quinta-feira, março 31, 2016
5ª feira da Oitava da Páscoa
Vede as minhas mãos e os meus pés:
sou Eu mesmo. (cf. Lc 24,35-48)
Jesus
ressuscitado traz as marcas do crucificado!
Os
seus pés revelam caminhadas incansáveis e marcas de cravos;
as
suas mãos trazem o perfume de quem tocou e curou,
a
beleza de quem as elevou ao Céu em louvor e prece,
as
marcas de cravos que tentaram prende-las à cruz da morte!
As
suas mãos e os seus pés são páginas da profecia messiânica,
misturada
no Antigo Testamento e iluminada pela Ressurreição!
A sua
presença transmite uma paz indefinida e testemunhada,
mas
que perturba a razão e inquieta o entendimento,
neste
esforço de compreender o mistério de um Deus criatura!
Os pés
e as mãos encerram histórias de vida,
com
que se amassa o suor ou o comodismo,
de
quem constrói proximidades e anuncia boas novas,
ou de
quem foge do compromisso e do sofrimento!
Nas
mãos e nos pés ficam as marcas das cadeias
que
nos prendem a dependências de drogas leves ou pesadas,
que
nos amarram a avarezas ou luxúrias,
que
nos automatizam no virtual e no acelerador!
Os pés
e as mãos cheiram a amor de limpar fraldas,
têm
calos de movimentar corpos entrevados,
têm
gretas de tanto peregrinar ao encontro do outro e de Deus!
Será
que as minhas mãos e os meus pés têm a marca de Cristo!
Senhor
Jesus, sombra invisível de um Amigo que procuro,
dá-nos
a tua paz e mobiliza-nos para a missão!
Cristo
de mãos e pés marcados pela entrega de vida,
salva-nos
dos nossos pecados e da dificuldade em sermos dom!
Crucificado-Ressuscitado
mostra-nos os teus pés e as tuas mãos,
e
ensina-nos a ser proximidade que caminha para fazer o bem
e para
louvar a tua misericórdia infinita que se abre à nossa vida!
quarta-feira, março 30, 2016
4ª feira da Oitava da Páscoa
Nós esperávamos que fosse Ele quem
havia de libertar Israel. Mas...
(cf. Lc 24,13-35)
Deus
esperava que acolhêssemos o seu Filho,
a sua
mensagem libertadora, a sua misericórdia reparadora,
a sua
bondade mansa e persistente, a sua proximidade encarnada,
mas
nós rejeitámo-Lo, calámos a sua Voz e desistimos Dele!
Os
discípulos de Emaús são o protótipo de cada um de nós,
cegos
pelas nossas expetativas e esperanças bosquímanas.
Esperamos
um salvador político, forte de violência,
vencedor
dos inimigos visíveis e armadura de poder,
que
faça de nós os maiores e dominadores do mundo!
Por
isso, não aceitamos as esperanças e projetos de Jesus,
não
escutamos a voz das testemunhas da ressurreição,
não O
reconhecemos nos caminhos das nossas tristezas e desilusões,
não
sabemos ler a Palavra de Deus a partir da cruz e do amor!
Quantos
“discípulos de Emaús” a afastarem-se da Igreja e de Cristo!
Quantos,
hoje, continuam a esperar e a pedir que Jesus lhes dê:
dinheiro,
poder, longevidade, prestígio, vingança dos inimigos...!
Quantos
preferem um Cristo privado, consolador, disponível,
bombeiro
e emergência nas dificuldades e falcatruas escondidas,
mas
evitam um Cristo que seja Mestre e condutor de valores,
que
nos comprometa com o bem social e a “fração do pão”!
Jesus
continua a vir ter com quem desiste Dele,
a
caminhar com eles na pessoa do cristão missionário,
paciente
e tolerante no diálogo da busca de sentido!
Senhor
Jesus, louvado sejas por seres nosso companheiro,
amigo
sensível às nossas discussões e tristezas,
paciente
na escuta e sábio em aquecer-nos o coração!
Cristo,
Palavra do Pai que nos ensina a gramática da Bíblia,
envia-nos
o teu Espírito e dá-nos ouvidos livres de falsas esperanças,
para
aceitarmos o que Tu queres de nós e não fazermos birra
por Tu
não responderes às nossas expetativas egoístas!
Purifica
os nossos desejos, sonhos e vontade,
para
que, com um coração livre e puro,
não
fiquemos cegos nem surdos à tua presença misericordiosa!
Ensina-nos
a ser esta presença iluminadora e libertadora
juntos
dos irmãos que Te negam e desistem de Ti!
terça-feira, março 29, 2016
3ª feira da Oitava da Páscoa
Enquanto chorava, debruçou-se para
dentro do sepulcro e viu dois Anjos.
(cf. Jo 20,11-18)
Maria
Madalena chora a ausência do seu Senhor!
Sente-se
só e abandonada por Aquele em quem confia!
Nem
sequer o seu cadáver pode encontrar
para
lhe prestar a última homenagem fúnebre!
É um
choro de criança desesperada e perdida!
Mas ao
sair de si mesma,
ao
debruçar-se para dentro do sepulcro,
começa
a ver, não o corpo inanimado de Jesus,
mas
dois anjos, sinais vivos do Céu no lugar dos mortos!
E a
vida que há no túmulo interroga-a: “Mulher, porque choras!”.
Há
desesperos que nos fecham sobre as nossas lágrimas!
Só
vemos o que perdemos e congeminamos pesadelos,
em
disco riscado que nos precipita na depressão!
Jesus
é o Emanuel, está sempre connosco,
nunca
nos abandona, mas o desespero cega-nos a fé
e as
lágrimas gritam socorro na nossa solidão!
A
solução é debruçar-nos sobre a realidade perdida,
escutar
a voz de quem nos consola e limpa as lágrimas,
sentir
a ternura de Quem nos ama e chama pelo nome,
quando
nos voltamos para trás e olhamos a realidade!
Senhor
Jesus, jardineiro da esperança num mundo sem pastor,
obrigado
pela vida escondida que quer despertar a aurora!
Cristo,
disfarçado de desconhecido mas nos conheces intimamente,
pronuncia
o nosso nome e acalenta a nossa confiança,
para
com o bálsamo da tua misericórdia!
Envia-nos
o teu Espírito e faz-nos peregrinos do amor,
neste
esconde-esconde que é a vida da fé,
com a
alegria de confiarmos que somos sempre por Ti encontrados!
E
neste jogo de “cabra-cega” faz de nós missionários da
esperança!
segunda-feira, março 28, 2016
2ª feira da Oitava da Páscoa
Enquanto elas iam a caminho, alguns
dos guardas foram à cidade.
(cf. Mt 28,8-15)
O
acontecimento da ressurreição de Jesus é misterioso,
mas
provoca movimento e anúncio de notícia!
As
mulheres correm a anunciar aos discípulos a ressurreição,
os
soldados correm à cidade e aos lugares de poder
a
anunciar a ineficácia da guarda humana!
A
resposta dos discípulos é a alegria e a partida para a Galileia,
a
resposta dos centros de poder é o medo, a mentira,
a
corrupção pelo dinheiro e o boato!
Como é
frágil e poderosa a ressurreição do Senhor!
A fé
em Jesus Cristo ressuscitado no meio de nós,
tem
despertado na história grandes entusiastas
e
ferozes adversários que O combatem e perseguem!
Uns
dão a vida pela verdade e anunciam-na com alegria,
outros
temem a religião e, de modo especial, o cristianismo,
porque
temem que os impeçam de fazer o que querem
e
ponham em causa a injustiça, a mentira e a sua verdade!
As
perseguições têm sido, paradoxalmente, semente de novos cristãos!
Quando
se pensa que mataram a Deus e a fé,
quem
desaparece são os perseguidores e a fé renasce!
A
ressurreição de Jesus é a luta pela vida que ainda se combate!
Senhor,
vitorioso sobre a morte e gerador de anúncio,
dá-nos
o dom de Te encontrarmos vivo no nosso caminho!
Cristo,
nossa força e nossa esperança,
ajuda-nos
a ser como as mulheres que Te encontraram vivo,
para
sermos teus discípulos e missionários,
junto
dos nossos irmãos batizados que adormeceram na fé!
Jesus,
a quem nenhuma força pode guardar nem impedir viver,
fortalece-nos
nas lutas pacíficas mas persistentes,
contra
a injustiça, a corrupção e a perseguição!
Louvado
sejas pela força que dás aos mártires de hoje!
domingo, março 27, 2016
ALELUIA! CRISTO RESSUSCITOU! ALELUIA!
NELE, O AMOR TRIUNFOU,
SOBRE A MORTE E O PECADO,
AO POTENCIAR A VIDA,
NO SEU AMOR, SEM MEDIDA,
À HUMANIDADE DOADO,
EM PRIMAVERA FLORIDA,
DE ESPERANÇA PERFUMADA,
EM VIDA RESSUSCITADA,
NELE E POR ELE ALCANÇADA.
FELIZ PÁSCOA, VIDA NOVA,
EM CRISTO RESSUSCITADO
QUE, EM SEU AMOR, NOS RENOVA
E NOS CONVIDA A ASPIRAR
ÀS COISAS QUE VÊM DO ALTO,
DESEJO, SEM DISTINÇÃO
DE CRENÇA OU RELIGIÃO,
A TODOS OS MEUS AMIGOS,
QUE ANSEIAM FAZER O BEM,
NO AMOR, QUE POTENCIA
A VIDA DE PAZ E ALEGRIA,
INSPIRADOS NA MELODIA,
QUE ESCUTAM, OLHANDO ALTO!
ALELUIA! FELIZ PÁSCOA,
NA ESPERANÇA RENOVADA,
DE QUEM TEM CRISTO POR PERTO,
COMO SOL, A MADRUGADA,
NA SUA LUZ, ACORDADA,
PARA VER QUE ATÉ FLORESCEM
AS AREIAS DO DESERTO,
A ENCHER DE COR E DE GRAÇA
O PEREGRINO QUE BUSCA,
UM NOVO SENTIDO DE VIDA
QUE O CONDUZA AO QUE NÃO PASSA,
CRISTO, ONTEM, HOJE E SEMPRE,
ETERNO E, EM TUDO, PRESENTE!
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 27.03.2016
Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor
Maria Madalena foi de manhãzinha,
ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro.
(cf. Jo 20,1-9)
Deus
trabalha enquanto dormimos
e
liberta o Prisioneiro da morte, despertando a aurora da esperança!
Maria
Madalena não adormece o seu amor pelo seu Senhor,
por
isso, levanta-se ainda escuro esperando pela luz.
Vê a
o túmulo aberto e desperta Pedro e João para a novidade!
Os
dois discípulos correm para o sepulcro.
João,
sem entrar, debruça-se e vê as ligaduras no chão.
Pedro
entrando, vê as ligaduras e o sudário enrolado à parte!
Por
fim, entra o discípulo predileto e “viu e acreditou”!
Que
caminho feito no escuro, que etapas que os levaram tão longe,
que
mistério este do túmulo vazio cheio de sinais do Ressuscitado,
que
cenário luminoso que recorda a Palavra de Deus!
O dom
da fé não se ilumina esperando dormindo!
Exige
busca na noite da inquietação,
envolvimento
comunitário no adentramento do mistério,
colaboração
no anúncio das pequenas descobertas pessoais,
meditação
demorada da Palavra de Deus,
intuição
da fé que sabe ler sinais de vida no lugar da morte!
Há
pessoas que na noite da morte da sua fé infantil,
desistem
de procurar, entretêm-se a construir o próprio altar,
ficam
a dormir quando a aurora se prepara para despertar!
De
longe, como mirones do oceano e dando palpites,
veem a
Igreja como um túmulo fechado e tradicionalista,
admirando-se
e criticando quando descobrem que a pedra foi rolada!
Só
entrando e participando podemos compreender o puzzle
e
ligar as peças, que separadas não dão para entender!
Senhor,
Pai e fonte da vida para sempre,
obrigado
porque nos devolveste tão grande amigo e salvador!
Cristo,
Cordeiro que tiras o pecado do mundo
e
queres transformar este mundo em jardim da vida,
dá-nos
a alegria da esperança e a luz da fé,
para
que saibamos ler os sinais da tua presença,
no
meio da escuridão da vida que nos desanima!
Que a
celebração da Tua Páscoa, nesta manhã de luz,
nos
ressuscite do mau viver e nos liberte do mau fermento,
para
que deixemos que nos retires a pedra resistente
que
nos tumula em nós mesmos!
sábado, março 26, 2016
Sábado Santo
O silêncio da morte ou a morte do
silêncio?
O Dia do Senhor
aguarda o Oitavo Dia da nova criação.
No descanso de Deus
da primeira criação
ouve-se o silêncio
da morte que clama vitória!
Celebra-se a Páscoa
com o coração apreensivo,
pois a memória da
última visão é um túmulo fechado
e um corpo
enfaixado, sem as unções devidas!
O Pai chora a morte
de seu Filho e deixa o seu descanso
para curar a vida e
destruir a morte na sua toca de trevas!
E o silêncio de
morte afinal esconde a morte do silêncio,
pois a Palavra
continua a sua missão
e anuncia a
salvação aos que vivem no reino da morte!
A morte do amor
provoca o silêncio de morte!
A boca parece um
sepulcro apodrecido e fétido
quando guarda a
morte do diálogo e do dom da palavra boa!
Então o amuo
cheira a guerra fria e a silêncio sádico-masoquista,
o corte de relações
despeja fel em murmurações,
a morte do ofendido
acontece no silêncio do coração ferido!
Só o perdão
ressuscita a capacidade de diálogo,
só o amor
incondicional vence o silêncio mortífero!
Escutemos hoje o
silêncio do amor que vence a morte!
Pai de
misericórdia, ferido de amor e em diálogo permanente,
cura-nos das nossas
desistências e mortes de amor!
Cristo, Palavra
encarnada, proclamada, crucificada e sepultada,
começa uma nova
criação no coração de cada um de nós,
para que a Páscoa
seja comunicação e comunhão
e se abram os
túmulos empestados de rancor
ao sol da tua graça
e ao antibiótico do teu amor!
Neste silêncio,
que só a fé e a esperança alumbra,
desculpa os nossos
silêncios para contigo e para com os irmãos,
a nossa avareza em
oferecermos a riqueza duma simples palavra!
sexta-feira, março 25, 2016
6ª feira Santa
Quando Jesus tomou o vinagre,
exclamou: «Tudo está consumado».
(cf. Jo 18,1-19,42)
Jesus
veio trazer-nos a doçura da misericórdia
e os
seus não O acolheram, condenaram-No injustamente,
torturaram-No
insensivelmente, crucificaram-No com malfeitores,
deram-Lhe
a beber o vinagre da agressividade irracional...
Jesus
passa por este deserto de amor, gélido e agressivo,
fazendo
perguntas, protegendo os discípulos e sua Mãe,
afirmando
o seu messianismo,
abrindo
o seu coração como fonte de amor e de graça!
É o
seu amor até ao fim que tudo consuma, em aliança eterna!
Cada
vez que cortamos a relação com alguém,
tudo
fica terminado, nada fica consumado!
Fica
cada um para seu lado, tristes e revoltados,
bebendo
do que resta do vinagre preparado em comum!
Se
queremos recomeçar a relação, seja de amizade ou de amor,
não
podemos oferecer ao outro o vinagre do nosso ressentimento,
pois
aproximar dois corações feridos faz doer!
Só
corações reconciliados e curados
podem
ter a ousadia de acolher e dar o perdão
que
todos precisamos para recomeçarmos uma nova vida!
Faz-nos
bem contemplar Aquele, que nada nem ninguém,
O
impede de consumar a obra de amor que começou!
Senhor
Jesus, Verdade que arde sem se consumir,
louvado
sejas pela luz da tua Palavra que nos guia,
interroga,
incomoda, inquieta e nos abre à conversão!
Senhor
Jesus, Filho de Deus a sofrer com e pela humanidade,
dá-nos
um coração sensível e capaz de perdoar,
para
que não usemos a arma da violência para falar,
nem
ofereçamos vinagre a quem nos pede água e pão!
Neste
dia da Paixão do Senhor pedimos por todos os que sofrem,
a
solidão dum amor não correspondido,
a
amargura de uma injustiça gratuita,
a fuga
de uma guerra não pedida,
um
refúgio de paz não encontrado!
Ajuda-nos
a consumar o amor e o perdão que ainda podemos dar!
quinta-feira, março 24, 2016
5ª feira Santa – Ceia do Senhor
Dei-vos o exemplo, para que, assim
como Eu fiz, vós façais também.
(cf. Jo 13,1-15)
Jesus
amou-nos até ao fim, porque só sabe amar!
O seu
Evangelho é feito de palavras, mas acima de tudo de gestos!
O seu
testamento espiritual é escrito com o lava-pés,
o
Mestre a levantar-se da mesa e a lavar os pés aos discípulos!
Ser
discípulo deste Senhor, altíssimo Filho de Deus,
é
estar disposto a servir os irmãos,
mesmo
aqueles que sabemos que nos vão trair ou negar!
Amar
até ao fim e em todas as circunstâncias
é o
grande desafio que o Senhor nos faz neste dia
da
instituição da Eucaristia e do sacerdócio!
Todos
nascemos e morremos da mesma forma,
porque
o dom da vida que Deus nos dá é o mesmo!
No
entanto, as circunstâncias exteriores podem ser diferentes:
uns
podem ser acolhidos num berço de ouro,
outros
numa tenda enlameada de refugiado ou sem-terra!
Deus
fez a sua parte, resta-nos a nós fazer a nossa parte
de
ensinar os nossos filhos, com o nosso exemplo solidário,
a não
serem arrogantes nem a humilharem os mais pobres,
mas a
serem humildes, fraternos, respeitadores e justos!
Há
famílias que descobriram esta nobre missão
e
fazem voluntariado com o seus filhos, junto dos mais pobres!
Louvado
sejas Senhor Jesus, Servo maior que nos serves a salvação,
com a
mesma misericórdia e paciência de amigo incondicional!
Louvado
sejas porque também hoje nos queres lavar os pés,
purificar
do nosso pecado e convidar-nos a servir os irmãos!
Despe-nos
dos tiques de arrogância, indiferença e superioridade
com
que rebaixamos os frágeis e disfuncionais da sociedade!
Ensina-nos
a ternura que serve dignidade de todos,
que
perdoa a ofensa cheia de pus que nos magoa,
que
faz da vida um sacerdócio ao serviço da vida para sempre,
que
aprende na fracção do “Pão do Céu” a partilhar o pão da
terra!
Louvado
sejas pelos sacramentos da Eucaristia e da Ordem!
quarta-feira, março 23, 2016
4ª feira da Semana Santa
Que estais dispostos a dar-me para
vos entregar Jesus? (cf. Mt
26,14-25)
Jesus
entrega-se total e incondicionalmente,
numa
aliança baseada na misericórdia e no amor!
Ele
assume as nossas dívidas e carrega os nossos pecados,
como
Cordeiro Pascal, dando a vida pela nossa salvação!
O seu
aspeto é frágil e inofensivo, mas o seu amor é firme,
porque
para Ele cada pessoa é valiosa, não tem preço de mercado!
Em
resposta a tanto amor atuante e sem dar nas vistas,
negociamos
formas de entregar a Jesus
uns
trocos que nos sobram, uns minutos de oração a correr,
uma
vela que deixamos a arder, uma missa impaciente de preceito,
um
testemunho encapotado, uma caridade mal-encarada...!
O que
somos capazes de fazer por trinta moedas de prata!
Na
ânsia de prazer gastamos as trinta moedas na noite!
No
sonho de consumir novidades submetemo-nos ao trabalho escravo!
No
desejo de rápido de enriquecer, deixamo-nos corromper,
trocamos
a verdade pela mentira, cometemos injustiças!
No
devaneio da conquista da fama e do poder,
calamos
a consciência, representamos a pedido,
esvaziamo-nos
da dignidade, cometemos atrocidades!
Para
não termos problemas de consciência,
ignoramos
a fé e combatemos quem nos chama à conversão!
Senhor,
louvado sejas pelo teu amor por todos nós
e de
modo especial pelos mais frágeis.
Cristo,
Cordeiro de Deus, que nos queres fazer cordeiros de paz,
liberta-nos
da ilusão em que andamos
ao
querermos ser lobos predadores dos mais frágeis!
Envia-nos
o teu Espírito de fraternidade e de justiça,
para
que não vendamos ninguém por nenhum preço,
pois o
tráfico humano e a exploração ou destruição do mais fraco
é uma
ofensa que transforma o mundo numa arena!
terça-feira, março 22, 2016
3ª feira da Semana Santa
Sentiu-Se intimamente perturbado e
declarou: «Em verdade, em verdade vos digo: Um de vós Me
entregará».
(cf. Jo 13,21-33.36-38)
Jesus
senta-se à mesa connosco, como amigo,
embora
saiba que há entre nós traidores.
Por
isso, fica “intimamente perturbado” e só a misericórdia
O
impede de nos abandonar e de nos condenar!
Jesus
denuncia o pecado – a traição e a negação -,
mas
continua a ter gestos de predileção para com quem O vai trair!
Nada
nem ninguém consegue colher raiva do seu coração!
À
decisão interior de O entregar, Jesus responde
com um
gesto superior de predileção, o seu perdão,
chamando-lhe
amigo, dando-lhe o pão ensopado!
Ó
misericórdia infinita remédio do nosso pecado!
É
Semana Santa e mais parece Tempo Comum!
A vida
rola na roldana da rotina,
habitados
como estamos às injustiças, às mentiras,
à
aparência que encobre os nossos podres,
aos
programas para as miniférias da Páscoa,
às
amêndoas e os ovos de chocolate que é preciso dar...
E o
tempo para parar, para acordarmos das traições,
e
escutarmos a voz de Quem nos ama até à morte?
E a
decisão de nos banharmos no abraço da misericórdia?
E a
preocupação em que a Paixão e a Páscoa de Cristo seja a nossa?
Senhor,
obrigado porque continuas sentado à nossa mesa,
intimamente
perturbado pela noite em que andamos,
mas
profundamente empenhado em que nenhum de nós se perca!
Obrigado
pelos gestos de amor que tens tido com cada um de nós,
apesar
das nossas traições e negações de cada dia!
Louvado
sejas pela luz que és nas noites em que andamos
e nos
esperas com um abraço quando o galo canta o arrependimento!
Fortalece
o nosso seguimento e fidelidade,
para
que não nos habituemos a viver de transfusões de misericórdia,
em vez
de nos alimentarmos responsavelmente
da tua
Palavra, do teu amor e da nossa participação na tua Paixão!
segunda-feira, março 21, 2016
2ª feira da Semana Santa
Maria ungiu os pés de Jesus e
enxugou-Lhos com os cabelos; e a casa encheu-se com o perfume do
bálsamo. (cf. Jo 12,1-11)
A Casa
de Betânia é um recolhimento reconfortante,
festivo,
alimento amigo, reforço e antecipação da Páscoa!
É a
mesa da hospitalidade do Senhor da vida e da morte,
onde
Marta serve à mesa, Lázaro come com Quem o ressuscita
e
Maria perfuma os pés do Mensageiro com caro perfume,
que
antecipa e anuncia a unção dAquele que lhe dá a vida eterna!
Maria
é um perfume de amor e de oferta sem preço,
que ao
perfumar Jesus se perfuma a si mesma
e
perfuma toda a casa, associando a todos no mesmo louvor!
Judas
é o único que se recusa a inebriar-se com este perfume!
Quantas
coisas que, após a morte de alguém querido,
nos
arrependemos de não lhe ter dito “como te quero!”,
de não
lhe ter oferecido uma surpresa de carinho,
de não
ter escutado o seu coração bater ao ouvido!
Na
correria da ambição, adiamos uma visita ansiosamente esperada,
um
telefonema que desperte o sorriso e aproxime a ausência,
um
presente que recorda e reforça a amizade!
Na
voracidade do tempo abreviamos a oração, feita a correr,
adiamos
a reconciliação promovida pela misericórdia,
acomodamo-nos
à rotina duma vida sem perfume e nem convivência!
E se
aproveitássemos o gesto de Maria para perfumarmos a vida?
Senhor,
que perfumas a nossa vida com a gratuitidade da Criação,
ensina-nos
a ser um perfume de paz e de alegria
que a
todos faz sentir bem e perfuma com a sua presença.
Cristo,
nossa Páscoa e nossa salvação, perfume do Céu e da esperança,
envia-nos
o teu Espírito e perfuma a nossa morte ao pecado,
para
que nos tornemos um perfume de santidade e de louvor!
Ensina-nos
a ser um perfume de paz e de alegria,
que
enche a nossa casa com o serviço, a intimidade e a verdade!
domingo, março 20, 2016
BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR!
Transforma-me, Cristo Senhor,
Num ramo fresco e florido,
De esperança, paz e amor,
De palmeira ou oliveira,
De fé viva e verdadeira,
A espalhar onde vivo,
O perfume que lançaste,
Quando, um dia, me chamaste,
Consagraste e enviaste,
A aclamar-Te, em toda a parte,
Como o Filho de Deus vivo,
E a cantar, com todo o Povo,
Que anseia viver de novo:
“BENDITO, BENDITO, O QUE VEM,”
TRAZER-NOS A LIBERTAÇÃO,
A PAZ E A SALVAÇÃO,
POR NOS QUERER TODO O BEM!
Molda, Senhor, o meu ser,
Minha mente e coração,
Meus olhos e meus ouvidos,
Para, saber responder,
Pela vida e pela acção,
Com a força da Palavra,
Meditada e assimilada,
E a Luz da Tua graça,
Ao grito, choro ou clamor,
De sofrimento e de dor,
Do Teu Povo injustiçado,
Explorado e maltratado,
Porque o Teu sonho de amor,
Que é de paz e salvação,
Nos potencia e envia,
A sermos mediação
Da sua libertação.
VEM, SENHOR, EM MEU AUXÍLIO,
COM A LUZ DO SANTO ESPÍRITO
E A TUA PALAVRA DE ALENTO,
FORÇA E CONSOLAÇÃO,
QUE TRANSFORME O DESALENTO,
NA VIDA DE ESPERANÇA QUE BRILHA,
À LUZ DA RESSURREIÇÃO!
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 19.03.2016
Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor
Um galo cantou. O Senhor voltou-Se e
fitou os olhos em Pedro. (cf. Lc
22,14-23,56)
Jesus
avança sozinho para a paixão, todos o abandonaram,
mas
Jesus não abandona Pedro que O nega.
Jesus
volta-se para ele, reza por ele e olha-o com misericórdia!
Nas
suas lágrimas, Pedro recorda a confiança do Mestre:
“Tu,
uma vez convertido, fortalece os teus irmãos!”
Jesus
pelo caminho vai semeando misericórdia e compaixão:
“«Basta! Deixai-os». E, tocando na
orelha do homem, curou-o.”
“Não
chorem por mim, chorem antes por vós e vossos filhos”,
“Hoje
mesmo estarás comigo no Paraíso!”
“Pai,
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem!”
Como é
grande este Coração que nos convida a entrar
neste
Semana Santa, nesta Semana Maior!
Normalmente
em situações de emergência e perigo,
declaramos
“o estado de sítio” para suspender a lei normal
e
podermos usar da violência para a autodefesa!
Nessas
alturas grita-se, dão-se golpes baixos,
revelam-se
guerrilheiros escondidos,
fecha-se
a porta ao diálogo e à hospitalidade,
endurece-se
o coração e afina-se a vingança!
O que
ainda temos de aprender com este Mestre,
neste
Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor,
para
nunca justificarmos o fecho da fonte da compaixão!
Senhor,
Fonte do amor a toda a prova,
ajuda-nos
a entrar por esta Porta da salvação!
Cristo,
olhar que se vira para nós quando pecamos,
não
para nos condenar, mas para rezar por nós
e nos
oferecer a mão da misericórdia que fortalece!
Espírito
Santo, fogo de amor no furacão do egoísmo,
ajuda-nos
a entrar nesta semana com sandálias de conversão,
desarmados
de rancor e ressentimentos antigos,
com
olhar contemplativo e ouvidos de discípulo!
sábado, março 19, 2016
S. José, Esposo da Virgem Maria
Ela dará à luz um filho e tu
pôr-Lhe-ás o nome de Jesus. (Cf.
Mt 1,16.18-21.24a)
Deus
escolheu Maria e José para encarnar no tempo!
A
Maria pediu o seu sim à maternidade divina,
a José
pediu o seu sim à paternidade adotiva do Filho de Deus,
dando-lhe
o nome, integrando-O na descendência de David,
acolhendo
Maria como Virgem e Mãe do mistério do Espírito!
É um
sim dado como peregrino da fé, que sonha com Deus,
e
acredita na Palavra do Anjo, com fidelidade silenciosa e serviçal!
É a
grandeza do alicerce que suporta a construção,
escondido
dos olhares, apenas visível ao Engenheiro da obra!
São
dois “sins”, que José possibilita serem um sim matrimonial!
Cada
um de nós tem uma vocação e uma missão.
Não
se trata da realização pessoal, do brilhar um dia,
mas de
dar uma contribuição para um mundo melhor,
de
oferecer o nosso toque único neste cozinhado comunitário,
do
qual todos nós comemos, em festa de alegria
ou em
guerra de poder e solidão revoltada!
Se
Maria e José não tivessem sido pessoas de fé e de sim,
ainda
hoje estávamos a murmurar contra Deus
que
prometeu e não nos enviou o Messias para nos salvar!
Senhor,
Pai de bondade que pacientemente esperas os nosso sim,
dá-nos
o dom da fé que animava Maria e José,
quando
aceitaram tornar-se humildes colaboradores do teu projeto!
Cristo,
nossa salvação e Sim total e pleno ao Pai,
envia-nos
o teu Espírito e fecunda a nossa vida com a tua missão.
S.
José, silencioso alicerce e chefe da Casa de David,
ensina-nos
a ousar caminhar na fé com a mesma dedicação
e com
o mesmo amor à família da Terra e do Céu!
S.
José ensina-nos a sonhar com Deus
e a
realizar este sonho com fidelidade no serviço diário!
sexta-feira, março 18, 2016
6ª feira da 5ª semana da Quaresma
Não é por qualquer boa obra que Te
queremos apedrejar: é por blasfémia. (cf.
Jo 10,31-42)
Jesus
é a Palavra que revela o sentido do que faz.
As
boas obras, que realiza, falam da sua filiação divina,
mas as
suas palavras assustam, quando fala de ser “Filho de Deus”!
Admiram
Jesus por ser uma pessoa boa,
mas
querem apedreja-Lo por falar de Deus como Pai,
próximo
e fonte das boas obras que realiza!
E
para, pretensamente defenderem Deus da blasfémia,
querem
apedrejar Jesus e matar a sua palavra!
Mas
como podemos defender Deus, insultando e matando?
A
violência religiosa acende-se com rastilhos de palavras:
insultos,
juízos, humores depreciativos, escárnios...
A
violência, como resposta impetuosa, muitas vezes não se sabe
se vem
da defesa de Deus ou do líder religioso
ou da
defesa de honra e do grupo religioso a que se pertence!
Mas o
maior ataque que podemos fazer a Deus e aos seus profetas
é
usar de violência, justificar a vingança, destruir inocentes!
O nome
de Deus é misericórdia, paz, clemência, justiça, vida!
Senhor,
Pai de todos os seres humanos e de toda a criação,
ajuda-nos
a todos a ser e a viver como irmãos,
com
obras fraternas e palavras respeitosas!
Cristo,
Palavra de amor crucificada na cruz da blasfémia,
ensina-nos
a viver como filhos de Deus,
livres
do preconceito, da raiva e da militância agressiva!
Neste
mundo plural e global, onde a livre expressão é um bem,
ensina-nos
a boa convivência nas palavras e nas obras,
para
que a liberdade e a democracia não se tornem um insulto
e a fé
e a prática religiosa nos ajudem a ser pacíficos e justos!
quinta-feira, março 17, 2016
5ª feira da 5ª semana da Quaresma - S. Patrício
Se alguém guardar a minha palavra,
nunca verá a morte. (cf. Jo
8,51-59)
O
Filho de Deus toma parte na aliança com Abraão.
Ele é
a Palavra que o Pai lhe dirige por meio do Espírito!
O
Verbo Divino exulta de alegria, quando vê Abraão
a
caminhar à luz da fé e da promessa, na velhice madura.
Abraão,
o sim à aliança de Deus com a humanidade,
continua
vivo como modelo dos que vivem segundo a fé.
Jesus,
o Verbo Divino encarnado,
o
Eterno que parte para o tempo,
é o
sim para sempre ao amor misericordioso do Pai,
que
nem a morte é capaz de matar nem apagar!
Todos
os que escutam e guardam a sua Palavra,
nunca
verão a morte do amor, que é eterno!
A
morte das células faz parte do ciclo normal da vida,
em
permanente renovação, até que o ciclo se esgote!
Mas a
verdadeira morte é a que acontece por falta de amor!
É a
morte do planeta quando se usa apenas como instrumento.
É a
morte da fraternidade quando se explora sem sentimentos.
É a
morte do outro quando o rancor corta o diálogo.
É a
morte da comunhão quando a vingança nos deixa a falar sozinhos.
É a
morte da esperança quando o orgulho cega a fé em Deus.
É a
morte da paz quando perco a ternura do perdão.
É a
morte da alegria de viver quando giro à volta de mim mesmo!
Senhor,
eternidade de amor que geras vida eternamente,
dá-nos
um coração semelhante ao Teu,
capaz
de gerar vida em abundância e sabedoria de viver!
Cristo,
Palavra que eternamente nos chamas a viver em aliança,
aumenta
a nossa fé e alimenta-nos com a tua Palavra!
Espírito
de santidade, que fazes novas todas as coisas,
ensina-nos
a eternizar cada momento na alegria da amar,
na
simplicidade da oferta do ouvido e da palavra bendita,
na
atenção que cuida e eleva a dignidade do outro,
no
louvor que transfigura a beleza de um dia enevoado,
na
generosidade que perdoa as feridas com amor doado!
quarta-feira, março 16, 2016
4ª feira da 5ª semana da Quaresma
Todo aquele que comete o pecado é
escravo. (cf. Jo 8,31-42)
Jesus
aprendeu com o Pai a ser livre para amar!
É
livre de si mesmo, pois não teme a ninguém.
Confia
apenas nAquele que é a fonte da vida,
o
remédio da dependência, a luz do cego,
a
docilidade da voz que fala ao surdo!
Permanecer
em Cristo é tornar-se filho de Deus,
sabendo
que há outros “pais” que nos querem formatar,
prometendo-nos
mundos e fundos, para nos apanhar!
É
pelos frutos que sabemos se somos livres
e que
“pai” imitamos, a que família pertencemos,
que
mestre vida seguimos, que liberdade somos!
Hoje
começa-se a falar em “escravaturas modernas”,
predadoras
encobertas de fragilidades sustentadas!
Assim,
as crianças tornam-se presa fácil nas redes sociais,
nos
deslocamentos forçados de refugiados e migrações,
no
enfraquecimento da família como rede protetora,
na
exploração da miséria e do analfabetismo!
Por
alguma razão o tráfico de drogas e de seres humanos
é um
dos “empreendimentos” mais rentáveis e mais mortíferos!
A
globalização e o livre mercado sem ética
transforma
o mundo numa gaiola de ouro virtual!
Senhor,
como é bom saber que és Pai e o teu poder é amor,
a tua
omnisciência é serviço à vida,
a tua
comunicação é proposta de aliança!
Cristo,
que sendo Deus te fizeste servo para nos libertar,
louvado
sejas porque o nosso pecado não te contamina,
mas te
faz sofrer e dar a vida para nos libertar e curar!
Envia-nos
o teu Espírito e dá-nos a sabedoria do amor,
de
viver descentrado, misericordioso e solidário,
vivendo
a alegria de cuidar do mais fraco
e
cultivar a fraternidade, a justiça e a paz!
terça-feira, março 15, 2016
3ª feira da 5ª semana da Quaresma
Eles não compreenderam que lhes
falava do Pai. (cf. Jo 8,21-30)
Jesus
é a Palavra do Pai em gramática humana.
Ele
não é um franco-atirador à procura de glória,
mas um
enviado do Pai para revelar o amor de Deus,
o fogo
da misericórdia que está por detrás da Criação,
da
história humana, do mistério da salvação!
Jesus
é Deus que desceu ao tempo e ao espaço,
para
abrir a porta da eternidade e a todos dar a mão!
Jesus
não é apenas um homem extraordinário,
mas a
surpresa de um Deus escondido, a sofrer de amor,
em
busca dos filhos desencontrados, a curar as nossas feridas!
Habituámo-nos
a ver a religião como um caprichoso código de moral,
que
disciplina os nossos instintos, coloca critérios aos desejos,
desmancha
prazeres à nossa libertinagem,
problemas
de consciência à nossa injustiça!
Muitas
vezes a solução mais fácil é classifica-la de antiquada
e
afastar-se da prática religiosa para não ter problemas de
consciência!
Tudo é
visto como normas repressivas, externas e conservadoras!
Não
se compreende que a Palavra de Jesus é a revelação de Deus,
que
nos ensina o valor da vida em todas as formas e fases,
nos
mostra o caminho da felicidade e da fraternidade,
nos
abre horizontes de eternidade na corrida do tempo!
Senhor,
tão elevado amor que nos serves pacientemente a salvação,
louvado
sejas porque pensaste em mim, desde e para toda a eternidade!
Cristo,
Verbo Divino em ação humana e aliança servida,
louvado
sejas porque continuas a falar-nos
e a
dar-nos a oportunidade de nos levantarmos dos nossos pecados!
Envia-nos
o teu Espírito e ensina-nos a gramática do céu,
para
que sejamos ouvintes que praticam a elevação que serve!
Aguça
o nosso sentido e desejo de Te contemplar,
para,
como Tu, querermos fazer apenas a vontade do Pai!
segunda-feira, março 14, 2016
2ª feira da 5ª semana da Quaresma
Mestre, esta mulher foi surpreendida
em flagrante adultério. (cf. Jo
8,1-8)
Deus
assiste ao filme de toda a nossa vida
e
conhece os bastidores dos nossos ensaios e falhas,
não
para se divertir ou para nos surpreender em flagrante,
mas
para ver a melhor forma de nos ensinar a escrever
uma
história gloriosa, nas linhas tortas da nossa vida!
A sua
omnipotência e omnisciência movem-se pelo amor libertador,
pela
compaixão redentora, pela pedagogia misericordiosa!
Jesus,
a revelação do “coração tal e qual como o do Pai”,
não
condena nem destrói quem erra,
mas
acolhe e anima-o a corrigir-se, a ser fiel e santo!
O
pecado escondido é visto como um heroísmo,
mas
quando é surpreendido e castigado, torna-se uma desgraça!
É
assim quando há infidelidade aventureira no matrimónio,
que só
quando é surpreendida por um dos cônjuges
é que
se torna grave e se transforma num drama passional!
É
assim com as corrupções e roubos no bolso alheio,
que só
quando apanhados pela justiça são vistos como graves!
O mais
grave é quando o preconceito deforma a justiça
e,
como no caso da mulher adúltera do evangelho,
se
pretende apedrejar a mulher e nada se faz ao homem adúltero!
No
nosso exame de consciência só detetamos os pecados
em que
fomos apanhados em flagrante ou também os escondidos?
Senhor,
como é bom saber que nos conheces tão bem,
ajuda-nos
a conhecer-Te e a ser-te fiel no escondido!
Cristo,
como é pacificador estar nas mãos de quem nos ama,
quando
tomamos consciência de que pecámos gravemente
e
sonhamos mudar de vida e pedimos para ser perdoados!
Aumenta
a nossa fé e ajuda-nos a estar vigilantes,
quando
sozinhos ou na noite da oportunidade interesseira,
agimos
como se Tu não nos visses, numa mentira matreira!
Dá-nos
um coração exigente e verdadeiro connosco mesmos
e
compassivo a fraterno para com os que erram e são frágeis!