sexta-feira, agosto 31, 2012
A meio da noite,
ouviu-se um brado: 'Aí vem o noivo, ide ao seu encontro! (cf. Mt
25,1-13)
A vida é a preparação
da grande festa do encontro
com Aquele que nos fez uma
declaração eterna de amor.
Preparar-se para o
encontro
é seguir o caminho da
prudência,
pois não sabemos o dia
nem a hora.
Ser prudente é equipar-se
com uma boa reserva de azeite
para alimentar a luz da
esperança
durante a noite e os
tempos de adormecimento.
Há muitas coisas que nos
adormecem o amor por Deus:
a vontade de poder e
vencer nesta vida,
a submissão ao deus do
dinheiro e da fama,
o culto ao eu, maquilhagem
da imagem e realização pessoal,
o império dos sentidos e
a fuga à reflexão e discernimento...
A Fé passa por uma
verdadeira noite de adormecimento
quando o coração se
ocupa em amores
que o divorciam do Amor
primeiro e único eterno.
Reservas de azeite que
alimentam a esperança
é introduzir neste
rodopio da vida ocupadíssima,
alguns rituais que regam a
raiz da fé:
momentos, nem que sejam
breves, de oração diária,
leitura e escuta da
Palavra de Deus,
participação habitual na
Eucaristia,
momentos de perdão e
reconciliação,
gestos gratuitos de amor
com o próximo,
exercícios que despertem
a solidariedade e a compaixão,
exame de consciência que
avalie os frutos do nosso cansaço...
Senhor Jesus, Amor que
anseias por ser amado,
ajuda-nos a aprender a
difícil arte da prudência,
que no meio de tantos
convites para banquetes,
saibamos alimentar a
esperança e a alegria do encontro
para o banquete final e
permanente da Fonte do Amor.
quinta-feira, agosto 30, 2012
Se um mau servo disser
consigo mesmo: 'O meu senhor está a demorar’, e começar a bater
nos seus companheiros, a comer e a beber com os ébrios, o senhor
desse servo virá no dia em que ele não o espera e à hora que ele
desconhece; vai afastá-lo e dar-lhe um lugar com os hipócritas.
(cf. Mt 24,42-51)
Deus esconde-se, para que
cada um seja o que é.
Somos vistos com um olhar
penetrante
sem termos a sensação
nem as consequências punitivas
de sermos vigiados ou
controlados.
Por isso, precisamos de
estar vigilantes,
para não nos acomodarmos
à imitação da massa,
não regredirmos na
prática do bem.
É um Amor Livre e
invisível que nos envolve
e nos faz crescer como
brisa suave e orvalho da manhã
até à maturidade das
opções
que contribuem para um
mundo mais justo e fraterno.
Se fizermos más opções
de vida
e atentarmos contra a vida
e a justiça,
nenhum sinal do céu nos
marca a cabeça
como prevaricador, ladrão
ou violento.
Deus sofre silenciosamente
ao ver seus filhos queridos
terem todas as condições
para serem livres
e fazerem os outros
felizes,
e se deixarem-se comandar
pelo mal,
num redopio triste dum
inferno antecipado.
Deus não desiste de
procurar formas inspiradoras
que nos despertem para o
caminho da vida.
No final, com o coração
a sangrar,
Deus respeita quem optou
por florir espinheiro
e continuar eternamente o
inferno que viveu.
Senhor Jesus como sois
bom!
Quanto ainda temos que
crescer
nesse amor que liberta e
nos faz autênticos
na arte de amar e servir
com alegria.
Ajuda-nos a viver
despertos e vigilantes,
pois queremos florir
fraternidade e alegria
numa comunhão invisível
mas real,
do Teu abraço de Pai e
Salvador.
quarta-feira, agosto 29, 2012
Martírio de S. João
Batista
O rei disse à jovem:
«Pede-me o que quiseres e eu to darei.» (Cf. Mc 6,17-29)
A nossa relação com as
coisas e as pessoas,
que julgamos
pertencerem-nos, é a de reis e senhores.
Cortamos a cabeça ao
equilíbrio ecológico,
impermeabilizando e
desertificando as terras,
fazendo dos rios e mares
lixeiras a céu aberto,
lançando para a atmosfera
fumos e gazes tóxicos com
efeitos de estufa,
usando e abusando da
natureza, “pois tudo me pertence”!
Corta-se a cabeça da
oposição com campanhas difamatórias.
Corta-se a cabeça do
concorrente, adversário ou inimigo
em legítima defesa.
Corta-se a cabeça de um
ou mais empregados
para salvar a empresa.
Corta-se a cabeça ao que
se opõe ao roubo e à corrupção
no reinado do Eu-Poder sem
ética, a não ser a do mais forte.
Corta-se a cabeça à
amizade e ao amor conjugal
em nome da liberdade e
realização pessoal.
Corta-se a cabeça do
filho antes de nascer
pois sou dona do meu corpo
e do que nela houver.
Corta-se a cabeça dos
profetas
com voz dissonante e
verdade acutilante.
É um mundo desumanizado,
onde atuo como se tudo e
todos me pertencessem
e os instrumentalizo ao
sabor dos meus devaneios.
Senhor Jesus abre o nosso
coração
à dignidade do outro e ao
respeito pela Criação.
Liberta-nos da ética do
mais forte
e ajuda-nos a viver a
ética da fraternidade
e dum futuro com esperança
para todos.
Faz de nós profetas
perante as injustiças de hoje
com a tempera e a coragem
de João Batista.
terça-feira, agosto 28, 2012
S. Agostinho
Ai
de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque pagais o
dízimo da hortelã, do funcho e do cominho e desprezais o mais
importante da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade!
Devíeis praticar estas coisas, sem deixar aquelas.
(cf. Mt 23,23-26)
A Lei e
os Mandamentos delimitam balizas,
alertam
para perigos, apontam caminhos
que nos ajudam a alcançar metas e ideais nobres e eternos.
Se a
meta é Deus, comunhão de Três Pessoas,
o
caminho só pode passar pelo amor de relação,
pela
justiça fraterna, pelo perdão misericordioso,
pelo
empenhamento no bem comum,
pela
fidelidade a Deus e à sua aliança.
Os
dízimos, rituais, jejuns, compromissos eclesiais...
são
apenas expressões humanas e reais
que
sustentam o caminho para essa Meta Grande.
O que
nos move é o Amor
e não
o medo ou o escrúpulo.
O que
pretendemos é aprender a amar concretamente,
em
todas as situações da vida,
mesmo
quando reina a injustiça,
gela a
misericórdia e fraqueja a fidelidade.
Tudo o
que é orgulho de méritos pelas práticas,
desprezo
dos fracos de quem não me sinto irmão,
intolerância
à misericórdia de quem peca,
insensibilidade
humana na aplicação da justiça,
nega,
na prática, a validade deste caminho,
e
afasta-nos da Meta que é Deus Amor.
Senhor
Jesus, ajuda-nos a viver e a entender
o que
significa o que S. Agostinho experimentou:
“Ama
e faz o que quiseres.
Se
calares, calarás com amor;
se
gritares, gritarás com amor;
se
corrigires, corrigirás com amor;
se
perdoares, perdoarás com amor.
Se
tiveres o amor enraizado em ti,
nenhuma
coisa senão o amor serão os teus frutos”.
segunda-feira, agosto 27, 2012
«Ai
de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque fechais aos
homens o Reino do Céu! Nem entrais vós nem deixais entrar os que o
querem fazer. (cf. Mt 23,13-22)
Jesus critica os doutores
da Lei e fariseus de então
por se fixarem no
secundário e deixarem o essencial.
Os doutores da lei e
fariseus de hoje
são os que dirigem,
ensinam e praticam a fé cristã.
Também nós seremos guias
de cegos
que nos distraímos com o
acessório e esquecemos o essencial?
Os que estão de fora,
acusam-nos muitas vezes,
de incoerência de vida e
de celebrações tristes.
Há muita boa gente que
perde a paz e a caridade,
por causa de prescrições
rituais e litúrgicas:
se pode ou não comungar
na mão,
se celebra em latim ou
vernáculo,
virado para o povo ou de
costas,
se veste batina, hábito
ou outra roupa...
Não estaremos a perder
tempo com coisas secundárias
e a deixar o essencial
para trás?
O que o Senhor quer
é que entremos primeiro
no Reino de Deus
para depois podermos
convidar outros
a fazerem esta experiência
de vida nova.
Entrar no Reino de Deus é
pulsar de caridade
ao ponto de comungar o
irmão;
é louvar a Deus, em
espírito e verdade,
fazendo da vida uma
sementeira do bem,
numa mesma atitude de
oferta ao Senhor,
que se alimenta na
liturgia e se prolonga no quotidiano;
é respirar a justiça e a
misericórdia com pés de peregrino,
em gestos humildes,
construtores de um mundo melhor;
é ter um olhar onde
brilha a esperança,
alargando horizontes de
infinito
e fazendo despertar o que
de melhor
Deus colocou no coração
do ser humano.
Senhor Jesus,
porta segura para
entrarmos no Reino de Deus,
concentra todo o nosso
coração
para Te seguirmos com
fidelidade
e não nos distrairmos do
cumprimento da Tua vontade.
domingo, agosto 26, 2012
21º Domingo do Tempo Comum
Jesus disse aos Doze:
«Também vós quereis ir embora?» (cf. Jo 6,60-69)
Jesus não obriga ninguém
a segui-lo
nem amarra a si aquele que
murmura.
Não ameaça nem castiga
os que O abandonam,
porque não compreendem o
Seu mistério
de proximidade divina,
misericordiosa e livre.
Continua a enviar o sol
para os bons e maus,
e procurar formas de
salvar da morte
todos aqueles que caminham
sem Norte
e se definham em vazios de
sentido
e teimosias de senhores de
nada!
Jesus faz apenas perguntas
e interroga corações
para nos despertar para o
discernimento
e nos levar a procurar o
caminho da verdadeira Vida.
Hoje o mundo caminha a
grande velocidade,
porque dói parar para
pensar e refletir,
sobre a mentira duma
felicidade instante
que, quando termina, só
traz ressaca
e o gosto amargo e
estonteante
de uma bela experiência
dos sentidos que terminou.
Por isso, é preciso
encher a vida de ruídos,
de luzes e arco-íris
artificiais,
de sonhos consumistas e
virtuais
que nos adormeçam
finalmente de cansaço.
Senhor Jesus, só Tu tens
palavras de Vida eterna.
Servir e amar Aquele que
nos ama na liberdade,
custa a suportar, mas
depois traz felicidade sem acabar.
Ajuda-nos a entrar nesta
aventura com horizontes de eternidade
e sustentabilidade de
felicidade.
sábado, agosto 25, 2012
Opção de vida, por fé e amor
“A quem iremos, Senhor,
Se só Tu nos revelas
Palavras de Vida e a
Amor?”
Eis a pergunta de Pedro,
Que nos mostra a grande
opção,
Consciente e decidida,
Por Jesus, em quem
encontra
A razão apaixonante
Que motiva a sua vida
E faz dele, pescador,
Um dedicado Pastor.
A quem tiremos, Senhor?
Pergunta que vira opção,
Após uma livre escolha
Da mente e do coração,
Por um sonho que nos mova
A seguir, com fé e amor,
As pegadas de Jesus,
Fielmente, até à Cruz.
Dia-a-dia, a nossa vida
Precisa ser opção de
amor,
À Luz da graça divina,
Que, a Paz e o Bem, nos
ensina,
E a Força da Palavra,
Feita bordão/segurança,
Firmeza e confiança,
Para orar, com coerência
E dizer, em consciência:
SÓ A TI SIGO, SENHOR!
AUMENTA, SENHOR, MINHA FÉ,
PARA A PALAVRA ENTENDER
E O ALCANCE PERCEBER
DOS GESTOS DO BOM JESUS,
CARREGADOS PELO AMOR
QUE, NA CRUZ, SE FEZ
PERDÃO,
NOSSA PAZ E SALVAÇÃO!
OBRIGADA, BOM JESUS,
POR ESTA TUA OPÇÃO!
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 25.08.2012
Fazei,
pois, e observai tudo o que eles disserem, mas não imiteis as suas
obras, pois eles dizem e não fazem.
(cf. Mt 23,1-12)
O saber
teórico ganhou autonomia
da vida
concreta dos doutores e mestres.
O
médico recomenda ao doente deixar de fumar,
mas ele
continua a esfumar-se na dependência.
O
professor ensina ao aluno relações humanas,
mas ele
não consegue diálogo na família.
Os pais
enviam os filhos à missa e à catequese,
mas
eles não praticam nem acreditam em Deus.
Os
catequistas ensinam as crianças na catequese,
mas na
sua vida praticam outra doutrina.
Os
sacerdotes pregam o Evangelho de Jesus,
mas na
sua vida ainda há muita incoerência.
Os
consagrados prometem seguir
as
constituições comuns do instituto,
mas
depois cada um vive uma consagração
à sua
medida, gosto e interesse.
É
assim, no domínio da vida privada,
onde
cada um é doutor e mestre de si mesmo,
na
sociedade anónima do subjetivismo e do relativismo.
Jesus
diz-nos que o verdadeiro mestre
é o
que sabe viver como irmão.
O
verdadeiro doutor é o que sabe ser feliz,
perfumando
de felicidade e alegria
o
ambiente onde vive e ensina.
O
verdadeiro pai e mãe são os que vivem o amor
fertilizando
o crescimento do bem e da justiça.
Senhor
Jesus, que vives o que ensinas,
ajuda-nos
a descobrir a alegria de Te seguir
e a
beleza prática do teu Evangelho.
Nós
cremos em Ti, mas aumenta em nós a confiança,
em que
é seguindo o Teu caminho,
que
podemos chegar à felicidade presente e eterna
e
contribuirmos para um mundo mais justo e fraterno.
sexta-feira, agosto 24, 2012
Festa de S. Bartolomeu, apóstolo
Disse-lhe Natanael: «De
Nazaré pode vir alguma coisa boa?» Filipe respondeu-lhe: «Vem e
verás!» (cf. Jo 1,45-51)
Perante o paralaxe do
preconceito,
não adianta discutir nem
argumentar.
A única solução
curativa para tal cegueira
é aceitar fazer a
experiência e verificar,
aberta ao novo da pessoa
única que se esconde
por baixo da máscara da
raça, da cor, da nacionalidade,
da cultura, da condição
social, da aparência e da religião.
Os meios de comunicação
fazem do Globo uma bola,
acessível ao toque de um
dedo,
mas o preconceito e o
desconhecimento mútuo
fazem do próximo um
cigano, um negro, um pobre,
um analfabeto, um preso,
um deficiente...
sem rosto nem coração,
igual a todos os outros do
mesmo género.
A proposta de Filipe é a
mesma que Jesus lhe fez:
“Vem e verás”: faz a
prova e experimenta,
depois fala e julga, pois
cada pessoa é única e irrepetível,
feita à imagem e
semelhança de Deus como todos.
O mesmo acontece com a fé
em Jesus.
Muitos vivem do
preconceito religioso,
do medo de serem enganados
por miragens espirituais,
bloqueados por desvios
históricos na Igreja
ou escândalos de alguns
lobos matreiros
que se escondem sob a pele
de cordeiros santos.
É preciso deixar de
fugir, ter medo, de mergulhar.
Só fazendo a experiência
pessoal de Jesus,
O podemos conhecer, amar e
seguir,
livres do preconceito, do
temor e da dislexia espiritual.
Mostra-nos o Teu
verdadeiro rosto, Senhor
e liberta-nos de tudo o
que nos impede
de Te conhecer, Te amar e
servir.
Liberta-nos da miopia do
etnocentrismo e do racismo,
para que possamos conhecer
sem pre-julgar,
acolher sem rejeitar, o
próximo como irmão.
quinta-feira, agosto 23, 2012
'O
banquete das núpcias está pronto, mas os convidados não eram
dignos.
Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes.’ (cf. Mt 22,1-14)
Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes.’ (cf. Mt 22,1-14)
Deus
quis fazer uma aliança de amor com Israel,
mas
o Seu Povo amava mais os seus negócios,
os
seus campos, os seus projetos e os seus métodos violentos,
do
que a Deus, as Suas festas de culto
e
os Seus preceitos de justiça.
Quiseram
matar o Filho do Amor,
mas
o Amor Fundante passou na prova
e
agora vive com amor mais puro e eterno.
Deus
abriu a aliança de amor a todos os povos,
enviou
os seus servos missionários
a
convidar todos os que encontrar
para
a Boda das Núpcias do Cordeiro, Seu Filho.
Hoje,
como naquele tempo,
as
pessoas andam demasiado distraídas e ausentes
ocupadas
com o amor de si e o gozo da vida,
com
as suas propriedades e sonhos de consumo,
com
os seus critérios e métodos de vida,
com
os seus deuses a quem servem, gemendo,
apoiados
com muitas drogas de ilusão,
antidepressivos,
calmantes e estimulantes.
O
Amor só quer ser amado
e
o coração não ama porque já está ocupado!
Senhor
Jesus, Esposo da minha alma,
quão
cheio anda meu coração,
para
ter tempo, gosto e vontade
para
estar contigo gozozamente, na intimidade.
Rezo
e estou ausente,
porque
o coração não está totalmente presente.
Nas
relações com os outros,
comporto-me
indiferente,
porque
o coração não Te ama neles presente,
e
só pensa em si autisticamente.
Dá-nos
Senhor um coração novo!
quarta-feira, agosto 22, 2012
Virgem Santa Maria Rainha
O Senhor Deus vai
dar-lhe o trono de seu pai David, reinará eternamente sobre a casa
de Jacob e o seu reinado não terá fim. (cf. Lc 1,26-38)
A obediência da Maria
fê-la Mãe do Rei do Céu
e da Terra.
A realeza de Jesus
concretizou-se
em fazer a vontade do Pai
e dar a vida para que
todos tenham vida.
A grandeza de Maria
foi aceitar ser discípula
do Seu Filho
e segui-Lo até à cruz da
Aliança,
altar do amor
incondicional.
A realeza de Maria no Céu
é um Dom festivo da
Trindade
que se revê na sua
virgindade,
como Amor sem hesitações
nem medo.
A beleza de Maria, Rainha,
é a sintonia circulante
da graça
que vive a missão
apaixonada de Deus
de propor aos humanos que
deixem de ser apenas criaturas
e passem a viver como
Filhos e irmãos,
à imagem do seu Filho,
Rei e Servo Eterno.
Rainha, Serva livre do
Reino do Amor,
neste império dos
sentidos
e escravatura do reinado
da minha vontade,
ensina-nos a ser livres
para amar
e a ser grandes servindo.
terça-feira, agosto 21, 2012
Muitos
dos primeiros serão os últimos, e muitos dos últimos serão os
primeiros. (cf. Mt 19,23-30)
A
nobreza anda vestida de adereços,
de
títulos de propriedade, de linhagem e académicos,
no
palco da ostentação e da gente famosa,
fingindo
ser mais e desprezando a ralé,
neste
céu artificialmente criado para alguns.
Mas a
nobreza autêntica deve passar
pelo
crivo da verdade desnudada,
quando
nada esconde o que não se é,
e o que
resta é válido para a eternidade.
É o
encontro com a Luz do Amor Penetrante,
que
raioxiza a nossa vida,
seja
nesta vida ou na outra,
e nos
revela a nobreza interior
que
sustenta e programa a nossa existência.
Quem
gasta a vida em parecer,
perde-se
na vida do Ser.
Quem
empenha toda a sua vida em Ser
Filho
de Deus na humildade dum peregrino,
e
investe na busca de sentido e discernimento,
encontra
paz e alegria na simplicidade,
riqueza
por baixo dos trapos de um pobre,
beleza
escondida na deficiência e demência,
sabedoria
na criança, no idoso e no analfabeto.
Senhor
Jesus ajuda-nos a viver de forma sensata,
a
investir no amor, na justiça e na verdade,
pois
queremos ser dos primeiros para a eternidade.
segunda-feira, agosto 20, 2012
Aproximou-se de Jesus
um jovem que Lhe perguntou: «Mestre, que hei-de fazer de bom, para
alcançar a vida eterna?» (cf. Mt 19,16-21)
A vida eterna não é uma
conquista
que se “compra” com
atos ou palavras boas e mágicas,
pois o que é engolido
pelas areias movediças
precisa da ajuda de alguém
que está em terreno firme
para se salvar e ser
retirado da sepultura viva da perdição.
Esse Alguém só pode ser
Eterno e Bom,
que no Seu Amor escuta os
gemidos de desespero,
se aproxima e propõe a
ajuda dos mandamentos,
incute um Espírito Novo
que faz caminhar nas alturas
seguindo Jesus, rocha
firme da santidade,
caminho e porta da vida
eterna.
A vida eterna é dom e
caminho de vida
que começa pelo
acolhimento dos mandamentos,
evitando o mal: “não
matar, não cometer adultério,
não roubar, não levantar
falso testemunho, não...”,
prossegue pela via da
prática do bem,
amando o próximo como a
si mesmo,
e encaminha-se para a
perfeição da santidade,
seguindo Jesus, à luz do
Seu Espírito,
trocando o ídolo da
segurança material
pela liberdade da
solidariedade com o pobre
e a entrega de vida ao
Deus do Amor.
Senhor Jesus, liberta-nos
e salva-nos
duma vida sem horizontes
de eternidade.
Cura-nos das miragens dos
oásis privados
sem ética nem valores
solidários.
Guindasta-nos das areias
movediças
das seguranças materiais
e da glória humana,
para estarmos totalmente
disponíveis
para vivermos como Filhos
de Deus,
divinamente humanos.
domingo, agosto 19, 2012
20º Domingo do tempo Comum
Quem
realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim
e Eu nele. (cf. Jo 6,51-58)
A
comunhão eucarística é um rito de fé,
um
sinal de vontade de seguimento de Jesus.
Comungar
Jesus é alimentar-se da sua Palavra,
do Seu
jeito de viver e de se relacionar.
Comer a
Sua Carne e beber o Seu Sangue
é
desejar assimilar a Sua Vida em nós
e
deixar que Jesus seja tudo em nós,
numa
comunhão de vidas e sentimentos.
Participar
na Eucaristia
é
entrar no mistério duma presença
em que
a fragilidade é uma aparência
e a Sua
força transformadora uma realidade,
que só
experimentando se vive e aprende.
Participar
na Mesa do Senhor
é
descobrir que todos os encontros são sagrados,
e somos
feitos para a comunhão de vidas
que se
reforçam mutuamente
numa
comunhão de amor circulante.
Senhor,
Tu és o Pão da Vida escondido,
abre os
nossos olhos da fé à Tua presença,
e faz
das nossas vidas anémicas e autistas,
sacrários
transparentes e mensageiros,
que
semeiam vida normalmente,
em
jeito de refeição para toda a gente.
sábado, agosto 18, 2012
JESUS, O PÃO DESCIDO DOS CÉUS
Feliz quem come este Pão
Que nos dá o próprio
Deus,
O Pão descido dos céus,
Em Jesus, seu filho amado,
Pão, no Amor, amassado,
Pão que é Vida e
Salvação,
Para ser assimilado
E partilhado, em amor,
Compreensão e perdão,
Até gerar comunhão,
Com quem vive ao nosso
lado!
Jesus, que é o Pão da
Vida
E o Vinho da Salvação,
Nos convida a viver n’Ele,
Por Ele e como Ele,
Não só em data festiva,
Mas sempre e a todo o
momento,
Alma, vida e pensamento,
Buscando o querer de Deus,
Como fermento de Vida,
A unir fé e acção.
Mestre e Guia, permanente,
Na sua Sabedoria,
Ele nos dá a ciência
Que vence toda a
aparência,
Para mergulhar na
essência,
Fonte de paz e harmonia,
Na vida do dia-a-dia,
Graças ao Pão que dá
Vida
E gozo à humanidade,
Que nos faz provar, na
terra,
Delícias da eternidade.
Quando poderei, eu, dizer,
Com a audácia de São
Paulo,
Que é Cristo que vive em
mim,
Tu em mim e eu em Ti,
Quando ajo, rezo ou falo?!
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 17.8.2012
Jesus disse-lhes:
«Deixai as crianças e não as impeçais de vir ter comigo, pois
delas é o Reino do Céu.» (cf. Mt 19,13-15)
Em nome da liberdade de
escolha,
há pais que não batizam
os filhos,
nem os colocam na
catequese,
nem os introduzem na
prática religiosa.
Isto não é promover a
liberdade de escolha,
mas impedi-los de
conhecerem Jesus
para um dia poderem optar
ou não por Ele.
Manifesta mais as
convicções religiosas dos pais!
Na verdade, os pais ainda
bem pequeninos,
procuram influenciar a
afeição por um clube de futebol,
inscrevem-nos na música
ou na dança,
num curso de línguas ou
outra atividade extra-curricular,
sem esperarem a idade
adulta para optarem.
Jesus ama as crianças e
pede que não as impeçamos
de se aproximarem dele.
Ele quer abençoa-las e
ajuda-las a crescer
como filhos e filhas de
Deus.
Jesus deseja fazê-las
amadurecer
livres para amar e fortes
para resistir às tentações,
disponíveis para servir e
sensíveis para a solidariedade,
construtores responsáveis
de um mundo melhor.
Impedir as crianças de se
aproximarem de Jesus,
é uma má aposta no
futuro e felicidade dos seus filhos.
Senhor Jesus, pedagogo da
liberdade e do amor,
ensina-nos a educar as
nossas crianças
na difícil arte de
crescerem como filhas de Deus.
sexta-feira, agosto 17, 2012
«É
permitido a um homem divorciar-se da sua mulher por qualquer motivo?»
(cf. Mt 19,3-12)
Anda o
amor desnorteado à procura dum lar seguro,
pois a
relação tornou-se volátil
e os
contratos matrimoniais a termo incerto.
As
alicerces da união são tão frágeis
que
“qualquer motivo” de pequena tempestade,
é
suficiente para derrubar um compromisso
que foi
feito para ser eterno.
O medo
de ser perderem mutuamente
acaba
por unir mais do que o amor de corações
que
agrafam vidas diferentes.
O
namoro tornou-se passatempo de desejos,
que
queimam etapas de aprofundamento
e
conhecimento mútuo,
num
flirt
romântico e utópico,
alimentado
pelo medo de perder o outro.
E
porque só colhemos o que semeamos,
há
casais que casam e descasam
como
quem muda de camisa.
Há
casais que nem têm coragem de casar
porque
filhos de pais divorciados,
criados
na insegurança do vínculo
e
alimentados pelo leite da violência e da infidelidade.
E
porque nos assustam relações humanas tão inseguras,
inventámos
o estratagema de chamar “moderno”
a esta
fragilidade que se instalou na sociedade.
No
princípio não era assim!
Deus
criou-nos para o amor que une o diferente,
e nos
compromete solidariamente,
tanto
na primavera das flores e no verão quente dos frutos,
como no
outono da diminuição das forças
e no
inverno da doença e da fragilidade da velhice.
É o
encontro de duas almas gémeas
que
quanto mais se conhecem, mais se amam,
e
quanto mais enfrentam desafios,
mais se
unem numa complementaridade
que
sorri ao futuro com esperança.
Senhor,
Deus família que nos criaste à Tua imagem,
faz
raiar a aurora do amor verdadeiro,
naqueles
que se preparam ou já vivem
o
projeto de serem unidades de vida fecunda,
em
lares de compromisso comum,
que se
ajudam mutuamente a podar o egoísmo,
para
que o amor possa florir e perfumar o lar,
com a
frescura da alegria e a segurança do futuro.
quinta-feira, agosto 16, 2012
Servo mau, perdoei-te
tudo o que me devias, porque assim mo suplicaste; não devias também
ter piedade do teu companheiro, como eu tive de ti?’ (cf. Mt
18,21-35.19,1)
O ideal de perfeição
caminha lado a lado
com a realidade nua e crua
da imperfeição.
Custa-nos a aceitar,
mas às vezes somos nós
que ofendemos o próximo,
com palavras, gestos,
silêncios e omissões.
Gostamos que nos
compreendam e perdoem,
que nos deem uma nova
oportunidade de reabilitação.
Quando isso acontece,
ficamos felizes e reconhecidos.
Quando trocamos de papeis
e somos nós os ofendidos,
a ferida interior sangra
de raiva
e a dor de injustiça
clama por vingança.
Ressentidos, como podemos
esquecer?
Perdoar é difícil quando
estamos armados
com as armas da raiva, da
vingança e do ódio.
Jesus ensina-nos a
reconhecer
que não passamos de
pedintes
que esmolam perdão toda a
nossa vida.
É a alegria de sermos
perdoados
que nos deve levar a ser
misericordiosos,
quando somos ofendidos.
É aprender a fazer ao
outro
o que gostaríamos que nos
fizessem a nós.
É sentir-nos todos
peregrinos da perfeição,
em tentativas, nem sempre
conseguidas,
de ultrapassarmos os
nossos desacertos na relação.
Senhor Jesus,
obrigado porque estás
sempre pronto a perdoar.
Dá-nos um coração bom e
misericordioso
que, quando ferido, sangre
amor e paz
e semeie perdão e
reconciliação.
quarta-feira, agosto 15, 2012
Assunção da Virgem Santa Maria
O
Todo-poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o seu nome.
(cf. Lc 1,39-56)
Maria
dá graças ao Senhor
e
exalta o Seu Santo Nome,
porque
Ele fez em si maravilhas.
É
porque Ela soube ser humilde e serva
que
Deus a exaltou e a escolheu
para
ser a Mãe do seu Filho e a Mãe da Igreja.
Ela é
a estrela Polar da esperança
que nos
faz caminhar com confiança
no
seguimento de Jesus,
fruto
fecundo das suas entranhas.
Ao
contempla-la no Céu,
acarinhada
pelo amor trinitário,
animamo-nos
a palmilhar o caminho estreito
da
obediência à vontade de Deus,
a
prosseguir orientados pelo código do peregrino
da
Palavra de Deus e da consciência reta,
a
vigiar e a proteger-nos dos perigos
com as
armas da oração e da fé,
a
correr com alegria humilde
pois
somos portadores de centelhas do Céu
que
vamos semeando por aqueles que encontramos
em
gestos de amor e solidariedade,
em
sorrisos de paz e perdão,
em
olhares acolhedores, perfumados de irmão!
Senhora
da Assunção, ensina-nos a subir para Deus,
pelo
caminho que desce ao irmão
e de
tão pequenino e humilde,
purificados
pelo Teu jeito de servir e amar,
a Deus,
o Altíssimo, possamos encontrar
e de
forma tão natural e habitual
O
possamos viver e anunciar!
terça-feira, agosto 14, 2012
Livrai-vos
de desprezar um só destes pequeninos, pois digo-vos que os seus
anjos, no Céu, veem constantemente a face de meu Pai que está no
Céu. (cf. Mt 18,1-5.10.12-14)
Os
animais quando nascem,
já
vêm com as instruções de sobrevivência
gravadas
na memória genética.
O
bebé humano é o único que quando nasce,
sabe
apenas respirar e chorar.
Tudo
o resto vai-o aprendendo pouco a pouco,
na
escola do carinho e do embalar.
Deus
fez tudo bem feito!
Ter
um filho biológico é fácil,
adotar
um filho afetivamente,
exige
muitas horas de entrega,
doação,
contacto físico, troca de carícias...
É
um banco de horas incontáveis,
cujo
preço é o nascimento de uma mãe e de um pai,
e
a descoberta dum cordão umbilical invisível
que
une para sempre o filho a estes dois corações.
Nesta
sociedade de serviços pagos,
em
que a criança cresce
sem
grande contacto com os pais,
corre-se
o risco de não se ter oportunidade,
de
ter tempo para adotar o filho afetivamente.
Talvez
por isso os pais abandonam os filhos tão facilmente,
seja
em processos de divórcio,
seja
por razões de trabalho ou carreira profissional.
Mais
grave ainda é quando os filhos
são
abusados sexualmente
ou
traficados como mão de obra barata.
Senhor
Jesus ensina-nos a ser crianças,
aprendizes
permanentes da vida divina
e
a sermos filhos do Pai celestial, como Tu.
Ajuda-nos
a ser anjos da guarda das crianças,
para
nos parecermos cada vez mais com o Pai do Céu
e
continuarmos a Tua missão.
segunda-feira, agosto 13, 2012
«O
vosso Mestre não paga o imposto?» Ele respondeu: «Paga, sim»
(cf. Mt 17,22-27)
Viver
em sociedade gera deveres e direitos.
Um país
é uma associação de cidadãos
que se
comprometem a contribuir para uma caixa comum
que
deve sustentar um conjunto de bens comuns.
Para
gerir o bem e os bens comuns,
elegem
pessoas ou associações de pessoas de bem,
com
sentido do bem comum e dos membros mais frágeis
e
capacidade de administração.
Quando
algo falha nesta associação contratual,
todos
sofrem e ficam mal.
Um
cristão é um peregrino que sabe
que não
tem aqui morada permanente,
no
entanto, enquanto aqui peregrinar,
deve
ser um cidadão exemplar,
seja
como contribuinte, seja como eleitor,
seja
como elegido e administrador,
seja
como reivindicador da ética e da justiça
ao
serviço do bem de TODOS.
O
cristão deve fazer a diferença
pela
excelência, qualidade e verdade.
Senhor
Jesus, neste tempo de crise,
em que
o bem das finanças públicas
muitas
vezes se sobrepõe ao bem comum de todos
e o bem
individual muitas vezes
foge às
responsabilidades comuns,
ajuda-nos
a ser cidadãos exemplares,
guiados
pela justiça, solidariedade e verdade.