segunda-feira, outubro 27, 2008

 

O sapo e a rosa

Era uma vez uma rosa muito bonita, que se sentia envaidecida ao saber que era a mais linda do jardim.
Mas começou a perceber que as pessoas somente a observavam de longe.
Acabou se dando conta de que, ao seu lado, sempre havia um sapo grande, e esta era a razão pela qual ninguém se aproximava dela.
Indignada diante da descoberta, ordenou ao sapo que se afastasse dela imediatamente.
O sapo, muito humildemente, disse:- Está bem, se é assim que você quer...
Algum tempo depois o sapo passou por onde estava a rosa, e se surpreendeu ao vê-la murcha, sem folhas nem pétalas.
Penalizado, disse a ela:
- Que coisa horrível, o que aconteceu com você?
A rosa respondeu:
- É que, desde que você foi embora, as formigas me comeram dia a dia, e agora nunca voltarei a ser o que era.
O sapo respondeu:
- Quando eu estava por aqui, comia todas as formigas que se aproximavam de ti. Por isso é que eras a mais bonita do jardim...
Muitas vezes desvalorizamos os outros por crermos que somos superiores a eles, mais "bonitos", de mais valor, ou que eles não nos servem para nada.
Deus não fez ninguém para "sobrar" neste mundo. Todos temos algo a aprender com outros ou a ensinar a eles, e ninguém deve desvalorizar a ninguém.
Pode ser que uma destas pessoas, a quem não damos valor, nos faça um bem que nem mesmo nós percebemos.
Que Deus nos abençoe e nos ajude a enxergar a "beleza" dos outros.


[Uma profunda espiritualidade ética e teológica neste pequeno conto. Uma exortação a não nos julgarmos melhores ou superiores aos outros e a compreendermos a noção de corpo que São Paulo nos ensina. Uma forma de referenciar este Ano Paulino.]

sábado, outubro 25, 2008

 

Encontro da verdade com a beleza, face gratificante da arte


LISBOA, quinta-feira, 23 de outubro de 2008 (ZENIT.org).- O Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, confessou que vivenciar o encontro da verdade com a beleza, por meio da arte, «proporcionou uma das páginas mais gratificantes» da sua caminhada.
D. José Policarpo proferiu essa terça-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, uma conferência intitulada «Literatura e o drama da Palavra», onde falou de sua trajetória como leitor e da importância da literatura na formação humana.
Na literatura, «confrontei-me com questões fundamentais sobre o sentido da vida, entre as quais a da existência de Deus ganhou uma centralidade inevitável, porque decisiva», afirmou o cardeal.
Após destacar leituras em diferentes campos da literatura, D. José recordou que chegou um momento em que ele procurou «narrativas de experiências espirituais, em que a busca do absoluto fosse o centro do enredo, o rosto do drama e a resposta de salvação».
«Eu precisava de escutar aqueles e aquelas que viveram um drama semelhante ao meu e que através de todas as palavras, buscavam a Palavra», confessou.
«Já não me lembro por onde comecei, mas guardo no meu coração aqueles e aquelas que se tornaram meus irmãos, companheiros fortes na aventura da descoberta da vida.»
«Agostinho de Hipona, nas suas “Confissões”, Teresa de Lisieux, na “História de uma alma”, Isabel da Trindade, Charles Foucault, sobretudo através da pena de René Voyaume e, já mais tarde, Edith Stein, que me ajudou a fazer a reconciliação entre a Filosofia e a Fé», afirmou o cardeal.
«Eram textos fortes, de grande qualidade literária, que sublinhavam a centralidade envolvente do amor e me revelavam corações inquietos na busca da luz definitiva.»
D. José falou que, «se no Céu houver notícia do que se passa conosco que ainda peregrinamos neste mundo, Teresa de Lisieux, “la petite Thèrése” sabe a influência decisiva que teve na minha vida».
Segundo o cardeal, neste tempo em que ele tentou «construir a narrativa da minha vida através das narrativas desses autores, procurei completar as intuições mais belas com a beleza da poesia».
«Descobri que a beleza pode exprimir o drama e a densidade da existência e que a etapa final da nossa caminhada é sempre a atração da beleza.»
D. José Policarpo cita «alguns desses poetas que visitei e a quem procurei escutar»: Antero de Quental, Florbela Espanca, José Régio, Fernando Pessoa, Sofia de Mello Breyner, Miguel Torga.
«Percebi que tantas vezes o poeta, na sua palavra, se transcende a si mesmo, exprimindo o recôndito do que não quer ser, mas deseja ser.»
«Todos eles, crentes ou descrentes, acabam por tocar pontos altos da sua poesia na evocação do sagrado, sobretudo na beleza com que cantam Maria, a Mãe de Jesus», afirmou.
«Acabei por vir a tocar, pessoalmente, esta experiência de, na nossa palavra, nos transcendermos a nós mesmos, o que nos põe o problema de saber onde está a nossa verdade, no que já somos, ou no que desejamos ser.»
«Tocar de perto este encontro da verdade com a beleza proporcionou uma das páginas mais gratificantes da minha caminhada, o contato com a arte», confessa.
«Fiz esta experiência de leitor de uma forma viva e apaixonada. E quando, de memória, recordo algum desses textos lidos, não tenho a certeza do que recordo mais: se o que o autor me disse, ou o que eu percebi de mim mesmo e do meu caminho lendo esse texto.»
«É por isso que é apaixonante revisitar, de vez em quando, esses textos marcantes, que foram na nossa vida, marcos perenes na busca de um ideal», afirmou.
Segundo o patriarca de Lisboa, «quando se fez um longo percurso na compreensão de si mesmo em diálogo com a palavra dos outros, sobretudo quando o aspecto fulcral dessa busca é a procura de Deus e da Sua importância decisiva na vida humana, é espontâneo acabar por dar-se uma centralidade irrecusável à Bíblia, expressão da dramatização radical da Palavra».
A palavra da Bíblia, de acordo com o cardeal Policarpo, pretende «dizer-nos Deus e o que Deus tem para nos dizer, o que desencadeia no leitor a busca do acolhimento de Deus e descoberta da própria vida, à luz do que Deus procura dizer-nos acerca de nós e do conjunto da história da humanidade».
«Ao procurar dizer-nos Deus, apresenta-no-l’O como potência criadora, como Palavra, como Espírito de amor. Intuímos que Deus é Palavra e é amor e que a sua potência criadora se realiza através da Palavra e do amor.»«Que Deus é Palavra, tornou-se radicalmente claro em Jesus Cristo, a Palavra feita Homem», afirma o patriarca.

sexta-feira, outubro 24, 2008

 

Dia das Nações Unidas: 24 de Outubro de 2008


Mensagem do Secretário-Geral da ONU


Por ocasião do 63º. aniversário da nossa Organização, celebro convosco o Dia das Nações Unidas.

Este é um ano crucial na vida da nossa Organização. Acabámos de deixar para trás o ponto médio do esforço que empreendemos para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio – a nossa visão comum para construir um mundo melhor no século XXI. É agora mais claro do que nunca que as ameaças deste século não poupam ninguém. Nem as alterações climáticas, nem a propagação das doenças e das armas mortíferas, nem o flagelo do terrorismo conhecem fronteiras. Se quisermos promover o bem comum mundial, temos de preservar os bens públicos mundiais.

Continua a haver muitos países que não estão no bom caminho para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio até à data estabelecida de 2015. Preocupam-me também profundamente os efeitos da crise financeira mundial. A liderança e as parcerias nunca foram tão importantes.

O êxito da reunião de alto nível sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, que organizámos em Setembro, é por isso ainda mais notável. Juntámos uma ampla coligação a favor da mudança constituída por Governos, executivos de empresas e representantes da sociedade civil. Suscitámos compromissos sem precedentes sob a forma de promessas de contribuições e parcerias, para ajudar os pobres do mundo.

Ainda não se fez a contagem final, mas o montante total das contribuições anunciadas na reunião sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio poderia exceder os 16 000 milhões de dólares.

As parcerias são a via do futuro. Basta olhar para os progressos realizados na luta contra a malária. A nossa acção mundial neste domínio permitiu-nos conter uma doença que mata uma criança em cada 30 segundos. Esta vitória foi possível graças a um planeamento orientado nos países, a um maior financiamento, a uma gestão mais coordenada a nível mundial e a meios científicos e tecnológicos da mais alta qualidade.

Precisamos de modelos como estes para enfrentar outros desafios, nomeadamente as alterações climáticas, numa altura em que se aproximam as conferências de Poznan e Copenhaga,. Precisamos deles para alcançar todos os outros Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

Continuemos a avançar por esta via. Não há tempo a perder. Espera-se das Nações Unidas que produzam resultados, para que o mundo seja mais seguro, mais saudável e mais próspero. Neste Dia das Nações Unidas, peço a todos os parceiros e a todos os dirigentes que façam aquilo que lhes compete e cumpram a sua promessa.

(Fonte: comunicado de imprensa SG/SM/11857 de 10/10/2008)

sábado, outubro 18, 2008

 

Igrejas unidas na luta contra a pobreza e a desigualdade


As Redes África-Europa Fé e Justiça (AEFJN Portugal) e Desafio Miqueias (Micah Challenge Portugal) congregaram 270 entidades cristãs e da sociedade civil para assinarem uma carta aberta contra a Pobreza e a desigualdade. Católicos e Evangélicos uniram-se, porque a Fé em Cristo lhes ensina que “os pobres não são apenas números perdidos nas estatísticas. São pessoas que precisam de ser encontradas, amadas e restauradas na vertente física, material, social, moral e espiritual. A pobreza é uma consequência da falta de amor para com o próximo.”

No dia 16 de Outubro entregaram a carta aberta no Gabinete do Primeiro Ministro e pediram um maior compromisso do Estado português com os Objectivos do Milénio e a concretização urgente da transferência de 0,7% do PIB para Apoio ao Desenvolvimento dos países pobres. Solicitaram ainda que o Governo aproveite o dia Mundial para a Erradicação da Pobreza, 17 de Outubro, para fazer uma declaração sobre o empenho real do Governo na luta contra a pobreza e a desigualdade em Portugal e no Mundo.

No dia 17 de Outubro, entre as 10:00 h e as 12:00 h, entregaram a carta na Assembleia da República. Todos os grupos parlamentares indicaram um deputado para receber a delegação e a carta aberta. Nas diversas audiências, os deputados manifestaram bom acolhimento à iniciativa e interesse em continuar este contacto com estas Redes cristãs com empenho social em Portugal e no mundo.

Foram diversos os assuntos abordados, com possibilidades de aprofundamento posterior: casos reais de pobreza, voluntariado e cooperação para o desenvolvimento, meio ambiente, políticas sociais e orçamento, acordos de parceria económica com os países ACP, políticas energéticas e consequências nos países mais pobres, migração e definição de um novo modelo económico mais justo e sustentável.
Esta iniciativa integra-se na campanha internacional da luta contra a pobreza: Levanta-te a actua.
As duas Redes vão continuar a congregar esforços junto das suas igrejas, da sociedade civil e da classe política porque acreditam que: “A pobreza é crime e os pobres não precisam de esmolas, mas de justiça.”
África-Europa Fé e Justiça (AEFJN Portugal), http://portugal.aefjn.org/

terça-feira, outubro 14, 2008

 

Seis temas centrais do Sínodo da Palavra


Balanço após a primeira semana
Por Jesús Colina
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 13 de outubro de 2008 (ZENIT.org).- Depois das 191 intervenções preparadas e lidas e de 99 intervenções livres, que ressoaram entre os dias 6 e 13 de outubro na sala do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra, seis temas receberam um interesse particular. Não são os únicos, mas são alguns dos mais mencionados.
1. A Palavra não é a Bíblia
O Sínodo começou esclarecendo um mal-entendido comum entre muitos crentes: como explicou em sua relação antes do debate o cardeal Marc Ouellet, P.S.S., arcebispo de Québec, a Palavra não é um simples texto escrito, é o próprio amor de Deus feito homem em Cristo.
Portanto, a Palavra é muito mais que a Bíblia. De fato, o Novo Testamento nasce no seio da Igreja nascente e implica portanto a Tradição e a interpretação do Magistério.
Entre os dias 7 e 8 de outubro, numerosas intervenções dos padres sinodais insistiram neste esclarecimento.
Os próprios padres afirmaram que este Sínodo não busca reescrever a constituição dogmática Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, que já explica estas questões doutrinais. Portanto, não é um sínodo doutrinal (ainda que recorde verdades do magistério), mas sobretudo pastoral.
Outras questões, como a inspiração dos autores bíblicos, não foram discutidas, portanto, diretamente; vários padres sinodais pediram um documento da Santa Sé sobre a interpretação das Sagradas Escrituras e inclusive se propôs que tenha caráter de texto papal, em forma de encíclica.
2. Pregar com o exemplo: o problema das homilias
A preocupação pelo nível das homilias em geral se repetiu constantemente na primeira semana do sínodo (cf. Zenit, 7 de outubro de 2008).
Por um lado, o sínodo está oferecendo soluções concretas para este problema, ao qual se chegou a atribuir o abandono da Igreja por parte dos fiéis.
Vários bispos pediram um “diretório homilético”, como já existe um “diretório para a catequese”, com indicações práticas sobre a pregação.
Neste sentido, o cardeal Angelo Scola, patriarca de Veneza, relator do Sínodo de 2005 sobre a Eucaristia, confirmou que a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos está preparando um subsídio com material para as homilias temáticas que possa servir de ajuda para os sacerdotes ao preparar a pregação. Não é um manual de pregação.
Numerosos bispos insistiram também na necessidade de que os seminaristas e sacerdotes não somente estudem a Bíblia, mas que aprendam a saboreá-la, meditando-a, como fez nesta segunda-feira o cardeal Agostino Vallini, vigário do Papa para a diocese de Roma.
Pois bem, muitos bispos, particularmente nas intervenções livres, explicaram que a homilia não é só questão de formação retórica ou acadêmica.
Citou-se várias vezes as famosas palavras de Paulo VI, quando dizia que o mundo escuta os professores, mas segue as testemunhas. Se a palavra do pregador não é acompanhada pela vida, perde toda a sua credibilidade, constatou-se.
Neste sentido, recordou-se também a expressão de Bento XVI quando explica que a Palavra não é só “informativa”, mas “performativa”, isto é, deve modelar a vida de uma pessoa.
3. A "lectio divina"
Talvez um dos termos mais repetidos esta semana tenha sido “lectio divina”. A meditação orante da palavra de Deus, particularmente em comunidade (existem diferentes metodologias, como os 7 passos para compartilhar o Evangelho), parece converter-se na proposta que os participantes deste sínodo querem fazer a cada paróquia.
Pode-se dizer, portanto, que a eficácia prática deste sínodo poderá ser medida dentro de 10 anos segundo a extensão desta prática, que foi impulsionada desde o início do seu pontificado por Bento XVI.
4. Antigo Testamento
Vários padres constataram a dificuldade que os católicos têm para ler e meditar sobre o Antigo Testamento. Deste modo, não podem gozar em plenitude da revelação divina. Este fenômeno se agrava em alguns ambientes por outros dois fenômenos.
No caso das Igrejas Orientais, como explicou Dom Kidane Yebio, de Keren (Eritréia), na sagrada liturgia praticamente nunca se lêem passagens do Antigo Testamento.
No caso dos cristãos do Oriente Médio, por causa do conflito entre israelitas e palestinos e de interpretações sionistas da Bíblia, rejeitam a leitura ou meditação do Antigo Testamento.
Este grave fenômeno foi constatado em particular por 2 patriarcas: Sua Beatitude Fouad Twal, patriarca de Jerusalém dos Latinos, e Sua Beatitude Grégoire III Laham, B.S., patriarca de Antioquia dos Greco-Melquitas (Síria). Este último explicou, como exemplo, que em uma celebração litúrgica, um fiel havia trocado a expressão bíblica “Povo de Israel” por “Povo da Palestina”.
5. Exegese
Nos primeiros dias do Sínodo, foram numerosas as exposições de bispos nas que constatavam como uma exegese acadêmica da Bíblia levava às vezes a duvidar da historicidade mesma de Cristo ou de que a Escritura seja um texto revelado.
Este leitura sem fé do texto revelado teria levado católicos a buscarem uma interpretação de fé em grupos protestantes. Ainda que este tema preocupa profundamente o Sínodo, a assembléia também sublinhou a importância da contribuição da exegese para a compreensão da Palavra.
Na relação de abertura, o cardeal Ouellet propôs aos exegetas e biblistas uma visão de fé e de escuta do espírito, superando assim, desde o início, um debate não necessário. Fé e ciência bíblica não estão em conflito – insistiram os bispos.
6. Traduções e distribuição da Bíblia
O tema foi apresentado à assembléia por Dom Louis Pelâtre, vigário apostólico de Istambul (Turquia), quem constatou que em muitas línguas locais ainda não se havia traduzido a Bíblia.
Quando estas populações minoritárias são pobres, tampouco existem recursos para imprimir e distribuir bíblias a preços acessíveis.
Foram numerosas as intervenções de bispos africanos, latino-americanos e asiáticos para pedir que se crie um organismo na Igreja Católica que ajude em todos os sentidos a resolver este grave problema, também do ponto de vista econômico.
Ambiente
Desde que se restabeleceu a prática de convocar o Sínodo dos Bispos, após o Concílio Vaticano II, esta assembléia é talvez a mais serena, sinal de uma nova unidade encontrada na Igreja depois de várias divisões de décadas passadas. Assim o constatava, por exemplo, o cardeal Óscar Rodríguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa, nesta segunda-feira.A este ambiente de unidade contribuiu o tema escolhido por Bento XVI, “a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, tema que toca o coração de cada um dos presentes.


domingo, outubro 12, 2008

 

Vestir o traje nupcial


Quando o rei entrou para ver os convidados, viu um homem que não trazia o traje nupcial. E disse-lhe: 'Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’ (Mt 22,13)

Que traje nupcial é esse de que nos fala o Evangelho? Tal traje é certamente algo que só os bons possuem, os que devem participar no festim [...]. O traje serão os sacramentos? O baptismo? Sem o baptismo, ninguém chega até Deus, mas alguns recebem o baptismo e não chegam a Deus [...] Será o altar, ou o que se recebe no altar? Mas ao receber o Corpo do Senhor alguns comem e bebem a sua própria condenação (1Co 11,29). Então será o quê, esse traje? O jejum? Também os maus jejuam. Será frequentar a igreja? Também os maus vão à igreja como os outros [...].
O que é então esse traje nupcial? Diz-nos o apóstolo Paulo: «O objectivo desta recomendação é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera» (1Tm 1,5). Eis o traje nupcial. Não se trata de um amor qualquer, porque por vezes vemos homens desonestos amar outros [...], mas não vemos neles aquela caridade autêntica «que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera»; ora, esta caridade é precisamente o fato de núpcias.
«Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, diz o apóstolo Paulo, se não tiver amor, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine [...]. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas, se não tiver amor, nada sou.» (1Co 13,1-2) [...] Poderia ter tudo isto, disse ele; sem Cristo, «nada sou» [...]. Como são inúteis os bens, se um só deles nos faltar! Se não tiver amor, bem posso ter distribuir todos os meus bens, confessar o nome de Cristo e entregar o meu corpo para ser queimado (1Co 13,3), que de nada me aproveita, pois posso agir assim por amor da glória [...]. «Se não tiver amor, de nada me aproveita.» Eis o traje nupcial. Examinai-vos a vós próprios: se o tiverdes, aproximai-vos confiantes do banquete do Senhor.

Santo Agostinho (345-430), bispo de Hipona (África do Norte) e doutor da Igreja Sermão 90; PL 38, 559ss

sábado, outubro 11, 2008

 

Dia do Benaventurado João XXII (10/10)


DECÁLOGO DA SERENIDADE,
Ângelo Joseph Roncalli (Papa João XXIII)

Dez sugestões de conduta para quem aspira à Paz...consigo, com os outros, com Deus...

1- Procurarei viver pensando apenas no dia de hoje, exclusivamente neste dia, sem querer resolver todos os problemas da minha vida de uma só vez.
2- Hoje, apenas hoje, procurarei ter o máximo cuidado na minha convivência, cortês nas minhas maneiras, a ninguém criticarei, nem pretenderei melhorar ou corrigir à força ninguém, senão a mim mesmo.
3- Hoje, apenas hoje, serei feliz. Na certeza de que fui criado para a felicidade, não só no outro mundo, mas também já neste.
4- Hoje, apenas hoje, adaptar-me-ei às circunstâncias, sem pretender que sejam todas as circunstâncias a se adaptarem aos meus desejos.
5- Hoje, apenas hoje, dedicarei 10 minutos do meu tempo a uma boa leitura, recordando que assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, a boa leitura é necessária para a vida da alma.

6- Hoje, apenas hoje, farei uma boa acção, e não direi a ninguém.
7- Hoje, apenas hoje, farei ao menos uma coisa que me custe fazer, e se me sentir ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba.
8- Hoje, apenas hoje, executarei um programa pormenorizado, talvez não o cumpra perfeitamente, mas ao menos escrevê-lo-ei, e fugirei de dois males, a pressa e a indecisão.
9- Hoje, apenas hoje, acreditarei firmemente, embora as circunstâncias mostrem o contrário, que a Providência de Deus se ocupa de mim, como se não existisse mais ninguém no mundo.
10- Hoje, apenas hoje, não terei nenhum temor, de modo especial não terei medo de gozar o que é belo, e de crer na bondade.


quarta-feira, outubro 08, 2008

 

Apoio aos cristãos perseguidos na Índia


ROMA, terça-feira, 7 de Outubro de 2008 (ZENIT.org).- Os cristãos «devem compartilhar de alguma maneira a vida e o destino destes irmãos perseguidos na Índia, rezando, ajudando, mas também falando»: assim afirmou o sacerdote italiano Bernardo Cervellera, diretor da agência AsiaNews, especializada em informação católica da Ásia e uma das que mais está contribuindo para dar a conhecer no Ocidente a situação dos cristãos na Índia.
Em declarações à Rádio Vaticano, Cervellera afirma que a situação na Índia hoje é «trágica», pois «continuam os assassinatos das pessoas que resistem a converter-se ao hinduísmo».
«Há cerca de 30 mil pessoas refugiadas na selva, sem comida nem medicamentos. E nos campos de refugiados do governo, continuam os ataques dos radicais hindus. Portanto, a situação é verdadeiramente muito trágica», afirma.
Também, em referência a uma informação publicada por Asianews, Cervellera assegura que há «uma ironia malvada em tudo isso, já que os radicais hindus começaram este pogrom contra os cristãos após responsabilizar-lhes do assassinato de um líder seu».
Precisamente nestes dias foi divulgada a reivindicação do assassinato por parte de um grupo maoísta. «Portanto, esta carnificina, este sacrifício, é totalmente injusto», acrescenta.
Por outro lado, Cervellera assegura que a passividade das autoridades locais e nacionais indianas «se deve à proximidade das eleições e, portanto, não querem perder os votos do mundo hindu». Também «existe sobretudo uma indiferença por parte do resto da comunidade internacional, do Ocidente em particular».
«O problema é que, com frequência, a violência contra os cristãos, a liberdade religiosa e a vida dos cristãos são consideradas como algo muito secundário com relação ao mercado ou à política. Na realidade, como já se está eliminando Deus do Ocidente, não importa muito que estas comunidades religiosas sejam massacradas.»
Para Cervellera, contudo, «é necessário defender a liberdade religiosa, que é a prova de todos os demais direitos humanos. Se não há liberdade religiosa, antes ou depois não haverá liberdade de mercado, nem de comércio, nem fraternidade nem solidariedade no mundo, um mundo no qual hoje, com esta crise internacional, temos tanta necessidade disso».


terça-feira, outubro 07, 2008

 

Papa no Sínodo: Crise financeira mostra a importância da Palavra de Deus


CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 6 de Outubro de 2008 (ZENIT.org).- As atuais crises financeiras mostram a importância de construir a vida sobre o fundamento firme da Palavra, explicou Bento XVI, ao começar a primeira jornada do Sínodo dos Bispos.
«Vemos isso agora na queda dos grandes bancos: este dinheiro desaparece, não é nada. E assim todas estas coisas, que parecem a verdadeira realidade com a qual contar, e que são realidades de segunda ordem», explicou o Papa.
Sentado na parte central da Sala do Sínodo, o Papa ofereceu uma meditação durante a oração da hora terça aos 244 padres sinodais presentes sobre o Salmo 118 (119).
«A Palavra de Deus é fundamento de tudo, é a verdadeira realidade. E para ser realistas, devemos contar com esta realidade», assegurou o pontífice.
«Devemos mudar nossa ideia de que a matéria, as coisas sólidas, que tocamos, sejam a realidade mais sólida, mais segura», exortou.
Recordou que no final do Sermão da Montanha, Jesus fala das duas possibilidades de construir a casa de nossa própria vida: sobre a areia e sobre a rocha.
«Sobre a areia constrói quem só constrói sobre as coisas visíveis e tangíveis, sobre o êxito, sobre a carreira, sobre o dinheiro. Aparentemente, estas são as verdadeiras realidades. Mas tudo isso um dia passará», assegurou.
«E assim todas estas coisas, que parecem a verdadeira realidade com a qual contar, e que são realidades de segunda ordem. Quem constrói a vida sobre estas realidades, sobre a matéria, sobre o êxito, sobre tudo o que parece ser, constrói sobre a areia», explicou.
«Só a Palavra de Deus é o fundamento de toda a realidade, é estável como o céu e mais que o céu, é a realidade. Portanto, devemos mudar nosso conceito de realismo. Realista é quem reconhece na Palavra de Deus, nesta realidade aparentemente tão frágil, o fundamento de tudo.»
O arcebispo Claudio Maria Celli, presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, explicou depois aos jornalistas que a Palavra convida a ver a economia e as finanças como «uma realidade penúltima».
«É inegável que as demais realidades, quando comparadas com a Palavra, revelam seus limites. São verdades penúltimas, mas não são a verdade última», explicou em uma coletiva de imprensa concedida após a primeira congregação geral do Sínodo.«O tema de fundo que o Papa tratou não era a atual situação económica, era a importância da Palavra de Deus no caminho do homem. E, a partir desta luz, as demais dimensões são como névoa e demonstram sua inconsistência», concluiu o arcebispo.

segunda-feira, outubro 06, 2008

 

Oração pelo Sínodo dos Bispos: A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja


Senhor Jesus Cristo, a quem o Pai nos encomendou escutar como seu Filho amado: ilumina a tua Igreja, para que nada seja para ela mais santo que escutar tua voz e segui-la.

Tu, que és o Sumo Pastor e Senhor de nossas almas, dirige o teu olhar para os Pastores da tua Igreja que nestes dias se reúnem com o Sucessor de Pedro em assembleia sinodal. Imploramos-Te que os santifiques na verdade e os confirmes na fé e no amor.
Senhor Jesus Cristo envia teu Espírito de amor e de verdade sobre os Bispos que celebram o Sínodo e sobre aqueles que os auxiliam nas suas tarefas: faz que sejam fiéis ao que o Espírito Santo diz às Igrejas e, deste modo, inspira as suas almas e ensina-lhes a verdade.

Que por meio dos seus trabalhos, os fiéis possam ser purificados e reforçados no espírito para aderir ao Evangelho da salvação e se convertam em oblação viva ao Deus do céu.

E Maria, a santíssima Mãe de Deus e da Igreja, auxilie hoje os Bispos como um dia auxiliou os Apóstolos no Cenáculo e interceda com seu materno apoio, para que honrem a comunhão fraterna, tenham prosperidade e paz e, discernindo com amor os sinais dos tempos, celebrem a majestade de Deus, Senhor misericordioso da história, para louvor e glória da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo. Amén.
(Zenit)

sexta-feira, outubro 03, 2008

 

Dia Internacional da Não-Violência: 2 Outubro

Mensagem do Secretário-Geral da ONU
Este ano, o Dia Internacional da Não-Violência assume um significado especial porque a data, em que se comemora o aniversário do nascimento de Mahatma Gandhi, coincide com o sexagésimo aniversário da adopção da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Existe uma profunda ligação filosófica entre os princípios fundamentais dos direitos humanos e os princípios praticados por Mahatma Gandhi.
Para Mahatma Gandhi, a resposta consistia sempre na acção. Como costumava dizer: "Uma onça de prática vale mais do que toneladas de sermões".
Pela nossa parte, só poderemos tentar emular esse modelo, se pusermos em prática os princípios da não-violência, da justiça e da paz.
A herança e os princípios legados pelo Mahatma são hoje promovidos na celebração da Declaração Universal dos Direitos Humanos, através das actividades das Nações Unidas e dos nossos inestimáveis colaboradores da sociedade civil: dirigentes religiosos, professores, artistas e muitos outros.
Assim, devemos assegurar que os direitos consagrados na Declaração sejam uma realidade viva: que sejam conhecidos, entendidos e gozados por todos, em toda a parte.
Muitas vezes, são justamente os que mais precisam de que os seus direitos sejam protegidos que precisam também de saber que a Declaração existe e existe para eles.
Os direitos de muitos homens e mulheres continuam a ser violados, no mundo inteiro. É por isso que o legado do Mahatma é agora mais importante do que nunca.
Neste Dia Internacional da Não-Violência e no sexagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que o Mahatma nos inspire no cumprimento da nossa missão.
(Fonte: comunicado de imprensa SG/SM/11843 de 01/10/2008)

quarta-feira, outubro 01, 2008

 

Outubro dedicado à acção missionária como «urgência e prioridade»


A Igreja Católica dedica no mês de Outubro uma particular atenção ao mundo missionário, desenvolvento nas suas comunidades uma série de actividades destinadas a promover a Missão como “urgência e prioridade»
Particularmente importante é o terceiro Domingo deste mês, em que se celebrará o 82º Dia Mundial das Missões, este ano sob o lema “Servos e apóstolos de Jesus Cristo", escolhido por Bento XVI.
O Papa aproveita a sua mensagem para o Dia Mundial das Missões 2008 para lançar um olhar preocupado sobre o panorama internacional: “Se por um lado mostra um grande desenvolvimento económico e social, por outro oferece-nos fortes preocupações sobre o futuro do próprio homem”.
Entre os males de hoje, aponta a violência; a pobreza; a discriminação e as perseguições por motivos raciais, culturais e religiosos; o progresso tecnológico, com fins diferentes da dignidade humana e o bem do homem; o uso indiscriminado de recursos.
Neste 82.º Dia Mundial das Missões, o Papa lembra que "o mandato missionário continua a ser uma prioridade absoluta para todos os baptizados, chamados a ser «servos e apóstolos de Cristo» neste início de milénio”.
“Enquanto permanece necessário e urgente a evangelização em muitas regiões do mundo, diminui o clero e faltam vocações. Factos que afligem hoje várias dioceses e institutos de vida consagrada. É importante confirmar que, na presença de crescentes dificuldades, o mandato de Cristo de evangelização, permanece como prioridade”, pode ler-se.
Nenhuma razão pode justificar uma “diminuição ou estagnação” nas missões, aponta Bento XVI. Anunciar o Evangelho, afirma o Papa, recordando as palavras de Paulo, “não é um peso, mas uma tarefa e uma alegria”.
Bento XVI pede aos religiosos e religiosas para levarem o “anúncio do Evangelho a todos, especialmente aos que estão longe, com um testemunho coerente com Cristo e uma opção radical pelo Evangelho”. Aos leigos, pede “empenho no testemunho num areópago complexo e multiforme da evangelização: o mundo”.
Bento XVI lembra ainda o contributo que as Obras Missionárias Pontifícias (OMP) para as acções evangelizadoras da Igreja. O Papa convida a intensificar “sempre e mais a oração entre os cristãos, medida indispensável para difundir a luz de Cristo às pessoas”.

Portugal
São precisamente as OMP que, no nosso país, publicam o Guião para o Outubro Missionário 2008, procurando, entre outras, “promover, na Igreja e na sociedade em geral, a participação activa em acções e campanhas que visem a dignidade de todas as pessoas, a solidariedade para com os mais pobres, excluídos e injustiçados, e a proposta de causas a favor da justiça e da paz entre pessoas, grupos e nações”.
Após a vivência do Congresso Missionário Nacional, no passado mês de Setembro, “estamos em tempo de o celebrar e de viver as orientações que dali saíram para a Igreja portuguesa”, pode ler-se.
Este Guião (www.opf.pt/outubromissionario/index-outubro.html) apresenta reflexões para cada Semana e aposta na dimensão celebrativa: Leituras Dominicais, Vigília Missionária, Rosário Missionário, Via Sacra e Preces Diárias.
O Guião ‘Outubro Missionário’ deste ano quis lançar um olhar especial para as questões de ‘Justiça e Paz’, colocando nas páginas centrais um texto que explica o trabalho da Antena Portuguesa da Rede ‘Fé e Justiça África-Europa’.
Procurou, igualmente, valorizar a experiência que um padre diocesano está a realizar por terras de Cabo Verde. “Não é original, mas continua a ser profundamente simbólica e provocadora para a Igreja em Portugal”, indicam as OMP.
Do recente Congresso Missionário saiu a o desafio para que “cada Igreja Local incentive a criação de estruturas e dinâmicas que demonstrem a consciência e urgência do anúncio do Evangelho: Secretariado Diocesano Missionário, grupos missionários paroquiais, semanas de animação missionária, geminações, voluntariado, sacerdotes ‘fidei Donum’, institutos de vida consagrada”.
(Notícia: www.ecclesia.pt)

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