segunda-feira, agosto 31, 2015

 

2ª feira da 22ª semana do tempo Comum


Segundo o seu costume, entrou na sinagoga a um sábado. (cf. Lc 4,16-30)

Jesus encarna um homem justo e piedoso:
vai em peregrinação ao templo de Jerusalém,
frequenta assiduamente a sinagoga de Nazaré,
e reza diariamente as orações previstas na Lei.
Além disso, retira-se a sós para orar,
traz a aliança no seu coração
e com ela contempla a natureza e louva o Pai.
O seu coração inquieto, com saudades do Céu,
busca João Batista e pede o Batismo no Jordão.
Deus unge-O com o seu Espírito
e faz ecoar no seu coração o amor único de Pai!

Cada religião oferece os seus meios para chegar a Deus.
A Igreja católica oferece a liturgia diária, os salmos,
a riqueza das orações dos seus santos, os sacramentos,
e, de modo especial, o Domingo e a Eucaristia!
Há pessoas que recusam habitualmente estes meios
e fazem o seu percurso errante e sozinhos,
ou petiscando uma coisa aqui e outra ali.
Esta busca a sós, sem pedagogos experientes,
não ajuda a sair de si e a crescer na fé,
nem a reconhecer a voz do Amor, presente na história!
Acaba por ser uma religiosidade temerosa do mistério,
sem rosto, nem regras, nem consolo, nem meta, nem missão!

Senhor Jesus, louvado sejas pela tua Igreja,
escola de oração e oferta de meios de salvação.
Louvado sejas pela tua misericórdia e oferta de perdão,
que cura as nossas feridas e idolatrias,
com que dividimos o coração e criamos ruído na comunhão!
Louvado sejas pelo Domingo e pela Eucaristia,
onde nos serves a luz da Palavra e o alimento do teu Corpo.
Liberta-nos do comodismo e da preguiça egoísta
que nos impede o compromisso com a tua Igreja

e faz de nós não praticantes, ditos cristãos!

domingo, agosto 30, 2015

 

SONHO DE REALIZAÇÃO E PLENITUDE DE VIDA



Quem não deseja e anseia
A realização deste sonho
De felicidade plena,
Inculcado em nosso ser,
Pelo próprio Criador,
Que nos fez à Sua imagem,
Por um amor sem media,
E que vem ao nosso encontro,
Com Sua Palavra de Vida
E a Lei do Amor como Caminho,
Da nossa realização
E felicidade de vida,
Se abraçarmos, como nosso,
Este projecto divino,
Processo de conversão
E compromisso contínuo,
Amando a Deus e os irmãos,
P’ra sermos mediação
Da humanidade sonhada,
Logo após a Criação,
Que fez o Senhor exultar,
Rejubilar e cantar:
“TUDO É BOM,
MUITO BOM!”

Prepara, Senhor, meus ouvidos,
E abre o meu coração,
Para saber escutar
E entender bem o sentido
Da Tua Palavra e Decretos,
Que me ensinam os caminhos rectos,
Como Fonte de Sabedoria,
De prudência e alegria,
Porque a verdadeira felicidade,
É fruto da fidelidade
Ao Deus da eterna Aliança,
Que continua a lançar
Sementes de amor e esperança,
No mundo e na humanidade,
Porque todo o Bem de Ti vem,
Para nos potenciar
E ensinar-nos a caminhar,
Na justiça e na verdade,
Com amor e fidelidade
Ao Deus que quer e anseia
A nossa felicidade.

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 30.08.2015

 

22º Domingo do Tempo Comum (30




Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. (cf. Mc 7,1-8.14-15.21-23)

Deus dá-nos tudo, pois tudo vem de Deus,
mas o maior dom é o seu amor por nós,
a sua paciente busca do que anda perdido,
a sua misericórdia sem limites para quem se arrepende.
O dom do seu Filho ratifica a sua aliança eterna,
por isso, Jesus revela um Deus bom pastor,
uma divindade serva da vida, uma oração filial,
uma liturgia que não se limita a oferecer palavras ou coisas,
mas a própria vida no altar da cruz e da rejeição.
É um culto assim, feito de paixão por Deus e pelo próximo,
que Deus quer de nós, para que os ritos não soem a mentira!

As nossas práticas religiosas estão cheias de tradições culturais:
cantar determinados cânticos, vestir de uma certa forma,
ascender velas, fazer procissões, rezar orações antigas...
Para salvar tais tradições religiosas, formam-se grupos de apoio,
luta-se contra o pároco, criam-se divisões e ressentimentos.
Esta religiosidade cultural e mágica vive do orgulho e do medo,
mas mantém o coração longe de Deus e o ouvido surdo à conversão.
Na liturgia, gosta de usar apenas os lábios e as mãos,
o resto é domínio privado, impenetrável e sem doação.
É por isso que une tranquilamente a piedade com a injustiça,
como se vida fosse o meu reino e a religiosidade representação!

Pai de bondade e coração apaixonado por nós,
louvado sejas por tanto amor e paciente salvação.
Cristo, Filho do Altíssimo, que te fizeste nosso irmão,
louvado sejas porque és uma vida em doação,
oferendo o perdão a quem te mata e te rejeita.
Dá-nos o dom da escuta discipular da tua Palavra
e envia-nos o teu Espírito, para que sejamos todos teus
e o nosso louvor brote dos lábios, dos sentimentos,
dos desejos, dos projetos e das ações ditas profanas.
Dá-nos o dom duma religião pura e santa,
para que nada se sobreponha ao mandamento da caridade!

sábado, agosto 29, 2015

 

Martírio de S. João Batista


«Pede-me o que desejares e eu to darei». (cf. Mc 6,17-29)

Jesus diz-nos: “pedi e vos será dado” (Mt 7,7),
tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá”. (Jo 15,16)
Mas Jesus acrescenta logo que devemos pedir “coisas boas” (Mt 7,11)
e o que pedirmos é para glorificar o Pai que está no Céu (Jo 14,13).
A oração de intercessão deve brotar de um coração que ama (Jo 15,17)
e não dum coração que odeia e quer a vingança, como Herodíades.
Por isso, antes de orarmos ao Pai, devemos perdoar ao irmão (Mc 11,24b)!
Deus só nos dá o que for bom e quando for oportuno para nós,
não satisfaz caprichos indiscriminadamente de quem só pensa em si!
João Batista compreendeu isto e, por isso, enfrenta Heródes
e denuncia o seu adultério, como roubo da mulher do seu irmão!

A ideia de que “tudo o que desejarmos se pode receber”
subiu ao pódio do ideal na nossa sociedade!
Diz o dinheiro: “satisfarei todos os teus desejos,
se com trabalho ou roubo me conquistares!”
Diz o político, em época de eleições: “tudo te darei,
se votares em mim e fores do meu partido!”
Diz o apaixonado para a sua paixão:
satisfarei todos os teus caprichos
se te entregares nos meus braços e satisfazeres os meus meus!”
Dizem os pais para os filhos: “tudo vos darei,
se fordes persistentes, fizerdes birra e chantagem emocional!”
Diz o marketing: “satisfarei todos os teus desejos
se comprares os meus produtos e confiares em mim!”
Não será por isso que as festas para celebrar a vida
acabam muitas vezes em droga, aborto e acidentes?

Pai, poder de amor que busca apenas a nossa salvação,
purifica o nosso desejo e dá-nos um coração novo e santo.
Jesus, pontífice da nossa salvação e servo da vida,
ensina-nos a orar, conduzidos pela mão do teu Espírito.
Liberta-nos da tentação do poder que mata a vida
e do vírus do ódio que adoece a fraternidade.
Ensina-nos a ajudar o próximo, promovendo a responsabilidade,
sem dependências, nem paternalismos, nem infantilismos.

S. João Batista ensina-nos a profecia da verdade, sem medo!

sexta-feira, agosto 28, 2015

 

6ª feira da 21ª semana do Tempo Comum – S. Agostinho


As que estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial; e a porta fechou-se. (cf. Mt 25,1-13)

Jesus é o esposo que nos convida para o banquete nupcial.
Ele é o caminho, o brado que ressoa durante a noite,
a porta da festa, o porteiro que abre a fecha a porta,
a mesa da comunhão, o cordeiro, o pão e o vinho da alegria!
Nós somos a virgens insensatas ou prudentes,
que, como Igreja, formamos a noiva amada.
Vivemos do convite e da promessa, da vocação e da fé,
em longa espera, durante a noite.
Todos dormitamos, cansados de esperar,
mas quando é necessário caminhar à luz da fé,
quem tem azeite de reserva encontra a Porta do Banquete!

Lembro-me de uma mãe de muitos filhos, dizer-me:
“Tenho sempre comida de sobra preparada
para se vier algum filho de improviso, ter algo para lhe dar!”
Quem ama espera sempre e está preparada para o encontro!
Uns cristãos estão preparados e acumulam tesouros no Céu,
alimentando a sua vida com a Palavra de Deus e a Eucaristia,
purificando o seu coração na piscina da misericórdia,
exercitando o seu amor com a esmola e a hospitalidade.
Outros dizem-se cristãos e participam na Igreja,
mas a sua vida não conhece Cristo nem vive o amor!
Uns apagaram a vela do batismo e guardaram-na como recordação,
outros tornaram Círio Pascal que alumia
e distribui a luz de Cristo a quem anda errante nas trevas!

Senhor, Deus da aliança e da promessa do banquete da alegria,
obrigado porque nos amaste primeiro e nos escolheste,
com a paixão de quem acredita que podemos ser belos,
santos, fieis, revestidos de um amor divino e com traje nupcial!
Cristo, Filho de Deus, o Amado que nos procuras,
alimenta a nossa fé com a luz da tua Palavra e do teu Corpo.
Dá-nos o dom do teu Espírito para que não dormitemos vazios,
mas acumulemos tesouros no Céu, distribuindo amor na terra!
Ensina-nos a viver uma vigilância prudente, durante a noite da fé,
para que estejamos sempre preparados para o Encontro inesperado!
S. Agostinho ensina-nos a amar “Aquele que tarde amaste”!




quinta-feira, agosto 27, 2015

 

5ª feira da 21ª semana do Tempo Comum – S. Mónica


Quem é o servo fiel e prudente? (cf. Mt 24,42-51)

Deus fez-nos seus colaboradores na criação e na missão.
Chamou-nos a ser jardineiros e agricultores da criação
segundo o critério da produção, da sustentabilidade,
da beleza, do respeito pela diversidade e da justiça fraterna.
Chamou-nos a ser parceiros da sua aliança,
vivendo como filhos de Deus no louvor e na fraternidade.
A tentação é deixarmos de ser servos e querermos ser senhores,
deixarmos de ser fieis à aliança e querermos viver em autorreferência,
deixarmos a prudência e a vigilância e inovarmos na violência!

O secularismo e o egoísmo fazem da vida uma guerra de poder!
Sem Deus no horizonte, como inspiração do bem
e meta duma peregrinação sagrada,
o cultivo da terra torna-se exploração que visa apenas o lucro,
a produção industrial e de serviços serve apenas o mercado.
Tudo e todos se instrumentalizam, em sacrifício cruento,
ao ídolo do poder, à segurança do ter e à orgia do prazer!
A fraternidade torna-se monopólio, a diversidade monocultura,
a ecologia desertifica-se, a comunhão degenera em solidão,
a esperança droga-se para esquecer o vazio,
o sem sentido e a dor consumem kits de felicidade virtual!

Santíssima Trindade, escola de amor redentor,
ensina-nos a amar, servindo o bem comum,
a ser grandes no respeito pela diversidade,
a ser especialistas em diálogo na busca humilde da verdade.
Obrigado, Senhor, porque nos confiaste a tua criação
e o cuidado dos irmãos mais frágeis.
Envia-nos o teu Espírito de luz e de verdade,
para seguirmos o caminho de Jesus no louvor e no amor
e sermos fieis à justiça e à comunhão fraterna,
dando a cada um segundo a sua necessidade!
S. Mónica, intercede por nós ao Deus da esperança,

e ensina-nos a viver vigilantes e perseverantes na oração!

quarta-feira, agosto 26, 2015

 

4ª feira da 21ª semana do Tempo Comum


Por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e maldade. (cf. Mt 23,27-32)

Deus esconde aos sábios o que só um coração puro pode ver!
Deus parece ausente, mas a sua presença nos envolve!
Deus parece frágil perante o malvado, mas tem a última palavra!
Deus parece silencioso, mas a sua Palavra desperta a consciência!
O Filho de Deus parece um fracassado, mas venceu a morte!
O Espírito de Deus parece do passado,
mas é Ele que renova a criação!
A Igreja parece puramente humana, mas tem alma divina!
Nós mostramos a Deus e aos outros apenas o que queremos,
mas Deus vê o íntimo de cada, à luz da verdade e da caridade!

A falta de fé leva a inquietar-nos mais com as aparências,
do que com uma vida íntegra e santa aos olhos de Deus.
Isto nota-se na preocupação pela aparência física:
ginásios, maquilhagens, moda, cirurgias plásticas, dietas...
Mas nota-se também na arte de representar ao nível ético:
dicotomia entre a ética vigiada e a ética não vigiada;
daí a necessidade de aumentar o controle do cidadão e
de agravar as coimas para os faltosos apanhados!
Ao nível da Igreja, a diminuição da pastoral do medo
e a falta de uma evangelização da fé, enraizada em Cristo,
levou à perda da consciência de pecado
e da necessidade permanente de conversão!

Senhor, eis-me aqui, na transparência da minha vida.
Tu sabes que Te amo com alguma infidelidade!
Gostava de ser todo teu, mas ainda ando dividido,
entre o amor de mim e o amor de Ti e aos outros,
entre o que faço por dever e para agradar
e o que faço por amor sem ninguém notar.
Liberta-nos da hipocrisia ateia e teatral
e alimenta em nós um coração puro e santo,
misericordioso e compassivo, à imagem de Jesus!

terça-feira, agosto 25, 2015

 

3ª feira da 21ª semana do Tempo Comum


Devíeis praticar estas coisas, sem omitir as outras. (cf. 23,23-26)

Deus ama-nos em espírito e verdade
na rotina da profanidade, tornando tudo sagrado.
Ele conhece o nosso íntimo e os frutos que damos,
nas relações que alimentamos e nos ritos que celebramos.
A boca e as mãos com que o louvamos exteriormente
não deve ser negado pelo egoísmo que destrói a justiça,
nem pelo ódio que impede a misericórdia,
nem pela idolatria que torna a fé anémica.
Deus quer-nos íntegros e verdadeiramente empenhados,
seja na liturgia do templo e nos deveres sagrados,
seja nas relações humanas e na construção do bem comum.

Há pessoas que acham que basta cumprir ritos,
dizer belas orações e dar algumas esmolas,
sem se preocuparem com a qualidade de relações.
Há outros que evitam as práticas religiosas e litúrgicas,
procurando apenas não fazer o mal.
Há casais tranquilos com a sua consciência,
simplesmente porque casaram na Igreja,
sem se importar com a violência e a infidelidade;
há outros, em união de facto, tranquilos porque se dão bem!
O problema é que tanto num caso como no outro,
não há espaço para a conversão e o aperfeiçoamento,
porque estão acomodados ao estado em que estão!

Pai de olhar penetrante e misericordioso,
obrigado pelo teu amor eterno, apesar da nossa infidelidade.
Cristo, que porque conheces o íntimo do nosso coração,
vens ao nosso encontro, não para nos humilhar ou condenar,
mas para nos curar e salvar, dando a vida por nós.
Envia-nos o teu Espírito e penetra os porões da nossa vida,
para que que Te louvemos com todo o coração e em todo o momento,
e sejamos justiça, misericórdia e fidelidade
nas relações com que perfumamos a vida.
Dá-nos o dom da coerência e da verdade na caridade!


segunda-feira, agosto 24, 2015

 

S. Bartolomeu, Apóstolo


Antes que Filipe te chamasse, Eu vi-te. (cf. Jo 1,45-51)

Antes que a consciência da fé desperte,
já Deus nos criou e nos envolveu com o seu amor.
Fomos conhecidos e amados antes de sermos chamados.
O chamamento é feito por Filipe a seguir Jesus,
pelos pais a nascer e a crescer na vida,
pelos catequistas a crescer na fé,
pela Igreja a alimentar a fé e a fazer render os nossos dons.
Deus tudo podendo fazer sozinho, faz-se pobre
e quer necessitar de nós para dar voz ao seu chamamento!
No final, o que parece somente humano é divino!

O mundo de hoje precisa de ser evangelizado
por uma cultura vocacional!
Quando se pensa o futuro apenas em termos pragmáticos,
porque tem saída laboral ou porque dá satisfação emocional,
perde-se o horizonte de Deus criador,
da fraternidade universal,
e da dignidade de ser colaborador na missão de Deus.
Os pais esquecem que são o coração de Deus junto dos filhos,
os jovens perdem-se em tentativas sem discernimento,
os namorados buscam no outro uma bengala,
em vez de aprenderem juntos a constituir família,
lugar de comunhão e fonte de amor fecundo!

Pai, criador de toda a vida visível e invisível,
obrigado porque nos chamaste a ser concriadores do teu projeto.
Cristo, amigo que conheces a verdade do nosso coração,
obrigado porque nos chamas, cada um à sua maneira,
a ser pastor do irmão, pescador de seres humanos,
semeadores de vida e de esperança, fermento de vida nova,
vinhateiros da alegria, pão da caridade...
Ensina-nos a ser como Filipe,
pessoas que conduzem outros a conhecer e viver em Cristo!
S. Bartolomeu intercede por nós,

para que sejamos verdadeiros e justos, testemunhas e apóstolos!

 

“LONGE DE NÓS ABANDONARMOS O SENHOR”



Num mundo que se movimenta,
Se inspira e orienta,
Pelo culto da falsidade,
Da mentira ou ilusão,
Com Josué e o seu povo,
Façamos clara opção,
Pelo Senhor da Verdade,
Do Amor e da Ternura
Pela humana criatura,
Que, logo na Criação,
Foi poema de eleição,
Composto à Sua imagem
E à Sua semelhança,
Que acompanha e liberta,
Da mais terrível tormenta,
Recompondo a própria letra,
Se necessário for,
Na gratuidade e no amor,
Para defender a vida
Dos que, em Ti, buscam guarida,
Com pureza de intenção
E, humildemente, Te escutam,
Com os ouvidos do coração.

Porque a Tua Palavra, Senhor,
É espírito e vida,
Se, na fé e no amor,
For acolhida e vivida,
Tendo Jesus, por medida
Do Teu amor que eterniza
E o Espírito diviniza
O Bem que, por Ti, fazemos,
Porque, somente, em Ti, cremos.

Se acaso ficar perturbada
Com as exigências que fazes,
Esquecida por momentos
De fraqueza e desalento,
Que a fé e a confiança
Nos reanimam, por dentro,
Dando luz aos pensamentos,
Nos tornam cristãos audazes,
Coerentes e, em Ti, capazes,
Não frouxos ou indiferentes,
Mas, em Ti, alimentados
E pelo Espírito animados,
Com amor e fé ardentes,
Confiando e contemplando,
Com os olhos do coração,
Na graça da salvação.

Maria Lina da Silva, fmm-Lisboa, 23.08.2015

domingo, agosto 23, 2015

 

21º Domingo do Tempo Comum


Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?» (cf. Jo 6,60-69)

Jesus revela que a vida e a salvação passam por Ele,
por comer a sua palavra e assimilar o seu estilo de vida.
Assimilar Jesus é aprender a ser grande no serviço à vida,
é ser fiel a Deus e ao coração da sua aliança de amor.
Viver uma vida assim, descentrada de si e aberta à fé,
mete medo, pois anda em contracorrente.
Por isso, no tempo de Jesus e no nosso tempo,
muitos O abandonam e até se tornam anti-cristãos!
E nós, somos do grupo que abandona Jesus e o seu caminho,
ou do grupo que O segue e com Ele colabora
na missão de fazer discípulos do Caminho que salva?

A Igreja semeia muito na catequese e na evangelização,
mas colhe pouco, porque muitos abandonam a fé!
Muitos não passaram duma fé infantil e superficial,
incapaz de dar resposta aos desafios da vida adulta.
Outros deixaram-se evangelizar pelo positivismo científico
e pelo consumismo tapa-buracos da falta de sentido e de afetos.
Muitos do que desejam continuar a praticar a fé,
buscam “paróquias de sucesso”, santuários de multidões,
mestres famosos, oradores arrebatadores, missas “lindas”...
Uma Igreja sem encarnação na realidade em que vive,
sem a humildade e perseverança nas situações difíceis da fé,
sem o serviço silencioso aos mais fracos e marginalizados,
sem a escuta da palavra e a conversão contínua,
ainda não é seguimento de Cristo encarnado e oferecido na cruz!

Jesus, caminho, verdade e vida para quem em Ti acredita,
aumenta e enraíza a nossa fé e alimenta-nos com a tua Palavra.
Cristo, Filho de Deus vivo revestido de peregrino,
dá-nos o teu Espírito de discernimento para Te descubramos,
tesouro escondido, no pobre, no aflito e no amor oferecido.
Faz de nós Igreja viva, semente humilde e fermento novo,
que saiba enfrentar a dureza da incredulidade com esperança.
Que cada Eucaristia seja um reforçar do nosso testemunho,
tornando-te presente na família, na sociedade, na economia,

na política, no desporto, no lazer, na ecologia e na paróquia!

sábado, agosto 22, 2015

 

Sábado da 20ª semana do Tempo Comum – Virgem S. Maria, Rainha


Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens. (cf. Mt 23,1-12)

Deus sustenta a vida no oculto das leis da natureza.
Envia o seu Espírito e fala na moção silenciosa do coração.
O Filho de Deus encarnou na periferia da Galileia,
o Altíssimo revestiu-se de filho de carpinteiro,
calçou as sandálias de peregrino humilde e pobre,
foi doutor sem títulos, mas sábio e coerente.
Em Deus tudo é feito sem dar nas vistas,
na gratuitidade, como fonte que jorra vida
e devolve misericórdia a quem O nega ou esquece!
É este caminho divino e mariano que Jesus nos propõe,
pois tudo o resto são vanglórias que morrem connosco!

Hoje respira-se uma ansiedade doentia de aparecer!
Como se perdeu o horizonte de fé divina e eterna,
tudo se joga no hoje inseguro e no que os outros pensam de nós.
Para isso, dá-se tudo para aparecer na televisão ou na rádio,
publicam-se inconfidências nas redes sociais,
vestem-se roupas e adornos para dar nas vistas,
luta-se por lugares de destaque político ou social,
aprende-se a representar e a mentir para ser excessional.
Ao nível moral, é-se libertino no escondido
e cumpridor no público, numa incoerência teatral.
E Deus escondido e que vê o escondido é esquecido!

Pai, omnipotência que tudo sustentais como brisa suave,
obrigado por tanto amor, tão gratuito e tão saudável!
Jesus, Doutor na arte de viver, livre e verdadeira,
envia-nos o teu Espírito de verdade e de santidade,
que louve a Deus em todos os momentos
e ame os irmãos sem dar nas vistas e com humildade.
Liberta-nos da ansiedade de viver com medo dos outros
e ajuda-nos a ser feis e atentos ao que Deus pensa de nós!
S. Maria, Rainha humilde e serva do Senhor, rogai por nós!

sexta-feira, agosto 21, 2015

 

6ª feira da 20ª semana do tempo Comum – S. Pio X


Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração. (cf. Mt 22,34-40)

Deus é totalmente amor, sem divisão nem condições.
Jesus é o amor divino encarnado e é todo de Deus
e totalmente oferta de amor salvífico às criaturas.
Jesus ama com todo o coração, alma e espírito.
É uma liberdade empenhada em que ninguém se perca,
sem divisões, nem férias de descanso, a pulsar eternidade.
É assim que Jesus nos propõe a aliança renovada no seu sangue:
uma amor total, que se eleve a Deus e se concretize no próximo,
sem exclusões, nem cortes mortais, nem infidelidades escondidas.

A vida anda fragmentada com pedaços separados e desconexos.
Se fizéssemos um filme diário, não reconheceríamos o figurante,
pois umas vezes representa o papel de chefe, duro e exigente,
noutras o papel de pai afável e condescendente,
noutras o papel de colega alegre e desportista,
noutras o papel de religioso, piedoso e observante.
Anda o coração fragmentado em louvores ao Senhor,
em paixões amorosas e ódios ressentidos e alimentados.
É difícil estar todo na família, divido como está
entre o colo do filho, o telemóvel da empresa,
o correio eletrónico e a televisão omnipresente!
Por isso, a oração e o encontro relacional
é muitas vezes de corpo presente, mas de mente ausente!

Louvado sejas, Senhor, porque sois TODO amor
e por isso, é a misericórdia que brilha, quando pecamos!
Louvado sejas, ó Cristo, porque mesmo na cruz,
quando o corpo Te pede revolta e vingança,
jorras paz e perdão, em oração intercessora ao Pai.
Dá-nos, Senhor, o teu Espírito de amor
e ensina-nos a amar com todo o nosso ser,
sem divisões nem exclusões, com um coração íntegro.
Dá-nos o dom de não nos deixarmos fragmentar

nem contaminar por esta cultura individualista!

quinta-feira, agosto 20, 2015

 

5ª feira da 20ª semana do Temo Comum – S. Bernardo


Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’. Mas ele ficou calado. (cf. Mt 22,1-14)

Deus escolheu um povo para ser parceiro da sua aliança,
mas este foi-lhe infiel e virou as costas a Deus libertador.
Mas Deus tem muito amor para dar e quer fazer festa nupcial,
por isso, convidou todos os povos a acolher o seu Filho
e fez da Igreja a Esposa universal, numa união eterna esponsal.
Todos foram convidados, bons e maus, mas quem aceitar,
deve vestir o traje nupcial da graça do Cordeiro,
lavar-se e purificar-se do pecado e da idolatria,
e perfumar-se com o odor espiritual da santidade!
A união com Cristo é dom e compromisso fiel!

Hoje também se foge ao compromisso na prática religiosa.
Colocam-se os negócios e os interesses pessoais em primeiro lugar.
Os deveres religiosos ficam para os dias especiais de festa
e de rituais sociais ou quando a necessidade aperta!
Quer-se participar na comunhão eucarística,
quando apetece, mesmo sem o “traje de cerimónia” da conversão!
É uma religião intimista e relativista, sem aliança nem compromisso,
em que o sacerdote é o Eu e a liturgia varia de acordo com os humores,
as circunstâncias e os objetivos de ordem pessoal e social.
A comunhão eucarística não é um direito a conquistar,
mas um dom de Cristo que supõe conversão e compromisso eclesial!

Pai de bondade, obrigado pela aliança que queres fazer connosco,
criaturas indignas de tão divina dignidade!
Jesus, Emanuel apaixonado pela salvação de toda a criação,
envia-nos o teu Espírito e dá-nos o dom da fé,
para que sejamos fieis à aliança batismal
e disponíveis para participar no banquete nupcial do Cordeiro,
que prepara e antecipa o grande banquete do paraíso eterno!
Dá-nos o dom da fidelidade e da conversão sincera,

e reveste-nos de Cristo, o Homem Novo e amante fiel!

quarta-feira, agosto 19, 2015

 

4ª feira da 20ª semana do Termpo Comum – S. João Eudes


Não me será permitido fazer o que quero do que é meu? (cf. Mt 20,1-16)

Deus atua com uma misericórdia incompreensível!
Cria o ser humano com a capacidade de ser livre.
Não o abandona, quando este lhe desobedece e se afasta.
Aproxima-se do seu povo para lhe propor uma aliança,
como se fossem parceiros do mesmo caminho!
Perante o esquecimento da aliança e a idolatria adúltera,
não desiste do seu povo e envia-lhe profetas de aviso.
Após diversas tentativas fracassadas, envia o seu próprio Filho,
como sinal da sua predileção e empenho em salvar-nos do mal.
E o seu Filho, que atua com o coração do Pai,
sela na cruz da sua condenação injusta uma aliança eterna;
e, após a ressurreição, quis permanecer connosco
e enviar-nos o auxílio do seu Espírito de sabedoria!

Há muita gente a murmurar da forma de atuar de Deus.
Acham que devia castigar de forma fulminante os maus,
desfavorecer os malvados e os ateus,
acudir pela equipa cristã e prejudicar os não cristãos,
impedir as guerras, as violências, as injustiças...
Até chegam a dizer que não acreditam em Deus por causa disso.
Há cristãos que por serem praticantes de longa data
pensam que são mais do que os que só se converteram agora.
Há católicos, que agora são não-praticantes,
que acham que lhes basta o seu curriculum de uma infância praticante!
Como gostaríamos que Deus fosse à nossa imagem e semelhança!

Pai misericordioso e incompreensivelmente bondoso,
dá-nos a inteligência da fé e um coração discípulo!
Cristo, imagem perfeita do amor do Pai,
envia-nos o teu Espírito e ensina-nos a entrar
na lógica do amor divino, que apenas quer o bem do outro,
que só descansa quando todos seguem o caminho da salvação!
Obrigado pelas Igrejas jovens, pela sua alegria e a vitalidade,

e dá às Igrejas antigas a humildade e a hospitalidade eucarística!

terça-feira, agosto 18, 2015

 

3ª feira da 20ª semana do Tempo Comum


Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os primeiros. (cf. Mt 19,23-30)

Deus é a fonte de tudo o que vive e existe,
no entanto, esconde-se a sua grandeza e poder,
até ao ponto de o Demónio nos fazer crer
que podemos viver sem Deus e salvar-nos com dinheiro.
Jesus é o primogénito de Deus, mas quis nascer nazareno.
César Augusto era um simples homem que se fez passar por deus.
Anda tudo trocado neste mundo idolatrado!
O que é grande de alma e o primeiro no amor,
não faz ruído, esconde-se da câmaras e salva solidões,
enquanto o calculista vende esmolas e faz malabarismos,
em troca de palmas e louros de primeira página!

Os primeiros numa empresa medem-se por títulos e salários,
mas os últimos é que dão a cara e concretizam as estratégias!
Os primeiros na política são senhores de poder
e acham-se donos do futuro, instrumentalizando a verdade,
para confirmar a tese que sem eles o mundo está perdido!
No entanto, o rei de hoje poderá ser o réu da amanhã,
pois, pelo meio, houve mentira, enriquecimento ilícito,
corrupção da justiça, partidocracia camuflada de patriotismo.
Os grandes salvadores da crise social e económica,
foram os aposentados que com as suas reformas curtas,
se governaram e acolheram os filhos e os netos desempregados!
No mundo renovado pela luz da verdade, tudo isto será revelado!

Pai santo, rico em misericórdia e omnipotente em amor redentor,
liberta-nos da idolatria das seguranças do poder e do ter,
e ensina-nos a viver com horizontes de eternidade e de verdade.
Jesus, livre do poder deste mundo e servo dos tesouros no Céu,
ilumina a nossa bolsa de valores e purifica os nossos desejos,
para que saibamos o que tem valor sustentado e eterno.
Liberta-nos das miragens do domínio indiferente
e ajuda-nos a antecipar hoje o mundo renovado,

onde habita a alegria, a fraternidade e a justiça!

segunda-feira, agosto 17, 2015

 

2ª feira da 20ª semana do Tempo Comum – S. Beatriz da Silva


Tudo isso tenho eu guardado. Que me falta ainda? (cf. Mt 19,16-22)

Jesus alegra-se com uma juventude que sonha grande!
Só Deus é grande, santo, perfeito, misericordioso e bom.
Por mais que façamos e acumulemos méritos,
seremos sempre, apenas, imagem e semelhança de Deus!
A bondade e a perfeição supõem um caminho de conversão,
que passa pela piedade e pelo cumprimento dos mandamentos,
mas que pode chegar ao despojamento total para seguir Jesus!

Na gramática de Deus o verbo “guardar” significa
respeitar a vida, a propriedade e o bom nome do outro,
ser fiel ao amor matrimonial e amar a todos, a começar pelos pais.
No vocabulário da santidade “o que falta” não é uma carência,
mas uma superabundância de amor pelos pobres
e de vontade de aprender com o Mestre e de viver como o Mestre!
No dicionário popular “guardar” é prudência avara e egoísta;
“o que falta” é consumismo de novidades, carência afetiva,
sonhos utópicos, necessidades adquiridas, dependências!

Pai santo, só Vós sois bom, só Vós sois perfeito amor,
dá-nos um coração e um olhar semelhante ao vosso!
Jesus, mestre do caminho da perfeição e da santidade,
ensina-nos a guardar os mandamentos e celebrar ritos,
não para nos sentirmos melhores do que os outros,
mas para aprendermos a amar mais e a amar sempre
até ao total desprendimento das riquezas e de nós mesmos.
Liberta-nos da idolatria e da falsa segurança do ter

e ensina-nos a alegria de amar e servir a Deus e ao próximo!

domingo, agosto 16, 2015

 

”VINDE COMER DO MEU PÃO E BEBER DO VINHO QUE VOS PREPAREI”!


Se queremos participar,
Dignamente, na mesa do Senhor,
Que Ele próprio preparou,
Com empenho e muito amor,
E que a todos convida
A nos sentarmos à mesa,
Mesmo sendo inexperientes
Ou até mesmo insensatos,
Sejamos atentos e fiéis
Ao que Ele próprio nos diz:
“Deixai a insensatez e vivereis.”
Neste sentido, São Paulo,
Experiente em tudo isto,
Nos alerta, e ensina,
A sermos fiéis a Cristo:
“Vede bem, irmãos, como procedeis.
Não vivais como insensatos,
Mas como pessoas inteligentes.
Aproveitai bem o tempo,
Porque os dias que correm são maus.
Por isso, não sejais irreflectidos,
Mas procurai compreender
Qual é a vontade do Senhor.
Não vos embriagueis com o vinho,
Que é causa de luxúria,
Mas enchei-vos do Espírito Santo,
Recitando, entre vós, hinos 
E cânticos espirituais,
Cantando e salmodiando
Em vossos corações,
Dando graças, por tudo
E em todo o tempo a Deus Pai,
Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.”
(Ef 5, 15-20)

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 16.08.2015

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