terça-feira, fevereiro 28, 2017
3ª feira da 8ª semana do tempo Comum
Não te apresentes diante do Senhor de mãos vazias. (Cf. Sir 35,1-15)
O Senhor é generoso para connosco, sem aceção de pessoas.
É generoso na vida que nos dá, nos dons, na Palavra,
na compaixão, na misericórdia, na salvação, na graça, na paciência!
Jesus, seu Filho, dá-nos tudo, até a sua própria vida!
A Eucaristia é o excesso de dom de Deus repartido pela humanidade!
Deus convida-nos a ser como Ele, generosos na justiça,
generosos no louvor, generosos na consagração de vida.
Que levamos nas mãos quando nos apresentamos a Deus?
Levamos as mãos vazias, fechadas ou cheias de malícia?
Levamos as mãos puras, abertas, afáveis, cuidadoras da vida frágil?
A vida gratuita tornou-se um bem escasso e em vias de extinção!
Os dons tornaram-se mercadoria à venda nesta praça global.
Vendem-se mãos de serviços, mãos de político, mãos de artista,
mãos de professor, mãos de assistentes sociais, mãos de pugilista,
mãos de escritor, mãos de jornalista, mãos de arquiteto e engenheiro,
mãos de guarda, mãos de furto, mãos de guerra, mãos de médico...
Felizmente andam por aí umas mãos que teimam ser diferentes:
mãos voluntárias, mãos caridosas, mãos carinhosas, mãos protetoras,
mãos que abençoam, mãos que perdoam, mãos solidárias,
mãos que escutam e abraçam, mãos que louvam e oferecem...
Senhor, fonte inesgotável de mãos cheias de dons e de graça,
sinto-me pequenino, de mãos raquíticas e vazias de generosidade.
Cristo, Palavra e Pão da vida, obrigado pela tua graça e perdão,
sempre disponível para saciar a quem te procura.
Espírito Santo, vento suave que a todos iluminais sem dar nas vistas,
ajuda-nos a ser mãos santas e solidárias,
que servem e se consagram, que vivem da verdade e da justiça.
Senhor, que eu compreenda que na lógica do Reino de Deus,
quem dá mais é quem tem as mãos mais cheias de tesouros eternos!
Liberta-nos das mãos fechadas pela artrose do egoísmo e da avareza!
segunda-feira, fevereiro 27, 2017
2ª feira da 8ª semana do Tempo Comum
Reconforta aqueles que tinham perdido a esperança. (Cf. Sir 17,20-28)
Quem confia em Deus, a esperança não tem limites.
O pecador vagabunda longe e sem pré-aviso,
mas quando volta, bate à porta e pede perdão;
o Senhor o espera com um abraço de misericórdia
e convoca a festa do reencontro do filho perdido!
E porque a demora é grande e a desesperança nos paralisa,
o Pai envia o seu Filho à nossa procura, falando-nos ao coração!
Como é bom saber que a Porta do Céu está sempre entreaberta
e que para o pecador há sempre um momento de esperança!
A vida de santidade é uma luta constante.
Às vezes demoramo-nos demasiado à conversa com a culpa,
com o desânimo do orgulho ferido, com o escrúpulo.
O resultado é a desistência de acreditar,
a desesperança de tentar novamente,
a vergonha ao dar-se conta da rotina da fragilidade,
o acomodar-se à mediocridade de uma vida triste.
O eco desta desesperança de si repete-nos constantemente:
“Tu não és capaz, não vale a pena tentar, és um falhado!”
É preciso mudar de emissora e escutar outra música celestial:
“Volta-te para Mim, acredita na minha força,
aceita a minha misericórdia e perdão,
dá-me a tua mão as vezes que forem precisas,
para te levantar e te ensinar a caminhar com dignidade!”
Senhor, louvado sejas pelo teu olhar que não nos condena,
mas nos anima a levantar e a deixar-se conduzir.
Cristo, nosso bom Pastor, que nos desacomodas:
“Ainda te falta uma coisa, vai, vende tudo o que tens e
dá-o aos pobres, depois vem e segue-me!”
Liberta-nos do medo deixar tudo para Te seguir!
Liberta-nos da desconfiança de podermos ser habitação da graça!
Ajuda-nos a entrar nesta Quaresma com esperança,
dando os passos certos para Te seguir, sem Te voltar as costas!
domingo, fevereiro 26, 2017
8º Domingo do Tempo Comum
De nada me acusa a consciência, mas não é por isso que estou justificado. (Cf. 1 Cor 4,1-5)
Deus gerou-nos a todos no ventre do seu amor infinito.
Somos sua pertença e Deus jamais nos esquecerá,
mesmo que andemos perdidos a servir outros senhores!
Deu-nos a consciência como lugar sagrado
do encontro da Verdade connosco mesmos!
O Espírito Santo gosta de nos falar suave, na interioridade,
remoendo a culpa e iluminando o bem e o belo!
Mas o Espírito do Mal gosta de nos enganar no mesmo lugar,
disfarçado de amigo, branqueando a situação,
desculpando a gravidade ou afundando-nos na desesperança.
Só Deus julga bem, só Cristo salva, só o Espírito cura!
O permissivismo, o relativismo, a educação sem regras,
o alimentar indiscriminado de caprichos e a falta de fé,
cria consciências acríticas, laxas, impulsivas, cegas, desnorteadas,
desautorizadas e adormecidas, facilmente influenciadas.
Uma pessoa sem consciência bem formada,
nunca se sente culpada, não se acusa de pecado,
sente-se sempre justificada no que faz e no que omite.
Por isso, o exame de consciência caiu em desuso,
o sacramento da confissão tornou-se desnecessário,
a conversão é considerada um assunto de não emancipados!
E quando a justiça atua, revela-se muita imundice maquilhada!
Senhor, bom Pai, com coração de mãe e pastor,
louvado sejas porque no teu coração grande há lugar para todos.
Cristo, nosso Irmão, Palavra e Caminho da Verdade eterna,
cura-nos da cegueira que faz da nossa vida
um campo agreste e infestante,
orgulhosamente cheio de ervas daninhas!
Espírito Santo, luz suave e reveladora do bem e do mal,
cura a nossa consciência do laxismo e do escrúpulo doentio,
para que caminhemos na santidade livre e exigente.
Liberta-nos da idolatria que nos torna escravos do dinheiro
e ajuda-nos a viver em paz, na justiça e na fraternidade!
sábado, fevereiro 25, 2017
Sábado da 7ª semana do Tempo Comum
Concedeu-lhe dias contados e deu-lhe poder sobre tudo o que há na terra. (Cf. Sir 17,1-13)
Deus criou o seu humano como coroação da criação.
Fê-lo à sua imagem e semelhança na capacidade de amar,
de entender, de criar, de ser livre, de louvar.
Deu-lhe poder sobre a criação numa vida finita e limitada,
assim a humanidade pode viajar nas ondas da glória e do poder,
sem esquecer a humildade e a caridade da ecologia e da justiça.
Grande mistério é este de conjugar a fragilidade com poder,
razão com fé, liberdade com obediência,
centralidade da pessoa com bem comum,
solidariedade com subsidiaridade, morte e eternidade!
Hoje o mundo parece um grande parque industrial,
que inclui produção agrícola intensiva,
produção intelectual, científica e escolar,
produção de notícias e serviços de lazer,
produção de respostas espirituais de acordo com os gostos...
Quem se pode integrar num destes pólos de produção
tem lugar e emprego, quem não consegue fica excluído!
Neste mundo criado pelo homem não há lugar para a fragilidade,
nem para os doentes, nem para deficientes, nem para os idosos,
nem para as crianças, nem para os refugiados...
a não ser que, ele ou alguém por ele, compre a sua integração!
Estamos todos com um contrato a termo nesta vida,
mas agimos como se fossemos donos de tudo isto!
Trindade Santa, como sois grande e o vosso poder é serviço,
ensina-nos a conjugar a razão com a gramática do amor.
Cristo, Homem novo, mortal e eterno,
ensina-nos a saber o que significa acolher o Reino de Deus
como uma criança e a cuidar da vida frágil e desprotegida.
Espírito de discernimento ensina-nos a optar pelo bem
e a rejeitar o mal e a injustiça.
Recria-nos homem novo, à imagem e semelhança do bom Deus,
um anjo da guarda da criação e do necessitado de amor e de ajuda.
sexta-feira, fevereiro 24, 2017
6ª feira da 7ª semana do Tempo Comum
Se quiseres um amigo, tens de o pôr à prova e não tenhas pressa em lhe dar a tua confiança. (Cf. Sir 6,5-17)
Deus é o verdadeiro amigo que nos procura desde a eternidade.
A sua misericórdia é a prova da sua fidelidade incondicional,
mesmo quando o nosso pecado é grande e reiterado.
A aliança, que nos uniu num abraço desigual,
foi retificada por Jesus, esposo da Igreja, dando a vida por nós.
A Eucaristia é sacramento renovado desta aliança eterna
e o matrimónio o sinal mais tangível do amor entre Cristo e a Igreja.
Deus é amor e isso nota-se em tudo o que nos rodeia!
As relações humanas estão feridas pelo pecado, pelo egoísmo,
Por isso precisam de ser purificadas e cuidadas em cada pormenor.
A rapidez com que se passa dum encontro fortuito
ao relacionamento intimo e sexual, fragiliza a relação.
Ainda a amizade e o conhecimento mútuo não foi provado
e já se quer navegar em mar alto, atuando como casal,
sem preparação para conduzir o leme conjunto do seu barco.
É por isso que há tanto aproveitamento do outro,
tanto abuso de confiança, tanta traição ligeira,
tanta troca de parceiro, tanta palavra balofa.
A amizade não pode ser um mercado de afetos,
nem uma banalização de intimidades,
mas precisa de uma conquista lenta e prudente da confiança
e de uma entrega adulta e generosa do bem querer do outro.
Senhor, nosso Pai, Mãe, Irmão e amigo,
obrigado pela surpresa de amor eterno
com que nos criastes, salvastes e dás sentido à vida.
Dá-nos um coração maduro e grande na capacidade de amar.
Cristo, que provas o teu amor por nós na cruz,
alimenta a nossa fidelidade nas miragens do deserto do egoísmo.
Espírito de verdade ensina-nos o louvor perfeito e agradável,
e o compromisso do amor mesmo quando dói e é traído.
quinta-feira, fevereiro 23, 2017
5ª feira da 7ª semana do Tempo Comum – S. Policarpo
Não confies nas tuas riquezas, nem digas: «Assim, sou independente». (Cf. Sir 5,1-10)
Em Deus concentra-se a omnipotência do poder
e a interdependência do amar e servir.
Deus é amor e, por isso, não se fecha em si mesmo,
mas cria novas relações, propõe alianças,
serve misericórdia, envia profetas e o próprio Filho para salvar,
é paciente, compassivo, cuida do mais fraco, cura o doente...
Deus jamais diria: “Eu sou independente e não preciso dos homens,
por isso, eles que se arranjem e sigam o seu caminho de perdição!”
Deus não confia na força e no poder, mas sofre de hipersensibilidade,
e é capaz de dar a sua vida para que ninguém se perca!
Somos todos interdependentes, tanto ao nível local como global.
Dependemos do padeiro que trabalho de noite,
da eletricidade e da água que veio de longe,
do agricultor de outro hemisfério que produziu
e do avião que transportou a fruta fresca que não é da nossa época!
Dependemos dos jornalistas que nos coletam as notícias.
Dependemos dos pais que cuidam de nós, enquanto crianças,
nos ensinam a andar, a falar, a relacionar...
Dependemos de Deus que sustenta o universo onde nos sentimos em casa...
Mas, o mercado faz-nos pensar que tendo dinheiro no bolso ou no cartão,
não precisamos de ninguém e somos independente!
Senhor, bom Pai e surpreendente Irmão que nos amas tanto,
liberta-nos da solidão dourada, avarenta e indiferente.
Cristo, Emanuel mais íntimo do que nós mesmos
e tão libertador e gratuito que nada nos cobra,
ensina-nos a amar como Tu nos amas,
a confiar e a delegar como Tu nos envias em missão.
Espírito Santo, amor verdadeiro que dás sabor à vida de relação,
ajuda-nos a investir na compaixão que cuida e salva,
na paciência que perdoa e não desiste,
no trabalho que cria justiça e promove o bem comum.
quarta-feira, fevereiro 22, 2017
Cadeira de S. Pedro, Apóstolo
Apascentai o rebanho de Deus, tornando-vos modelos do rebanho. (cf. 1 Ped 5,1-4)
O Senhor é o nosso Pastor, nada nos falta!
É maravilhosa a história que Ele faz connosco,
quando nos deixamos guiar pelo cajado da sua aliança.
Cristo, imagem perfeita do Pai, é o nosso Pastor,
que busca a ovelha perdida e dá a vida pelas suas ovelhas.
Ele escolhe Pedro e desafia-o a ser modelo de bom pastor,
símbolo de unidade da Igreja de Roma e da catolicidade,
Pedra fundamental que confirma os irmãos na fé.
Pedro terminou a sua carreira, mas a cadeira da unidade continua
e nela o Espírito assenta os Pedros que Deus vai escolhendo.
O Papa Francisco tem insistido na exemplaridade do pastor.
No ministério pastoral a ortodoxia é confirmada pela ortopraxia.
Na Cadeira de Pedro assenta a comunhão das Igrejas locais,
a palavra autorizada que fala urbi et orbi,
a ponte que aproxima os separados,
o instrumento da paz que promove um exército de joelhos suplicantes,
o Evangelho vivo que aponta para Cristo, o Bom Pastor.
É uma Igreja sempre em reforma,
dirigida por pastores em conversão permanente!
Senhor, Bom Pastor cujo zelo é a saúde feliz das ovelhas,
obrigado pelas vezes em que já fostes à minha procura,
me perdoastes os meus pecados e me colocastes às cavalitas,
cheio de alegria e com o coração em festa!
Cristo, Bom Pastor que ofereces a tua vida pela nossa salvação,
protege o Papa Francisco de todos os perigos
e confirma-o na fé, na esperança e na caridade evangélica.
Espírito de comunhão e de verdade, assiste o Pedro de hoje
e ajuda-nos a entrar neste movimento de conversão eclesial,
de fidelidade ao Evangelho na sua simplicidade original.
terça-feira, fevereiro 21, 2017
3ª feira da 7ª semana do tempo Comum – S. Pedro Damião
Considerai as antigas gerações e vede: Quem confiou no Senhor e ficou desiludido? (Cf. Sir 2,1-13)
Deus é fiel à sua Palavra e ao seu amor por nós,
mas há vozes de tentação que nos afastam dele,
nos fazem duvidar do seu amor invisível,
e nos aliciam, enquanto esperamos o tempo da graça.
É principalmente nos tempos da força e da abundância
ou da provação e da privação que ficamos mais frágeis
e nos deixamos levar pela arrogância ou pelo desânimo.
Olhar para trás, ajuda-nos a perceber o que permanece,
a verdade das promessas, a qualidade de vida,
o agir de Deus e a sua misericordiosa força transformadora.
A vida dos santos é um livro aberto que nos fala da fidelidade,
da santidade que traz paz, da força transformadora de Deus.
Habituámo-nos a ouvir as vozes de promessa da publicidade,
da política eleitoralista, dos jogos da sorte, das soluções mágicas,
num ritmo voraz que não se detém a refletir sobre os resultados,
nem a discernir sobre a verdade ou a mentira das promessas.
É como na doença do jogo, a ambição de recuperar o que se perdeu,
faz-nos perder tudo, hipotecar a família, desesperar de viver!
Grandes santos, como Francisco de Assis e Inácio de Loyola
converteram-se lendo vidas de santos, revendo-se em Cristo.
Que força a de gente pequena e frágil como Teresa de Calcutá
ou de Hélder da Câmara ou do Ir. Roger de Taizé!
São gente de Deus que soube confiar na escuridão da fé!
Senhor, Pai bondoso e misericordioso, paciente e clemente,
louvado sejas porque nunca desistes de nós
e de muitas formas e aproximações nos tendes conduzido pela mão.
Cristo, nosso Irmão primogénito, que vais à nossa frente
e nos revelas o futuro no teu passado, a ressurreição na tua cruz,
concentra o nosso coração no teu exemplo de vida
e o nosso ouvido nas palavras do teu Evangelho.
Vem Espírito de discernimento e ajuda-nos a aprender
com gente santa do passado e de hoje, que vive da fé,
se alegra na esperança, sabe ser livre na tentação,
fraterno na justiça e misericordioso na perseguição.
S. Pedro Damião, roga por nós, pecadores
e hipnotizados pela ambição e vozes de encantamento!
segunda-feira, fevereiro 20, 2017
2ª feira da 7ª semana do Tempo Comum – BB. Francisco e Jacinta Marto
A fonte da sabedoria é a palavra de Deus. (Cf. Sir 1,1-10)
Deus é a fonte da sabedoria que compreende o mistério da vida.
Deus deu-nos a razão para compreender as coisas e os fenómenos,
e a Palavra da Aliança para revelar o sentido da vida,
o segredo da felicidade resiliente, o amor que se esconde em cada coisa...
Só o Autor da vida nos pode ensinar como é que esta maravilha
não corre o perigo de se tornar uma desgraça, uma guerra, um terror.
A história acaba por se tornar numa teimosia
entre aquilo que é o capricho aventureiro de cada um
e aquilo que é a proposta de Deus e para a qual fomos criados.
Jesus é esta Palavra encarnada, próxima e misericordiosa
e que vai à nossa frente a ensinar-nos o caminho da Vida.
O mundo vive numa permanente emancipação adolescente,
de nariz empinado, só porque tem um canudo universitário,
ou uma profissão de sucesso ou um corpo galante,
ou a casa cheia de novidades tecnológicas e de marca...
Mas tudo isto não responde ao vazio de sentido,
nem à beleza de amar e ser amado gratuitamente,
nem à frustração de um problema ou doença grave.
Nestes casos, procura-se medicamentos de evasão,
drogas de alucinação, médiuns de ilusão...
Somos como aquele que compra uma máquina
e só quando já experimentou tudo e talvez já a estragou
é que vai à procura das informações de utilização!
Senhor, Pai criador e revelador do mistério da felicidade,
abre-nos à tua Palavra e dá-nos um espírito acolhedor.
Cristo, Sabedoria eterna que Te traduzes em Pão da vida,
aumenta a nossa fé na verdade que nos salva.
Espírito Santo, Luz que ilumina a verdade do amor,
ensina-nos, em cada situação, a fazer boas escolhas,
que sejam incenso agradável a Deus
e perfume que purificam as relações humanas.
Francisco e Jacinta Marto ensinai-nos a sabedoria dos simples
e a alegria de consolar o nosso Senhor e os irmãos.
domingo, fevereiro 19, 2017
7º Domingo do Tempo Comum
Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo. (Cf. Lev 19,1-2.17-18)
Deus é santo porque é sempre fonte de amor;
não se deixa contagiar pelo ódio e pelo rancor.
A sua misericórdia brota da perfeição do seu amor.
Embora tenhamos um coração inclinado para o mal,
demasiado sensível às traições do amor do outro,
que gosta de ser mais do que o outro,
mesmo que seja na capacidade de ser pior que ele,
Deus acredita e quer que sejamos semelhante a Ele
na santidade, na caridade, na misericórdia e na mansidão.
Envia-nos o seu Espírito que em nós faz morada
para nos guiar nos caminhos da vida
e nos ensinar a amar divinamente a Deus e os irmãos.
Jesus é o caminho, o modelo e o alimento desta santidade.
Hoje falar de santidade cheira a naftalina e a incenso,
cabeça ao lado, fuga do mundo e terço na mão,
como se a santidade fosse apenas uma questão de relação com Deus.
No entanto, a Bíblia fala-nos de uma santidade
que abrange toda a nossa vida e se prova na relação com o próximo.
Os cristão devem fazer a diferença pela capacidade de perdoar,
de resolver os conflitos por caminhos de diálogo e de paz,
pela humildade em reconhecer os seus erros e pedir perdão,
pela preocupação com a justiça e o bem comum,
pela liberdade profética perante a ambição de poder,
pela compaixão e cuidado do que sofre e é mais frágil.
Pai Santo, que fazes descer a chuva e o sol sobre bons e maus,
dá-nos um coração grande, tolerante e fraterno,
capaz de acolher a todos e de a todos querer salvar.
Cristo, nosso Irmão Maior, a quem queremos seguir,
ensina-nos a viver com alegria as bem-aventuranças,
escutando assiduamente a tua Palavra
e contemplando detidamente o teu exemplo.
Espírito Santo, que aceitaste fazer do nosso corpo tua morada,
purifica-nos de todo o mau sentido e contaminação do mal,
para que sejamos santos no louvor a Deus e no amor aos irmãos!
sábado, fevereiro 18, 2017
Sábado da 6ª semana do Tempo Comum – S. Teotónio
Pela fé compreendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus. (cf. Heb 11,1-7)
A criação é um dom que nos precede como mistério e como lar.
Nele nascemos, vivemos e nos descobrimos.
Sobre ele nos interrogamos e o tornamos objeto de estudo científico.
Sobre o universo já se descobriram muitos mistérios,
se desenvolveram diversas teorias de começo e de evolução,
mas jamais saberemos como foi exatamente,
porque isto aconteceu, quem esteve na sua origem e o sustenta!
Nós próprios somos parte da criação e observantes que a estudam.
A revelação divina diz-nos que foi Deus quem tudo criou,
num diálogo, em que a Palavra exprime o amor e beleza invisível
e cria dinamismos livres, belos, auto sustentáveis e evolutivos.
É pela fé que compreendemos o mistério da existência!
A Bíblia não é um livro científico ou histórico no sentido atual,
mas uma resposta às questões de sentido: quem criou,
porque criou, porque o mundo é tão belo e harmonioso,
porque determinados procedimentos humanos sintonizam com a vida
e outros criam doença, tristeza, morte, infelicidade, desunião!
As narrativas da criação, que aparecem no livro do Génesis,
respondem a estas questões, iluminadas pela fé revelada,
contando histórias, propondo parábolas, fazendo aproximações.
A fé e a ciência não se opõem, mas completam-se!
É tão errado um professor de ciências querer negar a fé em Deus,
argumentando com as descobertas e teorias científicas,
como um teólogo querer negar a ciência e as suas teorias
com argumentos bíblicos, tirados à letra e do contexto!
Senhor, Criador do universo e Senhor da história,
eu creio em Ti, Boa Notícia que nos precede,
nos acompanha, nos ama e nos espera na eternidade.
Cristo, Palavra do Céu, criadora e encarnada,
ensina-nos a contemplar e a cuidar da beleza do universo,
e, de modo especial, a amar-Te na pessoa de todos,
principalmente dos mais frágeis e invisíveis.
Envia-nos o teu Espírito e faz-nos penetrar no mistério da existência,
no dinamismo do amor que promove a vida,
na alegria da comunhão que aquece o frio e floresce a paz.
Obrigado porque nos fizeste fé, razão e coração!
sexta-feira, fevereiro 17, 2017
6ª feira da 6ª semana do Tempo Comum
Aí está um povo unido e todos falam a mesma língua. (Cf. Gen 11,1-9)
A unidade de Deus não é clonagem do múltiplo.
O Pai, o Filho e o Espírito, todos são da mesma natureza,
mas cada um é uma Pessoa diferente, em diálogo de amor.
Deus não faz as coisas para se tornar famoso e louvado,
mas para exprimir o belo e o bom na diversidade de cada coisa
e elevando as criaturas à condição de parceiros da sua aliança.
Deus criou-nos livres para pensar e comunicar diferente
e criativamente, podendo até negar o próprio Deus!
A cidade que controla e unifica o pensamento,
a linguagem, o sentir, o gosto, o consumo, o agir...
afasta-se do projeto de Deus e torna-se uma unidade perigosa!
O mercado, para aumentar as suas vendas,
gosta de ver o mundo todo a comer e a beber igual,
a vestir as mesmas marcas, a falar a mesma língua,
a pensar da mesma forma e a divertir-se com os mesmos meios!
A globalização e os meios de comunicação social
tornam possível que as pessoas se clonem,
mesmo estando dispersas, cada um na sua terra.
No entanto, geram complexos de inferioridade,
sonhos de emigrar e se refugiar nessas cidades famosas,
e associam “desenvolvimento” a ter determinados instrumentos,
seguir determinadas modas, falar determinada língua.
O populismo, a ditadura, o fundamentalismo,
o controle do pensamento e das necessidades de consumo
gritam todos da mesma forma e têm todos o mesmo objetivo!
Santíssima Trindade, Deus Uno e Trino,
ensina-nos a comunhão que enriquece com a sua diversidade.
Cristo, Pão vivo e repartido que alimentas a comunhão do mundo
e a identidade de cada povo e Igreja,
liberta-nos do medo das diferenças culturais
e das acentuações teológicas que nos enriquecem e inquietam.
Espírito do Pentecostes, que nos fazes ouvir o Evangelho
na nossa própria língua, purificando e elevando a nossa cultura,
inspira-nos a linguagem do amor que todos entendem!
Liberta-nos do espírito de Babel que impede o diálogo,
o pensamento livre, a expressão criativa e o louvor polifónico.
quinta-feira, fevereiro 16, 2017
5ª feira da 6ª semana do Tempo Comum – B. José Alamano
A cada um pedirei contas da vida de seu irmão. (cf. Gen 9,1-13)
Deus é um coração que palpita Aliança eterna.
A sua criação, a harmonia sinfónica da natureza,
a beleza única e irrepetível dum por-do-sol ou duma flor,
o sorriso aberto e contagiante de um bebé...
tudo são sinais de uma Paixão Fontal que arde sem se consumir
e se deleita em fazer o bem e o belo, em criar e sustentar a vida.
Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança,
inteligente e livre, capaz de cuidar da vida,
sinal da sua presença e da sua aliança uns para com os outros.
Seremos julgados pela vida que semeámos ou sufocámos!
O dinheiro no bolso e o orgulho no coração
torna-nos individualistas e indiferentes ao irmão.
A necessidade que temos uns dos outros
é preenchida com encontros pontuais de festa,
multidões eufóricas movidas pelo jogo,
pela política, pela religião ou pela diversão.
Tudo o resto contacta-se de uma forma virtual,
descomprometida, agnóstica e indiferente.
Perdeu-se o sentido de responsabilidade pelo outro
nesta correria do salve-se quem puder
e do aproveitamento da situação frágil do outro para “subir” na vida.
Senhor Jesus, Tu és o sinal inequívoco da aliança eterna de Deus,
porque vieste para que tenhamos vida e vida em abundância,
ajuda-nos a seguir-Te sem medo de nos gastarmos pelo bem do outro.
Cristo, que não vieste para ser servido mas para servir,
envia-nos o teu Espírito e acende em nós o gosto pelo cuidado da vida.
Ensina-nos a estar juntos uns dos outros, como uma bênção
que anima, reconforta, alegra, faz crescer, liberta e cria comunhão.
Liberta-nos do pecado da indiferença autista,
para que ninguém sofra sozinho nem se sinta abandonado.
Ajuda-nos a ser sacramento da tua aliança eterna!
quarta-feira, fevereiro 15, 2017
4ª feira da 6ª semana do Tempo Comum
Nunca mais amaldiçoarei a terra por causa do homem. (cf. Gen 8,6-13.20-22)
Deus é Pai e quer educar-nos na aliança.
A narrativa de Noé revela-nos que, apesar da maldade do homem,
Deus não vai deixar de ser bom, misericordioso e providente.
Deus não quer destruir os malvados juntamente com a Terra,
mas recupera-los e salva-los dos seus maus sentimentos.
Esta é a garantia de Deus desde o princípio da criação!
Toda a existência tem a proteção da Mão de Deus,
a garantia da sua fidelidade, o selo do seu amor.
Noé é uma critica a diversas formas distorcidas de salvar o mundo:
castigar e destruir os maus por meio da pena de morte,
o genocídio para destruir pessoas só por serem dum povo,
o fundamentalismo implacável para com o diferente,
o racismo e a xenofobia que constrói muros de defesa,
o terrorismo que mata inocentes e queima a terra...
Os fins não justificam os meios utilizados!
Por isso, Deus é chamado Pai-Mãe, esposo, oleiro, restaurador,
educador, redentor que dá a vida para salvar vidas!
Senhor, bênção eterna que a todos nos salva,
louvado sejas pela tua paciência misericordiosa.
Cristo, que vieste para nos dar vida e vida em abundância,
conduz-nos com a tua Palavra e aceita-nos como teus seguidores.
Envia-nos o teu Espírito e cura a nossa cegueira
que vê os outros sem rosto, como árvores a passar.
Dá-nos, Senhor, um coração novo, fraterno e paciente,
que saiba amar, sem se deixar contaminar pelo ódio!
terça-feira, fevereiro 14, 2017
S. Cirilo e S. Metódio, Padroeiros da Europa
Voltamo-nos para os gentios, porque assim nos mandou o Senhor. (cf. At 13,46-49)
Deus é luz e quer iluminar toda a Criação.
Como é uma luz personalizada e relacional,
não quer iluminar-nos como sol massificador
que se impõe a todos com a sua luz e calor,
mas precisa de nós para a propor, tratando cada pelo seu nome.
Cirilo e Metódio são dois irmãos da Grécia
enviados a evangelizar os povos eslavos.
Partiram com alegria e criatividade, anunciando Jesus
e criando um alfabeto que ainda hoje se utiliza.
A evangelização cria comunhão e promove o desenvolvimento.
Desenvolve identidades porque todos somos irmãos diferentes.
Foi desta forma que o cristianismo deixou esta marca única na Europa,
de um continente relativamente pequeno,
com identidades, culturas e línguas múltiplas e tão diferentes!
No entanto, não são estas diferenças que nos impedem a relação!
O que nos separa é o desejo de poder, a incapacidade de acolher,
a ambição de dominar, o medo de ser oprimido, o preconceito.
Na Igreja há ritos, culturas e acentuações teológicas diferentes,
mas todos somos iluminados pela mesma Luz redentora de Cristo.
Senhor, Luz das nações que a todos queres iluminar e aquecer,
liberta-nos do nosso comodismo egoísta
e dá-nos coragem para nos voltarmos para os gentios,
os que ainda não conhecem nem foram tocados pela alegria do Evangelho.
Envia-nos o teu Espírito e inquieta-nos o coração,
para acreditarmos verdadeiramente no Evangelho de Jesus
e o proclamarmos destemidos com o testemunho e o anúncio.
S. Cirilo e S. Metódio, intercedei por nós,
para que, hoje, saibamos ser ousados na missão,
criativos na comunicação e zelosos na entrega de vida.
segunda-feira, fevereiro 13, 2017
2ª feira da 6ª semana do tempo Comum
O pecado está à tua porta. Ele desejará atingir-te, mas tu poderás dominá-lo. (Cf. Gen 4,1-15.25)
Onde há amor e reta intenção aí habita Deus.
A verdade é transparente para Deus
e ninguém a pode esconder ou maquilhar,
por meio de lindas palavras ou oferendas rituais.
A oferta espiritual deve vir acompanhada pela caridade,
caso contrário o pecado, que está à nossa porta, nos dominará!
Foi o que aconteceu com Caim, que em vez de mudar o seu proceder,
invejou o irmão, se irritou com Deus e matou Abel.
Deus fica triste com a atitude de Caim e chama-o à atenção,
responsabilizando-o pelo sangue derramado.
Castiga Caim, mas não o abandona, protegendo-o da morte!
O pecado fermenta pecado num redemoinho definhante.
Quando caímos num pecado e nos sentimos miseráveis,
se reconhecemos a nossa fragilidade e pedimos perdão,
a Deus e à pessoa lesada, a humildade faz-nos crescer,
em maturidade, responsabilidade e confiança na misericórdia;
se tentamos esconder e justificar a nossa falha,
nada fazendo para mudar a atitude, sentimento
e comportamento malicioso e bestializante,
então o pecado toma conta de nós e droga-nos no mal.
A inveja, a cobiça, a ambição, a mentira, o adultério, o roubo,
a corrupção, o egoísmo, a vingança, a agressividade, a injustiça,
o afastamento de Deus e a dureza de coração,
são alguns dos sintomas de que estamos possuídos pelo mal.
Senhor, perguntador que tocas a verdade e a qualidade da nossa vida,
abre os ouvidos da nossa consciência
e conduz a nossa conversão com a mão da tua Palavra de Pai.
Cristo, nosso salvador e sacerdote da boa oferenda,
envia-nos o teu Espírito para que este nos ensine
a lutar contra o mal e a caminhar nas sendas do bem e da humildade.
Acorda-nos, Senhor, cada manhã com o sol do amor,
para que não atendamos ao pecado que nos bate à porta,
com a azia do ressentimento, da inveja e da vingança.
Dá-nos, Senhor, um coração bom e misericordioso!
domingo, fevereiro 12, 2017
6º Domingo do Tempo Comum
Diante do homem estão a vida e a morte: o que ele escolher, isso lhe será dado. (Cf. Sir 15,16-21 (15-20)
Deus é um educador da vida e luz dos nossos passos.
Criou-nos livres e com capacidade de escolha,
entre o bem e o mal, a vida e a morte, o amor ou o egoísmo.
Os mandamentos, o seguimento de Jesus, as moções do Espírito,
os ensinamentos da Igreja são tudo propostas de um Amigo,
que nos quer ver felizes e crescer na capacidade de ser uma bênção
ao serviço de Deus e próxima de todos!
Não se trata de cumprir obrigações e ritos com medo do castigo,
mas de penetrar no espírito da aliança e de amar intensamente,
em pensamentos, desejos, palavras e obras.
A opção por viver o imediato tira-nos o horizonte do eterno.
A vontade de brilhar, iludido pela magia do “para já” sem esforço,
ou “compre agora e pague mais tarde”,
faz-nos optar pelo jogo da sorte, em vez do empenho diário;
preferir o fundo de desemprego a um trabalho justo,
buscar momentos de felicidade artificial a ser feliz.
A vida é um processo que precisa de opções fundamentais
nas encruzilhadas da vida, de treinos árduos para se tornarem rotinas,
de metas reais para avaliar se vamos no bom caminho.
A ecologia, as opções de estudo e de trabalho,
os relacionamentos alimentados, a ocupação do tempos livres...
revelam que muitas vezes usamos a liberdade como libertinagem,
semeamos ventos sem nos darmos conta que iremos colher tempestades!
Senhor, que bom sabermos que nos amas e não nos abandonas,
como pedagogo que ensina a usar a liberdade
para gerar felicidade e comunhão libertadora.
Cristo, Homem novo e Deus-connosco,
envia-nos o teu Espírito e conduz o nosso coração,
para que Te sigamos com entusiasmo e sem dissimulação.
Fortalece a nossa consciência com a luz da tua Palavra
e ensina-nos a arte do discernimento do bem que permanece.
Liberta-nos das soluções mágicas e breves, sem dor nem esforço:
da fortuna da sorte, de fama num segundo,
da alegria artificialmente regada a álcool ou outras drogas,
da felicidade virtuais e dos prazeres solitários ou comprados.
sábado, fevereiro 11, 2017
Sábado da 5ª semana do Tempo Comum – N. Sra de Lurdes, Dia Mundial do Doente
O Senhor Deus chamou Adão e disse-lhe: «Onde estás?» (cf. Gen 3,9-24)
Deus vem ao nosso encontro, mesmo quando nos escondemos.
Chama-nos pelo nome, interroga-nos onde estamos.
Convoca-nos à meditação sobre as opções que fizemos
e a tomarmos consciência das suas consequências.
O pecado contagia e justifica-se com desculpas externas:
o homem culpa a mulher e Deus, a mulher culpa a serpente...
Jesus no Evangelho também pergunta aos discípulos:
“Quantos pães tendes?” ou seja, “Onde estás quando o teu irmão sofre?”.
Jesus está onde está o coração do Pai... e nós?
Hoje é o dia de Nossa Senhor de Lurdes e do doente.
É pertinente interrogar-nos: onde estamos
quando alguém está doente, dependente ou só?
É igualmente pertinente interrogar-nos: onde estamos
quando estamos doentes, a sofrer, sem esperança de cura?
Estamos revoltados ou conformados,
só pensamos em nós ou rezamos por quem cuida de nós,
por quem sofre como nós, pelos pecadores, pelos que não têm fé?
Onde estamos como cuidadores ou como enfermos:
escondidos e alheados da verdade e da solidariedade
ou abertos à conversão e à misericórdia de Deus?
Senhor, louvado sejas, porque mesmo quando pecamos
vens ao nosso encontro, com a ternura de um Pai
que quer recuperar o seu filho,
libertar-nos do nosso esconderijo de medo,
e oferecer-nos uma túnica libertadora e protetora.
Cristo, que cada manhã vens ao meu encontro
com a luz inquietante da tua Palavra e me interrogas:
“José onde estás?”, “Onde está o teu irmão que sofre?
porque não o visitas, não o consolas, não rezas por ele?”
Nossa Senhor de Lurdes, Mãe dos aflitos, que nos visitas,
ensina-nos a cuidar de quem sofre com o mesmo zelo materno.
sexta-feira, fevereiro 10, 2017
6ª feira da 5ª semana do Tempo Comum – S. Escolástica
O homem e a mulher esconderam-se do Senhor Deus. (Cf. Gen 3,1-8)
O ser humano dá ouvidos à voz tentadora do enganador
e come do fruto proibido que lhe alimenta a ambição.
Como resultado, descobrem que estão nus,
pois o olhar fica contagiado pelo desejo de posse e de prazer,
e o coração fica inquieto e temeroso de Deus,
a Quem desobedeceram.
Perde-se a inocência do confiar em Deus e no outro,
e começa o processo do escondimento do outro e de Deus.
Sem a confiança e a comunhão a Terra deixa de ser um jardim
e passa a ser uma floresta, onde cada um se esconde com medo!
A maioria das vezes escondemos-nos para praticar o mal.
O quarto, a noite, o longe da vista, são algumas das árvores
onde hoje nos escondemos da verdade e da justiça.
O contrato que traz em letras mais pequenas o essencial,
a publicidade que associa um perfume ao desejo de fama,
o jogo da sorte que promete ser milionário por quase nada,
a corrupção que se esconde por baixo de um serviço público,
o namoro que só pensa em usar o outro para o próprio prazer,
a desculpa laboral para esconder um adultério...
Felizmente há pessoas que se escondem para fazer o bem,
que rezam pelos pecadores por amor e compaixão,
que constroem a paz sem ruído, nos bastidores da guerra.
Senhor, que Te passeias no jardim da nossa vida,
pela brisa da tarde, cura-nos do medo dos teus passos
e da má consciência que não confia na tua misericórdia.
Cristo, nosso salvador e boa nova da aliança eterna,
obrigado porque nos queres ensinar a ser filhos de Deus,
curando os nossos ouvidos da surdez, a nossa língua da mentira
e o nosso coração da ambição licenciosa.
Espírito de verdade e de luz, conduz-nos para a liberdade,
capaz de discernir o bem do mal, de ser forte nas tentações,
de nos convertermos em vez de nos escondermos.
S. Escolástica intercede para que descubramos a felicidade
de estarmos com Deus, escutando-O e louvando-O confiantes.
quinta-feira, fevereiro 09, 2017
5ª feira da 5ª semana do Tempo Comum
Não é bom que o homem esteja só. (cf. Gen 2,18-25)
Deus sabe que a solidão nos adoece
e, por isso, criou a fé para O vermos sempre presente,
a amizade para nos sentirmos complementados,
o amor para nos sentirmos fortalecidos e fecundos.
Quem tem uma fé clarividente e uma vocação de especial consagração,
vive a alegria do “só Deus basta” numa comunhão fraterna.
Quem sente a vocação para o casamento,
vive a paixão entre o homem e a mulher,
numa união fecunda e numa aventura de crescimento mútuo.
O perigo é deixarmos crescer a raiz amarga do egoísmo,
que nos fecha sobre nós mesmos e desconfia da comunhão.
Jesus vive a plena comunhão com Deus e com a humanidade!
Hoje, como ontem, a solidão adoece a esperança e a alegria.
O vazio do calor humano e o descuido da fé,
leva-nos a preencher a carência com coisas novas de consumo,
com ruídos do rádio e imagens e movimento da televisão,
com amigos virtuais ou animais de estimação.
São companhias que se pagam na caixa do comércio,
nas contas do telefone, da eletricidade e da internet,
nos bares, ginásios, clubes, discotecas e casas de alterne.
Felizmente há muita gente solitária que descobriu
que pode receber amor, dando-se solidariamente,
e procura Deus na Igreja, ajuda voluntariamente,
ousa amizades verdadeiras, compromete-se com um mundo melhor!
Senhor, louvado sejas porque nos criaste à tua semelhança:
seres com coração e feitos para a comunhão.
Cristo, Irmão de longe que Te fizeste próximo e amigo,
louvado sejas porque continuas o Emanuel,
o Deus connosco, o Deus para nós, a humanidade em Deus.
Espírito Santo, Mestre da comunhão e seiva do amor,
ensina-nos a investir na fé e na amizade beneficente e gratuita,
para que sintamos sempre a segurança e a confiança
de nunca estarmos sós, de sermos amados, de sermos salvos.
quarta-feira, fevereiro 08, 2017
4ª feira da 5ª semana do tempo Comum – S. Bakita
Não comerás da árvore da ciência do bem e do mal. (cf. Gen 4,4b-9.15-17)
Deus é o arquiteto que ajardina a felicidade para o homem.
Modela-o do pó da terra e eleva-o a ser vivo espiritual.
Coloca-o como cuidador e guardador do jardim da vida,
mas pede-lhe que não coma (não se apodere) do bem e do mal.
A desobediência a Deus conduz ao relativismo e à anarquia ética,
e esta à injustiça e à guerra, que conduz à morte sem escrúpulos.
A avaliação do bem e do mal não pode depender do capricho dos pares,
mas tem que ter uma referência transcendente e eterna,
a quem todos obedecemos e pela qual todos nos guiamos.
A comunhão de vida tem como base a comunhão de valores.
Hoje é o Dia Mundial de Oração Contra o Tráfico de Pessoas,
com o tema: São crianças, não escravas!
A memória litúrgica de S. Josefina Bakita,
que foi uma criança escravizada e posteriormente libertada,
alerta-nos para a situação dos adultos deixarem de protetores
e passarem a ser exploradores das crianças, seres frágeis,
para fins de abuso laboral, sexual, bélico e comercial.
É um exemplo claro em que se come e se apodera
da árvore do bem e do mal, fazendo da criança um mero objeto.
Um mundo sem valores deixa de ser um jardim de vida
e passa a ser uma noite de morte e de injustiça!
Senhor, Árvore da Aliança que queres alimentar-nos a felicidade,
dá-nos um coração sábio e confiante nas tuas orientações do bem.
Cristo, Mestre do Amor e ternura para com o mais frágil,
ensina-nos a ser anjos da guarda e não predadores das crianças.
Ajuda-nos a adotar, como irmãos, as crianças desprotegidas
pela condição económica débil e marginal,
pela situação de refugiado ou emigrante,
pela pertença a famílias desestruturadas ou divididas.
Alimenta-nos com o Pão da Palavra da tua Aliança
e liberta-nos da libertinagem que usa e abusa do mais fraco.
S. Bakita, intercede para que aprendamos a ser livres e fraternos,
pela obediência da fé e dos mandamentos.
terça-feira, fevereiro 07, 2017
Cinco Chagas do Senhor
Pelas suas chagas fomos curados. (cf. Is 53,1-10)
Jesus é o Servo do Senhor na salvação do mundo.
O seu aspeto, mesmo quando glorioso,
tem as marcas dum cordeiro pascal,
oferecido em expiação pelos nossos pecados.
O Ressuscitado tem as marcas do Crucificado,
porque a oferta da sua vida por nós permanece
agrafada à aliança que faz da sua vida uma só carne connosco.
Ele é o Deus Emanuel, o Irmão do coração,
que quer que a sua alegria seja a nossa felicidade
e onde Ele estiver, estejamos nós também.
De que falam as marcas do nosso corpo?
A que são devidas as olheiras que nos amarelecem o rosto?
Que origem tiveram as cicatrizes que nos marcam?
Quantas pessoas salvamos com as tatuagens da nossa pele?
O que tentamos esconder com as nossas maquilhagens diárias?
Que comportamentos estimularam o aparecimento dos cancros?
Que história contam a obesidade ou anorexia que nos deformam?
O corpo é um livro aberto que todos podem ler,
uns contam histórias de amor outras de narcisismos estéreis?
O Corpo de Cristo é um Evangelho de aliança eterna e incondicional!
Senhor, Servo de Deus e Servo da nossa salvação,
louvado sejas pelas marcas que permanecem no teu Corpo,
que nos falam de oferta de vida, da dor pelos nossos pecados.
Cristo, Ressuscitado-Chagado de fogo de amor por nós,
conduz o nosso viver para que o nosso corpo
não fique chagado por doenças, fruto do pecado:
cirrose, cancro, HIV, obesidade, anorexia...
Espírito Santo, marca-nos com a serenidade da fé,
os calos da entrega pelo bem do outro,
as olheiras das vigílias de oração e do cuidado ao lado de quem precisa,
as cicatrizes fda fecundidade da vida e das emergências acudidas,
as rugas do sorriso e da esperança nas adversidades do dia a dia.
segunda-feira, fevereiro 06, 2017
2ª feira da 5ª semana do Tempo Comum – S. Paulo Miki e Companheiros
Disse Deus: «Faça-se a luz». E a luz apareceu. Deus viu que a luz era boa. (cf. Gen 1,1-19)
Deus cria com a sua Palavra e o seu Espírito.
A sua criação é um “faça-se” e um “separe-se”.
Não aniquila as trevas, nem o deserto, nem o abismo
mas separa-as da luz, preenche-as de água e verdura,
reorganiza a criação, tornando-a bela e boa.
O pecado trouxe de novo o caos à criação.
Cristo, Luz do mundo e arquiteto do belo e do bom,
veio recriar e reorganizar o caos com a luz da verdade e do amor.
O afastamento de Deus torna o mundo caótico,
desértico, poluído, sem luz que distinga o bem do mal.
A corrupção, a mentira, o engano, a traição e a exploração,
gostam das trevas da noite, da confusão, do direito caótico.
O mundo da noite teme a luz do dia,
por isso, trabalha e diverte-se durante a noite,
e dorme durante o dia, de janelas em blackout.
Mas hoje, como no princípio, Deus viu que a luz é boa,
é ela que ilumina a verdade e a justiça,
torna possível a contemplação do belo e distinção das cores,
a existência da harmonia e da liberdade.
Senhor, fonte de toda a luz e Pai da Luz
que ilumina toda a esperança,
recria em nós a luz da verdade, por meio da tua Palavra.
Cristo, Luz das nações e aliança eterna revelada e encarnada,
liberta-nos das trevas da mentira e do mal
e conduz-nos pelo caminho do amor e da justiça.
Espírito Santo, Luz no qual vemos a Luz,
dá-nos o dom do discernimento e da vontade obediente,
para que nos tornemos luz do mundo que aponta para Deus.
S. Paulo Miki e Companheiros, mártires temporães do Japão,
ajudai-nos a não nos refugiar nas trevas e a optar pela Luz.
domingo, fevereiro 05, 2017
5º Domingo do Tempo Comum – Dia da Universidade Católica
Não voltes as costas ao teu semelhante. Então a tua luz despontará como a aurora. (cf. Is 58,7-10)
Jesus é a luz da Luz que ilumina a história.
Nele Deus se toca com as mãos e o coração se ouve palpitar.
Nele o Pai é revelado no mistério da sua misericórdia
e a luz da sua Palavra ilumina quem anda errante e perdido.
Ele nos dá a sua Luz no fogo do Espírito
e nos envia a ser círios que iluminam o mundo,
com o nosso testemunho de caridade e de piedade.
O Batismo é uma iluminação que nos envolve na luz divina
e nos ajuda a não virar as costas ao nosso semelhante.
Quando pensamos que o cristão e a Igreja devem ser luz do mundo,
pensamos em projeção nos meios de comunicação social,
prestígio social e moral, êxito cultural, poder, número...
S. Paulo apresenta-se em Corinto com uma luz diferente:
como trabalhador, entre os mais pobres, sem linguagem elevada,
com a única segurança da fé em Jesus crucificado.
É um fermento novo que ilumina pelo testemunho de vida
e pela coerência entre a palavra e o agir.
Felizmente há muita gente anónima que ilumina silenciosamente
e aponta para a Luz, consumindo-se para dar à luz a vida.
É aquela caridade que não faz ruído, mas faz bem;
que não cria incêndios destrutivos e mortíferos,
mas aquece a panela e a solidão, e ilumina o caminho do irmão.
Senhor, nossa luz e salvação,
obrigado porque nos despertas para a esperança.
Cristo, luz das nações e farol dos náufragos,
ilumina-nos com a tua Palavra e o teu Espírito,
para que em Ti encontremos o amor
que nos faz ver o irmão e pulsar com o seu coração.
Renova-nos na luz do nosso Batismo e da Eucaristia,
para que vendo as nossas boas obras,
todos glorifiquem o Pai de Jesus, nosso Senhor!
sábado, fevereiro 04, 2017
Sábado da 4ª semana do Tempo Comum – S. João de Brito
Não esqueçais a beneficência e a solidariedade, porque são estes sacrifícios que agradam a Deus. (Cf. Heb 13,15-17.20-21)
Jesus é o supremo pastor que dá a vida pelas suas ovelhas.
A sua missão é um coração aberto e compassivo
pelo povo que anda errante e faminto de salvação.
Ele convida-nos a segui-Lo nesta liturgia de louvor ao Senhor,
oferecida pelo sacerdócio comum dos fieis,
por meio do cuidado solidário e libertador do próximo
e da colaboração alegre numa sociedade justa e pacífica.
A vida do cristão é a participação no sacerdócio de Cristo,
Bom Pastor, que vive para dar vida a todos, sem exceção.
Quando se fala em “cristão praticante” só se pensa na missa.
Ser cristão praticante é louvar o Senhor com os lábios,
mas também com o coração, as mãos, os pés, os olhos, os ouvidos...
Quando a missa não continua na mesa e na cama,
a Palavra de Deus não floresce na vida quotidiana e na empresa,
e a Igreja não carateriza o ambiente da família,
é uma prática cristã coxa, localizada, fragmentada, incompleta.
A nossa vida ou é um contínuo sacrifício de louvor
ou são ações desconexas de louvor pio a Deus e de gritaria,
de mãos levantadas em oração e de mãos fechadas e indiferentes!
Que belos são os pés que anunciam e constroem a paz e o amor!
Coração de Deus, sempre atento aos filhos perdidos,
louvado sejas pelo teu cuidado misericordioso e compassivo.
Cristo, Sacerdote do profano, pois tudo santificas
com a tua graça e o testemunho da aliança eterna de Deus,
abre os ouvidos do nosso coração à tua Palavra de amor.
Espírito Santo, brisa suave que aproximas corações,
ensinas-nos a prolongar a nossa oração no louvor das boas obras,
humildes e silenciosas, alegres e gratuitas, livres e oportunas.
S. João de Brito, ardoroso missionário da Índia,
intercede para que o nosso testemunho seja evangelizador.
sexta-feira, fevereiro 03, 2017
6ª feira da 4ª semana do Tempo Comum
Lembrai-vos dos prisioneiros, como se estivésseis presos com eles. (Cf. Heb 13,1-8)
Jesus quis salvar-nos, embarcando na nossa barca em tempestade.
Não quer ser um Messias que nos olha de fora como uns coitadinhos,
mas como alguém que caminha connosco, assume a nossa carne,
sofre as nossas limitações, conhece o nosso lado da história.
Não nos vê como objetos da sua salvação,
como se fosse uma função que tem que cumprir,
mas vê-nos como aliados, como irmãos de coração,
como bom pastor, como médico de família e de campanha...
Assim, Ele pode amar-nos como a si mesmo e dar a vida por nós!
O orgulho e o preconceito leva-nos a ver o outro de longe,
a julga-lo com inflexibilidade, a diaboliza-lo.
Assim, muitas vezes somos demasiados cruéis
quando julgamos os ciganos, os refugiados, os migrantes,
os drogados, os sem teto, os presos, os adversários...
“Lembrar os prisioneiros, como se estivéssemos presos com eles”,
é vê-los a partir de dentro, pessoas com um nome e uma história,
irmãos nossos que fraquejaram gravemente,
cidadãos que é preciso recuperar e reintegrar.
Pai bondoso, que do alto nos vês e sentes a partir de baixo,
ensina-nos a amar mais do que a julgar e a condenar.
Cristo, que não te envergonhas em chamar-nos irmãos
nem em sentar-te à mesa dos pecadores,
conduz-nos pelo caminho da humildade, da fraternidade,
da solidariedade, do diálogo e da esperança.
Envia-nos o teu Espírito de comunhão
e ensina-nos a amar o outro como a nós mesmos!
quinta-feira, fevereiro 02, 2017
Apresentação do Senhor
Para ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel no serviço de Deus. (cf. Heb 2,14-18)
O Filho unigénito do Pai foi, por Este, apresentado à criação
como Filho do Homem, que faz da criação morada do Altíssimo.
A encarnação é a apresentação do Pai que revela à humanidade
o seu Filho, sacerdote misericordioso e fiel,
pontífice entre o Céu e a terra, porta aberta da salvação.
O Filho primogénito de Maria e de José
foi, por estes, apresentado como Filho de Deus,
Àquele que é o Senhor da graça e do Templo.
Que sintonia mais perfeita que gera a Luz do mundo
e assume como templo a criação e a história inteira!
Maria e José são o porta-Luz do mundo.
Acolhem Deus na sua vida como dom não-possuído.
O Filho não é um objeto, mas é dom livre
para ser o que Deus quiser, vocação em botão.
Quanto temos que aprender com Maria e José
em ser cuidadores e não proprietários daqueles que,
filhos ou não, foram colocados ao nosso cuidado,
como jardineiros, cujo arquiteto paisagístico é Outro!
Cristo, nosso Templo que nos fazes vossa morada,
louvado sejas por aceitares ser sumo sacerdote misericordioso,
que eleva as nossas humildade ofertas ao Pai,
como sacrifícios agradáveis e purificados a Deus!
Jesus, Luz do mundo, envia-nos o teu Espírito
para que cada um de nós se torne luz do mundo,
neste mistério lunar que reflete a Luz do alto encarnada.
Maria, Senhora candelária e Turíbulo de louvor,
ensina-nos a levar a luz de Cristo na ternura da nossa entrega.
Senhor, apresentado e consagrado ao Pai,
fortalece a nossa consagração batismal e religiosa.