª semana da Quaresma
Afaste-se cada um do seu mau caminho e das
violências que tenha praticado. (cf. Jonas 3,1-10)
Deus acompanha a nossa vida como um pai e mãe,
que zela pelo bem dos seus filhos e quer o melhor para eles.
Todos somos importantes para Ele.
Não há fronteiras para o seu amor e zelo de salvação.
Ele envia Jonas a Nínive e Paulo aos gentios,
porque Ele quer que a sua salvação chegue até aos confins da terra.
A Quaresma é um tempo de missão,
onde todos somos chamados à conversão e a convocar todos
a afastar-se do mau caminho e a seguir Jesus.
Há o perigo de reduzirmos a religião a uns preceitos e ritos,
que apaziguam a consciência do dever cumprido,
mas não alteram o rumo do nossa vida.
E na mesma pessoa pode coabitar a piedade e a maldade,
a esmola e a injustiça, o amor a uns e o rancor a outros,
o sacramento do matrimónio e a escapadinha da infidelidade,
a consagração de vida e a perda de tempo em inutilidades…
É a fragmentação que ilha a vida e a acomoda,
perdendo o sentido da totalidade e da coerência.
Senhor, dá-nos a alegria de Te podermos cantar um cântico novo,
em espírito e verdade, renascendo cada dia com o sol.
Ajuda-nos a estar atentos à tua voz nos profetas incógnitos,
que nos envias com fidelidade e cuidado pela nossa vida.
Liberta-nos da consciência do dever cumprido,
só porque rezámos um pouco e fomos à missa,
ou até nos confessámos num ato de desobriga.
Dá-nos o dom de uma conversão, verdadeira e profunda,
que nos faça desejar que seja Cristo a viver em nós.
terça-feira, fevereiro 20, 2024
3ª feira da 1ª semana da Quaresma, S. Francisco e Jacinta Marto
A palavra que sai da minha boca não volta sem ter
produzido o seu efeito. (cf. Is 55,10-11)
A Palavra de Deus é criadora e iluminadora.
Brota do coração e quer dar vida,
é semente de verdade e proposta de aliança.
A Palavra de Deus é frágil, pois esbarra com a surdez
e a distração de quem não tem fé e se fecha em si,
mas sabe esperar e perdoar, gravar-se e permanecer
até que o coração humano a deixe entrar.
Por isso, o Verbo Divino ao encarnar,
revestiu-se de pobreza e fragilidade,
como peregrino que nos bate à porta,
e, mesmo crucificada, ainda continua a falar:
“Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem!”
Estamos em campanha política para eleições.
É uma batalha feita de palavras que transmitem programas,
promessas, ataques e defesas, ofensas e vaidades,
verdades e mentiras, silêncios e denuncias, buscas de poder.
A palavra é fácil de pronunciar ou gritar,
mas é difícil de cumprir e concretizar.
Também nesta Quaresma chovem palavras e apelos,
que nos desafiam à conversão, à coerência e à oração.
Os pastorinhos de Fátima guardaram segredo das suas visões,
mas as palavras do Anjo e de Maria produziram seu efeito
e as suas vidas tornaram-se Palavra que falam e interpelam.
Senhor, bendito sejas, porque és coração que escuta
e propõe uma aliança, que vê a dor e se compadece do pecador,
que parte em missão e nos bate à porta como mendigo de amor.
Bendito sejas pela tua Palavra, silenciosa e paciente,
que aguarda no livro da vida quem a leia e a escute,
e regue a secura e purifique o lixo,
para que vida nova brote do deserto da vida.
Obrigado pelos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto,
que, tocados pela Palavra que desceu do Céu,
as suas vidas continuam a falar: oração, entrega e missão.
S. Francisco e S. Jacinta Marto, rogai por nós!
segunda-feira, fevereiro 19, 2024
2ª feira da 1ª semana da Quaresma
Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o
Senhor. (cf. Lv 19,1-2.11-18)
A santidade de Deus é amor e misericórdia.
Fomos criados para amar à imagem de Deus
e esta vida torna-se plena e bela,
quando amamos o outro como a nós mesmos.
Saber sentir e olhar o outro como parte de nós,
a partir da sua condição e ponto de vista,
cria comunhão, justiça e cuidado fraterno e oportuno.
É assim que Jesus nos ama, fazendo-se um de nós,
anunciando-nos o Evangelho em linguagem compreensível,
questionando-nos as motivações e enviando-nos o Espírito,
dando a vida por nós e mantendo a aliança eterna.
Entre mim e o outro há a distância que objetiva o outro.
Só a amizade e o amor faz do outro parte de mim
e derruba a indiferença que o abandona à sua sorte.
O preconceito toma a parte pelo todo,
recusa-se a conhecer a pessoa concreta e única desse grupo,
pois, na sua catalogação, ele é um clone do seu grupo,
classificado como um perigo e inimigo a ignorar ou a abater.
Só o olhar contemplativo e aberto
e o diálogo interessado e sem pré-juízos,
toma o outro como pessoa, um mistério a descobrir e a amar.
Quem vê caras e vestes não vê corações,
e quem não vê o outro com o coração
não pode ser para o outro uma oportunidade de salvação.
Deus santo, Deus amor, ajuda-nos a ser semelhantes a Ti
e a fazer da nossa vida uma aliança que nos reveste cada dia
com o sol da fraternidade e um olhar bom e interessado.
Ensina-nos a adotar o outro como irmão e amigo,
a colocar-nos no seu lugar e a interrogar-nos:
“se eu fosse ele, como gostaria de ser tratado”?
Senhor, não nos deixes cair na tentação do medo
e do ressentimento, da vingança e da indiferença,
da desistência e cansaço perante as fragilidades,
que nos isolam, vitimizam e endurecem o coração.