domingo, julho 31, 2016
ACORDA ENQUANTO É TEMPO
Tua vida não
depende,
Dos bens
materiais que tens,
Mesmo
guardados à chave,
Até quando,
não se sabe,
E construas
mais celeiros,
Quando há
muita produção,
Pensando
acumular,
Por ganância
ou vaidade,
Fechado à
realidade,
Para seres o
primeiro,
Em valor e
dignidade,
A impor-se
entre os demais.
“Ó vaidade
das vaidades,”
Tudo é
vaidade e ilusão,
Como bola de
sabão
Que, mal
sobe, se desfaz,
Pois, tudo
isto é fugaz,
Te deixa a
olhar o chão,
Sem qualquer
sinal no ar,
Mão
estendida, em vão,
E vazio o
coração,
Sem nada a
que se agarrar.
Querendo ser
rico de bens,
Seguiste os
critérios humanos,
Semeadores
de enganos.
Escolhendo a
insegurança,
Da erva que
de manhã cresce,
Mas, `a
tarde, já fenece,
E os bens
que a traça rói
E, se a tempestade
avança,
Nada fica em
segurança,
O vento
sopra e destrói,
E tu,
despido de amor,
Te descubras
sem sentido,
Em solidão
interior.
Depende de
ti escolher,
Como desejas
viver.
Se rico aos olhos dos homens,
Ou rico aos
olhos de Deus,
Senhor da
terra e dos céus,
Que ama todos os filhos Seus,
Mas nos dá a
liberdade
De podermos
escolher
Nossa
própria desventura,
Ou alegria
que perdura,
Sem deixar
de nos seguir,
Com Seu
olhar de ternura,
No desejo
interior,
De
misericordioso amor,
Pronto a nos
receber
Para que a
nossa desgraça,
Seja
transformada em graça,
Por nos amar
a valer.
Maria Lina
da Silva, fmm-Lisboa, 31.07.2016
18º Domingo do Tempo Comum – S. Inácio de Loiola
Insensato! Esta noite terás de
entregar a tua alma. O que preparaste, para quem será? (cf.
Lc 12,13-21)
Jesus
é o sábio que sabe viver a vida como peregrino,
com o
horizonte da eternidade e o húmus da fraternidade!
Por
isso, vem para fazer o bem, doa-se em misericórdia,
ensina
o caminho da riqueza aos olhos de Deus
e
envia o seu Espírito libertador da avareza idolátrica!
Envia os seus
discípulos, dois a dois, com mochilas leves,
para que o peso não
os impeça de caminhar
nem turve o olhar
de fé, esperança e caridade!
Quanto há que
fazer para libertar o mundo da insensatez!
É insensato ter
uma família unida e zangar-se
por causa das
partilhas de umas heranças recebidas!
É insensato mentir
e roubar para encher o bolsos
e passar o resto da
vida numa prisão com o nome enxovalhado!
É insensato
consumir a vida a trabalhar por ambição,
esquecendo amigos,
ignorando encontros, engordando a solidão!
É insensato
endividar-se com créditos perpétuos,
tendo mais olhos
que barriga, mais inveja que posses!
É insensato
desinvestir na amizade e na solidariedade,
caçando em coutos
privados e vivendo em condomínios fechados!
É insensato viver
num planeta tão rico em recursos
e uns morrerem de
excesso de comida e de sedentarismo
e outros com fome,
sem terra, sem paz e sem amigos!
Senhor, Sabedoria
que salva e liberta,
conduz os nossos
passos na fraternidade e na esperança,
e liberta-nos da
cegueira do prazer egoísta e míope
que nada mais vê
que o próprio umbigo!
Cristo, Amigo que
nos acompanhas e nos esperas,
ensina-nos a olhar
o Céu para o construirmos já aqui:
um lugar onde todos
têm casa, lugar à mesa e alegria de partilhar!
Liberta-nos da
avareza que gera guerras, insónias, roubos,
medos, luxúrias,
infidelidades, mentiras e suicídios!
Converte-nos a
todos à globalidade do amor e à vigilância
para que estejamos
sempre prontos para o encontro conTigo!
S. Inácio de
Loiola ensina-nos a viver com discernimento!
sábado, julho 30, 2016
Sábado da 17ª semana do Tempo Comum
Os discípulos de João vieram
buscar o seu cadáver e deram-lhe sepultura. Depois foram dar a
notícia a Jesus. (cf. Mt
14,1-12)
A
morte de João Batista marcou o início da revelação de Jesus!
Jesus
dirigiu-se para João e deixou-se batizar por ele,
para
que o Percursor pudesse reconhecer o Cordeiro de Deus!
O
Percursor anuncia e prepara a vinda do Messias,
mas é
Jesus que vem ao seu encontro como Servo de Javé!
A
profecia faz de João um espelho da verdade,
que
lhe mereceu a prisão e a morte na festa da vida!
Os
discípulos de João sepultam-lhe o corpo,
cumprindo
assim uma das obras de misericórdia
e
falam dele a Jesus, numa intercessão de esperança!
Aqui
estão sintetizadas três obras de misericórdia:
corrigir
os que erram, sepultar os mortos e rezar pelos que faleceram!
Hoje
esta obra de misericórdia tornou-se um negócio funerário!
Construíram-se
capelas funerárias, pequenas e confortáveis,
para
acolher a família nuclear e um círculo de amigos restrito,
espelhando
a solidão em que se vive na cidade!
A
oração pelo defunto anda associada ao funeral,
muitas
vezes fazendo mais parte do “kit ritual”
do que
da fé dos familiares e participantes!
Tudo
cheira a um acontecimento enlutado e florido,
em que
o mistério da morte nos cerca incompreensível,
sem
sentido, que não seja a despedida de alguém querido!
Mas
muitas vezes é o amor que suporta a fragilidade da fé!
Senhor,
Pai de Jesus e Fonte da vida,
louvado
sejas porque, quer vivamos quer morramos,
vivemos
em Ti e nas tuas mãos nos sustentamos!
Senhor
Jesus, Luz que brilha nas trevas e incomoda o pecador,
faz de
nós ouvintes sedentos da verdade que nos salva
e não
teimosos no pecado que querem calar a tua voz!
Envia-nos
o teu Espírito de profecia e de compromisso,
para
que, sem medo, hoje demos voz à tua Palavra
e
aprendamos a remar contra a corrente, em direção à fonte!
Liberta-nos
de todos os que celebram a vida com a morte
e
torna-nos praticantes das obras de misericórdia!
sexta-feira, julho 29, 2016
S. Marta
Quando ouviu dizer que Jesus estava
a chegar, Marta saiu ao seu encontro.
(cf. Jo 11,19-27)
O
Filho de Deus fez da humanidade a sua Betânia,
a casa
de amigos que Ele ama, mas onde habita a morte!
Por
isso, dirige-se a nós como Senhor da vida,
como
Messias esperado, como restaurador do perdido!
Marta
vai ao seu encontro, numa iniciativa de fé,
pedindo
a vida do seu irmão, acreditando no impossível,
num
diálogo confiante, intercessor e crente!
Quando
a iniciativa da misericórdia divina
se
junta com a fé, esperança e caridade humana,
antecipa-se
o encontro, porque Deus e o homem
buscam-se
mutuamente no amor pela vida!
Jesus
continua a vir ao nosso encontro, porque é sempre o mesmo,
nós é
que perdemos a fé e a iniciativa de Marta!
Ficamos
à espera que Jesus faça tudo, se quiser,
numa
apatia paralisante que não reza nem mexe uma palha,
e se
limita a lamentar a morte e o mundo desgraçado que temos!
Mas
andam por aí umas Martas, inquietas e inconformadas,
porque
acreditam no Deus da vida, da justiça e da paz,
e, por
isso, fazem da oração o pão que fortifica e ilumina,
promovem
a vida desde a conceção até ao último suspiro,
usam a
profecia e a ternura para denunciar a injustiça,
libertam-se
de preconceitos e medos para promoverem o diálogo,
congregam
boas vontades, em vez de só murmurar e criticar!
Senhor,
louvado sejas porque vens sempre ao nosso encontro,
para
nos consolar, chorar connosco e chamares os mortos à vida!
Aumenta
a nossa fé, quando esbarramos com situações de morte,
para
que, como Marta, corramos ao Teu encontro com confiança!
Ajuda-nos
a ter uma atitude pró-ativa e comprometida,
para
que não nos limitemos a ver na TV o mundo a destruir-se,
mas
sejamos parte da solução, orando, solidarizando-nos,
unindo-nos
na milícia pacífica do bem, perdoando,
acolhendo,
curando, reconciliando, ajudando...!
S.
Marta, mulher de fé e do serviço, rogai por nós!
quinta-feira, julho 28, 2016
5ª feira da 17ª semana do Tempo Comum
O reino dos Céus é semelhante a
uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes. (cf.
Mt 13,47-53)
Jesus
é o pescador de ovelhas perdidas;
o
purificador de mares empestados de lixo mortífero;
o
médico e protetor de peixes em vias de extinção!
Chama
os seus discípulos a serem pescadores de homens,
a
serem congregadores de todos os peixes na cardume da Igreja,
a
aceitarem pacientemente os peixes pequenos e doentes,
para
os curar e fazer crescer, deixando o julgamento para Deus!
O
reino de Deus é a misericórdia que se faz evangelização,
proposta
de banquete e vida nova para todos!
A
sociedade de hoje é uma fábrica de lixo não biodegradável!
Os
campos, os rios,as praias e os mares enchem-se de plásticos,
enlatados,
gorduras, pesticidas, fertilizantes e outros produtos tóxicos
que
estão a transformar a terra e o mar numa lixeira mortífera!
O
pescador, quando lança a rede, apanha peixes e lixos diversos
que é
preciso escolher quando a rede chega à praia!
O
problema é que o pescador devolve o mesmo lixo ao mar!
Não
será isto uma parábola do ciclo de morte em que vivemos?
Parecemos
crianças mimadas, inconscientes e egoístas
que
fazemos o que queremos e sujamos a água onde nos banhamos,
vendo
apenas o hoje, não nos importando com as futuras gerações!
Senhor,
criador de harmonia e biodiversidade ecológica,
ensina-nos
a cuidar do nosso planeta para que continue habitável!
Cristo,
purificador de lixeiras perdidas e de águas podres,
cura-nos
do egoísmo narcisista e do consumismo doentio,
para
que o pecado não gere mais morte nem poluição!
Envia-nos
o teu Espírito e a sabedoria da tua Palavra
para
que saibamos viver no amor e na tolerância que cura!
Faz de
nós mensageiros da esperança no horizonte sombrio,
para
que acompanhemos o irmão com pedagogia e prudência,
ajudando-o
a curar das suas enfermidades e a crescer na fé!
quarta-feira, julho 27, 2016
4ª feira da 17ª semana do Tempo Comum
O reino dos Céus é semelhante a um
tesouro escondido num campo. (cf.
Mt 13,44-46)
Jesus
é o tesouro mais valioso do Pai,
escondido
no Filho de Maria e de José,
num
carpinteiro desconhecido de Nazaré!
Os que
andavam inquietos e em busca de mais,
ouviram
a sua voz, sentiram a sua paz e libertação,
viram
o seu coração transbordante de amor!
Ao
serem chamados a segui-Lo, deixaram tudo,
venderam
sonhos, seguranças e afetos
e
tomaram-No como único tesouro das suas vidas!
A
paixão e morte de Jesus escondeu ainda mais o brilho,
enterrou
de novo o tesouro e toda a terra se tornou campo,
por
quem era preciso dar a vida e conquistar!
E os
discípulos compreenderam o Tesouro que era preciso comprar!
Trazemos
o coração fragmentado por sonhos inconciliáveis:
queremos
ser os maiores e que haja paz e igualdade;
desejamos
possuir o mundo e que haja justiça;
vivemos
umbilicalmente e queixamo-nos da indiferença;
andamos
com o coração dividido e criticamos o amor-a-meias;
custa-nos
perdoar e suplicamos misericórdia e compreensão...!
Dá a
impressão que o único tesouro que buscamos
é a
insaciável novidade que ainda não experimentámos!
Se
calhar buscamos longe e fora o que está perto e escondido,
no
campo familiar que pisamos e na cidade em que vivemos,
bastando
para isso saber olhar para o céu
e
aprender a escutar a sinfonia do amor que toca incondicionalmente!
Senhor,
que enriqueces de esperança e de alegria a história,
aumenta
a nossa fé e ajuda-nos a descobri-Te presente
nas
pequenas coisas da vida e neste campo que parece sem valor!
Cristo,
Tesouro escondido no brilho virtual que compramos,
envia-nos
o teu Espírito e abre-nos à verdade da felicidade,
que
unifica o ser, se desfaz do acessório e se concentra no essencial!
Dá-nos
um coração indiviso quando nos consagramos a Ti,
quando
fazemos uma aliança de amor esponsal,
deixamos
tudo para Te seguir e partir em missão!
Ajuda-nos
a não ter medo de deixar tudo para amar
e a
ter a coragem de nos comprometermos para toda a vida
no
ideal de santidade, de vida matrimonial e consagrada!
terça-feira, julho 26, 2016
S. Joaquim e Santa Ana, pais de Nossa Senhora
Muitos profetas e justos desejaram
ouvir o que vós ouvis e não ouviram. (cf.
Mt 13,16-17)
Jesus
é o culminar da revelação da proximidade de Deus!
Muitos
profetas e justos desejaram poder conviver com Deus,
falar
cara-a-cara com Ele, tocar e deixar-se tocar por Ele,
escutar
claramente a sua Palavra e ver o seu rosto de misericórdia!
Simeão
e Ana eram justos que O esperavam no templo
e
puderam ver o Messias, envolto em panos nos braços de Maria;
Joaquim
e Ana eram justos que O esperavam na família
e
puderam embalar a ternura de Maria, a cheia de graça,
e
ajudar sua filha a cuidar de Jesus, o Messias prometido!
Que
mistério insondável: ensinar Jesus a falar e a andar,
para
aprender a escutar e a caminhar segundo o Mestre divino!
O ser
humano continua a desejar a ter Deus próximo e acessível:
faz
imagens sagradas, constrói oratório familiares,
acende-lhe
uma vela orante e respeitosa,
faz
peregrinações a grandes santuários,
ora-Lhe
em qualquer lugar quando a aflição o aperta...
Aquele
que vive da fé, come o pão quotidiano na mesa
e
recorda Jesus presente na Eucaristia;
saboreia
o vinho na festa e recorda a verdadeira festa
que
nos foi adquirida por Jesus na cruz da misericórdia;
toma o
seu banho que limpa as impurezas do corpo
e
recorda o banho batismal que nos purifica todo o ser;
coloca
diversos cremes e recorda a verdadeira unção do Espírito
que
nos massaja o coração e nos liberta o perdão e o amor;
abre a
Bíblia e lê palavras humanas, escutando o próprio Deus!
Senhor,
louvado sejas por tanta proximidade e amor!
Louvado
sejas pela Palavra que nos desperta para a luz!
Louvado
sejas pela história de salvação que nos confirma a fé!
Louvado
sejas pelos sacramentos que realizam a salvação!
Louvado
sejas pela Igreja, sacrário da tua Aliança!
Louvado
sejas pelo dom da fé que nos faz ver e ouvir o Invisível!
Louvado
sejas por Joaquim e Ana, pais de Maria!
Louvado
sejas pelos avós, ternura amadurecida
e
paciência inesgotável a humanizar o mundo!
segunda-feira, julho 25, 2016
S. Tiago, Apóstolo
Podeis beber o cálice que Eu hei-de
beber? (cf. Mt 20,20-28)
Jesus
aceita ser enviado, não para ser grande,
mas
para ser servo e dar a vida pela salvação da criação!
Este é
o cálice que aceita livremente beber,
o
batismo no qual quer submergir toda a sua vida!
Aos
discípulos senta-os à mesma mesa
e
dá-lhe a beber do seu cálice da aliança,
para
que partam com a mesma disposição de doação,
de
entrega total, de oferta de vida pela sua fé!
S.
Tiago, irmão de João evangelista,
foi o
primeiro apóstolo a ser morto por Herodes Antipas,
por
causa de ser discípulo e apóstolo de Jesus Cristo!
Buscamos
a Deus, em Jesus Cristo,
porque
queremos beber o cálice doce da consolação,
do
perdão, do milagre, da bênção, da proteção, da vida eterna...
Por
isso, vamos à Igreja só quando precisamos,
recorremos
a Jesus só nos momentos de aflição,
fazemos
alguma coisa por Ele se isso nos trouxer interesse!
Ora,
ser cristão é aprender a dar a vida como Jesus,
a
perdoar com o coração ferido pela traição,
a
deixar tudo para anunciar o Evangelho,
a
persistir na fé mesmo quando se é perseguido...!
Senhor,
Filho de Deus que vieste para servir e dar a vida,
envia-nos
o teu Espírito e ensina-nos a viver descentrados,
livres
dos critérios de grandeza social e política!
Faz da
tua Igreja um corpo que Te segue com alegria
na
arte de servir com humildade e fidelidade!
Dá-nos
o ardor da evangelização que fermenta o mundo,
com o
testemunho de fé concretizada nos pequenos nadas,
com
que se amassa a vida, a liturgia e a construção da justiça!
S.
Tiago, intercede por nós e ensina-nos a ser apóstolos fieis!
domingo, julho 24, 2016
ENSINA-ME, SENHOR, A ORAR!
Na Escuta da Tua Palavra,
Ensina-me, Senhor, a orar!
Na vida do dia-a-dia,
Ensina-me, Senhor, a orar,
Na dor e na alegria,
Ensina-me, Senhor, a orar!
Em Ti, Senhor,
Bom Mestre e Pastor,
Encontro o fermento,
A seiva e o alento,
Para Te louvar,
Servir e amar,
Com fé e amor,
A todo o momento.
Tu és, Senhor,
Luz e inspiração
Da minha oração
Que, a Ti, se eleva,
Qual nuvem de incenso,
Do fogo que lavra,
No meu coração,
Graças à Palavra,
Que arde, por dentro,
E tudo transforma,
Num desejo ardente,
De vida e acção,
Feita oração,
No fiel cumprimento
Da santa vontade
De Deus e Senhor,
Pai da humanidade,
Que nos ama e salva,
Por pura bondade.
Que o Teu santo Nome,
Testemunhe e cante,
Em vida coerente
De fé e acção,
Revelando ao mundo,
Em dor e aflição,
Que só Tu nos dás
Segurança e paz,
Real salvação.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 24.07.2016
17º Domingo do Tempo Comum
Estava Jesus em oração em certo
lugar. (cf. Lc 11,1-13)
A
oração de Jesus não tem lugar marcado,
mas
tem momentos escolhidos, confiança certa,
sentimentos
filiais, comunhão de amor,
silêncio
que escuta, coração que louva!
Os
seus discípulos, ao vê-Lo rezar,
querem
aprender também o segredo de tanta procura,
de
tanta persistência, de tanta fecundidade,
de
tanta consciência de ser enviado,
de
tanta surpresa de sabedoria e de misericórdia generosa!
Jesus
responde-lhe: confiança na presença do Pai,
amor
alimentado pelos irmãos, purificação egoísta dos desejos!
Pela
internet chegam correntes de oração,
orações
infalíveis que forçam o Céu,
ameaças
de pouca sorte se as não rezarmos ou republicarmos...
Pretendem
ensinar a rezar, mas apenas geram medo,
crença
em fórmulas mágicas, correntes inquebráveis,
engano,
pois nem todos os pedidos são bons!
Outros
ensinam orações belas e profundas,
como
as cartas de amor encomendadas a especialistas,
para
serem usadas numa relação de namoro pessoal!
O
importante não é a beleza das palavras proferidas,
mas a
sinceridade dos sentimentos apresentados,
a
aventura de bater à porta dum Pai amigo que não vemos,
mas
que acreditamos que está em toda a parte e nos escuta!
Pai de
bondade é a tua misericórdia que Te inclina
e Te
faz perscrutar os gemidos do nosso coração
quando
nos ajoelhamos impacientes
e
queremos tudo para ontem!
Louvado
sejas por Teu Filho e nosso Irmão,
mestre
de oração e rocha na arte de confiar!
Louvado
sejas pelo envio do Espírito Santo,
que
nos sintoniza com o bater do Teu coração
e nos
purifica as resistências egoístas,
abrindo-nos
a que venha o Teu reino e se faça a Tua vontade!
sábado, julho 23, 2016
S. Brígida, Co-Padroeira da Europa
A glória de meu
Pai é que deis muito fruto. (cf. Jo 15,1-8)
Jesus é a videira
que dá muito fruto, porque tem as raízes no Pai!
Aparece como cepa
sem aparência de marca, nem folhagem vistosa,
mas os seus frutos
são generosos e bons,
perfumados de
caridade, curativos de doenças!
Oferece-se para
acolher todo o ramo que nele quer ser enxertado,
com a condição de
não querer ser apenas um sorvedouro da sua seiva,
mas desejar dar os
mesmos frutos generosos e nEle se transformar!
Como S. Brígida,
fazer da família uma vinha de amor,
para dentro e para
fora, tendo tudo sem a nada se apegar,
a não ser o amor a
Cristo e a cada irmão que encontrar!
Muitos pedem o
Batismo apenas para serem batizados,
ou o crisma apenas
para poderem ser padrinhos!
Outros casam na
Igreja apenas porque é bonito
ou vão à
confissão apenas para a desobriga anual,
ou vão à missa
apenas pelos que já faleceram!
Fazem dos
sacramentos mais um produto de consumo,
para ter em casa e
acrescentar ao curriculum
!
Ora os sacramentos
não são para ter, mas para poder ser
e dar frutos de
Cristo, podados do desejo de aparecer!
Rezamos e meditamos
a Palavra para podermos ser santos
e não por já
sermos santos e o querermos manifestar!
Senhor Jesus,
Videira escolhida pelo Pai para renovar a sua vinha,
acolhe-nos,
purifica-nos e poda-nos pelo enxerto do Batismo!
Cristo, seiva amiga
e fecunda que a todos queres dar vida nova,
alimenta-nos com a
tua Palavra e com a tua Eucaristia,
para concentremos
todas as nossas energias em dar bons frutos
e não na folhagem
da vaidade e do poder,
que rouba a alegria
de viver e se esteriliza numa vida cómoda!
Como S. Brígida
ajuda-nos a ser fecundos na família,
contemplativos do
mistério do amor de Cristo,
empenhados numa
sociedade mais humana, pacífica e justa!
S. Brígida rogai
por nós
e ensinai-nos a
viver no mundo com o coração em Deus!
sexta-feira, julho 22, 2016
S. Maria Madalena
Maria Madalena foi anunciar aos
discípulos: «Vi o Senhor». (cf.
Jo 20,1.11-18)
Jesus
é o Mestre que sabe o nosso nome
e anda
à nossa procura, mesmo quando O procuramos!
Ele
está atrás de nós, escondido no quotidiano,
para
fazer do profano um tempo sagrado!
Maria
Madalena busca-O durante a noite,
como
quem anseia pela madrugada
e não
perder Quem a libertou de tantas amarras!
Encontra-O
quando olha para trás e escuta a sua voz,
na
surpresa de ser amada e ver suas lágrimas secadas!
De
buscadora da morte, torna-se enviada da Vida,
como
primeira apóstola dos apóstolos amedrontados!
A
forma como olhamos para Maria Madalena,
ao
longo da história, merece uma reflexão.
Os
evangelhos dizem apenas que foi curada por Jesus
e que
foi a primeira a ter a experiência do Ressuscitado
e a
primeira a anunciar a ressurreição aos Apóstolos.
Depois
foi sendo conotada com a mulher adúltera,
ou com
uma prostituta arrependida e convertida.
Os
escritos gnósticos e alguns filmes e romances recentes
fazem
dela uma amante de Jesus, reduzindo-a à sua sexualidade!
O Papa
Francisco fez da sua memória uma festa
e
recuperou-a como apóstola dos Apóstolos!
Senhor,
buscador de ovelhas perdidas e feridas,
e que
curaste e salvaste Maria Madalena,
cura-nos,
perdoa-nos e faz de nós discípulos fieis,
que Te
sabem servir com amor, seguir-Te até à cruz,
procurar-Te
no sepulcro da escuridão da noite da fé,
escutar
a tua voz, quando nos voltamos para ti,
e
partir alegres, quando nos envias em missão!
Obrigado
por tantas Marias Madalenas, apóstolas dedicadas,
que Te
servem na Igreja, Te anunciam na família e no trabalho!
Santa
Maria Madalena ensina-nos a amar o Senhor!
quinta-feira, julho 21, 2016
5ª feria da 16ª semana do Tempo Comum – S. Lourenço de Brindes
Falo em parábolas, porque vêem sem
ver e ouvem sem ouvir nem entender. (cf.
Mt 13,10-17)
Jesus
é um contemplativo da vida,
que
sabe ver para além do que se vê
e
ouvir para além do que se ouve!
Em
tudo vê sinais do Mistério, marcas do Criador,
gramática
da aliança, profecia proclamada!
Fala-nos
em parábolas para nos ensinar a ler a vida,
nos
acontecimentos com que todos nos deparamos!
Conta-nos
parábolas para não nos julgar,
mas
nos confrontar com o espelho da verdade,
que
nos mostra a qualidade de terra que somos
e que
frutos damos, após tanta semente que recebemos!
Habituámo-nos
ao pronto a vestir, pronto a comer,
às
notícias prontas a escutar, ver e ler, à opinião feita...
Estamos
a perder a capacidade de contemplar, refletir,
escutar,
compreender, examinar, deter-nos, pensar...
Perdemos
o contato com os processos de produção e de transformação
e
muitos já não sabem que o leite empacotado vem da vaca,
que o
ovo vem da galinha, que o frango vem do ovo...
Quando
tudo é standart, produto acabado, generalista,
perde-se
o sentido do sacrifício, da alegria da conquista,
da
beleza de ser único, do sentido crítico da realidade...
Tornamo-nos
consumidores telecomandados pelo marketing!
Senhor,
Mestre da vida e pedagogo do quotidiano,
ensina-nos,
com a simplicidade das parábolas,
a
aprender a contemplar as pequenas coisas e acontecimentos
que
nos revelam o reino de Deus que nos propões hoje!
Cura a
nossa cegueira e surdez pois andamos muitos distraídos!
Envia-nos
o teu Espírito e dá-nos o dom do discernimento,
que
examina a vida e guia o ritmo, para darmos bons frutos!
Ensina-nos
a compreender as parábolas e os sinais dos tempos
na
escola da vida que nos vai surpreendendo!
quarta-feira, julho 20, 2016
4ª feira da 16ª semana do Tempo Comum
Jesus saiu de casa e foi sentar-Se à
beira-mar. (cf. Mt 13,1-9)
Para
Jesus, viver é um permanente sair de si,
do seu
conforto, da sua casa e fazer da vida missão!
Ele é
a Palavra de Deus que ecoa nos coração silenciosos,
é
semeada generosamente na história e no tempo,
em
busca de uma terra acolhedora, purificada e profunda!
Sai da
Casa do Pai, não porque está cansado e aborrecido,
mas
porque a sua felicidade se condói com os que andam infelizes,
doentes,
deprimidos, desorientados e escravizados pela cegueira!
Ainda
hoje, o Senhor está em permanente saída de si,
em
busca de colaboradores que aceitem ser enviados
e
façam da sua vida um “ir ao encontro” como boa nova!
A casa
é ao mesmo tempo um refúgio que nos descansa
e uma
prisão que nos aborrece e deprime!
Por
isso, sair um pouco para tomar ar, para passear,
para
nos divertirmos, para “descansarmos e ir de férias”
é um
sonho que nos persegue ao longo da vida!
“Sentar-se
à beira-mar” é quebrar a rotina,
não
trabalhar, apanhar sol, estar no meio da multidão...
É
muitas vezes esquecer as obrigações diárias,
fazer
férias de Deus, totalmente centrados em nós mesmos!
As
férias representam uma fuga temporária e idílica,
para o
mais longe e a maior novidade possível,
para
não fazermos nada
e
descobrirmos que afinal sonhamos ser inúteis e cuidados!
Senhor,
felicidade original e final que não se cansa de amar,
desfoca-nos
do sonho de sermos crianças mimadas
e
abre-nos à compaixão que dá férias ao egoísmo e à ambição!
Cristo,
enviado pelo Pai com a alegria de salvar,
abre-nos
à tua Palavra e às moções do teu Espírito,
para
que possamos participar na tua missão redentora!
Faz da
tua Igreja uma multidão de semeadores do Evangelho,
dando
testemunho da paz, da misericórdia, do amor solidário,
da
esperança teológica e do compromisso com o bem comum!
Ajuda
os jovens que saíram de si para a Jornadas da Juventude
a
descobrirem a sua vocação e a sua missão no mundo de hoje!
terça-feira, julho 19, 2016
3ª feira da 16ª semana do Tempo Comum
Todo aquele que fizer a vontade de
meu Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha
mãe. (cf. Mt 12,46-50)
Jesus,
porque ama com a vontade e a intensidade do Pai,
de
todas as criaturas faz irmãos, irmãs e mãe!
O fogo
de amor, que O une ao Pai, no Espírito,
incendeia
todo o seu ser e encarna-O como aliança eterna,
serve
como médico e pastor, consome-se como Círio pascal,
alimenta
a vida como a seiva de videira,
eleva
o que cai como mãe terna e paciente,
ensina
o que erra como sábio pedagogo!
Quando
O escutamos com ouvidos de discípulo,
amamos
com o amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
e
vivemos na comunhão da Igreja e da sua missão,
tornamo-nos
mães que geram Cristo ao mundo
e
irmãos que fraternizam a todos na mesma adoção!
O
individualismo adoece a nossa miopia
e de
todos faz árvores em movimento, sem rosto,
sem
voz, numa indiferença fria e desértica!
Vivemos
no mesmo arquipélago, cada um na sua pequena ilha!
Assim
é a cidade, cada um no seu quarto, a olhar pela janela,
só
para ver movimento e sentir que está vivo,
paralisado
pelo egoísmo, pelo comodismo e pelo medo de amar!
É a
avareza do coração no vazio da solidão!
Às
vezes até escuta o Evangelho e reza a Deus,
mas
refugia-se no espiritualismo, no dever e na retórica,
para
ficar indiferente e passivo ao que se passa fora de si!
Senhor,
amor fecundo que se torna missionário e evangelizador,
purifica-nos
de todo o egoísmo e indiferença
e faz
de nós espelhos vivos que refletem o teu amor!
Cristo,
que te fizeste Pão para juntar a todos à tua mesa,
como
fração unida pelo mesmo louvor e a mesma fraternidade,
faz
das nossas Eucaristias escolas de comunhão e de missão!
Envia-nos
o teu Espírito e o fogo do seu amor,
para
que alimentados pela tua Palavra
possamos
ser canais de uma nova sociedade!
Faz de
nós praticantes, não só de palavras e de ritos,
mas
acima de tudo de amor que cria fraternidade!
segunda-feira, julho 18, 2016
2ª feira da 16ª semana do Temo Comum – B. Bartolomeu dos Mártires
Aqui está quem é maior do que
Salomão. (cf. Mt 12,38-42)
A
sabedoria de Deus aproximou-se da humanidade,
com
sotaque de galileu e túnica de carpinteiro.
Era
tão próximo, que ainda buscavam um sábio mais distante,
um
Salomão idealizado do passado, um Messias revestido de poder!
Jesus,
como Jonas em terra estrangeira, pregava a conversão,
mas as
pessoas ambicionavam milagres e queriam espetáculo,
que os
distraísse de si, do vazio que os preenchia!
A sua
prisão, paixão e morte foi manifestação de não violência,
de
entrega livre e pacificada, de aliança persistente de amor,
de
misericórdia jorrada até à ultima gota de sangue!
É por
isso, que S. Paulo lhe chama a “sabedoria da cruz”!
O
espetáculo é por definição um entretimento, uma distração.
É um
buscar fora a novidade que não entramos dentro,
por
isso, há tanta dificuldade em fazer silêncio,
aguentar
a solidão, meditar profundamente sobre a vida,
aventurar-se
a enfrentar os fantasmas que nos atemorizam,
curar
as feridas do ressentimento que nos entristece a alma!
De
tudo se tenta fazer espetáculo, um “reality show”,
com
gente famosa por perto, com pregadores milagreiros,
com
cinderelas sonhadas na noite, em férias paradisíacas!
Alguém
está preocupado em ser mais autentico, mais justo,
mais
livre, mais solidário, mais bênção, mais perfume?
Senhor,
profecia que cada manhã me desperta
com a
suavidade de uma palavra amiga que me espera,
abre-me
à sabedoria da tua amizade
e
ensina-me a acolher a tua misericórdia
com
uma conversão verdadeira e ouvidos de discípulo!
Envia
o teu Espírito e penetra nas entranhas mais escuras,
para
que não procure distrair-me de mim,
ocupando-me
a fazer coisas ou a assistir a espetáculos,
mas
deixe ecoar a miséria que escondo
e que
o teu olhar terno e misericordioso ama e quer salvar!
B.
Bartolomeu dos Mártires, rogai por nós!
domingo, julho 17, 2016
ENTRA, SENHOR, EM NOSSA CASA!
Entra, Senhor, em nossa casa!
Tua visita, é dom e graça,
Bênção do céu, que por nós passa
E nos enche de alegria,
Felizes, em Te acolher,
Como Marta e Maria,
Como quem serve e escuta
A Palavra que é Vida.
A fecundar nosso ser,
Para produzir, sem medida,
Frutos de amor/doação,
Alegremente, oferecidos,
A Deus e ao nosso irmão
Que cansado da viagem,
Páre e nos peça hospedagem,
Partilha de tecto e pão.
Afasta, de mim, Senhor,
Do humano coração,
A infeliz tentação
De considerar quem Te serve,
À mesa, a água e o pão,
Como oposto a quem Te escuta,
Num silêncio acolhedor,
Fecundante do amor,
Indispensável ao dom
De bem servir, com caridade,
E verdadeira humildade,
Pela oração e acção,
Misericórdia e bondade,
De vida e comunhão,
Com Deus e a humanidade,
Toda a multiplicidade
De dons, ao serviço do Bem,
Que de Deus Amor nos vem,
Potenciando a unidade,
Com os tons da diversidade.
Ajuda-me a entender,
Que quem souber Escutar-te,
Escolhe a melhor parte,
Para servir-Te e amar-te,
Na verdade do seu ser,
Porque Tu és o Bom Mestre,
Do Amor inspirador,
Do Sonho Evangelizador,
Da Fé e do Bem, como Arte,
P´ra levar-Te, a toda a parte.
Maria Lina da Silva, fmm-Lisboa, 17.07.2016