sexta-feira, fevereiro 28, 2014

 

6ª feira da 7ª semana do Tempo Comum


Nós proclamamos felizes aqueles que foram perseverantes. (cf. Tg 5,9-12)

Deus é um eterno SIM que brota dum amor feliz.
A beleza da criação, a biodiversidade nos seus contrastes,
a complementaridade das suas relações,
tudo brota desta Aliança Primeira que é a comunhão trinitária.
Tudo traz a marca da fidelidade e da perseverança,
num diálogo paciente e misericordioso,
reconstrutor de brechas e restaurador de cacos estilhaçados.
Jesus é o rosto humano deste SIM ao amor perseverante.

As relações humanas produzem e sofrem “sins” e “nãos”.
Quando um “não” desperta outro “não” quebra-se a confiança,
sangra a raiva, aprofunda-se a distância, arrefece a paixão.
Se não se cura rapidamente a ferida com o dom dum “sim”,
nem se procura refazer a brecha com o cimento do perdão,
aparecem os amuos, as discussões, as separações, os divórcios.
Hoje a felicidade rareia no adro das relações humanas
porque a fidelidade e a perseverança está em deflação.

Senhor, Pai de misericórdia e de amor sempre renovado,
obrigado pelo Teu Sim paciente e confiante,
perante os nossos “nãos” rebeldes e reincidentes.
Jesus, Imagem do Pai, crucificado no sinal mais da cruz,
obrigado por quereres ficar connosco para sempre,
até que todos sejamos um SIM fiel e incondicional como Tu.
Espírito de Amor a avivar as chamas da paixão no coração,
faz de nós reparadores de brechas e restauradores de sorrisos

para que as relações possam reencontrar a felicidade de se dar.

quinta-feira, fevereiro 27, 2014

 

5ª feira da 7ª semana do Tempo Comum


Os brados dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do Universo. (cf. Tg 5,1-6)

Deus é forte no apoio ao mais fraco.
O Justo é extremamente sensível à injustiça.
Como Pai e Mãe, Deus conhece os gemidos dos seus filhos
e socorre os pobres de justiça e ricos de fé.
O rico, que explora a terra e os seus irmãos por avareza,
de co-criador passa a ser demolidor da Criação,
de parceiro da aliança torna-se inimigo da paz,
de colaborador na missão passa a ser um obstáculo à alegria.

A cobiça e a avareza idolatram o acumular de riqueza.
O que é um meio transforma-se num fim em sim mesmo.
A ânsia insaciável de riqueza suspende a fraternidade e a justiça,
e engorda mortalmente o coração de vanglória desertificadora.
O que é para fluir e dar vida a muita gente, é retido por um ou dois,
imobilizando a frescura fecunda da água corrente,
numa represa privada de águas concentradas e insalubres.
O fosso entre os ricos e os pobres clama por justiça
e Deus está atento a todas as nossas obras.

Senhor, só em vós descansa a nossa alma e o nosso futuro.
Liberta-nos das falsas seguranças que nos escravizam
e semeiam injustiça, mentira, corrupção e revolta.
Ensina-nos a ser sábio e ricos para gerar, à nossa volta,
vida, justiça, alegria, fraternidade, festa para todos.
Ajuda-nos a ser uma Igreja profética,

pelo testemunho e pelo anúncio, duma globalização fraterna.

quarta-feira, fevereiro 26, 2014

 

4ª feira da 7ª semana do tempo Comum


Quem sabe fazer o bem e não o faz comete pecado. (Tg 4,13-17)

Deus é a sabedoria do amor em permanente ação.
Jesus é a sabedoria do Pai a lavar os pés das ovelhas perdidas
e a repartir-se como Pão da Vida a quem tem fome de sentido.
Em Deus não há omissão nem cansaço de graça não retribuída.
A aliança de Deus, com a humanidade, é e fonte de eternidade
de vidas que não passam de neblina esfumada.
Viver em humildade e confiante realismo
é o segredo de quem sabe dizer “até amanhã, se Deus quiser...”.

Numa sociedade permissiva e tolerante sem critério,
o pecado de omissão é talvez o mais grave e abrangente.
Todos sabemos, mais ou menos, como devemos fazer o bem
ao nível do direito civil e canónico, da ética social e pessoal,
no entanto, omitimos o que não nos interessa,
enterrados no sofá do comodismo e da indiferença.
É a opção por viver “morno” no “não me comprometas”,
“não faço bem nem faço mal”, “tanto faz assim como assado”...

Senhor Jesus, incansável na doação pelo bem e salvação de todos,
cria em nós um dinamismo novo e solidário,
como membros vivos do teu Corpo a evangelizar a vida.
Liberta-nos da intolerância agressiva e clubista
e da tolerância relativista, permissiva e comodista.
Dá-nos uma tolerância fraterna e profética,

capaz de dar a vida pela verdade e pelo amor sem barreiras.

terça-feira, fevereiro 25, 2014

 

3ª feira da 7ª semana do Tempo Comum


Pedis mal, pois o que pedis é para satisfazer as vossas paixões. (cf. Tg 4,1-10)

Deus sonhou que cada um de nós fosse um anjo para o outro.
Deus colocou os pais como anjos da guarda dos filhos,
os filhos como anjos dos pais doentes e idosos,
os irmãos como anjos dos mais frágeis e necessitados,
os vizinhos como anjos dos que estão sós e carentes,
a humanidade como anjos da Criação, como casa de todos...
Esta corrente de amor solidário constrói fraternidade e paz.
Quando em vez de anjos nos comportamos como predadores,
em vez de promotores do bem comum nos centramos em nós,
contaminamos as relações com conflitos, injustiças, assassínios.

A oração de petição é uma manifestação de fé em Deus.
No entanto, sem a ajuda do Espírito Santo de Amor,
corremos o risco de pedir mal, de colocar Deus ao nosso serviço.
Jesus, quando nos revela a oração do Pai Nosso,
ensina-nos a rezar no plural, como filhos amados pelo Pai
e irmãos preocupados com o bem de todos.
Só quando desejamos a justiça e a felicidade para todos,
podemos esperar eternamente um Céu de festa universal.

Senhor, Pai nosso, dá-nos um coração grande
onde caibam todos os Teus filhos e nossos irmãos.
Jesus, nosso Irmão por opção de amor e entrega voluntária,
ensina-nos a ser grandes na capacidade de servir e amar.
Espírito Paráclito, purifica a fonte dos desejos e dos sonhos,
para que possamos sintonizar com o projeto de Deus

e ser anjos de confiança e de paz para todo o ser vivo.

segunda-feira, fevereiro 24, 2014

 

2ª feira da 7ª semana do Tempo Comum


A sabedoria que vem do alto é pura, pacífica... imparcial e sem hipocrisia. (Tg 3,13-18)

Deus é amor e atua sempre por amor.
A Sua sabedoria é criadora, misericordiosa, redentora.
Jesus é a sabedoria divina com pés humanos,
que desce do Alto, sem perder a nobreza da paz das alturas.
A Sua sabedoria bebe da Fonte no recolhimento da oração
e prova-se na missão em fidelidade crucificada.
É uma sabedoria que se perde de si no amor por todos,
resistindo à tentação de viver da sabedoria deste mundo,
cheia de espertice, de mentira e artimanha.

A inveja e a cobiça do poder, da riqueza e do prazer,
utilizam o software da mentira e da corrupção
para vencer na vida e ser mais do que os outros.
É a sabedoria do mundo que reduz a eternidade a um segundo.
Os frutos desta sabedoria é o orgulho da vanglória,
cheio de oratória, violência e injustiça.
Todos estamos tentados a viver segundo o “pai da mentira”,
sejamos nós povo ou poder, na sociedade ou na Igreja.

Senhor, Pai de toda a sabedoria que cria dignidade e mais vida,
conduz os nossos passos na paz pro-ativa
e alarga os nossos horizontes de esperança numa eternidade feliz.
Espírito de intimidade de Deus-Amor,
aumenta a nossa fé e confiança na sabedoria da Cruz de Jesus.
Jesus, encarnação da sabedoria do Pai,
faz de nós pessoas orantes, sedentos da vontade de Deus,
para que saibamos resistir, com fidelidade,

à sabedoria matreira que prejudica o outro e fere a verdade.

domingo, fevereiro 23, 2014

 

SEDE SANTOS


A que conquista mais bela,
Podemos nós aspirar,
Do que conseguir SER SANTOS,
Com mais valor que uma estrela,
Que o próprio Deus colocou,
Nos altos céus a brilhar,
Sendo santos, como Ele é Santo,
Nos ama e quer partilhar
A Sua Felicidade
E a Sua Santidade,
Na Sua imensa bondade,
Ensinando-nos a caminhar,
Fielmente, dia-a-dia,
Na Justiça e na Verdade,
Coerentemente, a espalhar
A paz e a harmonia,
Por toda a humanidade,
Sem querer mal a ninguém
E a todos saudando,
Com fraternal Paz e Bem?!

SEDE SANTOS, COMO EU SOU SANTO.
Para quem crê, traz encanto
E até um certo espanto,
Pela firmeza com que Jesus
Não fala apenas a alguns,
Da comunidade crente,
Mas a toda aquela gente,
Consciente que o seu povo
É fraco e pecador,
Porque o ama de verdade
E sem se fixar no pecado,
O convida à santidade,
Para o salvar, de novo,
E encher de felicidade.

Porque Deus nos fez Seu templo,
Deixemo-nos habitar,
Inspirar e dinamizar,
A toda hora e momento,
Pelo Espírito de Sabedoria,
Que nos ampara e guia,
Na nossa transformação,
Permitindo-Lhe esculpir,
No nosso ser e agir,
Até à REAL-IZAÇÃO
Do sonho de Deus para nós,
A luz do primeiro amor,
Com que Deus p’ra nós olhou,
Na hora em que nos criou.

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 23.2.2014  

 

7º Domingo do Tempo Comum


Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo’ (cf. Lev 19,1-2.17-18)

A santidade de Deus é a plenitude do amor.
Nele não há ódio, nem vingança, nem rancor.
Tudo é desejo de salvação, cura do que está doente,
paciente e repetido perdão, proposta de aliança eterna.
Ser santo, como Deus é santo, é seguir Jesus
e entrar nesta dinâmica de amor que responde ao mal com o bem,
como a ostra faz da agressão uma pérola preciosa.

A vida de relação tem palavras desajeitadas,
atitudes inconvenientes, gestos agressivos que ferem.
É inevitável que assim aconteça, pois estamos a aprender a ser irmãos.
Cada desencontro revela uma imaturidade ferida, escondida em nós,
mas é também uma oportunidade a evangelizarmos.
Se aceitamos que uma ofensa nos paralize na ira,
a nossa capacidade de amar acidifica de ódio e vingança,
e desencadeia-se um estado de guerra contra a alegria de viver,
e a ecologia da paz interior, à nossa volta e com Deus.

Senhor Jesus, revelação divina dum coração humano puro de amor,
cura-nos do egoísmo e medo do outro, até à raiz do nosso ser.
Ensina-nos a aproveitar cada desencontro para um crescimento mútuo
na capacidade de amar, perdoar, de fraternizar o olhar e a relação.
Dá-nos o auxílio do Teu Espírito de santidade,
para aprendermos a amar os inimigos e a rezar pelos que nos perseguem.

Da-nos o dom libertador do perdão e um coração que só sabe amar.

sábado, fevereiro 22, 2014

 

Festa da Cadeira de S. Pedro


Sou ancião como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo. (cf 1 Pedro 5,1-4)

Jesus é o Emanuel a agir no meio de nós.
A todos ama e convoca para se unirem à Sua Missão.
A uns manifesta-se como luz, a outros como palavra,
a uns desperta para a conversão de vida,
a outros para procurar, acolher e animar a ovelha perdida.
Tudo se passa no mistério da fé e na brisa do Espírito,
daí a importância do serviço de unidade e do magistério
exercido por Pedro e os seus sucessores na Cátedra de Roma.

O Papa é um pastor de pastores que servem o povo de Deus.
A cada época o Senhor nos tem dado o Papa certo.
No momento, temos um emérito que reza e intercede no silêncio
e temos outro na cátedra, que anima e testemunha a alegria da fé.
Representam as duas dimensões da vida cristã:
a oração que se faz missão escondida e nunca se aposenta,
a missão que vive da oração e convoca,
pela palavra e pelo testemunho, para a conversão a Cristo.

Senhor Jesus, Pedra angular da Cidade de Deus,
ajuda-nos a sentar na cadeira certa do seguimento e da fé.
Faz de nós ouvintes atentos do magistério de Pedro
que nos guia na verdade e serve a unidade do Corpo de Cristo.
Ajuda o Papa Francisco a ser uma voz fraterna e modelar

que conduz a Igreja às fontes do Evangelho da salvação. 

sexta-feira, fevereiro 21, 2014

 

6ª feira da 6ª semana do Tempo Comum


De que serve a alguém dizer que tem fé, se não tem obras? (cf. Tg 2,14-24.26)

A fé professada e celebrada floresce em obras de caridade.
Acreditamos no Deus-do-Amor-à-vida, em todas as situações,
por isso, praticamos a fé, oferecendo a nossa vida com alegria,
tudo abrindo com a chave do amor misericordioso e solidário.
É uma relação pessoal e confiante, vivida no mistério da aliança,
e conjugada e celebrada na primeira pessoa do plural.
É na qualidade das relações com Deus e com os outros
que revelamos a verdade e o conteúdo da nossa fé.

Hoje utiliza-se muito a bengala do: “eu cá tenho a minha fé”!
Com isto, pretende-se justificar uma fé intimista e a-comunitária,
interesseira e desligada da prática da caridade e da justiça,
projetada pela imaginação e pelas sensibilidades individuais.
É uma fé feita à medida das crenças e do medo de cada um,
que justificam a forma como vivem, 
como papas duma igreja privada.

Senhor Jesus, que nos convidas a renunciar a nós mesmos,
para podermos acolher a Tua revelação de felicidade duradoira,
liberta-nos do medo de confiar na Tua promessa e no Teu amor.
Cura as nossas relações com o perfume da bondade e da compaixão,
para que o louvor seja incenso coral e comunitário,
elevado por mãos solidárias e coração esperançado.
Liberta-nos da tentação de construir uma fé projetada,
à medida limitada da forma como vivemos e pensamos,
e dá-nos uma fé pura e revelada que nos inquiete

e nos ponha a caminho da conversão ao amor, jamais alcançado.

quinta-feira, fevereiro 20, 2014

 

5ª feira da 6ª semana do Tempo Comum - B. Francisco e Jacinta Marto


Se fizerdes distinção de pessoas, cometeis pecado.(Tg 2,1-9)

Deus não faz aceção de pessoas; a todos ama como filhos.
Escolhe os pobres para serem ricos na fé e grandes no Reino.
Cuida mais dos fracos, pois essa é a única aceção que faz o amor.
O Seu olhar fixa-se no coração e não nos adornos que possui.
Ser perfeito como o Pai do Céu é perfeito,
passa por agir da mesma forma, sem fazer aceção de pessoas.

O mundo está organizado na base da aceção de pessoas:
os pobres e os ricos, os homens e as mulheres, os novos e os velhos,
os sábios e os ignorantes, os do governo e os da oposição,
os do nosso clube e os adversários, os da família e os outros,
os nacionais e os estrangeiros, os da nossa religião e os outros...
Esta distinção de pessoas manifesta-se pelo tratamento dado,
pelo acolhimento ou rejeição, pelo salário, pelas benesses...
Fala-se tanto dos direitos humanos porque rareiam.

Senhor Jesus, fraternófilo por convicção e missão,
cria em nós a fraterno-génese a fecundar cada relação.
Abre os olhos do nosso coração à beleza da diferença
e inquieta a nossa consciência com a justiça da dignidade.
Cura-nos dos privilégios de classe e distinções de honra,
e torna-nos o amparo do fraco e a esperança do desanimado,
para que nesta peregrinação para a Terra sem males,

ninguém fique para trás, nem marginalizado da fraternidade.

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

 

4ª feira da 6ª semana do Tempo Comum


Renunciando a todos os vestígios de maldade, acolhei docilmente a palavra que em vós foi plantada. (cf. Tg 1,19-27)

Deus semeia, incansavelmente, a Sua Palavra de vida em nós.
Por meio dela, comunica-nos a salvação e a força criadora do amor.
Se andamos entretidos com projetos maus e iras de estimação,
os ouvidos zumbem de ausência e ruído,
a memória fica cheia de recorrências, em disco riscado,
e solta-se a língua em solilóquio intempestivo.
Só um coração assumidamente pobre de verdade e de luz
anseia pela Palavra como o cego pelo seu guia.

A ira cega e ensurdece-nos o coração.
Os outros passam a ser árvores a andar, sem rosto e dignidade.
O que ouvimos são vozes interiores que ecoam raiva e vingança.
É uma vida infetada pelo vírus do ódio e da desconfiança,
que vegeta à volta de si mesma, sem horizontes de paz.
O antivírus que nos cura é o scan da Palavra de Deus,
que nos faz ver no espelho da verdade e da compaixão 
e nos liberta da ira e pacifica o coração.

Senhor Jesus, Palavra do evangelho com sandálias de peregrino,
limpa a nossa memória do ressentimento
e tonifica o nosso coração para a ousadia do perdão fraterno.
Cura-nos da empedernite do coração que nos desfigura
e limpa-nos da cera ensurdecedora do ativismo consumista e avaro.
Envia-nos o Teu Espírito que afina os nossos recetores
e aprendem a escutar-Te nos sinais dos tempos,
na voz da consciência e na Palavra celebrada e proclamada.

terça-feira, fevereiro 18, 2014

 

3ª feira da 6ª semana do Tempo Comum


Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do alto, descem do Pai das luzes. (cf. Tg 1,12-18)

A Luz da bondade acompanha-nos toda a vida.
Fomos gerados pela beijo do Amor trinitário,
recriados pela Palavra Encarnada, em oferta de dom que salva,
iluminados pelo Espírito que purifica e santifica o desejo.
Os desejos são necessidades cegas, necessitadas de orientação.
Entregues a si mesmos, os desejos arrastam e seduzem,
envolvendo-nos no capricho irracional e centrípeto,
que instrumentaliza a todos os que vivem à nossa volta.
O desejo, sem a luz da liberdade e do bem, feito dom,
transforma a brisa em ciclone e gera o pecado e a morte.

Algumas filosofias e conceções religiosas
advogam a supressão do desejo, como meio de evitar o mal.
No entanto, nem todos os desejos são maus:
há o desejo de ser santo, de amar incondicionalmente,
de perdoar, de ajudar o próximo, de construir o bem comum,
de ser justo e promover a paz, de acreditar e seguir Jesus...
O desejo, liberto da orientação egoísta,
é um dinamismo que nos põe à procura,
e nos move para a glória de Deus e o bem de todos.

Senhor Jesus, desejo eterno de amar e salvar toda a criação,
purifica a fonte dos nossos desejos e orienta-nos com Tua luz.
Fermenta a nossa vontade com a força do teu Espírito
para que saibamos distinguir o bem do mal
e optar pelas pegadas da aliança e da santidade.
Faz-nos crescer na maturidade do desejo altruísta,
para que, como Tu, saibamos amar sem possuir,
servir sem dominar, perdoar sem ressentimentos nem desistências,

louvar o Pai com fé e confiar na Tua Palavra com fidelidade.

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

 

2ª feira da 6ª semana do Tempo Comum


A vossa fé, assim provada, produz a constância. (cf. Tg 1,1-11)

Ter fé é acreditar plenamente em Jesus, como servo confiante.
As provações e dificuldades testam este laço de confiança
em todas as situações da vida, no Estio árido e no Inverno regado.
Uma fé assim provada, aprofunda as raízes da esperança
e acostuma o corpo à constância nas noites escuras
e ao testemunho alegre de quem bebe numa nascente invisível,
para além das ondas revoltas e do vento ressequido, à superfície.

Para evitar ter problemas, busca-se uma fé em redoma de vidro.
Esta redoma umas vezes é a fuga ao mundo que desafia a fé
com questões pertinentes e propostas alternativas.
Outras vezes, é a separação entre o sagrado e o profano,
a fé e a vida, a Igreja e a sociedade, o privado e o público,
a ética do que Deus quer e a ética do que eu quero.
O resultado é uma fé tipo alga solta no mar,
que vai oscilando conforme o movimento das ondas,
sem identidade própria nem firmeza radical.

Senhor Jesus, confiança filial e incondicional ao amor do Pai,
aumenta a nossa fé e amadurece-a nas provações e nas crises.
Dá-nos uma fidelidade inquieta e vigilante,
enraizada na escuta da Tua Palavra e no seguimento da Tua Missão.
Fortalece a nossa humildade e coerência de vida,
para que Te sirvamos com alegria evangelizadora

e sustentemos os vacilantes na fé, em tempo de tempestade.

domingo, fevereiro 16, 2014

 

POR TANTO NOS AMAR, DEUS NOS QUER SALVAR


Deus Pai nos ama tanto,
Que, em Jesus, vida e acção,
Nos revelou o Seu plano,
De felicidade total,
Ou realização plena
Da alma que não é pequena,
Ao abraçar os mandamentos,
Em espírito de liberdade,
De coração e vontade.

A possibilidade de optar,
Que Deus a todos concede,
Permite-nos caminhar,
Numa permanente escolha,
Livre, consciente e gozosa,
A quem olha com empatia
Tudo o que Deus nos propõe,
Na vida do dia-a-dia,
E que, por nos querer bem,
Vantagens p’ra nós contem,
Pois nem tudo nos convém,
Se sonhamos encantar-nos
Com a beleza da rosa,
Que não murcha nem desfolha,
Porque resiste aos espinhos
E à dureza da rocha,
Desafiando o olhar
De quem vive para amar,
Por só em Deus confiar.

Na sua cor e perfume,
A rosa não se envaidece,
Mas a Deus um louvor tece,
Por estar bem consciente
Que Ele é o seu Criador,
Dizendo a quem passa por ela:
Se queres ser rosa bela,
Abre o teu entendimento
À vida que Deus te deu.
Trata-a e cuida bem dela,
De coração e olhos no céu,
Porque a fé potencia a vida
Daquele que em Deus acredita,
Graças ao Espírito Santo
Que tudo vê e penetra,
De forma misteriosa e certa,
Com sabedoria e encanto.

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 16.2.2014

 

6º Domingo do Tempo Comum


Se quiseres, guardarás os mandamentos: ser fiel depende da tua vontade. (cf. Sir 15,16-21)

Deus criou-nos livres e com a capacidade de fazer escolhas.
A vida está cheia de encruzilhadas e de propostas de felicidade.
Cada segundo é uma opção entre a vida e a morte,
entre o curto prazo sem horizonte e a longa eternidade.
Os mandamentos são uma carta de amor, escrita por Deus,
que aponta prioridades a escolher e alertas de perigos a evitar.
A fidelidade nasce dum amor agradecido e correspondido
e não do medo do castigo e da letra sem coração.

A liberdade é um dos direitos sagrados do ser humano.
É a capacidade de fazer escolhas e de expressar o que pensa,
que nos faz semelhantes a Deus e nos afirma como seres únicos.
No entanto, a massificação, o medo de ser diferente, a ideologia,
as pressões económicas, sociais, religiosas e políticas,
a miséria, o marketing, a má formação da consciência...
ameaçam gravemente a capacidade de fazer escolhas livres.
Às vezes é difícil de saber se somos marionetas telecomandadas
ou pessoas livres para escolher o que compramos e valorizamos.

Senhor Jesus, que nos chamas a subir à montanha da vida,
desperta-nos para as pequenas-gandes opções do dia-a-dia:
a palavra que falamos ou silenciamos, o olhar que cobiça ou perdoa,
o escutar que acolhe ou despreza, a mão que acarinha ou agride,
o coração que ama ou que mata, o amor que constrói ou divide.
Dá-nos o Teu Espírito de liberdade para amar e servir a vida,
e liberta-nos de tudo o que nos cega o discernimento,

adormecendo ou hipnotizando a raiz da nossa vontade.

 

EU TE ADORO, SENHOR!


Nesta manhã, Senhor,
Eu Te adoro, com fé e amor,
No mundo belo que criastes,
Para Te fazer presente,
Aos olhos de toda a gente,
Seja crente ou não crente.

Quem pode ficar indiferente
A tanta maravilha existente,
Que fala ao coração
Do crente e do pagão,
Porque a todos tens amor,
Deu clemente e paciente,
Com o justo e o pecador.

A chuva cai, para todos,
Sobre a terra ressequida
E o sol ao despontar,
Com seus raios benfazejos,
Ajuda a germinar
E a florir, por toda a parte,
As sementes que lançaste,
Com tanto amor e arte,
Para termos, sem medida,
O pão que garanta a vida.

Eu Te adoro nos templos,
Erguidos para Te louvar,
Como povo reunido
À volta do Teu altar,
E aí, na Tua Palavra
Encontra alimento, sem par,
Que alimenta e salva,
E o transforma, dia-a-dia,
Para mais se identificar
Contigo, Senhor, Deus vivo,
Em todo o tempo e lugar,
Já que Te dignaste escolher
Nosso pobre coração,
Para, em nós, sempre habitar.

QUE A VIRGEM SANTA MARIA,
MULHER DO SIM, NA ALEGRIA,
AOS PLANOS DE DEUS AMOR,
ME ENSINE A SER SACRÁRIO,
VIVO E SANTO DO SENHOR!

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 15.2.2014

sábado, fevereiro 15, 2014

 

Sábado da 5ª semana do Tempo Comum


Jeroboão subiu ao altar que fizera em Betel, para oferecer sacrifícios aos bezerros feitos por ele. (cf. 1 Reis 12,26-32; 13,33-34)

Deus escolheu Jeroboão para rei das dez tribos do Norte,
mas Jeroboão não escolheu Deus para seu Rei e Senhor.
Com medo de perder o poder, impede o povo de ir a Jerusalém,
e constrói dois bezerros de ouro para colocar em Betel e em Dan.
Como no deserto, passa a ser um povo sem aliança revelada,
entregue aos ídolos feitos pelas suas próprias mãos.
São de ouro e brilham em delírio de desespero e insegurança,
mas retiram à vida o horizonte do mistério da fé e a luz da aliança.
Tudo é mensurável, previsível, manipulável, limitado.

Assistimos hoje a políticas parecidas à de Jeroboão:
impedir o culto ao Deus vivo e o discernimento dos valores.
Apresentam-se propostas de ocupação do Domingo
como dia de compras nos shoppings abertos, de lazer,
de descanso, de desporto, de cultura, de trabalho de casa...
Leva-se a missa para casa, por meio da TV e internet,
antecedida e pós-seguida de publicidade aos bezerros de ouro,
que hoje idolatram os sonhos e preenchem vazios de sentido.

Senhor Jesus, cheio de compaixão pelas ovelhas sem pastor,
sacia a nossa fome de sentido e fortalece a nossa fidelidade.
Dá-nos um coração bom e descentrado do medo de nos perdermos.
Liberta-nos da tentação dos montes altos sagrados,
onde nos olhamos ao espelho de bezerros de ouro
e adoramos a vanglória das nossas inseguranças.
Cura-nos do pânico da concorrência predadora

e ensina-nos a rivalizar uns com os outros na estima mútua.

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

 

Festa de S. Cirilo e S. Metódio, co-padroeiros da Europa


Encheram-se de alegria e glorificaram a palavra do Senhor. (cf. At 13,46-49)

A proposta do evangelho é sandálias e bastão para a vida eterna.
A Palavra anunciada é fonte de alegria e de esperança,
que abre a porta do Céu a todas as pessoas inquietas de mais.
Glorificamos a Palavra do Senhor, acolhendo-a com alegria,
praticando-a com fidelidade, anunciando-a com amor.
A evangelização é o anúncio, numa linguagem local,
da novidade misteriosa e salvadora da graça divina,
em gramática revelada de aliança eterna e ternura libertadora.

Os países historicamente cristãos adormeceram na tradição.
A ilusão do progresso tecnológico e eletrónico
abafa a sede de felicidade sustentada e de céu de fraternidade.
O pior mal do nosso tempo é a surdez à verdade do irmão e de Deus,
e a mudez egocêntrica da justiça, do perdão, da solidariedade,
do anúncio de boas novas e do louvor ao Criador.
O resultado é a miopia do presente, com a ilusão do-para-sempre.

Senhor Jesus, ouvidos do Espírito e Palavra do Pai,
cura-nos da nossa surdez e liberta-nos da nossa miopia,
para que possamos ouvir a Tua Palavra de luz
e anunciar a Tua boa nova de esperança de vida eterna.
Como S. Cirilo e S. Metódio ensina-nos a criar um alfabeto novo,
que grave e comunique fraternidade e esperança,

em linguagem de fé e de amor que todos entendam.

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

 

5ª feira da 5ª semana do Tempo Comum


O seu coração já não pertencia inteiramente ao Senhor. (cf. 1 Reis 11,4-13)

Salomão fez alianças políticas e casou com mulheres estrangeiras.
Deixou de confiar apenas no Senhor, seu Deus.
Além do templo que construiu a Javé, Senhor do universo,
construiu lugares de culto a outros deuses, para agradar a todos.
Arrastou o seu povo para o sincretismo e a idolatria,
numa confusão tolerante de amores e de cultos.
A sua prática manifesta um coração dividido e adúltero
que quer ser de todos e não é inteiramente de ninguém.

A santidade de vida e a fidelidade a Deus
devem ser provadas cada dia e até ao fim da vida.
Por isso, a Igreja só canoniza pessoas depois de terem falecido
e apenas após alguns anos e detalhada análise da sua vida.
A qualquer momento o sábio Salomão se pode corromper
e tornar-se num súbdito dos seus amores.
A vigilância deve ser permanente, pois, sem se dar conta,
um grande santo pode tornar-se num grande pecador.
As pequenas concessões à idolatria bloqueiam-nos o coração
adormecem-nos a liberdade e enfraquecem-nos o zelo.

Senhor, Deus fiel à Sua aliança e à Sua palavra,
fortalece o nosso amor e livra-nos da tentação do mal.
Cura-nos de uma vida osmóstica, mimética e sincrética,
onde tudo é relativo e nada tem valor absoluto.
Dá-nos uma fé enraizada na fidelidade e na perseverança,
e acolhe-nos, na Tua misericórdia, quando voltamos penitentes.

Cuida de nós, Senhor, e desperta-nos a conversão do coração.

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

 

4ª feira da 5ª semana do Tempo Comum


É pelo eterno amor que dedica a Israel que o Senhor te fez reinar, para exerceres o direito e a justiça.(cf. 1 Reis 10,1-10)

A rainha de Sabá fica maravilhada com a sabedoria de Salomão,
e o direito e a justiça com que todos são tratados.
Não só o rei prosperou, mas todo o povo, à sua volta, está bem.
Foi por amor a Israel que Deus escolheu Salomão,
é por amor a Deus e ao seu povo que o rei governa assim.
É uma sabedoria amiga que glorifica a Deus e serve o seu povo.

A sabedoria dos governantes mede-se pelo bem estar de todos.
Um país rico em recursos, geridos como bem comum,
cria educação, saúde, soberania alimentar e justiça para todos.
Quando o chefe dum país pobre é um dos mais ricos do mundo,
não se trata de sabedoria, mas de arte e manha a engordar de gula,
à custa da miséria e da fome da maioria do seu povo.

Senhor, sabedoria dum coração infinito, onde todos cabem,
dá-nos a sabedoria dum coração puro e justo,
belo de bondade e generoso de amor solidário.
Cura-nos da gula que nos mata de avareza
e seca tudo à nossa volta, desertificando a alegria.
Faz-nos construtores de um mundo mais justo e livre

com a sabedoria da Tua Palavra que de tudo faz um aliado.

terça-feira, fevereiro 11, 2014

 

3ª feira da 5ª semana do Tempo Comum – N. Sra de Lurdes


Escutai a oração que neste lugar Vos dirigir... Escutai da vossa morada no Céu; (cf. 1 Reis 8,22-23.27-30)

Salomão sabe distinguir entre o templo, “lugar de oração”,
e a “morada de Deus” no Céu e no meio dos homens.
Anda-se na presença do Senhor e é-se escutado por Ele
quando a aliança é o núcleo vital de todo o nosso coração.
O templo é o lugar da memória, do encontro consciente,
da conversão humilde, da fé suplicante, do povo orante.
Mais do que um lugar de morada é uma janela de vislumbre.

Muitos templos tornaram-se lugar de visita turística,
pois guardam grandes tesouros artísticos da humanidade.
Não é um ambiente religioso o que se cria nestas visitas culturais
e na participação social nas celebrações da bênção das pastas,
batismos, primeiras comunhões, crismas, casamentos, funerais...
O templo passa a ser um salão público de encontro social
sem memória do sagrado nem caminho de conversão.

Senhor do Céu, misterioso e inatingível,
Senhor tão próximo e sensível aos gemidos suplicantes,
abre-nos à Tua presença pela nuvem luminosa da fé.
Ajuda-nos a encontrar-te pela arte e beleza dos templos
e a buscar-te no silêncio orante e ouvinte da Palavra.
Grava no nosso coração os caminhos do santuário
para que quando visitemos o templo
mergulhemos no mistério duma verdade amorosa

que fecunda, impercetível, todos os momentos da nossa vida.

segunda-feira, fevereiro 10, 2014

 

2ª feira da 5ª semana do Tempo Comum


Colocaram a arca da aliança do Senhor no seu lugar, isto é, na parte interior do templo, chamada Santo dos Santos. (cf. 1 Reis 8,1-7.9-13)

Salomão construiu um templo grande e belo para o Senhor.
A arca da aliança foi colocada no seu interior,
pois o mais importante e sagrado é sempre um mistério.
A glória de Deus encheu o templo com uma nuvem escura,
pois a fé é um dom divino e um caminhar humano na noite,
em busca da Fonte da Luz, da aurora sem ocaso.
A aliança, com a sua palavra de vida, é esta candeia e pão,
que nos faz peregrinar até ao interior da verdade.

A vida está cheia de realizações humanas que nos orgulham.
Fazemos projetos, construimos sonhos,
trabalhamos para o currículo, edificamos catedrais...
Até colocamos a imagem de Jesus ou de um santo em destaque,
mas dificilmente O deixamos entrar no nosso “santo dos santos”.
É mais fácil construir uma casa para Deus
do que deixar que Ele habite e tome conta da nossa casa.

Senhor nosso Deus, Nuvem insondável que nos põe à procura
da verdade, da liberdade, dum amor pleno, duma felicidade eterna,
dá-nos força e perseverança para correspondermos à Tua aliança.
Envia-nos o Teu Espírito e grava a Tua aliança no nosso coração.
Faz de nós templos vivos que Te oferecem sacrifícios agradáveis

na liturgia do quotidiano e no sagrado da consciência pura e reta.

domingo, fevereiro 09, 2014

 

COMO SER SAL E SER LUZ


Como agradecer ao Senhor
A confiança em nós depositada,
Nós que somos de barro,
Matéria frágil e faca,
Mas que Ele convida a ser sal,
Que salga e dá sabor,
E lâmpada sempre acesa,
Não debaixo dum alqueire,
Mas num candelabro colocada,
Para bem iluminar
Quem se encontre na sala
Ou mesmo à volta da mesa?!

Esta é a bela Missão
Que dá sentido à vivência
Responsável do Cristão,
Chamado a ser sal da terra
E luz para o mundo inteiro,
Apontando caminhos de vida,
De paz e amor verdadeiro,
Haurido em Cristo Jesus,
Nossa verdadeira Luz.

Esta luz que assim brilha,
Vem de dentro para fora,
Sinal de que em nós mora,
Alimentada por achas
De justiça e caridade,
Verdade e fraternidade,
De modo a afastar as trevas
Que afligem a humanidade.

Pois, como canta o salmista,
Para o homem recto,
Misericordioso, compassivo e justo,
Nascerá uma luz, no meio das trevas.

Este jamais será abalado;
O justo deixará memória eterna.
Ele não receia más notícias:
Seu coração está firme, confiante no Senhor.

O seu coração é inabalável, nada teme;
Reparte com largueza pelos pobres,
A sua generosidade permanece para sempre
E pode levantar a cabeça com altivez.
(Cf Sal 111)

Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 9.1.2014



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