segunda-feira, julho 31, 2023
2ª feira da 17ª semana do Tempo Comum, S. Inácio de Loiola
As tábuas eram
obra de Deus; a escritura era letra de Deus gravada nas tábuas. (cf. Ex 32,15-24.3034)
Deus faz uma
aliança com Moisés e grava-a numas tábuas.
Esta aliança é
obra de Deus. O amor e a justiça é a letra de Deus.
Esta aliança
opõe-se à idolatria que é obra humana.
Para já a letra
desta aliança foi gravada em tábuas,
um dia Jesus vai
escreva-la com o seu sangue
e o Espírito Santo
vai grava-la no nosso coração.
A santidade é obra
de Deus no coração humano;
é o reino de Deus semeado,
a nascer e a crescer,
fermentado por
Cristo e pelo Espírito Santo.
A criação é obra
de Deus, a sua letra escrita na vida.
O amor que palpita
nos corações e na natureza,
é a gramática de
Deus, que só um olhar puro e contemplativo
pode aprender a
discernir e a compreender.
Há prazeres e
felicidades que duram um instante,
mas depois criam
dependências e definham a alegria;
e há objetivos que
choram pelo caminho
mas depois são
regados de bênçãos e de bons frutos.
No saber distinguir
a letra humana da letra de Deus
está a sabedoria e
a distância entre a idolatria e a Aliança.
Senhor, nós somos
obra tua e em tudo Te leio belo e bom.
Perdoa as vezes em
que o capricho se cansa de esperar
e nos viramos para
o ouro que luze e moldamos
como segurança efémera
e à medida da nossa tacanhez.
Dá-nos um coração
bom e sábio, um olhar lúcido e avisado,
que não se deixe
enganar por miragens nem praticar injustiças,
mas caminhe pelo
caminho estreito da verdade e do amor
que o Filho de
Deus revelou como graça e misericórdia.
S. Inácio de Loiola,
mestre na arte de discernir a obra de Deus,
intercede para
sejamos cartas escritas por Deus
que deem glória ao
Criador e anunciem Jesus salvador.
domingo, julho 30, 2023
17º Domingo do Tempo Comum
Dai ao vosso servo
um coração inteligente, para saber distinguir o bem do mal; (cf. 1 Reis
3,5.7-12)
Deus ama ver-nos
centrados na justiça e na verdade.
Mais do que a
busca desenfreada de possuir coisas, prazer e poder,
é importante adquirir
uma arte de viver justa, amável,
fraterna, feliz,
compassiva, livre e misericordiosa.
Salomão soube pedir
esta sabedoria a Deus.
Jesus é a
sabedoria do Pai que quer ser irmão-companheiro,
para nos ensinar a
vender tudo para comprar o campo do tesouro,
ou a pérola preciosa
do bem e da verdade.
O Espírito Santo é
o dom do discernimento
que sabe separar da
rede que somos, o que é bom e o que é mau,
e tem a coragem de
ficar só com o bom.
Nós somos como
pescadores que lançamos a rede
ao abrir a janela,
ligar a televisão ou a internet.
Nesta rede que
pesca pelos sentidos entra tudo, bom e mau,
e precisa de ser
sonhado, discernido e purificado
para que o mau não
apodreça ou abafe o bom que pescamos.
Por isso, a arte
não é pescar e consumir tudo que se pesca,
pois há muito
lixo, muito alimento nocivo entre o pescado.
A sabedoria é ter
a coragem de guardar apenas o que faz bem!
Senhor, às vezes perante
o mistério da vida,
agarro-me ao que
já tenho, mesmo que não seja bom,
e tenho medo de
arriscar a buscar um bem maior,
uma vida mais
pacífica e feliz, uma fraternidade mais verdadeira.
Perdoa, porque às
vezes até me custa acumular tesouros no Céu,
porque é algo
futuro, promessa que não posso comprovar.
Dá-nos, Senhor, um
coração inteligente e bom,
que saiba distinguir
o alimento bom do mau,
o que apodrece e
mata a vida do que a fortalece,
o que sabe bem
hoje mas traz ressaca amanhã.
Espírito Santo,
dá-nos o dom da sabedoria e do discernimento
e a coragem para
parar, avaliar e recomeçar uma vida nova.
sábado, julho 29, 2023
Sábado da 16ª semana do Tempo Comum, S. Marta, S. Maria e S. Lázaro
E nós vimos e
damos testemunho de que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. (cf. 1 Jo 4,7-16)
Deus quis assumir
um corpo e rosto humano,
enviando o seu
Filho para renovar a aliança eterna
no seu sangue e
assim manifestar a essência de Deus: amor.
A fé faz-nos ver o
invisível e experimentar a surpresa do amor,
de um Deus que é
capaz de descer à nossa condição
e dar a vida pela
nossa salvação, purificando-nos do pecado.
Marta, Maria e
Lázaro hospedaram o Filho de Deus
e fizeram da sua
casa a mesa da amizade e o repouso do Messias.
Betânia é o ícone
da hospitalidade, da amizade e da fé em Jesus.
A hospitalidade é
uma das marcada das Jornadas Mundiais da Juventude.
Famílias, paróquias
e associações abriram as portas a milhares de jovens,
vindos de diferentes
países e fizeram a experiência do acolhimento.
Estas semanas proporcionaram
que muitos pudessem fazer
a experiência de ser
Betânia, casa que hospedou Jesus,
e aprenderam a
linguagem do amor que todos entendem.
Há um entusiasmo
no ar onde brilha a esperança,
se respira
fraternidade, se abre a porta à Igreja jovem
e se entra na
aventura de saborear o que é a família de Cristo.
Senhor Jesus, obrigado
porque és o amor do Pai
e escolheste ser
nosso amigo e habitar na nossa casa.
Obrigado pelo
exemplo da Casa de Betânia
que nos desafia a
acolher-Te no irmão que nos bate à porta.
Perdoa as vezes em
que a lógica do mercado nos contagia
e perdemos a alegria
da gratuitidade e a riqueza da hospitalidade.
S. Marta, S. Maria
e S. Lázaro, intercedei por nós,
para que saibamos
ser amigos íntimos de Jesus como vós
e a acolhe-Lo no
nosso coração como Mestre e Senhor da vida.
sexta-feira, julho 28, 2023
6ª feira da 16ª semana do Tempo Comum
Não adorarás
outros deuses nem lhes prestarás culto. (cf. Ex 20,1-17)
Deus é aquele que
liberta e salva, cria e sustenta.
Por isso, é todo Aquele
em quem eu confio,
me prostro e
adoro, sirvo e obedeço, cultuo e admiro.
Há um só Deus que
nos criou e salva,
mas eu posso criar
outros deuses,
que podem ser palavras
mágicas e poderosas,
imagens milagrosas,
astros, pessoas, animais,
plantas, montes, edifícios,
rios, fontes, pedras…
Posso também
confiar a minha vida em riquezas,
drogas ou poderes,
fama ou sensações…
O sentido prático
da pessoa contemporânea,
não precisa de
fundamentações filosóficas e ideológicas,
deixa-se levar
simplesmente pela vida e pela corrente,
buscando emoções,
poder de compra, fama,
experiências, bem-estar,
novidades, passatempos…
É suficiente para
criar um êxtase:
uma selfie com
alguém famoso,
o incremento de
amigos virtuais numa rede social,
a aquisição de uma
novidade de marca e da moda,
o exibir fotos de
umas férias num lugar romântico,
o alcançar o poder
político e desportivo…
Parecemos um “buraco
negro” que devora estrelas!
Senhor, a tua
existência não depende do meu reconhecimento,
mas a minha
felicidade, libertação e salvação
depende da minha
fé em Ti e do meu acolhimento da tua graça.
Perdoa as vezes em
que me desnorteio e busco outras seguranças,
crio ídolos e os
tomo por redentores, me sacrifico a eles
tornando-me
escravo da busca insaciável de recompensa imediata,
da admiração e dos
elogios dos outros, do poder e da segurança,
da raiva e da
vingança, da eficácia e do controle,
não olhando aos
meios para conseguir os fins.
Faz de mim um
terreno acolhedor e fecundo
da tua Palavra e
da tua Aliança.
Purifica a nossa
fé e liberta-nos da idolatria.
quinta-feira, julho 27, 2023
5ª feira da 16ª semana do Tempo Comum
Moisés falava e
Deus respondia com voz de trovão. (cf. Ex 19,1-2.9-11.16-20)
Deus fala com
Moisés, pois este já aprendeu a sua gramática.
O povo só houve
trovões, tremores de terra, fogo,
nuvens espessas,
fumo, vento ou brisa suave, parábolas, sonhos…
A Palavra de Deus
não se impõe, embora incomode,
e precisa de ser mastigada,
interpretada, discernida e seguida.
O Espírito Santo
ilumina e clarifica;
a cegueira humana
do egoísmo e o ruído do medo e dos desejos
fazem-nos entrar
numa nuvem de trevas difícil de compreender.
Queixamo-nos da
vida, do cansaço, do tempo que escapa,
dos sinais do
corpo a gritar por uma vida sem emergências,
das depressões
pelas revoltas interiores e rancores não curados…
mas não sabemos
interpretar o que Deus nos quer dizer com tudo isto.
Às vezes até compreendemos,
mas não queremos
ou não conseguimos mudar.
Vemos as dores do
planeta terra gritar
e não queremos ouvir
nem alterar o estilo de vida.
Vemos as armas a
destruir e a matar,
mas o desejo de
ficar por cima impede-nos de parar.
Senhor, subi ao
monte e o silêncio falou-me inquietude,
a complexidade da
vida mostrou-me os erros do costume,
escuto, compreendo,
mas faço-me desentendido,
pois o ímpeto do
presente impede-me de ver o horizonte.
Aproximo-me da
Palavra como quem come uma sandes à pressa
e ela diz-me tranquilamente:
“senta-te e espera que te quero falar”!
Espírito Santo,
interprete da voz de Deus, cria sede e espaço
para Te escutar e me
deixar transformar em palavra que interpela,
brisa suave que
traz paz, misericórdia que se oferece como dom,
convite a parar,
escutar, acolher e a recomeçar diferente!
quarta-feira, julho 26, 2023
4ª feira, S. Joaquim e S. Ana
Na sua
descendência permanece a excelente herança que deles nasceu. (cf. Sir
44,1.10-15)
Deus, ao criar-nos
à sua imagem e semelhança,
deixou-nos a
herança da liberdade, do amor,
da inteligência,
da beleza, da harmonia, da comunhão,
do perdão, do
cuidado da natureza e do outro, da santidade.
Apesar disso,
somos capazes e livres de repudiar esta herança,
e acolher a
herança do inimigo: divisão e revolta,
egoísmo e
indiferença, individualismo e dependências,
rancor e
vinganças, avareza e injustiças, pecado…
Quando os pais são
justos e santos, como Joaquim e Ana,
e a Filha é fiel à
herança recebida dos pais, como Maria,
até ao pais colhem
deste jardim que semearam
e viram e ouviram
o que muitos desejaram ver e ouvir!
Vivemos num tempo
de conflitos de gerações.
Perante as novas
tecnologias e saberes,
os mais jovens
tentam apropriar-se de outras heranças,
que não vêm apenas
dos pais, mas que bebem na escola,
na televisão, na
internet, nas redes sociais…
Os avós são uma
síntese bonita entre o passado e o presente,
entre os pais sem
tempo e os avós com tempo e paciência,
entre os saberes
tecnológicos e a arte de viver com valores,
entre a diversão comprada
e o cuidado gratuito e amoroso,
entre a fé que se
reza e celebra e o culto do consumismo…
Os avós são um
tesouro de barro frágil que enriquece o mundo.
Bom Pai, que nos
enriqueceste com uma herança grandiosa,
ajuda-nos a
valorizar a herança da vida e dos valores,
que criam justiça,
constroem a paz, abraçam a harmonia,
aninham a esperança,
contribuem para a solidariedade e a alegria.
Bom Jesus, que nos
entregastes tudo: a aliança, a salvação,
a Palavra, o
Espírito, a graça sacramental, a missão…
auxilia-nos neste acolhimento
de tão belos dons,
para que façamos
render esta herança e deixa-la aos futuros.
S. Joaquim e S.
Ana, intercedei por estes vossos netos!
terça-feira, julho 25, 2023
3ª feira, S. Tiago, apóstolo
A fim de que se
manifeste também no nosso corpo a vida de Jesus. (cf. 2 Cor
4,7-15)
Deus colocou o seu
Filho na fragilidade de um corpo humano.
O tesouro da
eternidade
manifestou-se na fragilidade
dum vaso de barro.
Os discípulos de
Jesus não são mais que o seu Mestre,
por isso sofrem também
no seu corpo
a rejeição e os
sofrimentos da morte de Jesus.
O martírio de Tiago
é a manifestação no seu corpo
da vida de Jesus,
pelo testemunho e a entrega de vida pela sua fé.
A vida mole e sem
coluna vertebral de convicções que levamos,
mal dá para compreender
as perseguições e martírios
que muitos dos
nossos irmãos sofrem, em alguns países,
por causa de se
afirmarem como discípulos de Cristo.
Em 2022, mais de
360 milhões de cristãos foram perseguidos,
igrejas destruídos,
cristãos martirizados e presos,
impedidos de
celebrar publicamente a sua fé…
Estes nossos
irmãos manifestam na seu corpo
a vida de Jesus, a
fé que vale a vida, o amor que perdoa.
Senhor Jesus, gostamos
de Te seguir e saber que nos perdoas,
mas fugimos da
dor, da rejeição, do risco de vida
por causa da nossa
fé e da nossa esperança em Ti.
Espírito Santo,
dá-nos o dom da fé e da fortaleza,
para que não
vendamos a alma por uma paz passageira,
nem neguemos a
Cristo quando tememos que se riam de nós.
S. Tiago, primeiro
apóstolo a dar a vida por Cristo
e testemunha da
glória de Cristo na transfiguração
e da agonia de
Jesus no Jardim das Oliveiras,
intercede por nós,
para que se manifeste em nós
a vida de Jesus,
nas palavras, na piedade, na caridade,
no testemunho, na
missão e na entrega de vida.
segunda-feira, julho 24, 2023
2ª feira da 16ª semana do Tempo Comum
Porque estás a
bradar por Mim? Diz aos filhos de Israel que se ponham em marcha. (cf. Ex 14,5-18)
Perante as adversidades
da vida e o medo de as enfrentar,
Deus orienta os
nossos passos, manda-nos fazer a nossa parte
e tranquiliza-nos,
dizendo que Ele fará a sua parte.
Por isso, suplicar
socorro a Deus, supõe escuta de Deus,
discernimento e
obediência à sua vontade,
disponibilidade
para nos levantarmos
e fazermos o que,
quando e como o devemos fazer.
Somos parceiros de
Deus e participamos da sua missão,
mas é Ele quem nos
conduz e guia no caminho da libertação.
O medo deixa-nos
muitas vezes tolhidos e a chorar socorro,
e como crianças
queremos que Deus faça o que podemos fazer
e o faça como e
quando teimamos ser a única forma de o fazer.
Comportamo-nos
diante de Deus como crianças,
que choram e fazem
birra, ameaçando nunca mais Lhe ligar!
É a religiosidade das
emergências,
que pede mais uma
fada do que um Guia,
de promessas e amuletos,
pouco disponível para escutar,
confiar,
levantar-se, comprometer-se e converter-se.
É mais um caderno reivindicativo
do que um diálogo,
um servir-se de
Deus do que querer servir a Deus!
Senhor, na encruzilhada
da vida que vivemos,
que queres que eu
faça, para onde queres que eu marche?
Jesus, que
quiseste ser nosso irmão,
ensina-nos a rezar
e a confiar na tua Mão,
mesmo quando ao
longe só vemos a cruz no horizonte.
Espírito Santo,
luz que nos anima a entrar no mar enxuto
e a adentrar-nos
no deserto do seguimento de Cristo e da missão,
ajuda-nos a levantar
dos nossos medos e comodismos,
e a fazer o que
podemos e devemos fazer,
dando o nosso sim
ao teu projeto, como Maria.
domingo, julho 23, 2023
16º Domingo do Tempo Comum, Dia Mundial dos Avós e dos Idosos
Vós, o Senhor da
força, julgais com bondade e governais-nos com muita indulgência. (cf. Sab
12,13.16-19)
A omnipotência de
Deus não ameaça nem mete medo,
mas esconde-se,
atua como um fermento que leveda,
como uma semente
que germina a sua tempo,
como semeador de
vida sem destruir o joio de morte.
Por isso, os nomes
de Deus são: Pai, Pastor, Médico,
Esposo, Bondade,
Juiz clemente e misericordioso,
Salvador,
Libertador, Aliança, Luz, Nuvem,
Águia, Rocha de
apoio e fonte de água no deserto…
E Jesus
acrescenta: Pão da Vida, Sangue da nova Aliança,
Cordeiro Pascal,
Servo de Deus, Filho do Homem,
Carpinteiro de Nazaré,
Boa Nova dos pobres,
Manso e Humilde de
Coração, Obediência libertadora,
Príncipe da Paz,
Messias Crucificado, Emanuel…
Diz-se que o poder
corrompe e é verdade.
Esta força impõe-se
pelo medo de ser destruído,
pelo ruído dos insultos
e das ameaças,
pelo policiamento
e fiscalização, pelo castigo e prisão…
Por isso, as
grandes festas nacionais de governos tiranos
estão, muitas
vezes, ligadas a grandes paradas militares,
a apresentações de
novos armamentos,
a grandes
investimentos em armas ofensivas e de dissuasão.
Só que, quando
numa família ou numa empresa
se usa apenas este
tipo de poder agressivo,
mata-se a alegria
de viver, a criatividade, o diálogo e a paz.
Bom Deus, louvado
sejas pelo poder incomensurável do teu amor,
pela grandeza da
vida que brota do teu coração como seiva,
pelo infinito da
tua misericórdia que se derrama e cura,
pela beleza da tua
Palavra que ilumina e fermenta a nossa vida!
Bom Jesus, bendito
sejas pelo teu reinado de paz e de Espírito,
pela fidelidade à
tua mansidão que liberta e semeia,
pela omnipotência
do teu amor que vence a morte e a força da dor,
pela confiança em
entregar o tesouro da tua graça à Igreja, vaso frágil.
Bom Espírito
Santo, Bendito sejas por seres luz nas trevas,
brisa suave que
inspira paz e perdão,
discernimento que
distingue o trigo do joio,
impulso de missão
que nos anima a evangelizar,
doçura pedagógica
que nos leva a esperar e acreditar!
sábado, julho 22, 2023
Sábado, S. Maria Madalena
Levantar-me-ei e
percorrerei a cidade, procurando aquele que o meu coração ama. (cf. Cant 3,1-4a)
Há em nós uma sede
e uma saudade do amor.
O coração está
inquieto e anseia por mais
no vazio que fica
quando se alcança o que se deseja.
Cada manhã é um
levantar que procura a felicidade,
buscando longe o
que está perto,
vasculhando fora o
que está dentro, porque o Amor esconde-se.
E Deus revela-se
coração, proposta de aliança que eleva e guia,
misericórdia a
toda a prova, Pai que nos oferece o Filho,
esperança que nos
espera em festa,
momento que se quer
tornar eternidade!
É bom ter a casa cheia
de eletrodomésticos e eletrónica,
animais de
estimação e conforto térmico;
é bom sonhar e ter
a casa cheia de amigos virtuais…
mas o que é mesmo
bom é ter pessoas que nos amam,
amigos que nos
desafiam a ser melhores e corrigem,
que dão sentido à
vida e valorizam o despertar.
Talvez seja mais
tranquilo e cómodo
viver só e com
ruído programado de comando na mão,
mas o que fazemos
do amor que temos guardado?
Ou será o amor
como o cigarro que fumega
ou a bebida que se
bebe por um golo de prazer
que só a mim
aproveita numa vida que só gere lixo?
Senhor, obrigado
por mais este dia
e por mais esta
aventura de me poder levantar
e buscar, com
esforço e até sacrifício,
Aquele que o meu
coração ama.
Nesta vida em
janelas, muitas vezes fico pelo caminho,
procuro e não
encontro, porque desanimo
ou já imaginei o
que devia encontrar
sem me abrir à
surpresa do mistério em que habito.
S. Maria Madalena,
discípula e apóstola de Jesus,
ensina-nos a
levantar do medo e do comodismo,
dando asas ao amor
e fazendo da fé uma busca
daquele que o nosso coração ama e sabe que é amado.