sábado, fevereiro 28, 2015

 

Sábado da 1ª semana da Quaresma


Amai... e orai... para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; (cf. Mt 5,43-48)

Jesus vem do alto e aponta-nos horizontes grandes:
amar com um amor perfeito, digno dum filho de Deus,
que faz brilhar o sol e descer a chuva sobre bons e maus.
Amar e orar é o programa de vida desta Quaresma,
onde o “hoje” é o dia sem adiamentos nem desculpas,
para deixar que o Filho nos molde e nos faça crescer
até à estatura dum coração sem resquícios de ódio,
em total paz, descontaminado de desejos de vingança,
mesmo quando o amor não é correspondido e até perseguido!

Condenamos aqueles que matam em nome de Deus
e é um sacrilégio invocar o santo Nome de Deus para matar,
no entanto, pomos em dúvida a própria existência de Deus
porque Ele não distingue claramente os seus filhos,
enviando raios sobre os maus e bonança sobre os bons.
Gostaríamos de um Deus que amasse os que O amam
e odiasse e castigasse os que O ignoram ou combatem,
no entanto, Deus é amor e não sabe odiar, só quer salvar!
É por isso que Jesus é verdadeiramente Filho de Deus!

Pai santo, o teu perfume de amor inunda a criação
e as leis da natureza estão cheias da tua bondade incondicional.
Obrigado porque nos queres elevar à condição de teus filhos,
semelhantes no coração e amantes no servir e relacionar.
Cristo, verdadeiro Filho de Deus e Filho do Homem,
envia-nos o teu Espírito e recria-nos à tua imagem,
para que saibamos amar e orar sempre e em toda a parte.

Dá-nos a tua paz e ensina-nos a perdoar de coração!

sexta-feira, fevereiro 27, 2015

 

6ª feira da 1ª semana da Quaresma


Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto vais com ele a caminho. (cf. Mt 5,20-26)

Jesus recorda-nos que somos companheiros de caminho.
Pelo caminho vão havendo encontros e desencontros,
na arte inevitável de acertar arestas entre pessoas diferentes.
O caminho da vida é uma escola para aprender a relacionar-se,
não uma biblioteca para catalogar bons e maus
nem um museu para embalsamar adversários e estatuar amigos.
A reconciliação é um dom que permite a ambos crescer no louvor.
Sem reconciliação humana não há comunhão divina.

Há pessoas que fazem da vida um campo de batalha,
entre fugas, revoltas, vinganças, murmurações, condenações.
Imaginam um Céu grande, com quartos privados de escondimento,
onde a comunhão plena possa ser ludibriada pelo silêncio
e o grande e eterno encontro possa ser um eterno desencontro.
Por isso, reza-se a Deus, mas não se fala com o irmão,
comunga-se Cristo, mas abstêm-se de comungar o irmão,
busca-se a paz, alimentando a raiva com o adversário,
cumpre-se o dever religioso, mas não oferece perdão cada dia.

Senhor, Misericordioso a jorrar vida e reconciliação,
dá-nos um coração bom, afável e aberto ao diálogo.
Cristo, Palavra da graça divina a oferecer salvação à humanidade,
ensina-nos a fazer da nossa vida uma escola de comunhão.
Espírito de paz e força dos que sofrem injustiça,
da-nos a coragem de perdoar a ofensa e
de fazer memória do amor divino a toda a prova,
promovendo a reconciliação e construindo a paz.



quinta-feira, fevereiro 26, 2015

 

5ª feira da 1ª semana da Quaresma


Pedi... procurai... batei à porta... do vosso Pai que está nos Céus. (cf. 7,7-12)

É o amor que escuta a súplica dos filhos e dos amigos.
É a confiança que nos faz virar, nas dificuldades,
para quem nos pode valer, porque sabemos que nos ama.
Jesus anima-nos a fazer como Ele: dirigir-nos ao Pai,
pedir-lhe sem medo, procura-lo na noite e bater-lhe à porta.
A oração de súplica é um ato de fé nAquele que nos espera,
com um remédio que muitas vezes não esperamos,
mas que acreditamos que é o único que nos pode salvar.

É nas horas de aflição que descobrimos em quem confiamos.
Pedimos aos pais e amigos, procuramos alguém poderoso,
batemos à porta dum santo ou de um bruxo de renome.
Uns não sabem em quem confiar, por isso, vão a todos,
experimentam todos os remédios e mezinhas,
frequentam o santuário e o terreiro dos salvadores mágicos.
“Pedir, procurar, bater à porta” é um dinamismo de fé
e não uma máquina que funciona ao clique de uma moeda!

Senhor, Pai de bondade, que escutas a súplica dos que sofrem,
obrigado por tanto bem que nos fazes, sem nos darmos conta.
Jesus, Filho amado de Deus e nosso irmão maior,
dá-nos um coração que confia e ensina-nos a rezar com fé.
Espírito de sabedoria, que nos guias no caminho da procura,
nos revelas o que devemos pedir e nos abres a porta do amor,

fica connosco e liberta-nos dos falsos mágicos da redenção.

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

 

4ª feira da 1ª semana da Quaresma


Nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal de Jonas. (cf. Lc 11,29-32)

A Palavra de Deus é enviada de muitas formas
para nos despertar para a conversão e nos salvar da perdição.
Umas vezes o portador é um profeta estrangeiro e desconhecido,
outras é o Papa, o bispo, o pároco, o consagrado ou consagrada,
outras é a criança que nos avisa que o rei vai nu,
o jovem que desmascara a incoerência entre a palavra e a vida,
o amigo ou o cônjuge que nos corrige a falta de caridade,
o pobre ou um evento trágico que nos desperta da indiferença.
Cristo é a Palavra de Deus enviada a mim, hoje,
a iluminar a verdade da minha vida com promessa de salvação,
e a esperar uma resposta pessoal e comunitária de conversão.

O maior obstáculo à conversão é fazer da vida um espetáculo:
em vez de sujeitos da ação, tornamo-nos espetadores curiosos,
que gostam de ver e ouvir coisas novas, de dar opinião,
como se a vida fosse um passatempo ou um teatro.
Os meios de comunicação social de tudo fazem um produto,
um espetáculo a fruir e a consumir.
É a tentação de viver de missas bonitas transmitidas pela TV,
de missas espetáculo que passam sem darmos conta,
de sacramentos encomendados e gravados em fotos e vídeos...
É um gnosticismo de divertimento que preenche o tempo,
mas não faz de nós sujeitos nem destinatários da salvação.

Pai de bondade, obrigado porque não te cansas de nos avisar
e de propor a salvação a todos, como filhos amados.
Cristo, Palavra humilde e amiga, que nos falas de muitas formas
e por nós dás a vida para que tenhamos vida renovada.
Espírito de verdade, liberta-nos da vida-passatempo,

e faz de nós sujeitos e protagonistas da tua salvação.

terça-feira, fevereiro 24, 2015

 

3ª feira da 1ª semana da Quaresma


Orai assim: ‘Pai nosso'. (cf. Mt 6,7-15)

Jesus partilha connosco a sua experiência de oração:
encontro filial, íntimo e misterioso, confiante a aberto,
de louvor e de petição, humilde e misericordioso.
A oração mais do que uma retórica de convencimento de Deus
é um abrir-se à sua presença, escutar o bater do seu coração,
deixar-se tocar pela sua paz, entregar-se nos braços da sua vontade.
Isto supõe começar por entregar-se à luz do Espírito Santo
e sentir o desconforto de lançar-se confiante no abismo de Deus!

Circulam por aí as “correntes de oração poderosa”.
Atribui-se o poder automático a palavras e à corrente interrupta,
como se tudo fosse magia de signos e domínio de forças invisíveis.
Nestas correntes não se pretende a nossa conversão a Deus,
mas a conversão de Deus aos nossos projetos e desejos.
É uma forma de ficar tudo na mesma,
agora com os poderes do além do nosso lado.
Jesus diz-nos que não devemos orar como esses gurus da sorte,
mas devemos orar como Jesus, na forma, na atitude e nos objetivos.

Pai Santo, imensidão insondável e proximidade amável,
obrigado por nos teres gravado na palma da tua mão,
como aliança eterna, paterna e materna de amor.
Cristo, nosso salvador e pedagogo do encontro com o Pai,
ensina-nos a rezar com o coração filial e fraterno,
alimentado pela Palavra de Deus e sedento de fazer a sua vontade.
Espírito Santo, alento divino e comunhão sem barreiras,

balbucia em nós o diálogo de escuta e dá-nos a tua paz.

segunda-feira, fevereiro 23, 2015

 

2ª feira da 1ª semana da Quaresma – S. Policarpo


Vinde, benditos de meu Pai. (cf. Mt 25,31-46)

O Verbo Divino, como misericórdia enviada pelo Pai no Espírito,
encarnou, não apenas no Filho de Maria, mas em todos os frágeis,
que na sua condição de indigentes, clamam por fraternidade solidária.
A caridade não é optativa para alguns mais santos,
mas o fruto natural de quem aderiu a Cristo, pelo Batismo.
Benditos do Pai de Jesus são os que saem da sua indiferença
e vão ao encontro do necessitado, fazendo dele o seu próximo irmão.
Benditos de Deus são os que servem a Cristo no irmão,
simplesmente porque acreditam no amor e o praticam.

Praticar a caridade é cada vez mais complexo.
Num mundo onde não há tempo para estar e conhecer,
a solução é dar esmolas ao que nos bate à porta ou ignora-lo.
O necessitado, embora se sinta um farrapo, vai batendo à porta,
e encontra sempre alguém que lhe deixa cair umas moedas
e assim vai fazendo da mendicidade uma forma de vida.
É natural que nesta caridade forçada e alimentada,
haja uns espertos que vão inventando umas mentiras
para explorar os sentimentos dos mais ingénuos e apressados.
Quando isto vem para a comunicação social,
gera-se a desconfiança e justifica-se a indiferença.
Como andamos todos a correr todos perdemos em humanidade!

Senhor Jesus, amor encarnado que gera fraternidade,
ensina-nos a ver com o coração e a ter tempo para amar,
para escutar, cuidar e acompanhar o irmão necessitado.
Faz da Igreja uma escola de hospitalidade, aberta a todos,
como comunidade alternativa à indiferença e ao egoísmo.
Nesta Quaresma desperta em nós a solidariedade,
para que possamos adotar alguém frágil como irmão.
Dá-nos o teu Espírito de santidade

e faz de nós benditos filhos e filhas do teu coração.

domingo, fevereiro 22, 2015

 

“ARREPENDEI-VOS E ACREDITAI NO EVANGELHO”



Os caminhos do Senhor,
São de Verdade e Amor,
Para quem é fiel à Aliança,
Que, desde a eternidade,
Nos garante a esperança
Duma vida feliz e santa,
Para toda a humanidade,
Aliança tornada visível,
Compassiva e credível,
Ao enviar-nos Seu Filho
Unigénito Jesus Cristo,
Que, por todos, deu a vida,
Pelos justos e injustos,
Lavando nosso pecado,
No Seu sangue derramado,
Por amar-nos, sem medida.

Ele, o Justo dos justos,
Feito, em tudo, igual a nós,
Excepto no nosso pecado,
Não rejeitou carregar,
Sobre Si nosso pecado,
E, impelido pelo Espírito,
Foi orar para o deserto,
Onde também foi tentado,
Mas permaneceu isento
Da maldade e do pecado,
Deixando o próprio Satanás,
Que se arvorou em senhor
De todo o mundo criado,
Sem argumentos, calado.

Sabendo que João foi preso,
Avançou para a Galileia,
Onde a situação era feia,
Mas Ele não teve medo,
Porque, no Pai e em nós, pensava
E, erguendo a voz, suplicava:
“ARREPENDEI-VOS E ACREDITAI
NO EVANGELHO”,
Que é para todos vós
A Boa Nova do Pai,
Pois “já se cumpriu o tempo
E o Reino de Deus está próximo”.

Eis aqui o Seu apelo
Ao sincero arrependimento
Do pecado praticado
E a mudarmos de vida,
Sendo fiéis a Jesus,
Caminho de Verdade e Amor,
Dando-Lhe todo o louvor,
Que jorra a todo o momento,
Do coração e pensamento,
A impelir-nos à acção,
Que fale de fidelidade,
E vida feita oração.


Maria Lina da Silva, fmm-Lisboa, 22.02.2015     

 

1º Domingo da Quaresma


Jesus esteve no deserto quarenta dias e era tentado por Satanás. (cf. Mc 1,12-15)

O Espírito impele-nos ao deserto, a um êxodo libertador,
a um percurso novo em direção à terra prometida,
a um retiro comunitário, onde a voz de Deus se escute
e ponha à prova outras vozes tentadoras do volta-a-trás,
da murmuração, da revolta, da idolatria, do autismo egoísta.
São quarenta dias para reacreditar no Evangelho de Jesus
e renunciar a outros evangelhos de engano e de ilusão.
Quaresma é uma opção de vida: deixar-se conduzir pelo Espírito,
guiados pela mão de Jesus e aprender com Ele
a reconhecer o Mal e a resistir às suas tentações de felicidade.

Muitas vezes pensamos que pelo fato de sermos praticantes,
batizados e consagrados, que já não somos tentados!
Não! Satanás tenta-nos sempre e torna-se mais criativo,
quando vê que nos queremos ver livres dele.
Por isso, um retiro pode ser um tempo de grande prova,
a oração uma ocasião para distrações e devaneios,
a Eucaristia um assalto de ruídos interiores
que negam o Corpo de Cristo que comungamos...

Senhor Jesus, Aliança nova que nos lavas do pecado,
dá-nos o teu Espírito de discernimento e de fortaleza
para sabermos identificar e lutar contra o Mal.
Aumenta a nossa fé na bondade do teu Evangelho
e ensina-nos a caminhar em Igreja, em retiro purificador
de tudo o que nos afasta do irmão e do louvor ao Criador.

Pai, não nos deixes cair na tentação e livra-nos do Mal.

sábado, fevereiro 21, 2015

 

Sábado depois das Cinzas


Vim chamar os pecadores, para que se arrependam. (cf. Lc 5,27-32)

Jesus é a salvação que vai ao encontro dos que lhe viram as costas.
É o amor, com sandálias de fidelidade e bordão de pastor,
que vai à procura das ovelhas perdidas, lhes estende a mão de médico,
e com o brilho dos olhos de quem encontrou o amado,
lhes propõe vida e o arrependimento, seguindo-O em festa.
Quaresma é tempo de graça, para escutarmos a súplica do Amor:
“Vinde, ó pecadores, ao lar donde partistes e curai as feridas,
deixa-vos tocar pelo Médico do perdão e Cirurgião do pecado,
e alimentar pelo Pão da vida e acreditai no Evangelho!”

Às vezes instala-se um desânimo de doença incurável:
“isto já não tem remédio, pequei demasiado para ser perdoado,
estou sempre a repetir os mesmos pecados, não vale a pena!”
Assim, deixamos de ir à confissão, rezamos descrentes,
somos inconstantes na participação da Eucaristia,
tornamo-nos céticos e desconfiados de quem vive a fé com alegria.
O demónio gosta de nos ver virados para nós mesmos,
tristes e descrentes do amor recriador e redentor de Jesus.

Senhor Jesus, Médico dos doentes incuráveis,
obrigado por mais esta Quaresma, dom do teu amor.
Obrigado por esse olhar fraterno e acolhedor,
que não julga nem condena, mas nos purifica, abraça e levanta.
Aumenta a nossa fé no teu amor misericordioso
e liberta-nos do medo de começar de novo,
na humildade confessada dum filho arrependido,

que se deixa conduzir e guiar pela Palavra da vida.

sexta-feira, fevereiro 20, 2015

 

6ª feira depois das Cinzas – BB. Francisco e Jacinta Marto


Nessa altura hão de jejuar. (cf. Mt 9,14-15)

O jejum é um meio para despertar para a conversão,
não tem um fim em si mesmo nem é um dever desencarnado.
Por isso, na Quaresma, não se jejua ao Domingo, dia do Senhor.
Jejuamos quando nos sentimos longe de Jesus e da sua Palavra,
pois nos consideramos obesos de orgulho e de vanglória,
numa voragem de autossatisfação e de indiferença,
ilhados dos outros e de Deus, no reinado da auto-referência.
Esta obesidade doentia, impede o coração de amar
e necessita dum jejum conduzido pelo Médico da partilha.

Hoje a obesidade é uma doença grave e global.
Alimenta-se de açucares e gorduras crocantes,
sedenta-se com bebidas adocicadas, borbulhantes e alcoólicas,
digere-as sentado na prisão de movimentos sob rodas,
preenche vazios de sentido e de felicidade.
A obesidade não é apenas um problema de autoestima,
mas afeta a visão do mundo e a liberdade de escolha.
A Quaresma é uma ascese que nos conduz à liberdade de opção:
“tudo me é possível, mas nem tudo me convém”,
“só quem ama conhece a Deus e os irmãos”.

Senhor Jesus, Esposo que nos foi dado pela Fonte do Amor,
dá-nos o dom de nos alegrarmos com a Tua presença
e de jejuarmos de tudo o que nos afasta de Ti
e nos faz esquecer a nossa inserção em Ti, pelo Batismo.
Dá-nos o dom duma Quaresma a sério
que nos ajude a reaprender a viver com o coração saudável,
com alegria perfeita e comunhão solidária,
numa libertação crescente do agora satisfeito,

para uma eternidade feliz, fraterna e justa.

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

 

5ª feira depois das Cinzas


Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se? (cf. Lc 9,22-25)

A Quaresma prepara a vivência jubilosa da Páscoa.
Não há Páscoa sem oferta de si até a cruz,
nem seguimento de Jesus sem a opção por perder-se no amor.
É uma questão de metas e objetivos, o que queremos ganhar?
Queremos conquistar a glória de um mundo de palha
ou perder-nos, para a todos ganhar, num oceano de eternidade?
A Quaresma necessita de horizontes de esperança
para fazermos de cada dia uma entrega de fé e de amor.

Vive-se um ritmo de vida infernal e de auto-sacrifício:
horas a fio a trabalhar, noites sem dormir, cafés,
tabaco, refeições a correr e desequilibradas...
tudo para ter uma vivenda bela e enorme que não se goza,
um carro de marca, umas férias de sonho, um cargo de honra...
Neste furação em que rodopiamos, não há tempo
para a família, para os amigos, para Deus, para mim!
Perde-se muita coisa essencial para ganhar um mundo
que não tem amanhã e nos deixa a sós com as nossas miragens.

Senhor, fonte, caminho e meta do amor que permanece,
ajuda-nos a entrar nesta Quaresma com bons propósitos,
aqueles que são segundo a tua proposta de salvação.
Cristo, nossa Páscoa e aliança eterna,
obrigado porque vás à nossa frente a ajudar-nos a caminhar.
Dá-nos força e perseverança para carregarmos a nossa cruz
e ajudarmos a aliviar as cruzes dos outros,
num quotidiano eucarístico, cheio de entrega e de louvor.



quarta-feira, fevereiro 18, 2015

 

4ª feira de Cinzas


Tende cuidado... (cf. Mt 6,1-6.16-18)

O Senhor convoca-nos, em Igreja, a um tempo de conversão.
É tempo de cuidarmos do que está oculto, das motivações,
dum amor profundo, verdadeiro, gratuito, fiel e totalizante.
É tempo de olharmos mais para a recompensa de Deus
do que para a recompensa dos homens em elogios e honras.
É tempo para nos retirarmos para a verdade do coração
e termos cuidado com aquilo que devemos jejuar,
com o que devemos partilhar como esmola de amor
e a qualidade e tempos de oração em que devemos permanecer.

As cinzas recordam-nos que não passamos de pó,
sem o sopro divino da graça do Eterno que nos cria e salva.
Colocar cinzas e continuar tudo na mesma
é picar o ponto de cumpridor e de tradição
que toca apenas a pele e o cabelo, mas não atinge o coração.
O perigo da hipocrisia ritualista é real, pois dá boa consciência,
mas adormece o alerta do “tende cuidado” que é preciso manter
para que não caiamos na armadilha da vanglória sociológica,
mas procuremos o seguimento discipular de Jesus.

Senhor, Pai que habitas a profundidade do amor invisível,
orienta a nossa vida para nos encontrarmos contigo
nesta verdade que não se vê, nem faz ruído, mas é a única que é!
Cristo, ungido do Espírito e nosso salvador,
dá-nos a tua paz, desperta-nos com a tua Palavra
e fortalece-nos com o sacramento da tua misericórdia e perdão.
Dá-nos coragem de descalçarmos as nossas sandálias de mentira
para orarmos com humildade, amarmos com verdade

e jejuarmos com discernimento, liberdade e solidariedade.

terça-feira, fevereiro 17, 2015

 

3ª feira da 6ª semana do Tempo Comum


Tendes o coração endurecido? (cf. Mc 8,14-21)

Deus criou-nos com capacidade para amar e compreender,
pensar e sentir, avaliar e querer, escutar e acreditar,
no entanto, às vezes as preocupações com o amanhã,
o medo de morrer e adoecer, o pânico da solidão...
leva-nos a ficar bloqueados, com o coração endurecido.
Jesus procura pacificar os discípulos, fazendo memória do passado:
recorda-lhes as duas multiplicações de pães e de peixes
e como, não só deu de comer a muita gente, como ainda sobrou.
Com Jesus ao nosso lado nada temos a temer!

O coração endurecido é uma doença que contagia.
Como não acredita no amor, vive cheio de temor.
Como em tudo vê inimigos, vive na defensiva,
ataca os visitantes, desconfia dos vizinhos, torna-se agressivo.
Como a agressividade semeia agressividade,
confirma a sua visão de mundo como campo de batalha.
Um coração endurecido não acredita na divina providência,
relativiza, como exceção, todas as pessoas boas que conhece,
esquece os sinais de amor que recebeu de Deus e dos outros,
vê tudo com os óculos escuros do destino imprevisível e madrasto.

Senhor Jesus, presença amorosa e curativa,
liberta-nos da descrença e do medo de Ti e dos outros.
Dá-nos o pão nosso de cada dia e a saúde para o semear,
sem a ansiedade que faz da vida um pesadelo
e da noite uma insónia sem horizonte.
Envia-nos o Teu Espírito e dá-nos um coração novo,
capaz de amar e partilhar, disponível para Te escutar e louvar.
Dá-nos a sabedoria do coração que alicerça a confiança

na história de amor que vás fazendo connosco sem nos darmos conta.

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

 

2ª feira da 6ª semana do Tempo Comum


Jesus suspirou do fundo da alma. (cf. Mc 8,11-13)

Há situações que magoam Jesus e O fazem suspirar gemidos:
após ter feito a segunda multiplicação de pães e de peixes,
os fariseus pedem-lhe novos milagres, agora um sinal do céu!
Esta cegueira, que se entretém a discutir provas,
a partir da sua autoconvencida cátedra de saber,
não aprende, não se maravilha, nem adere, nem se converte.
Por isso, Jesus fica profundamente triste,
nega-se a encenar no espetáculo dum circo de rua
e parte para a outra margem, onde o cego se deixa curar!

Jesus hoje continua a entristecer-se connosco,
porque nos agraciou com ouvidos bons e não O escutamos,
nos deu olhos saudáveis e andamos cegos à sua presença,
deu toda a sua vida por nós e nós ficamos indiferentes à sua graça.
Preferimos ser juízes e espetadores no estádio da vida:
criticamos a Igreja, os padres, os praticantes... os outros,
mas nós não queremos entrar no caminho da conversão e da fé.
Jesus abriu-nos a porta do Céu com tanta alegria
e sofre, porque em vez de entrarmos, lhe pedimos novos sinais!

Senhor Jesus, obrigado por tanto amor e tanta fidelidade paciente.
Perdoa a nossa incoerência de vida
e os vales que separam os propósitos professados e a vida optada.
Aumenta a nossa fé e o olhar contemplativo para te vermos
na Criação, nos sacramentos, no irmão, nos acontecimentos.
Dá-nos o dom das lágrimas que nos fazem partir para a outra margem

da conversão, da fé, da perseverança e da missão.

domingo, fevereiro 15, 2015

 

FELIZ QUEM EM DEUS PROCURA A CURA!


Feliz quem a Deus procura,
Para encontrar sua cura,
Porque leproso se sente,
Pelo pecado e a culpa!

E porque n’Ele acredita,
Cheio de fé se aproxima,
Confiante na medicina
E terapia eficaz,
Que nos purifica e limpa
Da lepra que nos afecta
E nos cobre de maldade,
Pois só Seu amor é capaz
De curar a iniquidade
Do pecado que corrompe
Esta nossa humanidade,
Restituindo-nos a paz
E o espírito de caridade,
Que imprime no nosso agir
Traços da Tua bondade,
Para vida nova surgir,
Revelando em cada gesto
Teu amor em nós impresso.

Libertos de todo o mal,
Pela acção da divina graça,
Que o Senhor, em nós, derrama,
Nos purifica e inflama,
Buscaremos Tua Luz,
Para atear nossa chama
Com a força da Palavra
E as achas da fidelidade
À Tua santa vontade,
Cumprindo, com alegria,
Teus preceitos, dia-a-dia,
Que são de paz e harmonia,
Como luzes que se acendem,
Nas mãos que a Ti se estendem,
Para, em tudo, Te louvar,
Bendizer e aclamar.

Deus, sempre pronto a curar-nos,
Com todo o amor e bondade,
Ternura e compaixão,
Quer a todos integrar-nos,
Limpos de toda a maldade,
Na harmonia da Criação,
Convidando-nos, também,
A não discriminar ninguém,
Mas a respeitar os outros
E, a todos, querer o Bem,
Com amor e rectidão
Da mente e do coração,
Porque o outro é nosso irmão,
Seja qual for a origem,
O saber ou condição.

Maria Lina da Silva, fmm- Lisboa, 15.02.2015

 

6º Domingo do Tempo Comum


Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo» (cf. Mc 1,40-45)

O sofrimento e a marginalização despertam em Jesus a compaixão.
Este estremecimento de entranhas maternas gera irmãos,
vence a distância, estendendo a mão,
resiste ao medo de ser contagiado, tocando a sua pele,
torna-se urgência de resposta, pronunciando a salvação.
Jesus cura, carregando as nossas enfermidades,
por isso, agora é Ele que tem ficar fora e ocupar o lugar do leproso.
Mas Jesus não é um leproso, está na periferia para atrair e salvar
e fazer das margens o centro da sua atuação redentora e missionária.

Jesus hoje convida-nos também a estender as mãos,
a tocar o marginalizado e a falar com ele, motivados pela compaixão.
Há muita forma de prostrar-se suplicante: pedir esmola,
suplicar perdão, baixar os olhos de vergonha,
fazer coisas, nem sempre boas, só para dar nas vistas,
esconder-se na solidão ou no gueto com medo...
Há também muitas formas de estender a mão aos marginalizados:
dar esmola, sem fixar o olhar, apenas para descargo de consciência,
ser generoso, humilhando, rebaixando e julgando o outro,
promover o paternalismo e a dependência, comercializar a caridade,
ou descer do conforto, tocar a realidade, conversar a partir de baixo,
acompanhar, semear a esperança, ser generoso na escuta e no tempo.

Senhor Jesus, Servo da compaixão e médico da raiz dos males,
se quiseres podes purificar-nos e dar-nos um coração novo.
Abre os nossos olhos às lepras que nos afastam de Ti e dos outros.
Estende as tuas mãos compassivas e cura-nos do egoísmo.
Toca-nos com a bênção das tuas mãos e desperta-nos da indiferença.
Alimenta-nos com o pão da tua Palavra e do teu Espírito
e ensina-nos a carregar as dores dos nossos irmãos,

aceitando viver de coração nas periferias e amando os pobres.

sábado, fevereiro 14, 2015

 

Festa de S. Cirilo e S. Metódio – Co-padroeiros da Europa


Enviou-os dois a dois à sua frente. (cf. Lc 10,1-9)

O amor de Deus gera comunhão de irmãos
em comunidade espiritual, estruturada e evangelizadora.
A Igreja prepara o banquete para a mesa de todos
e aceita o envio do Esposo, do Cordeiro, do Pão e do Vinho,
para irem, dois a dois, convidar todos para a festa do encontro.
A Missão é assim uma consequência natural do amor de Deus,
a borbulhar da Trindade e a saborear na Eucaristia dominical.
Cirilo e Metódio convidaram os eslavos para o Banquete do Reino.

Vive-se o difícil equilíbrio entre o ideal democrático
e a exaltação do individualismo de direitos e liberdades.
Na Igreja, talvez pela influência desta corrente,
vive-se, por um lado, o desejo de maior sinodalidade e participação,
e, por outro, uma privatização da fé e um relativismo ético.
Na missão, exalta-se a responsabilidade de todos os batizados
e a importância de comunidades de evangelização,
mas sente-se a dificuldade em trabalhar em equipa
e de viver em comunidades fraternas que testemunham a alegria.

Senhor Jesus, enviado pelo Pai e ungido do Espírito,
consolidai-nos na comunhão convosco e com os irmãos.
Libertai-nos da tentação do individualismo que quer brilhar
e dai-nos um coração santo, perseverante, obediente e humilde
para servir a Igreja e a missão que lhe entregaste.
Ensina-nos a arte de saber caminhar em comunidade,
de saber dialogar, programar, evangelizar e avaliar a pastoral.

S. Cirilo e S. Metódio, rogai pela paz na Ucrânia. 

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

 

6ª feira da 5ª semana do Tempo Comum


Meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua. (cf. Mc 7,31-37)

Jesus é a Palavra de Deus que nos cura a surdez
e nos penetra até à raiz do coração, para fecundar a vida.
Cristo é a saliva que recria a nossa língua
e transforma a nossa vida em anúncio de boas novas.
O seu dedo desentope os tampões que nos impedem a escuta
e a saliva da sua oferta solta a profecia e torna-a audaz.
É uma nova criação que cura o essencial da vida: a escuta!

Nós somos o que escutamos e em quem acreditamos.
Escutar não é um simples ouvir e colecionar de sons e notícias,
mas abrir-se ao outro, surpreender-se com o novo diferente,
discernir sabores e frutos de verdade e sustentáveis,
deixar-se alegrar com sentidos novos para viver,
experimentar e consolidar sentimentos e comportamentos,
e comunicar aos outros as receitas de felicidade que vai aprendendo.
Escutar supõe uma ascese parabólica de ruídos,
pois querer escutar tudo, pode conduzir ao não acolher nada.
O vital é aprender a escutar e a seguir a quem nos quer bem!

Senhor, Palavra de Deus a tocar-nos com o dedo recriador,
purifica-nos do nosso autismo autoritário e desobediente,
que nos fecha sobre nós mesmos num circuito fechado.
Cristo, seiva da vida que Te dás em alimento de amor,
aumenta a nossa fé na Eucaristia e toca a nossa língua,
para que a comunhão do teu Corpo nos assimile na tua Palavra
e quando a nossa língua falar, comunique justiça e paz,

anuncie o teu Evangelho, proclame o teu louvor.

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

 

5ª feira da 5ª semana do Tempo Comum


Deixa primeiro que os filhos estejam saciados. (cf. Mc 7,24-30)

O amor de Deus é dinâmico, progressivo e abrangente.
A missão de Deus nasce deste amor sem limites,
que ama o próximo como filhos, sem esquecer os afastados,
que muitas vezes se sentem indignos de ser filhos,
mas aceitam com alegria as migalhas da sua graça.
É este amor sem limites, que rebenta com os muros de exclusão,
e eleva a todos à dignidade de povo de Deus.
Ninguém pode estar saciado do amor de Deus,
se não estiver aberto ao amor dos irmãos!

A missão na Igreja esbarra, muitas vezes, com a lógica egoísta
que diz: “porque ir longe se aqui ainda não está tudo saciado?”
“Porque ajudar os pobres dos outros se aqui também os temos?”
O povo de Deus jamais poderá ficar saciado plenamente,
estamos sempre a caminho no crescimento da fé e do amor.
A missão não nasce dum excesso de mão de obra e de perfeição,
como quando numa colmeia há duas rainhas e abelhas de sobra,
mas nasce dum chamamento de Deus que nos envia
para darmos de graça o que recebemos de graça
e darmos tudo, como a viúva, e a dá-lo com alegria.
Só na medida em que damos generosamente é que recebemos
e podemos saciar-nos na alegria de gerar novos filhos de Deus.

Senhor Jesus, amor eternamente insaciável na doação e na missão,
e fontalmente saciador, sem necessidade de retribuição,
sacia-nos com a tua graça e faz de nós canal de vida para todos.
Cura-nos das desculpas que nos impedem de partir em missão
e dá-nos horizontes largos de ousadia na arte de evangelizar.
Faz das nossas dioceses, paróquias e comunidades de consagrados
centros de comunhão, formação e envio do melhor que temos,
para partir em missão, criando vasos comunicantes de dons,

onde todos ganhamos em conversão de fé e de fraternidade.

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

 

4ª feira da 5ª semana do Tempo Comum – N. Sra de Lurdes – Dia do Doente


O que sai do homem é que o torna impuro. (cf. Mc 7,14-23)

Em Deus não há uma lógica maniqueísta: isto é bom, aquilo é mau.
Ao criar todas as formas de existência, Deus viu que tudo era bom.
Não há alimentos puros e alimentos impuros, bons e maus:
a bondade das coisas depende das circunstâncias e objetivos:
o ópio para o dependente é uma droga que o aliena e destrói,
para o médico é morfina, medicamento paliativo da dor.
É a qualidade do coração e a decisão do utilizador
que faz duma faca um instrumento de cozinha
ou uma arma branca, extremamente perigosa.
A pessoa torna-se impura e doente na relação
quando no seu coração não há paz, justiça, fé e amor.

Um doente pode estar carcomido pela idade
e ter um coração jovem, cheio de esperança e de fé.
Um deficiente pode viver limitado na visão,
e ver com mais sabedoria e profundidade os mistérios da vida.
A internet e as redes sociais podem ser para fazer amigos,
preencher solidões e evangelizar a fé e a esperança,
ou ser usada para divulgar ódio, servir os predadores de inocentes,
explorar o marketing, aprender a fazer o mal, divulgar mentiras.
A língua pode ser um instrumento da comunhão e de carinho,
ou uma espada afiada que ofende, fere e mata a alegria.
Tudo depende como bate o coração e se alimentam ideais.

Senhor Jesus, Pão da vida que fortaleces o coração bom,
limpa-nos do pecado que cega o sol da esperança
e dá-nos um coração puro que frutifica amor.
Ensina-nos a reciclar o lixo da humanidade, para que nada se perca,
e a fazer das situações de doença e de fragilidade
momentos de purificação, solidariedade e conversão.

Imaculada, Senhora da Lurdes, rogai por nós!

terça-feira, fevereiro 10, 2015

 

3ª feira da 5ª semana do Tempo Comum – S. Escolástica


Vós deixais de lado o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens. (cf. Mc 7,1-13)

O essencial da religião, não são os ritos, mas a lei do amor.
Os ritos devem expressar e conduzir à sintonia dum só coração.
Os ritos são uma linguagem simbólica, cultural e cultual,
aceite por um determinado grupo, para louvar o Senhor
e recordar o essencial da sua fé nas relações humanas.
Os ritos necessitam de discernimento comunitário,
para ver se estão a ajudar a alcançar o essencial da fé,
ou se se tornaram um fim em si mesmo e uma distração.
Por isso, Jesus distingue entre mandamentos de Deus
e preceitos e tradições humanas que podem anular aqueles.

Há agora um movimento de recuperação das tradições antigas.
Busca-se imitar os antigos na forma ritual e não na motivação,
por isso, fala-se mais de tradições culturais da terra,
embora sejam normalmente rituais religiosos ou supersticiosos.
Às vezes gera-se um conflito entre a religiosidade popular
e a prática religiosa recomendada oficialmente pela Igreja,
e o que era fundamental, o amor a Deus e aos irmãos,
passa para segundo plano, no meio de guerras e divisões.
O demónio gosta de nos ver entretidos com o secundário
e divididos e zangados, para esquecermos o essencial da caridade.

Senhor Jesus, Amor encarnado concentrado na aliança,
envia-nos o teu Espírito de discernimento e de diálogo,
para na liturgia e na vida saibamos distinguir o bem do mal.
Ensina-nos a arte de aproveitar a religiosidade popular
para evangelizar e purificar a fé em comunhão de festa.
Concentra todo o nosso coração não nos meios e nos ritos,

mas nos fins e na nossa cristificação nAquele que nos ama.

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

 

2ª feira da 5ª semana do Tempo Comum


E todos os que O tocavam ficavam curados. (cf. Mc 6,53-56)

Jesus é a Palavra de Deus a reparar a humanidade.
Aquilo que Deus na criação tinha visto que “era muito bom”,
agora está enfermo, deformado, desiquilibrado, solitário.
Aproximar-se de Jesus e tocar-lhe é a porta da fé,
que nos faz entrar em Jesus, renascer de novo,
permanecer com Ele, alimentar-nos da sua palavra e do seu corpo,
deixar-se podar dos ramos secos e improdutivos,
dar frutos de paz, de justiça, de amor e de louvor.

A cura da nossa vida, por Jesus, necessita de continuidade,
de vigilância, de seguimento, de fortalecimento de anticorpos
para resistir às investidas do mal subreptícias e invisíveis.
O Batismo enxerta-nos em Cristo, mas se não tivermos cuidado,
a velha cepa vai rebentar e abafar o rebento novo.
A primeira comunhão e o Crisma são acontecimentos de graça,
mas se não tiverem continuidade, ficam apenas no curriculum.
Os sacramentos da Ordem e do Matrimónio são compromissos de vida
mas se não os alimentamos com o amor de Cristo, tornam-se infecundos.

Senhor Jesus, médico da esperança e restaurador dos quebrados,
cura-nos interiormente e faz-nos renascer com a força da tua graça.
Ilumina-nos com o Teu Espírito e faz-nos caminhar na santidade,
permanecendo em vós e alimentando-nos da tua Palavra e do teu Corpo.
Ensina-nos a viver, dando frutos de próprios de um filho de Deus,
para que possamos ajudar a cuidar da criação e da sociedade

e possas dizer de novo que viste que “era tudo muito bom!”.

domingo, fevereiro 08, 2015

 

5º Domingo do Tempo Comum


A febre deixou-a e ela começou a servi-los. (cf. Mc 1,29-39)

Jesus veio curar a humanidade acamada em si mesma.
Aproxima-se, toma-nos pela mão, transmite-nos a sua força
e levanta-nos das nossas paralisias, desesperanças e egoísmos.
O fruto desta “mão que nos levanta” não é sair da cama para o sofá,
mas o serviço dos irmãos, o bem comum e o seguimento de Jesus.
A pior febre é a da indiferença que nos faz viver para nós mesmos
e coloca os outros ao nosso serviço deitados na cama da nossa tristeza.

O mundo tornou-se muito complexo ou pelo menos parece!
Esta especialização de serviços aliada ao individualismo,
colocou os inseguros na defesa do não atuar nem arriscar.
Uns refugiam-se no quarto, outros no sofá, outros no mundo virtual,
outros na droga, outros na hipocondria, outros enchem-se de ruídos...
Se acrescentarmos a dificuldade do primeiro emprego estável,
temos os solteirões com medo de sair de casa e casar,
temos os vocacionados em busca de um convento-refúgio,
temos os invisíveis, os sem teto, os tristes e desesperados.
Jesus conta com a nossa mão para os levantar deste febre crónica.

Senhor Jesus, proximidade medicinal que nos fortalece o amor,
dá-nos forças para nos levantarmos cedo para nos aproximarmos de Ti
e buscarmos a tua luz que nos liberta da indiferença egoística.
Cura-nos, Senhor, das nossas paralisias autistas e birras cegas,
e abre-nos horizontes de esperança e pés de evangelizadores.
Nós te pedimos por todos os inativos, ensimesmados e pecadores,

para que Tu, em nós e por meio de nós, os possas curar e libertar.

sábado, fevereiro 07, 2015

 

Festa das Cinco Chagas do Senhor


Hão de olhar para Aquele que trespassaram. (cf. Jo 19,28-37)

Hoje é dia da contemplação do Chagado pelo desprezo,
pois das suas chagas brota a vida e a misericórdia,
numa fidelidade incondicional à aliança de amor.
Cristo é o crucificado, ressuscitado cheio de paz,
que nos ilumina e nos faz ver quão longe estamos do amor!
A cruz é uma prova da qual Jesus sai vencedor,
pois quanto mais o magoámos, mais verdadeiro é o amor.
As chagas revelam o amor perfeito do nosso salvador.

Quando alguém se compromete com a outra,
põe à prova a verdade da relação de amizade,
mas também a bondade do coração de cada um.
Às vezes, basta uma palavra ou atitude para revelar
o lado violento, agressivo, ressentido e ferido
que se escondia por detrás de uma pessoa de bem.
A capacidade de perdoar e de curar feridas passadas
é que faz de nós pessoas maduras na capacidade de amar.
A misericórdia e a fidelidade são próprias de corações fortes,
que transformam as chagas em cicatrizes de vitória.

Senhor Jesus, perdoa as chagas que te provocamos
com a nossa indiferença ou agressividade egoísta.
Cristo, nossa Páscoa e aliança eterna feita oferta,
obrigado por tanto amor e generosidade gratuita.
Envia-nos o teu Espírito de fortaleza e de fidelidade,
para que possamos amar sempre, mesmo no gelo que fere.

Ensina-nos a força libertadora do perdão.

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