quarta-feira, abril 30, 2014

 

4ª feira da 2ª semana da Páscoa


Durante a noite, o Anjo do Senhor abriu as portas da prisão. (cf. At 5,17-26)

A Palavra da Vida é para ser anunciada e semeada.
Nada nem ninguém a pode prender ou calar,
quando habita em corações livres e missionários.
A noite da provação, visitada por Jesus,
torna-se fortalecimento de fé e novo impulso missionário.
É por isso que o sangue dos mártires é semente de cristãos!

O que aprisiona hoje a Palavra da Vida em mim
e impede que o Anjo do Senhor me abra as portas da prisão?
A velocidade com que se preenche o tempo aprisiona o pensamento.
A dependência da ganância, do consumo, do virtual e do ilusório
aprisiona os afetos, paralisa a vontade e manipula o sonho.
A miopia de horizontes aprisiona a fé, a esperança e a caridade.
O medo de ser diferente ou ridicularizado empijama o testemunho
e gagueja a Palavra do Evangelho em ruídos incompreensíveis.

Senhor Jesus, que abriste as portas da morte à luz da vida,
liberta-nos de tudo o que nos amarra e impede a missão.
Cura-nos da rotina comodista e abre-nos ao dinamismo do Espírito
que faz da vida ousadia evangélica e do testemunho o pão de cada dia.
Desperta-nos das noites da dúvida e das vigílias do desânimo

e faz-nos voltar ao templo da evangelização que salva o mundo.

terça-feira, abril 29, 2014

 

Festa da S. Catarina de Sena, padroeira da Europa


Nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado junto do Pai. (cf. 1Jo 1,5-2,2)

Deus é luz e ilumina as trevas de quem nele acredita.
A fidelidade à Luz anda misturada com o joio da infidelidade.
Mas quem deseja viver na Luz e na verdade, não desespera,
pois sabe que tem no Céu um Irmão amigo que o espera.
Por isso, quando peca não foge de Deus, envergonhado,
mas busca humilde e confiadamente força em Jesus
e na oração entrega-se à Mão que levanta
quem se cansa de cair e desiste de si mesmo.

Há muita gente que desiste de si mesmo e de Deus,
por não se perdoar por ser frágil e imperfeito.
É o jovem que foge da oração e dos sacramentos,
por se achar indigno e incapaz de amar verdadeiramente.
É o adulto, ocupado com as lides do sucesso profissional,
que desiste de ter valores e de trabalhar para a vida eterna,
arrastado pela massa da maioria indiferente e interesseira.
É o cristão que se cansa de repetir sempre os mesmos pecados
e deixa de se confessar, desculpando-se que todos fazem assim.

Obrigado, Senhor, Pai bom,
sentado pacientemente no banco da misericórdia
à espera dos Zaqueus escondidos na folhagem da árvore,
sedenta de fé e de desejo de crescer na autenticidade de vida.
Senhor Jesus, Irmão advogado, revestido de aliança eterna,
dá-nos Tua mão de perdão e conduz-nos com a luz da Tua Palavra.
S. Catarina de Sena, ora por nós e ensina-nos a semear a paz
e a contemplar a sabedoria do Amor que abraça a história,

numa cruz de paixão a curar incansavelmente a vida.

segunda-feira, abril 28, 2014

 

2ª feira da 2ª semana da Páscoa


Concedei aos vossos servos que possam anunciar com toda a confiança a vossa palavra. (cf. At 4,23-31)

O Evangelho da salvação é como cordeiro manso
a pastar no meio de lobos ferozes e adversos.
A força da evangelização não está nas condições externas
mas no Espírito que a move e na fidelidade com que persevera.
A oração dos apóstolos não é para que cessem as perseguições,
mas para que fortaleça a confiança
e liberte do medo aqueles cuja missão é anunciar o Evangelho.
É a oração que pede sabedoria para andar em mar alto encrespado,
coragem para viver em contra-corrente,
fortaleza para enfrentar terramotos e gelos trevas.

A oração pode ser a manifestação de sonhos de evasão,
com medo de nos perdermos na aridez do caminho,
ou alimento de coragem e fortaleza na Missão.
Muitas vezes pedimos o privilégio da exceção milagrosa
ou a proteção duma redoma de que abençoe a paralisia missionária.
Uma oração de fuga não entrega a chave de comando ao Espírito,
mas pede a bênção para justificar uma vida centrifugada.

Senhor Jesus, Pastor-Cordeiro a evangelizar pastos de lobos,
dá-nos o Teu Espírito de Profecia e de audácia evangélica,
para que a Tua Missão possa encontrar em nós companheiros.
Inspira-nos a mística que nos sustenta em situações de conflito
e a consolação que nos ancora na perseguição inocente e injusta.
Neste mundo que ridiculariza quem se norteia pela fé,
não nos deixes cair na tentação de silenciarmos o Evangelho

da esperança que brota do Crucificado ressuscitado.

domingo, abril 27, 2014

 

2º Domingo da Páscoa ou da Divina Misericórdia


Na sua grande misericórdia, nos fez renascer, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos. (cf 1 Ped 1,3-9)

O pulsar da história está marcado pela misericórdia divina.
É um pulsar trinitariamente divino e eterno,
que não se vê nem se controla, mas surpreende a vida como dom,
como o coração anima impercetível a vida dum corpo.
É Jesus, Filho gémeo deste Pai misericordioso,
que dá rosto e coração humano ao Amor divino
e nos dá o seu Espírito para que a vida pulse comunhão.
Reanimado por esta Fonte de vida Pascal,
o cristão é salvo da morte misericordiosamente
e respira esperança numa comunidade de fé solidária.

Só a misericórdia divina nos pode salvar da crueldade da cruz.
Sem ela, não é possível a paz nem a reconciliação,
tudo é torrente de vingança, terror de ferro, destruição da alegria.
Há pessoas e nações que se deixam possuir por esta raiva
e geram morte e dor, num pulsar trucidador da esperança.
O egoísta sofre por não se sentir amado e vinga-se,
querendo fazer infelizes todos os outros.
O mundo precisa de sentir nos cristãos
o pulsar da esperança que nasce da misericórdia.

Senhor Jesus, doce dom da paz, dador dum Espírito novo,
restaura em nós a esperança e cura-nos do desamor.
Faz da Igreja fermento profético que evangeliza a vida,
cura a indiferença, alimenta a reconciliação e promove a justiça.
S. João XIII e S. João Paulo II intercedei por esta Igreja peregrina,
para que seja amplificação deste pulsar divino da misericórdia

que sustenta a história com o sangue da aliança e do perdão.

sábado, abril 26, 2014

 

Sábado da Oitava da Páscoa


Reconheciam-nos como companheiros de Jesus. (cf. At 4,13-21)

Jesus desceu à nossa condição para ser nossa companhia.
É um companheiro amigo que se faz caminho da graça.
É um amigo-dom que responde à rejeição com aliança eterna.
É um amigo invisível que nos conduz pela mão da liberdade
e nos alimenta com o Pão da Sua Palavra e do Seu Corpo.
Quando aceitamos ser companheiros de Jesus ateia-se um fogo,
surge uma nova sociedade de pessoas com esperança,
revela-se uma nova sabedoria cheia de firmeza e alegria,
acontecem novas relações marcadas pela fé e o amor.

Nota-se a necessidade de afirmação exterior da fé cristã:
o terço dependurado no carro, a cruz ao pescoço,
a veste clerical, a cédula batismal, frases bíblicas no carro,
templos com dimensão visível, atuação na comunicação social...
Os censos e inquéritos revelam cristãos encriptados,
que ninguém reconhece como companheiros de Jesus.
Há uma rede alargada e capilar de instituições cristãs
que se dedicam a cuidar dos marginalizados que ninguém quer...
O que faz que sejamos reconhecidos como companheiros de Jesus
e desperte nos indiferentes as questões da fé e do sentido da vida,
e nos crentes surpreenda o louvor a Deus e o desejo de conversão?

Senhor Jesus, Companheiro da humanidade com a marca do eterno,
desperta-nos para um diálogo orante que estreita a nossa amizade.
Ensina-nos a caminhar de mãos dadas com a Rocha firme
e a transmitir paz no brilho dos olhos e no sorriso gratuito,
a semear escuta aos gemidos invisíveis de lágrimas secas
e a ser palavra de esperança aos coxos acomodados à dependência.
Sacia-nos com o Pão da Vida que nos assimila em Ti

e faz da nossa vida misericórdia divina com bordão de peregrino.

sexta-feira, abril 25, 2014

 

6ª feira da Oitava da Páscoa


É em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, que este homem se encontra perfeitamente curado. (cf At 4,1-12)

O nome de Deus, impronunciável, tem agora rosto humano.
Chama-se Jesus, é o Messias, o Ungido pelo Espírito,
o Cristo da Galileia, o Nazareno, o Filho de José,
o Filho de Maria, o Filho de David, o Filho do Homem...
É o Senhor, a quem os homens rejeitaram, matando-O,
e a quem Deus fez Salvador do mundo, ressuscitando-O.
É o Vivente a gerar vida e salvação a quem nele crê,
se arrepende da sua vida de mentira
e O segue em verdade crucificada.

A tentação é atuar em nome próprio, na sociedade e na Igreja,
falsificando a assinatura e a identidade.
Abusa-se do nome alheio para fazer circular ideias próprias,
com apócrifos, pseudónimos, falsos testemunhos, fofocas...
As redes sociais estão cheias de falsas identidades,
uma vezes para esconder a vergonha de ser e aparecer,
outras para esconder as garras da fera sob a pele de cordeiro.
Há muitos cristãos que falam em nome de Jesus,
mas na realidade atuam em nome próprio,
dividindo, enganando, fazendo do religioso um mercado.

Senhor Jesus, bendito seja o Teu santo Nome!
Bendito seja a Encarnação que Te faz Nazareno
e peregrino divino com sandálias de misericórdia.
Bendito tanto amor provado até à solidão da cruz
que ressuscitou aliança eterna e Batismo de salvação.
Bendito o Teu santo Nome que nos ilumina o caminho
e nos convida a seguir-Te e a fazer da vida Tua Missão.
Bendito seja o Nome que nos dá o nome de “cristãos”

e nos interpela a ser, na verdade, outro Cristo em ação.

quinta-feira, abril 24, 2014

 

5ª feira da Oitava da Páscoa


Matastes o autor da vida, mas Deus ressuscitou-O dos mortos, e nós somos testemunhas disso. (cf. At 3,11-26)

A omnipotência de Deus é fidelidade no amor.
É uma aliança tecida de eternidade e de respeito,
que mais parece fragilidade e impotência perante a morte.
Deixa que matem o Seu Filho, “o autor da vida”,
MAS ao “terceiro dia” restaura o “Justo e o Santo”
e revela o assassino que inferniza a vida.
O cristão é testemunha desta festa da vida
e palavra que aponta para o Vivente que salva
duma vida assassina e desorientada, na ignorância de sentido.

Jesus passou a vida fazendo o bem e ensinando o amor,
então porque será que tantos O abandonam e recusam?
É mais fácil seguir um mentiroso que agora prospera no poder,
do que servir a verdade, a justiça e o bem comum,
sem se deixar corromper pelo brilho do “toda a gente faz assim”!
É mais tátil experimentar o prazer duma orgia regada de evasão,
do que buscar uma alegria profunda e duradoura
que restaura a solidariedade, cura a beleza e recria a dignidade!

Senhor Jesus, presença invisível que salva da morte egofágica,
dá-nos o Teu Espírito e recria o nosso coração na santidade.
Faz de nós testemunhas fieis dum amor manso e respeitoso,
que convida à conversão e ao acolhimento da Tua misericórdia.
Cura o nosso olhar incrédulo e interesseiro
para que Te possas revelar presente no meio de nós,
como Círio de paz, Fonte de vida e Alimento de missão.

quarta-feira, abril 23, 2014

 

4ª feira da Oitava da Páscoa


Entrou com eles no templo, caminhando, saltando e louvando a Deus. (cf. At 3,1-10)

É coxo quem não caminha pelo próprio pé,
vive dependente das esmolas dos outros,
fica à porta do templo e não louva a Deus.
A fé em Jesus, que brilha nos olhos de Pedro e de João,
põe o homem-estátua, de mão estendida,
a levantar-se da sua dependência,
a caminhar pelo próprio pé, seguindo os apóstolos,
a recuperar a alegria de viver e a louvar a Deus.
O Ressuscitado ressuscita os vivos-mortos, retornados de Emaús.

Hoje há muitos cristãos coxos na fé
que só vão ao templo levados pelos outros,
que ficam à porta Formosa, mas não entram,
que buscam apenas atesourar interesses, mas nada têm para dar,
que não praticam a oração nem participam na comunidade.
Gostam de observar e de dar opiniões sobre a Igreja,
mas nada fazem para a melhorar e dar um bom testemunho.
São os tristes acomodados na busca da fé e da esperança.

Senhor Jesus, Templo vivo com pés de peregrino,
fortalece os nossos passos e ilumina-nos com a Tua Palavra,
em comunidades de fé, de caridade, de louvor e de missão.
Faz dos cristãos testemunhas da esperança e da alegria,
sem medo de fixar o olhar e evangelizar a fraternidade.
Dá-nos catequistas que saibam ensinar a caminhar na fé,
a crescer no compromisso, a buscar força em Jesus nas provações,

a louvar o Deus da Vida no trabalho e na Eucaristia. 

terça-feira, abril 22, 2014

 

3ª feira da Oitava da Páscoa


Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós crucificastes. (cf. At 2,36-41)

Deus é especialista em corações fieis à aliança.
Não olha para o que aparece no mercado de valores humano,
mas para o verso escondido que cose e sustenta o amor.
Por isso, Aquele que crucificámos e enterrámos à pressa,
Deus O faz Senhor e Messias, reconhecendo-se na Sua Palavra.
É que no mercado de valores divino os últimos são os primeiros
e os que vivem servindo a vida são os que salvam o mundo.
Jesus é o crucificado dos homens e o Messias ressuscitado de Deus.

Olhamos para o mercado de valores do mundo e vemos que:
um jogador custa tanto, um gestor vale muito,
um homem vale mais que uma mulher...
Há até pessoas que são jogadas no lixo da vida:
os analfabetos, os deficientes, os disfuncionais, os pobres, os feios,
os imigrantes, os desempregados, os aposentados, os doentes...
Quanta pérola preciosa, que só Deus conhece, jogada no lixo!

Senhor, Pai-Mãe que a todos nos amas e queres salvar,
dá-nos um coração de Filho e um Espírito penetrante de verdade,
para que saibamos aprender o que vale e permanece para sempre.
Jesus, que acreditaste no Pai até ao fim,
aumenta a nossa fé e faz da nossa vida uma entrega e doação total
para a salvação de todos os nossos irmãos perdidos no poder do engano.
Vem Espírito de amor e reaviva o nosso Batismo de seguimento de Jesus.

segunda-feira, abril 21, 2014

 

2ª feira da Oitava da Páscoa


Vós destes-Lhe a morte... Mas Deus ressuscitou-O. (cf. At 2,14.22-23)

Deus é um oceano eterno de regeneração e de vida.
O ser humano, quando cego pelo egoísmo,
torna-se gerador de morte e crucificador de esperanças.
Felizmente para a história, brilha sempre um “Mas” divino
que responde vida à morte, aliança à idolatria,
amor ao ódio, perdão à ofensa, luz às trevas.
Quando se vive, sofre e morre pulsando amor, como Jesus,
Deus não O deixa sofrer a corrupção, enfaixado na morte,
mas surge ao terceiro dia com o antídoto da ressurreição.

Pelo Batismo inserimo-nos em Cristo
para sermos, como Ele, resposta de vida à onda de morte
que fustiga a alegria e insegura o futuro.
O mundo precisa de voluntários da misericórdia
que curam a solidão, reparam corações partidos,
levantam a bandeira da verdade e da justiça,
constroem pontes de diálogo e de solidariedade,
elevam as mãos em agradecimento e ensinam a paz.
Se os cristãos não fazem a diferença como geradores de vida,
para que se alimentam de Cristo e pediram o Batismo?

Senhor Jesus, lado aberto a sangrar Vida para todos,
conduz-nos pela mão do Teu Espírito e pela luz da Tua Palavra,
e ensina-nos a ser antídoto ao mundo de violência
e de injustiça que assusta a alegria.
Fortalece em nós o testemunho do Evangelho da Vida
em ambientes indiferentes, agrestes e militantes da morte.
Fermenta-nos com a Tua Vida, doada por amor,
para nos tornamos “crescente” dum mundo renovado na paz.

domingo, abril 20, 2014

 

Domingo de Páscoa


Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. (cf. Col 3,1-4)

A ressurreição de Cristo cria um HOJE novo.
O Filho do Homem venceu a morte do pecado
e vive sentado à direita de Deus, como humanidade redimida.
O Filho de Deus continua no meio dos homens
como fermento novo duma humanidade ressuscitada.
Para podermos ressuscitar com Cristo em Deus
é preciso morrer para o mundo velho,
onde o verbo se conjuga apenas na primeira pessoa do singular.
Banhados na Fonte do Batismo, aprendemos a olhar para o Alto
e a ver o invisível da esperança, escondido no túmulo aberto.

A visita pascal, que se faz em muitas terras,
é feita de festa, cruzes enfeitadas e águas batismais.
Beijamos a cruz e aclamamos o Ressuscitado.
Recebemos a bênção da água e regamos o batizado.
Acolhemos a visita da Igreja e sentimos Cristo a habitar-nos.
Partilhamos amizade e amêndoas numa fraternidade despertada.
Tudo é simples e belo, só visível por quem tem fé e quem ama.

Senhor Jesus, nossa vida e nossa esperança,
em Ti tudo renasce e frutifica festa amiga.
A Tua Páscoa é Círio a iluminar cegueiras de fé
e Pedra rolada a abrir túmulos de morte, engravatados de solidão.
Cura-nos do fermento manhoso e oportunista
e faz de nós testemunhas e anunciadores dum novo Hoje:
passagem renascida, pura e verdadeira,

vida escondida com Cristo em Deus!

 

Aleluia! Exultemos!


Que à luz da fé e do amor,
Eu Te veja, meu Senhor,
Vivo e ressuscitado,
Em todo o tempo e lugar,
Pronto a reacender
A esperança no olhar
Inquieto e angustiado
De quem Te busca e não vê,
Por Te crer crucificado.

Vejo-Te a reanimar
O coração desolado
De quem caminha a chorar
O seu sonho fracassado
Na tua morte, Jesus,
De forma horrível, na cruz.

Cura a minha miopia,
Para poder perscrutar
O que me queres dizer
Em cada gesto e olhar,
Na vida do dia-a-dia,
Para Te reconhecer
Sempre que Te deixas ver,
Tocar, sentir e ouvir
Tua voz libertadora,
Do medo paralisante
Que consegues transformar
Em positiva energia
E força motivadora
Da nova forma de estar,
Seguindo o exemplo vivo
De Cristo ressuscitado.

Aleluia! Exultemos!
Não há maior alegria,
Para nós os que cremos
Que Jesus ressuscitou
E da morte nos salvou.

Aleluia! Exultemos!
Sua vitória, cantemos,
Ao mundo, anunciemos,
Sem qualquer medo ou pudor
E, juntos, testemunhemos
Cristo Jesus, Salvador.

Maria Lina da Silva,fmm-Lisboa,19.4.2014 (e 08.04.2010)     

sábado, abril 19, 2014

 

Sábado Santo


Sepultaram a Vida!

A Eternidade desceu à morada dos mortos.
Guardaram o túmulo com medo que seja verdade.
Pensaram que se viram livres da Palavra que interpela.
Rolaram a pedra e selaram o túmulo à pressa.
Mas a Luz escondida já fermenta as trevas,
a Vida crucificada já fecunda a morte como grão de trigo,
o Amor incansável já aquece corações e abraça solidões antigas.
O tempo ficou grávido de eternidade,
mas só sentimos o silêncio e a ausência do Amado!

O Sábado Santo é uma parábola da história:
olhamos o mundo e só vemos sinais de vitória do mal.
Parece que o mundo está entregue ao reino da morte!
Senta-se no trono o poder, a injustiça e a mentira;
enriquece o que rouba e corrompe inteligentemente;
os fracos, os ingénuos, os bons, os verdadeiros e os crentes
parece que são filhos da pouca sorte e esquecidos de Deus.
Mas quem vive da fé sabe que a vida está grávida do Eterno
e a última palavra da história é a Palavra do Amor!

Senhor, Trigo semeado na morte do nosso pecado,
germina em nós nova vida e enraíza-nos na fé.
Senhor da Luz, que aceitaste descer às trevas mais profundas
que nos sepultam a esperança e amedrontam a confiança,
purifica-nos e fecunda-nos com a Tua Paz.
Neste Sábado de silêncio, sente-se o pulsar dum Coração novo,

à espera de dar à luz nas lágrimas da Senhora das Dores.

sexta-feira, abril 18, 2014

 

Boas Festas Pascais!

Os Missionários do Verbo Divino de Fátima
desejam-lhe uma Santa Páscoa,
cheios de frutos de Vida Nova em Cristo.

A ressurreição de Cristo produz por toda a parte
rebentos deste mundo novo;
e, ainda que os cortem, voltam a despontar,
porque a ressurreição do Senhor
já penetrou a trama oculta desta história;
porque Jesus não ressuscitou em vão.
Não fiquemos à margem desta marcha da esperança viva!

(Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 278)

 

6ª feira Santa da Paixão do Senhor


Tomou sobre si as culpas das multidões e intercedeu pelos pecadores. (cf. Is 52,13-53,12)

Deus é amor a florescer na aridez do egoísmo humano.
Jesus assumiu a missão de ser rebento de amendoeira,
que, no gelo da violência e da injustiça, anuncia a esperança.
Carrega sobre os seus ombros o peso da humanidade sofrida
e intercede pelos carrascos que O torturam no irmão chagado.
É o odor dum desinfetante divino a crucificar a morte,
sem aspeto atraente nem beleza de ídolo.
É um amor puro e redentor tão refulgente,
que, para se poder ver, necessita dos óculos adequados da fé.

O mundo continua a ser, para muita gente, um calvário injusto:
vidas traficadas, violências domésticas, abuso dos fracos,
furtos de esperança, desigualdades sociais, “contos do vigário”,
perseguições políticas, ideológicas e religiosas...
É a árvore da morte a infestar o mundo de espinhos biofágicos.
Jesus deixa-se crucificar na árvore da morte,
regando-a com o seu sangue de amor divino e incondicional
para que ela volte a ser o que era, a Árvore da Vida.

Senhor Jesus, Homem coroado de dores alheias,
Cireneu voluntário das nossas cruzes merecidas,
obrigado por tanto amor, em fidelidade crucificado.
Abre os nossos olhos e ouvidos de discípulo amado
para Te contemplarmos contritos
e nas Tuas chagas sermos curados.
Alimenta-nos com os frutos da Árvore da Vida, a florir na Cruz,
para que também eu possa ser aliviador de cruzes pesadas,
curador de chagas putrificadas e cancerígenas,

cuidador de esperanças anémicas e esfomeadas.

quinta-feira, abril 17, 2014

 

5ª feira Santa


Este cálice é a nova aliança no meu Sangue... fazei-o em memória de Mim. (cf. 1Cor 11,23-26)

O Pastor fez-se Cordeiro e ofereceu-se em sacrifício.
A aliança venceu a noite da opressão e da injustiça
e calçou sandálias e cajado libertador de vida nova.
É a Pascoa do Senhor a servir o cálice da libertação
ao povo no Egito, aos apóstolos no Cenáculo,
a nós que celebramos a Sua Ceia, indignos de tanto amor.

A Missa está demasiado aligeirada ou ritualizada
para ser memória duma paixão divina e eterna
que morre pelo povo amado e alquebrado.
É mistério de libertação no hoje atualizado,
de tantas prisões e opressões a que nos amarra o pecado,
que de cara alegre e coração ensimesmado,
vai fazendo vítimas e sujeitos de infelicidade.
É o caminho que vai do querer ser touro a ser cordeiro,
do sonhar ser tirano a ser fiel parceiro da aliança,
do desejar ser patrão a ser servo e companheiro.
Que memória esta que alarga o coração e faz da paixão doação!

Senhor Jesus, cálice derramado em fonte purificadora,
cura-nos do pecado na memória de sermos eternamente amados.
Sacerdote divino de avental inclinado a lavar-nos os pés,
como servo dedicado, ensina-nos a amar servindo.
Obrigado por tal Alimento que nos faz fortes no perdão,
discípulos na humildade e fraternos na paixão pelo irmão perdido.
Obrigado pelo sacerdócio, dom à Igreja,

servidor e dispensador da Tua graça redentora!

quarta-feira, abril 16, 2014

 

4ª feira da Semana Santa


Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. (cf. Is 50,4-9a)

Cada manhã é uma nova oportunidade de recomeço.
Despertar com ouvidos de discípulo, como Jesus,
é acordar a fidelidade ao amor e a sensibilidade ao abatido,
abrir a fonte da generosidade e a ternura da mansidão.
Ser discípulo de Deus, feito Homem,
é o grande desafio desta Semana Santa.

O Tríduo Pascal está feito de desobrigas,
procissões tradicionais, feriados e escapadelas,
compassos e boas festas, doçaria e comida regional.
Ouvimos que traíram o Senhor,
mas não nos damos conta das nossas traições!
Vemos que todos os discípulos abandonam Jesus,
mas não choramos as nossas fugas à cruz e à fidelidade.
Compadecemo-nos de Jesus que é torturado inocentemente,
mas não tomamos consciência das injustiças diárias.
Contemplamos Jesus a dar a vida por nós, perdoando,
mas recusamos o perdão e uma vida em doação.

Senhor Jesus, Mestre-discípulo do amor do Pai,
desperta-nos cada dia para Te escutarmos como discípulos.
Hoje, só hoje - cada dia repetido - queremos Te amar e servir
em espírito, obras e verdade no quotidiano a santificar.
Ajuda-nos a fazer silêncio interior e exterior
e a escutar a Tua Palavra, com a avidez da criança confiante ,
que quer aprender o brilho do olhar de quem o ama.



terça-feira, abril 15, 2014

 

3ª feira da Semana Santa


Não basta que sejas meu servo... farei de ti a luz das nações. (cf. Is 49,1-6)

Deus é um Pai-Mãe de coração partido
porque lhe faltam filhos, traídos pelo egoísmo.
Cada ser novo é sonhado e criado como filho amado,
chamado a ser restaurador do que anda dividido,
servo da aliança esquecida, luz salvadora das nações.
A história de traições reiteradas, impacienta a esperança
e dá a impressão que é esforço inútil e infrutífero.
Até que, O que era desde sempre Filho quis nascer Servo,
e o que era pura santidade quis ser companheiro do pecado.

Olhamos para o mundo e a história e parece-nos incurável.
Fazemos o exame de consciência e parece-nos um disco riscado.
A vida é uma luta vigilante que não admite desânimos.
Como Judas e Pedro traímos repetidamente o Senhor e os irmãos.
Qual o caminho a seguir? Chorar o pecado e deixar-nos perdoar,
recomeçando conduzidos pela mão do Amor crucificado
ou desistir de nós e de Deus, orgulhosamente sós?

Senhor Jesus, Servo fiel e Pastor do que anda tresmalhado,
obrigado pelas vezes que me levantaste do desânimo
e me trouxeste aos ombros, festejando o irmão encontrado.
Obrigado porque nos chamas a ser pastor do irmão
que está ao nosso lado ou escondido, em trevas abandonado.
Ajuda-nos a curar o desânimo do pecador reiterado,

com o remédio da conversão e o balsamo da misericórdia. 

segunda-feira, abril 14, 2014

 

2ª feira da Semana Santa


Eis o meu servo... enlevo da minha alma. (cf. Is 42,1-7)

Servir o Senhor com fidelidade é ser Filho, alma gémea,
brilho nos olhos no qual o Pai se espelha.
Olhamos o Filho, com Espírito ungido,
e vemos o Pai a cuidar do frágil quase esvaído
e a animar o borralho quase apagado.
Contemplamos Jesus a semear palavras de esperança,
acolhemos o Senhor da vida em festa perfumada de conversão,
prostamo-nos a seus pés para O seguirmos servindo.

O ser humano é uma pessoa em construção.
Fomos criados inadaptados, dependentes de cuidadores,
necessitados de educadores, carentes de segurança de amor,
iletrados de linguagens de comunicação e de saber fazer,
incompletos de complementaridade, saudosos de eternidade.
Somos o que imitamos e seguimos como ideal de vida!
Alguns optaram por ser águias de galinheiro!

Senhor Jesus, Porta estreita que dá para o Céu,
envia-nos o teu Espírito de sabedoria
para aprendermos a viver como enlevo de Deus.
Conduz-nos pela mão e ensina-nos a ser luz da nações,
para que todos encontremos em Ti o que nos falta
em capacidade de cuidar do mais fraco e invisível,
em pedagogia de fraternidade, servida com ternura,
em profecia, caridade e justiça inclusiva,

em mística de fé e perfume de santidade.

domingo, abril 13, 2014

 

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor


Obedecendo até à morte e morte de cruz. (cf. Fil 2,6-11)

Jesus é o Filho de Deus enviado a todos, mesmo aos invisíveis.
Desceu do Amor, encarnou na carne limitada e de dor,
na periferia viveu, as mãos calejou, companheiro se mostrou.
Foi filho do carpinteiro e de Maria, foi nazareno e galileu,
profeta, mestre, filho de David, acusado de ser possuído de Belzebu,
ternura gratuita em oferta aos pecadores, amigo dos marginalizados...
Aclamaram-no rei e acusaram-no de ser revolucionário e blasfemo...
Em tudo, Jesus não buscou o que lhe apraz e a glória humana,
mas apenas obedecer ao Pai de revelar um Deus-Amor
que quer salvar a todos numa aliança incondicional e eterna.

A vida às vezes parece uma fuga da dor.
A evasão soluciona-se com analgésicos, anestésicos e drogas.
A fidelidade a um projeto ou a uma pessoa amada
entra em stresse quando surgem problemas de saúde,
económicos, de desemprego, de diálogo, de rotina...
A fidelidade a Deus e aos compromissos do Batismo
é esquecida ou desvalorizada quando exige ascese,
verdade, dedicação, suportar o silêncio na oração,
acreditar na recompensa só visível em promessa,
responder ao mal com o bem, oferecer perdão a sangrar.

Senhor Jesus, Rocha firme dum amor a toda a prova,
ensina-nos a amar como nascente sempre a brotar,
seja primavera esperançada de paixões enamoradas,
seja verão cálido de diálogos ressequidos,
seja outono maduro de beleza enrugada,
seja inverno frio das relações amortecidas e congeladas.
Ajuda-nos a ser sujeitos cireneus nesta Semana Santa
e não meros espetadores da injustiça a atuar e da fé a florir.


 

ACLAMAR JESUS É COMPROMISSO DE AMOR


Jesus Cristo, por amor
Ao plano de Pai, Salvador
Do pobre e do pecador,
Obedeceu até à morte,
Para nos dar outra sorte.

Um dia, ao entrar na cidade,
Pelo povo é aclamado,
Numa explosão de alegria,
Como Aquele que o Senhor,
Finalmente lhes envia,
Para seu libertador,
A exemplo da semente
Que, em silêncio, na terra,
Espera a luz e o calor
Do sol para germinar
E se transformar em flor.

De repente, tudo muda
E o próprio céu se turva.

A voz do povo se cala.
O Rei antes aclamado,
É preso e insultado,
Humilhado e escarnecido,
E até lhe arrancam a barba,
Como se fosse um bandido,
Aquele que sempre mostrou
Ser próximo e libertador
Do pobre e do oprimido!

Porém, por nosso amor,
Aceita ser condenado,
E até crucificado,
No meio de dois ladrões,
Entre insultos proferidos,
Ofensas e palavrões,
Enquanto, em Seu coração,
Pede ao Pai tenha perdão,
Para os que são seus algozes,
Que apenas executavam
Ordens dos que O condenavam,
Como animais raivosos,
Ferozes e perigosos.

Todos O abandonaram
Até os que com Ele viveram
E à ceia, também comeram
O Pão que Ele abençoou
E em Seu corpo transformou,
Para ser presença viva
Do amor com que nos amou!

Mas Deus o ressuscitou
E o Seu nome exaltou,
Colocando-O acima
De tudo quanto criou,
Pois, no céu, O coroou.

Maria Lina da Silva, fmm


Lisboa, 12.4.2014

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