segunda-feira, novembro 19, 2007

 

Cristianismo no Japão:


Conclusões

O Colóquio Cristianismo no Japão, Universalismo Cristão e Cultura Nipónica, decorreu em Fátima de 17 a 18 de Novembro de 2007. Mais de 130 pessoas seguiram, com muito interesse, a exposição sobre o Japão, as várias conferências e painéis; participaram na Eucaristia evocativa dos Mártires do Japão e de encerramento; e vibraram, na noite cultural, com a demonstração de karate-do Shotokai e música tradicional japonesa.

Os conferencistas ajudaram-nos a conhecer melhor a cultura e as tradições religiosas do Japão, nomeadamente a matriz cultural xintoísta que está subjacente a toda a vida social, religiosa e política da sociedade nipónica. Também não foi esquecida a influência do budismo na configuração do tecido social e religioso japonês.

O Colóquio pretendia perceber porque é que após cinco séculos de presença cristã e de tanto investimento a nível de recursos humanos e materiais, o cristianismo continua a ser uma religião tão minoritária. As razões são várias, mas constatou-se que o “niponismo” é como que uma forma de religiosidade diluída e ancestral que permeia toda a vida japonesa e defende a especificidade daquele povo. Esta exprime-se numa homogeneização cultural e religiosa que colide com a mensagem de universalismo que caracteriza a fé cristã.

O cristianismo foi introduzido no Japão por S. Francisco Xavier no século XVI e teve, devido a circunstâncias históricas propícias, uma rápida expansão. O Século Cristão no Japão (1549-1639) teve uma grande influência na arte e na educação, e floresceu num glorioso testemunho de mártires, dos quais 188 serão beatificados no próximo dia 24 de Novembro em Nagazaki.

Hoje, a presença cristã é numericamente insignificante (1% da população) mas tem um peso relevante principalmente na área do ensino e da acção social. A partir dos anos 1990, intensificou-se a migração para o Japão e hoje estima-se que os estrangeiros católicos sejam mais de 500 mil, ou seja, mais do que os de origem japonesa, cerca de 450 mil. A presença de brasileiros e filipinos e o seu acompanhamento pastoral é um desafio novo à Igreja do Japão.

O futuro do cristianismo no Japão passará por uma presença mais de “fermento” do que de “massa”. Para que isso possa acontecer, foram salientados três atitudes: fidelidade ao Reino de Deus testemunhada por uma coerência de vida cristã, a inculturação da fé e o diálogo. A comunidade local é o sujeito da inculturação da fé cristã. A dignidade da pessoa humana, o horizonte da vida eterna, a fraternidade universal e a presença profética em favor da paz e da justiça devem encontrar uma expressão eclesial nipónica de viver a fé cristã.

O diálogo inter-religioso requer uma atitude de respeito, despojamento e abertura ao outro. Para descobrir Cristo, Caminho, Verdade e Vida, precisamos de entrar em diálogo com outros caminhos religiosos no qual o Espírito de Deus continua a semear bem, paz, amor, verdade, espiritualidade...

Os Missionários do Verbo Divino e as Servas Missionários do Espírito Santo, a celebrar cem anos de presença no Japão, aceitam o desafio de continuarem a servir o povo japonês, dando testemunho do diálogo profético.

Os organizadores (SVD e CHAM) promete publicar os textos de todas as intervenções para facultar a um público mais vasto a riquíssima temática tratada neste Colóquio e satisfazer o desejo manifestado pelos participantes.

Comments:
Este colóquio, para além do muito que aprendi sobre a espiritualidade Japonesa, permitiu-me olhar para a minha fé de uma perspectiva totalmente nova. Falando ao pequeno-almoço, sem o saber, com uma das conferencistas, chocou-me quando esta referiu a dificuldade que uma religião individualista, como a nossa, encontrava para se implantar no Japão.

Na altura não percebi, como sendo esta uma religião do mandamento “ amai-vos uns aos outros”, podia ser uma religião individualista. Este colóquio ajudou-me a crescer na minha fé.
 

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