terça-feira, março 31, 2015
3ª feira da Semana Santa
Judas recebeu o bocado de pão e
saiu imediatamente. Era noite. (cf.
Jo 13,21-33.36-38)
Jesus
entrega o “pão molhado” do seu corpo em sacrifício,
por
aqueles que vivem na noite da traição e da infidelidade.
Judas,
Pedro, cada um de nós, recebe os dons da sua graça,
aproveitamo-nos
de Jesus, mas depois afastamo-nos dele
e
traímo-Lo na noite dos nossos interesses desordenados.
Mas
Jesus glorifica o Pai com a sua fidelidade,
persistindo
em ser luz para quem escolhe caminhar nas trevas.
Quaresma
é tempo para nos darmos conta de como somos amados!
A
Semana Santa, para muitos, é ainda tempo de “desobriga”!
Faz-se
a confissão de preceito, comunga-se na Páscoa
e
depois é mais um ano de rotina, a frequentar outras mesas
e
iluminados por fogueiras de escravos, numa noite sem lar.
Recebe-se
o perdão sem medida, de Quem por nós deu a vida,
comunga-se
o “pão molhado” da sua aliança eterna,
mas
anulamo-lo imediatamente, afastando-nos de Jesus,
esquecendo
a sua palavra, agindo como mestres de nós mesmos.
O
resultado desta noite sem rumo e escondido de Deus,
é a
mentira, a incoerência, a idolatria, a indiferença cega...
Senhor,
“Pão molhado”, por nós crucificado
e a
nós oferecido como Pão da vida e Luz que perdoa,
orienta
os nossos passos e não nos deixes cair na tentação.
Obrigado
porque, apesar de fugirmos de ti
para
andarmos disfarçados na noite das nossas traições,
Tu
vais connosco, silencioso e respeitoso, mas atuante,
porque
tua missão é a todos salvar-nos.
Ajuda-nos
a fazer desta Semana uma prova de amor,
um
tempo de conversão, revestido de humildade e de verdade,
confiados
na tua misericórdia e salvação.
segunda-feira, março 30, 2015
2ª feira da Semana Santa
Deixa-a em paz: ela tinha guardado o
perfume para o dia da minha sepultura. (cf.
Jo 12,1-12)
Jesus
está a seis dias da sua oferta pascal
e
refugia-se em Betânia, onde se alimenta de carinho.
Lázaro,
o morto revivido, dá-lhe o calor da amizade à mesa,
Marta,
a mulher disponível, dá-lhe o carinho do serviço,
Maria,
a contemplativa, dá-lhe o carinho da unção perfumada.
Para
enfrentar o deserto da paixão e do desamor,
é
necessário preparar-se no oásis da hospitalidade e do amor.
Esta
tríade fraterna são o sacramento visível do amor trinitário.
Às
vezes parece que guardamos tudo para o dia da sepultura!
Enquanto
vivia, não havia tempo para a visita nem para o diálogo,
não
havia flores para oferecer, nem o perfume da oração...
parecia
que não tinha família nem amigos!
Tudo
estava guardado para o seu funeral e sepultura,
como
se se desejasse festejar esse dia de despedida!
O pior
é quando na relação com Deus se faz o mesmo
e se
deixa tudo para o dia na nossa sepultura!
É
preciso começar hoje o que adiamos para amanhã!
Senhor,
Pão da vida que nos convidas a fortalecer na tua Mesa,
alimenta-nos
com o dom do amor-louvor perfeito,
que
perfuma a fraternidade e incensa a celebração.
Cristo,
nossa Páscoa e nossa esperança,
ensina-nos
a primeirear em iniciativas de amor,
enchendo
de perfume a alegria dos nossos lares
e de
serviço solidário as necessidades deste mundo.
Ajuda-nos
a pôr em prática hoje o que o Espírito nos inspira.
domingo, março 29, 2015
BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR!
Para louvar-Te, Senhor,
Na alegria e na dor,
Ensina-me a contemplar
E a interiorizar,
Em meu coração pecador,
Tua heróica doação,
Expressão do Teu amor,
Feito silêncio e perdão,
Por quem te insulta e
ofende,
Fiel servo sofredor,
Que carregas, inocente,
Para libertar e salvar
Este mundo pecador,
Onde me sinto também,
Querendo aprender,
contigo,
A semear paz e bem,
A todos, sem distinção,
E a amar o inimigo,
Que também é meu irmão.
Prepara meu coração
E desperta meus ouvidos,
Para acolher a Palavra,
Como chuva que, em mim,
caia,
Fazendo germinar a semente
Do amor puro e inocente,
Que se dá a toda a gente,
Anima os desfalecidos
E alenta os abatidos,
Com a força da Tua graça,
Jorrando gratuitamente,
Da fonte do Teu amor,
Para dessedentar quem
passa,
Seja pobre ou pecador.
Porque és o Deus dos
vivos,
E, em Jesus, Teu amado
Filho,
Te revelaste a salvar
Os tristes e oprimidos,
Quero levar o Teu nome,
A todo o que tenha fome
De justiça e liberdade,
De paz, ternura e bondade,
Pondo, em Ti, minha
esperança,
Minha fé e confiança,
Se surgir a tempestade,
Porque és Luz no nevoeiro
E conduzes minha barca,
Com Tua mão de Timoneiro.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 29-03.2015
Domingo de Ramos na Paixão do Senhor
Ela fez o que estava ao seu alcance.
(cf. Mc 14,1-15,47)
Jesus
atua a partir da misericórdia, como Servo de Javé.
Cada
um colabora, no que está ao seu alcance, para a sua Páscoa:
uns
emprestando um jumento, outros colocando capas e verdura;
uns
aclamando-O rei, outros dando-lhe hospitalidade;
uma
mulher ungindo-O com perfume de alabastro,
uns
discípulos preparando-lhe a sala para a Páscoa;
Cristo
entregando a sua vida para selar a Nova aliança.
Cada
um faz o que está ao alcance do seu coração:
Jesus
sofre o pavor e a angústia da morte, rezando ao “Abba”,
Pedro,
Tiago e João, dormindo quando deviam vigiar e orar;
Judas
entrega-O com um beijo de traição,
os
discípulos abandonam-nO, deixando-O só;
Pedro
promete-lhe ser-lhe fiel e nega-O três vezes;
as
autoridades judaicas e romanas condenam-nO à morte,
os
soldados torturam-no, o Cinereu ajuda-O a levar a cruz;
algumas
mulheres seguem-nO e contemplam-nO ao longe,
os que
passam escarnecem e desafiam-nO a sair da cruz.
Jesus
sofre o desamor, abrindo o Céu com a chave do amor!
Ninguém
salva o mundo sozinho, esta é obra de Deus,
com a
colaboração de cada um de nós.
Dentro
daquilo que está ao nosso alcance, o que fazemos?
Colaboramos,
promovendo a hospitalidade, a paz e a partilha,
ou
traindo o irmão, levantando falsos testemunhos,
torturando
com palavras e atos, humilhando,
promovendo
a morte e a injustiça?
Ou
ficamos impávidos e serenos, perante o sofrimento,
dormindo
tranquilamente no leito da nossa indiferença?
Senhor
Jesus, Servo de Deus provado no fogo do sofrimento,
alimenta-nos
com o Pão dos fortes e ajuda-nos a ser fiéis,
sem
fugas nem traições, porque sem ti ficamos vazios.
Envia-nos
o teu Espírito e ajuda-nos a entrar nesta Semana Santa,
com os
ramos do louvor e da conversão,
com os
archotes da fé que alumiam a contemplação,
com o
silêncio dos ruídos que impedem escutar o Teu amor.
Ensina-nos
da fazer o que está ao nosso alcance
e a
agir segundo a tua aliança, seguindo-Te solidários até à cruz.
sábado, março 28, 2015
Sábado da 5ª semana da Quaresma
A partir desse
dia, decidiram matar Jesus.
(cf. Jo 11,45-56)
Jesus
é a Vida que faz ressuscitar Lázaro, seu amigo,
mas
também está disponível por dar vida nova a todos,
mesmo
àqueles que são seus inimigos e O querem matar.
Os
instalados no poder têm medo de o perder
e,
por isso, vêem em Jesus uma ameaça e decidem mata-Lo.
O
medo e a inveja torna-os militantes da morte!
A
“Hora de Jesus” não é de morte ou condenação,
mas
de doação de si mesmo, de aliança para sempre.
O
desejo de ser livre e de não ter problemas de consciência,
leva
muita gente a decidir a afastar-se de Jesus
ou
mesmo de combate-Lo, com o plano de bani-Lo da história.
Na
juventude prefere-se ouvir a voz da aventura dos impulsos
do
que a voz da racionalidade e da ética do bem.
Na
vida profissional prefere-se escutar a voz do sucesso
do
que a voz do gemido reprimido e da fraternidade esquecida.
Sente-se
a fúria de ventos adversos à fé em Jesus
e
pressões para bani-Lo da história e da sociedade,
mas,
hoje como ontem, Jesus é a vida que vence a morte!
Senhor
Jesus, coração gerador de vida, dando a vida,
dá-nos
um coração novo, amante e fecundo de vida.
Perdoa
todas a vezes em que, para fazermos o que queremos,
decidimos
esquecer-Te, afastar-nos de Ti, ignorar-Te.
Envia-nos
o teu Espírito de discernimento do bem
e
ajuda-nos a semear vida nas nossas relações.
Faz
brotar em nós o louvor perfeito que oferece ternura,
comunica
perdão, eleva o desanimado, serve o frágil.
sexta-feira, março 27, 2015
6ª feira da 5ª semana da Quaresma
Embora não acrediteis em Mim,
acreditai nas minhas obras. (cf.
Jo 10,31-42)
Jesus
foi consagrado e enviado pelo Pai ao mundo
para
revelar as obras de Deus e o seu coração.
É a
Palavra que faz o que proclama e é o que diz.
Por
isso, quem vê e escuta Jesus, vê e escuta a Deus.
A sua
filiação divina é uma comunhão perfeita com o Pai.
Acreditar
em Jesus, o filho de Deus em missão de salvação,
é
acreditar em Deus e acolher a sua aliança e misericórdia.
A
Cristo não devemos apedrejar ou tentar calar,
mas
seguir, imitar, acreditar, louvar e adorar.
Perde-se
demasiado tempo com planos teóricos,
relatórios
complexos, burocracias especializadas,
doutrinas
exatas, rituais ao centímetro, consumo às cegas,
horas
laborais sem relógio, passatempos sem critério...
e
deixamos secar, por falta de cuidado, a alegria de viver,
o
diálogo de escuta, a oração de contemplação,
o amor
traduzido em obras concretas e gratuitas...
Quaresma
é tempo para deixarmos de nos refugiar em palavras
e
esconder-nos na mentira, para darmos frutos de conversão.
Senhor
Jesus, Palavra coerente e transparente do Pai,
dá-nos
o dom duma conversão sincera e verdadeira.
Cristo,
Árvore da vida que alimenta a esperança,
cuida
deste rebento, poda-o da mentira, purifica-o do mal,
e
ensina-nos a dar frutos dignos de filhos de Deus.
Fortalece-nos
com o Pão da vida e transforma-nos em Ti,
para
que demos frutos de paz e de amor no profano da vida
e
assim consagremos a vida a tornar sagrado cada momento.
quinta-feira, março 26, 2015
5ª feira da 5ª semana da Quaresma
Se Eu Me glorificar a Mim próprio,
a minha glória não vale nada.
(cf. Jo 8,51-59)
Jesus
não busca a glória dos homens, nem de si mesmo,
mas,
sob a nuvem da fé, procura apenas a glória do Pai.
Na
esteira de Abraão, Jesus acolhe a promessa como presente
e
desafia-nos a acreditar na sua Palavra de vida,
pois
Ele é a Palavra de Deus traduzida em humanidade.
A
promessa revelou-se “hoje”, embora seja noite,
e só
a luz da fé nos ilumina e o calor do amor nos move.
Com a globalização,
o mundo tornou-se uma feira de vaidades!
Com o desejo de dar
nas vistas, de dizer: “eu existo e sou único”,
fazem-se
malabarismos extravagantes e expõem-se privacidades
que em nada
contribuem para o bem pessoal e da humanidade.
O que se sente
esquecido ou marginalizado,
veste-se de luto ou
de palhaço, à espera de ser amado ou odiado,
pois o que importa
é ser notado!
Como é efémera e
balofa a glória autoexaltada
nesta feira de
estrelas cadentes e sem futuro!
Senhor, origem e
fim, sustento e redenção de toda a existência,
como a Abraão,
dá-nos o dom da fé e da adesão à tua aliança.
Cristo, nossa
esperança e salvação, encarnada na nossa condição,
faz de nós
ouvintes da tua Palavra e praticantes do teu amor.
Liberta-nos do afã
do autoelogio no curriculum e na vida,
para que
trabalhemos mais pelo bem e pela paz do mundo
e pela glória e
louvor da Santíssima Trindade.
quarta-feira, março 25, 2015
Anunciação do Senhor
Faça-se em mim segundo a tua
palavra. (cf. Lc 1,26-38)
Deus
pensou em Maria, como colaboradora da redenção.
Anuncia-lhe
o seu projeto e propõe-lhe uma aliança,
em
diálogo livre e acolhido na nuvem da fé.
E a
nova Eva respondeu como filha, antes da queda,
deixando-se
fecundar pelo Espírito de Deus.
E a
“cheia de graça” fica grávida de Deus,
envolvida
na sombra da fé que gere a Luz.
Mistério
insondável que ao “faça-se” criacional de Deus
responde
“faça-se em mim, segundo a tua palavra”!
Deus é
sempre o mesmo e também hoje busca
um
“faça-se em mim segundo a tua palavra”.
Mas
ser como Maria, hoje, é andar em contracorrente,
pois
todos sonhamos que tudo se faça
“segundo
a minha vontade e ao meu gosto”.
Assim,
não vou à minha paróquia porque prefiro outra;
decido
não ir à missa ao domingo, porque não me apetece;
faço
aborto porque não quero ter este filho;
não
quero casar porque quero ser livre e fazer o que quero,
limitando-me
a ter umas aventuras descomprometidas...
Como
estamos longe desta nova Eva, aberta ao Amor!
Senhor,
todo-poderoso e respeitoso da nossa vontade,
enche-nos
com a tua graça e purifica-nos do nosso egoísmo.
Cristo,
que encarnaste para cumprir a vontade de quem Te enviou,
fortalece
a nossa fé e dá-nos o dom da escuta da tua Palavra,
para
dizermos sim à vocação e missão que para nós sonhaste.
Enche-nos
com a sombra do teu Espírito e protege-nos do mal,
para,
como Maria, o nosso “faça-se” coincida com o teu “faça-se”.
Maria,
Mãe do Verbo Divino, faz o nosso coração semelhante ao Teu.
terça-feira, março 24, 2015
3ª feira da 5ª semana da Quaresma
Se não
acreditardes que ‘Eu sou’, morrereis nos vossos pecados. (cf.
Jo 8,21-30)
Jesus
é o Filho de Deus enviado para salvar o mundo.
Deus
fez-se homem e a Palavra tornou-se clara,
tão
próxima e com sotaque galileu,embora com perfume a Céu,
que
até custa acreditar que é o próprio Deus a falar-nos.
No
entanto, só contemplando a misericórdia a sangrar de amor,
podemos
dar-nos conta de como andamos longe e errantes,
distraídos
com guerras, busca de tesouros e ventres principescos.
Há
a tendência de procurar um espelho encantado
que
nos confirme o ego duvidoso e nos repita
que
não há ninguém mais belo e perfeito do que eu!
Assim,
fugimos do silêncio que nos permite ouvir o vazio;
evitamos
profetas que nos incomodem a rotina;
juntamo-nos
com os que pensam como nós
para
evitar pensar, mudar, olhar o outro lado;
temos
alergia a quem nos diz a verdade
e
nos põe a caminhar numa conversão de excelência.
Somos
peregrinos da verdade e contentamo-nos com a dúvida!
Senhor,
Palavra libertadora, purifica-nos com a tua misericórdia.
Cristo,
elevado como espelho e luz da verdade,
ensina-nos
a contemplar-Te, apaixonado e a sofrer
de
nos ver perdidos e acomodados no nosso mau viver.
Faz-nos
ver a nossa cruz na tua cruz
e
como nos amas, apesar da nossa infidelidade.
segunda-feira, março 23, 2015
2ª feira da 5ª semana da Quaresma
Quem de entre vós estiver sem
pecado atire a primeira pedra.
(cf. Jo 8,1-11)
Jesus
acolhe o pecador e combate o pecado.
O pior
pecado é a falta de caridade para com o irmão
e a
pretensão de ser juiz implacável de quem erra.
É
esta posição altiva e cruel que faz de nós juízes dos outros,
murmuradores
que desfeiam a sua imagem,
dedos
apontados que acusam e condenam o irmão.
Jesus
veio salvar o que anda perdido e não condenar,
e este
é o caminho que devemos seguir se queremos ser Jesus.
Quanto
mais centrados em nós mesmos,
mais
agressivos e cruéis para com os outros.
No
exame de consciência examinamos os pecados dos outros,
em vez
de nos deixarmos examinar pela Palavra de Deus.
Nas
conversas e coscuvilhices murmuramos dos outros
e
apontamos, com dedo inquisidor e condenatório,
os
defeitos, fraquezas e erros dos outros.
Na
confissão, desculpamo-nos a nós mesmos
e
desfiamos os pecados dos que connosco fazem caminho.
A
vanglória vestiu a toga de juiz e senta-se no tribunal do mundo,
como
se não estivéssemos todos no mesmo barco da infidelidade.
Senhor,
Pai de misericórdia e coração de médico,
cura-nos
da cegueira que faz de nós juízes dos outros.
Cristo,
bom pastor que buscas ovelhas perdidas e feridas,
obrigado
por tanta misericórdia e paciente compreensão,
que te
faz estar sempre de braços abertos para nos dares o perdão.
Espírito
de discernimento e compaixão, dá-nos a tua luz,
para
que com humildade façamos o “nosso” exame de consciência,
e
aproveitemos este tempo para a verdadeira conversão.
domingo, março 22, 2015
DÁ-ME, SENHOR, UM CORAÇÃO PURO!
Tu, que, por amor,
gravaste
Tua Lei, no fundo do meu
ser,
Para bem Te conhecer,
E nova Aliança firmaste,
Para caminhar seguro,
Sem vacilar no escuro,
Te servir e bendizer,
Dá-me um coração puro,
Sempre sensível e aberto,
Ao Teu amor e à Luz,
Que jorra da Cruz de
Jesus,
Luz que à Tua Paz conduz,
Quer caminhe no deserto,
Quer viva atento e
desperto
À Palavra que me guia
E alenta meu coração,
Com um sinal interior
Da Tua divina mão,
Que me ampara e orienta,
Como um dia a Abraão,
Para a terra prometida
De paz e libertação.
Dá-me um espírito firme,
Na justiça e na bondade,
E livre da iniquidade,
Porque purificado
De todo o erro e pecado,
Na Tua misericórdia,
Para viver, sem cessar
Esforçada em cultivar,
Com o dom da Tua graça
E a Palavra meditada,
Avidamente, assimilada,
Gestos de amor e
concórdia,
Compreensão e perdão,
Como migalhas de vida,
Que Tu transformas no Pão,
Amassado por Jesus,
Na Sua dura paixão,
E oferecido, na Cruz,
Para nossa salvação.
DÁ-ME UM CORAÇÃO,
GENEROSO E CONFIANTE,
PARA ACEITAR SER GRÃO
À TERRA, POR TI, LANÇADO,
PRODUZINDO FRUTO
ABUNDANTE,
QUE, NO TEU PLANO DE AMOR,
TE RENDA GLÓRIA E LOUVOR,
E ALEGRIA DO IRMÃO,
DESPRESADO E ESFOMEADO,
PARA QUE, POR TODOS SEJAS,
Maria Lina da Silva,
fmm-Lisboa, 22.03.2015
Domingo da 5ª semana da Quaresma
Se alguém Me quiser servir, que Me
siga. (cf. Jo 12,20-33)
Jesus
é a nova e eterna aliança a salvar a história.
Nada
nem ninguém fica excluído desta bênção,
porque
Jesus ama-nos como um dom que jorra
e rega
os desertos áridos dos nossos corações empedernidos.
É
duro amar quem não nos ama e dar a vida por ele,
mas é
nessa prova sofrida que se revela o perfeito amor.
Servir
Jesus não é ver um espetáculo, onde o herói atua,
mas é
querer ser semente e aceitar morrer para dar fruto.
É
viver como Jesus, seguindo-O, totalmente descentrado de si.
Há
cristãos que falam da Igreja como se não fizessem parte.
Não
se sentem membros deste corpo e julgam-na a partir de fora.
Outros
gostam de “ver Jesus” em procissões de passos,
ou em
missas espetáculo, encomendadas a seu gosto.
Outros
acham que basta cumprir uns preceitos e rituais
para
servir Jesus, mas não O querem seguir no amor crucificado.
Seguir
Jesus é tornar-se discípulo na arte de amar sem medida,
resistindo
à tentação de fugir quando o desamor sabe a ingratidão.
É
seguir Jesus até à cruz e com Ele aprender a amar até ao fim
e dar
a vida por quem não sabe amar e contamina as relações.
Senhor,
aliança eterna e sofrida dum amor que propõe
e
espera imprimir em cada célula o ideal de frutificar o amor.
Cristo,
enviado do Pai a ser semente de vida nova,
obrigado
porque não desististe, nem ontem nem hoje,
de
amar amores não correspondidos, doentes de egoísmo.
Envia-nos
o teu Espírito e dá-nos o dom dum seguimento fiel,
que
saiba ser grão de trigo e aceita ser lançado à terra,
não
desanimado e desesperançado da vida, como suicídio,
mas
porque acredita que é dando a vida que frutifica
e se
torna alimento de quem anda anémico e perdido.
Dá-nos
Senhor, um coração puro e cura-nos do pecado!
sábado, março 21, 2015
Sábado da 4ª semana da Quaresma
Houve assim desacordo entre a
multidão a respeito de Jesus. (cf.
Jo 7,40-53)
Jesus
é a surpresa de Deus para a humanidade.
Esperava-se
um porta-voz da Palavra e veio a Palavra;
imaginava-se
um rei-messias, vindo da Judeia,
e veio
o Filho de Deus, que habitava na Galileia;
Perante
Jesus não se pode ficar indiferente:
ou se
acolhe ou se rejeita,
ou se
ama e segue ou se odeia e persegue.
Quaresma
é tempo de opção perante Jesus,
nEle
se aprende o louvor perfeito e o amor verdadeiro.
O
desacordo sobre Jesus é uma constante na história.
Há os que O seguem e a Ele consagram a
sua vida;
há os que nEle acreditam e se batizam
mergulhados de fé;
há os que O admiram como homem, mas
não O seguem;
há os que O aceitam entre os grandes
profetas, mas não ao adoram;
há os que a ciência e o laicismo os
conduzem à suspeita
ou mesmo ao agnosticismo, que pode
tomar formas militantes;
há os indiferentes, entretidos com o
presente e o ventre.
Quem é Jesus para mim? Aceito ou
rejeito a sua salvação?
Jesus, presença amiga e libertadora,
ilumina a nossa vida
e abre-nos à novidade da tua
revelação, tal como és
e não como Te imaginamos ou criamos à
nossa semelhança.
Cristo, Pão da vida, alimenta a nossa
fé
para que o nosso seguimento seja pleno
e sem resistências.
Dá-nos o dom duma conversão profunda
e evangelizadora,
para que o nosso testemunho ajude
outros a abrirem-se à fé.
sexta-feira, março 20, 2015
6ª feira da 4ª semana da Quaresma
Procuravam dar-Lhe a morte. (cf.
Jo 7,1-2.10-25-30)
Quem vive na morte, procura dar a
morte,
porque isso é a única coisa que tem
para dar.
Jesus é o enviado da Vida, vive na
Vida
e luta contra a morte, dando a vida.
Os que pretendem dar-lhe a morte nada
podem,
porque é a “hora de Deus” quem
dirige a história.
E quando a “hora da cruz” dá
frutos de nova aliança,
não são os que vivem na morte que lhe
dão a morte,
mas é a Fonte da vida que se oferece
totalmente
e dá a sua vida para os regenerar da
morte.
É esta a proposta que Jesus nos faz
nesta Quaresma!
Cada um de nós produz frutos, uns são
de vida,
outros são de morte, uns fazem a paz,
outros a guerra,
uns constroem esperança, outros
adoecem o horizonte,
uns criam comunhão, outros semeiam
divisão...
É tempo de examinarmos a nossa vida,
olhando para o que “damos”,
descobrimos o que “temos”,
constatando o que geramos,
identificamos a nossa missão.
Quem está em Cristo dá vida à morte,
na hora certa!
Senhor da vida eterna, que curas a
torrente da morte,
continua a cuidar desta árvore cheia
de galhos secos,
para que dê frutos de vida e não de
morte.
Jesus, que transformaste a árvore de
morte
em cruz triunfante que jorra vida para
toda a criação,
dá-nos o dom da tua graça e a Vida
que gera vida.
Espírito de discernimento,
desperta-nos para a hora de Deus,
para que não colecionemos dias à
espera de presas,
mas façamos da vida um semear de
fraternidades.
quinta-feira, março 19, 2015
S. José, Esposo da Virgem Santa Maria
Ela dará à luz
um filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus.
(cf. Mt 1,16.18-21.24a)
Deus
busca colaboradores justos e fieis
para
concretizar o seu plano de salvação da humanidade.
Em
Maria encontra a Mãe para enviar o seu Filho,
em
José encontra um servo fiel e justo que O acolhe como Jesus.
José
vê-se envolvido por uma noite luminosa,
onde
o sonho o desperta para o mistério da ação de Deus.
Só
a fé o conduz, numa amabilidade cuidadora,
feita
de silêncios confiantes e mãos calejadas.
José
é um facilitador da Palavra, sem ruídos que distraiam.
A
adoção não é apenas o resultado dum processo jurídico,
mas
é, acima de tudo, o fruto de um coração acolhedor e amável.
Mesmo
quando o filho é biológico, precisa de ser adotado
como
filho único e livre, sem projeções nem manipulações.
O
filho não desejado ou a suspeita sobre a sua paternidade
levam
à frieza e agressividade no trato e no olhar,
fazendo-lhe
notar que não foi esperado nem é amado!
Um
professor, um médico, um padre, um advogado...
fazem
a diferença quando deixam de trabalhar apenas por interesse
e
passam a adotar o outro como amigo, como filho, como irmão.
S.
José tem muito a ensinar-nos na arte de cuidar!
Pai
amável, obrigado porque nos criaste pelo poder da Palavra
e
nos adotastes como filhos gravados no teu coração.
Cristo,
Filho do Altíssimo, que nos adotaste como irmãos,
dando-nos
à luz na fidelidade do teu amor até à cruz.
Espírito
de santidade, dá novo alento à nossa fé
e
ensina-nos a ser como José, justos e confiantes,
que
sabem caminhar durante a noite à luz da tua Palavra.
S.
José, dá-nos a tua mão de patrono e cuida de nós,
para
que sejamos como Jesus e continuemos a sua missão.
quarta-feira, março 18, 2015
4ª feira da 4ª semana da Quaresma – S. Cirilo de Jerusalém
Meu Pai trabalha incessantemente e
Eu também. (cf. Jo 5,17-30)
O Amor
não descansa enquanto os filhos andarem perdidos,
ausentes
de felicidade, armados de medo, fechados em si mesmo.
O Pai
tudo faz para salvar os seus filhos e a criação,
sem
forçar os que teimam resistir à luz,
sem
desistir de enviar novos mensageiros e o próprio Filho.
Jesus,
a manifestação plena do Amor, também não descansa
na sua
missão de tudo fazer para que ninguém se perca.
Enquanto
o homem, pelo pecado, destrói a criação e a fraternidade,
Jesus,
pela Palavra da misericórdia, recria uma nova humanidade.
Só o
amor nos compromete com um mundo melhor.
Quem
não ama não sofre o gemido dum irmão,
nem a
solidão dum idoso, nem a injustiça instalada,
nem a
dependência suicida da droga e do jogo...
Só
quem ama se compadece, perdoa, se esquece de si,
cuida
do outro, vence a indiferença comodista.
Só
quem ama conhece a Deus, segue Jesus e vive em missão!
Pai de
bondade, nós te louvamos pelo teu amor fiel,
que
nos ama sempre e eternamente, sem desistir de nós.
Cristo,
imagem perfeita do amor do Pai, nós te louvamos
por
estares ao nosso lado e caminhares connosco,
mesmo
quando te viramos as costas e vivemos no pecado.
Dá-nos
a luz do teu Espírito e a conversão do coração,
para
que também nós trabalhemos incansavelmente
pela
salvação de todos os que praticam as obras do mal.
terça-feira, março 17, 2015
3ª feira da 4ª semana da Quaresma – S. Patrício
Jesus perguntou-lhe: «Queres ser
curado?» (cf. Jo 5,1-3a.5-16)
Jesus
é o rio de água viva que nasce do coração do Pai.
Ele é
a piscina que cura e vai ao encontro dos enfermos
que
jazem, sem solidariedade, na sua enxerga de esquecimento.
Jesus
é a iniciativa da misericórdia infinita e inesgotável
que
nos propõe a sua salvação e nos manda levantar,
recriados
na sua graça e fortalecidos com a surpresa do seu amor.
Ele é
o Sábado vivo, com pés de peregrino e coração de médico,
que
nos cura das paralisias do pecado e nos põe a caminho.
Vivemos
numa sociedade em que os que têm poder e dinheiro
podem
ter acesso à saúde, à educação, ao crédito e à justiça.
Quem é
pobre e analfabeto é excluído e explorado,
e
dificilmente encontra alguém que lhe dê uma mão
e o
introduza na fila da saúde, na escola da educação,
no
banco da justiça e na feira das oportunidades.
A
Igreja deve ser como Jesus, proativa na busca dos jazidos,
que
não se cansa de propor Jesus como salvador.
Senhor,
Fonte da vida, purifica-nos do amor infecundo,
paralisado
na enxerga do nosso egoísmo e desesperança.
Cristo,
rio que na Igreja te fazes delta para regar toda a terra,
sacia
a nossa sede de fé e fortalece o nosso coração missionário.
Faz da
Igreja tenda de campanha, livre para caminhar
e ir
ao encontro dos feridos e abandonados
que
esperam quem seja solidário e os introduza na Água da vida,
Jesus,
nossa Páscoa, Emanuel, médico e bom pastor.
segunda-feira, março 16, 2015
2ª feira da 4ª semana da Quaresma
Foi ter com Ele e pediu-Lhe que
descesse a curar o seu filho, que estava a morrer. (cf.
Jo 3,43-54)
Jesus
desce à Galileia, à periferia do palco humano.
Os que
pensam que O conhecem, rejeitam-nO como Messias,
os que
ardem de amor pelos seus filhos doentes,
confiam
nEle a sua salvação e convidam-nO a entrar na sua vida.
Mas a
salvação de Jesus não depende da sua proximidade física,
mas da
força da sua Palavra que cura, fortalece e ilumina.
A
doença e a morte foram vencidas pela intercessão do pai
que
confia a Jesus a cura e salvação do filho.
Vivemos
num mundo onde há pessoas sãs e doentes,
que
têm fé e que vivem sem esperança e sem rumo.
Se nos
habita o amor e a fé de Deus, em Jesus,
cuidamos
dos mais fracos e dos doentes,
intercedemos
pelos que sofrem e vivem nas trevas do pecado,
interessamo-nos
pelo irmão e colaboramos na salvação deste mundo.
Se nos
deixamos contaminar pela indiferença e pela descrença,
cruzamos
os braços e assistimos à agonia do mundo, impotentes.
Quaresma
é tempo de nos reaproximarmos de Jesus,
de lhe
falarmos e intercedermos pelos irmãos necessitados,
de nos
pormos a caminho, guiados pela fé.
Senhor,
que desceste do Céu para recriar o mundo,
aumenta
a nossa fé na tua misericórdia infinita
e na
força renovadora da tua Palavra.
Cristo,
palavra-remédio que cura a indiferença
e
aviva o amor pelo Pai e pelos irmãos que sofrem,
ajuda-nos
a fazer desta Quaresma um percurso de conversão.
Senhor,
nós te pedimos pelos nossos irmãos doentes,
da
alma e do corpo, cura-os e ajuda-os viver na fé e no amor.
domingo, março 15, 2015
NINGUÉM PODE GLORIAR-SE
Alegremo-nos e cantemos,
Mas não nos orgulhemos,
Porque, em Cristo e por
Cristo,
Fomos salvos do pecado.
Ele nos abre a porta dos
céus,
Não por merecermos isto,
Mas por pura gratuidade,
Misericórdia e bondade,
Pois somos obra de Deus!
Saboreemos a alegria
Da esperança renovada
Que nos é oferecida,
No pão da Sua Palavra,
Escutada e meditada,
À mesa da Liturgia,
Em Jesus Eucaristia,
Graças ao dom da entrega
Do próprio Senhor Jesus,
Que, por nós morreu, na
Cruz,
Onde, por amor nos salva
E liberta do pecado,
Para nossa salvação,
Plena e definitiva,
Em Cristo, Senhor Jesus,
Optando pela Luz
E a prática da Verdade,
Da Justiça e Caridade,
Ao longo da nossa vida.
Jesus veio para salvar
E não para condenar,
Abominando o pecado,
Mas nunca o pecador,
Porque Seu sonho é de
amor,
De paz e libertação,
Ao fazer Sua, a vontade
Do Pai, para a humanidade,
Convidando-nos a avançar,
Em caminhada pascal,
Abertos ao Seu amor,
Como possibilidade
E até oportunidade
De transformar, em oásis,
Nosso deserto interior,
Que passa a produzir
flores,
Belas e multicolores,
Sob a acção daquela Luz,
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 15.03.2015
4º Domingo da Quaresma
O Filho do homem será elevado, para
que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. (cf.
Jo 3,14-21)
Deus é
rico em misericórdia, por isso se entregou a nós no seu Filho,
amando-nos
até ao fim, mesmo quando crucificámos a Palavra.
Contemplar
a cruz é surpreender-nos com o amor incondicional,
como
resposta à nossa violenta rejeição desta Luz
que
revela a verdade das nossas obras más escondidas.
Fazer
o percurso quaresmal, iluminados pelo farol da cruz,
é
aproximar-nos desta Luz que revela os calvários que construímos,
os
inocentes incómodos que crucificamos,
os
dias e corações santos que profanamos.
Há
formas de elevar o outro que são usadas para nos elevarmos:
os
pais que investem nos filhos para a sua glória,
os
donos dum circo que vêem a sua glória nos empregados,
um
clube de futebol que compra caro um grande jogador,
aquele
que cuida bem dos seus animais para melhor os vender...
Mas
quando o amor é o motor que eleva o outro
não
se contabilizam noites para cuidar do seu amado bebé,
perdoam-se
birras e amuos, ausências e desilusões,
porque
o único que conta é o bem do filho do seu coração!
O que
é que nos move na nossa relação com o outro e com Deus?
É o
amor ou o interesse? A creditamos que só o amor salva?
Pai de
bondade e fonte inesgotável de misericórdia,
fecunda-nos
com o teu amor e purifica-nos do egoísmo.
Pai,
obrigado pelo teu Filho, transparência humana do teu amor,
dá-nos
o dom do teu Espírito e ensina-nos a escutar
a
Palavra da fidelidade que enviaste para nos salvar.
Cristo,
nossa Páscoa que ilumina as trevas em que nos movemos,
dá-nos
o dom duma verdadeira conversão
para
que salvos por ti, possamos fazer as nossas obras em Deus.
sábado, março 14, 2015
Sábado da 3ª semana da Quaresma
Meu Deus, dou-Vos graças por não
ser como os outros homens. (cf.
Lc 1,9-14)
Jesus
não veio julgar ou condenar o pecador,
mas
anunciar-lhe a esperança e o caminho da salvação.
Esse
caminho redentor passa pela humildade e a compaixão,
que se
ajoelha perante Deus e dá a mão ao irmão pecador.
A
comparação com os outros é perigosa,
quando
parcial e sobranceira,
pois
nos conduz ao orgulho de nós e ao desprezo dos outros.
Quando
julgo e desprezo o outro, por mais piedoso que seja,
perdi
o essencial, a chave que abre o Céu: a caridade.
A
comparação que humilha e separa é uma arma mortífera:
os
pais que dizem ao filho. “não és nada como o teu irmão”,
o
professor que despreza os maus alunos e exalta os bons,
o
crente que julga e acusa os não crentes de perdidos sem remédio,
o
racismo que faz distinção de pessoas pela cor ou nacionalidade,
o
universitário que menospreza o analfabeto e o pobre...
Tudo
são manifestações de exclusão, sobranceria e vanglória.
E onde
não há amor pelo irmão nem cuidado pela sua salvação,
não
está a mão de Jesus, nem a misericórdia de Deus.
Senhor,
amor operante e fonte de misericórdia,
dá-nos
a humildade de coração que vê nos erros dos outros
as
nossas falhas e nos coloca no caminho da conversão.
Cristo,
manso e humilde de coração, em busca das ovelhas perdidas,
transforma
a nossa piedade em gestos concretos de amor pelo irmão.
Tem
compaixão de nós, Senhor, porque somos pecadores
e
liberta-nos da vanglória e do orgulho tentador
que
nos cega a conversão e confessa só os pecados dos outros.
sexta-feira, março 13, 2015
6ª feira da 3ª semana da Quaresma
Não há nenhum mandamento maior que
estes. (cf. Mc 12,28b-34)
Jesus
ama de tal forma o seu Pai querido e os seus irmãos,
que o
seu alimento é fazer a vontade do Pai
e a
sua missão é salvar da morte todos os violentos,
mesmo
que para isso tenha que dar a vida por eles.
Jesus
é mestre em sacrifícios agradáveis ao Senhor,
porque
escuta o pulsar do coração do Pai, numa busca constante,
e
acolhe a sua vontade redentora com paixão e fidelidade.
Seguir
Jesus é voltar-se para Deus e concentrar-se no seu amor.
Alimentar-se
de Jesus é reaprender a ser filhos de Deus.
Amar
intensamente a Deus e indiscriminadamente o irmão
é a
maior e a fontal regra de vida de quem escuta a Deus.
Amar a
Deus sem amar o irmão é uma falácia,
pois o
coração, que não ama o que vê, não pode amar O que não vê.
Parece
que andamos todos doentes de esquizofrenia,
pois
os lábios que louvam piedosamente o Senhor
são
os mesmos que murmuram, julgam e ofendem o irmão!
Somos
como cata-ventos ao sabor dos impulsos que recebemos,
amamos
os que nos amam, odiamos os que nos odeiam!
Senhor,
misericordioso e fonte de todo o coração que ama,
obrigado
porque cada célula da nossa vida
foi
criada com detalhe e amor, fazendo de nós seres únicos!
Cristo,
Filho totalmente identificado com o querer e agir do Pai,
envia-nos
o teu Espírito e faz-nos pulsar ao ritmo de Deus.
Alimenta-nos
com a tua Palavra e o teu Corpo,
purifica-nos
do desamor com a oferta da tua graça,
liberta-nos
dos ídolos que nos distraem
e
dá-nos a tua mão que levanta e nos ensina a louvar.
quinta-feira, março 12, 2015
5ª feira da 3ª semana da Quaresma
Jesus estava a expulsar um demónio
que era mudo. (cf. Lc 11,14-23)
Expulsar
um demónio mudo é abrir os ouvidos do coração,
transformar
corações empedernidos, autorreferentes e amuados
em
corações acolhedores, reconciliados, confiantes e dialogantes.
O
pecado fecha-nos sobre nós mesmos, num autismo surdo,
que só
escuta a sua cobiça, os seus caprichos, a sua glória...
O
pecado separa-nos de Deus e dos outros,
surdos
e mudos de indiferença e altivez, feridos de orgulho.
É
tempo de nos entregarmos a Cristo para que nos cure
e
liberte da surdez à Palavra de Deus e da mudez ao irmão.
Desde
criança que nos habituámos ao mutismo como arma:
quando
queremos mostrar que estamos descontentes,
cheios
de raiva, a vingança é cortar o diálogo, ficar mudo!
É
assim que aparecem dias, semanas... de amuo familiar,
irmãos
e vizinhos que não se falam anos sem termo,
clubes,
partidos e nações que cortam relações...
Quando
queremos fazer a nossa vontade adolescente,
fechamos
os ouvidos aos conselhos dos pais e de Deus.
O
Diabo (o que divide) gosta de nos ver surdos e amuados,
tristes
e teimosos, amarrados ao nosso pecado.
Senhor,
amor dialogante e reconciliador,
dá-nos
o teu Espírito libertador e um coração novo.
Cristo,
Palavra misericordiosa e abraço de perdão,
desarma-nos
do mutismo que corta o diálogo
e da
surdez que foge da escuta da Palavra de Deus.
Ensina-nos
a perdoar e a dar passos de reconciliação,
fazendo
da Quaresma tempo para reaprender o diálogo,
a
oração, a conversão, o anúncio da boa nova da graça.