segunda-feira, outubro 29, 2007

 

Deus estava aqui e eu não sabia!


Philip Yancey, jornalista, é um dos mais premiados escritores cristãos da actualidade. No seu livro O Deus (in)visível, você vai encontrar as seguintes afirmações: “buscar o Espírito é como procurar os óculos estando com eles (...) o Espírito é (...) quem abre os nossos olhos para destacar as realidades espirituais subjacentes”. O que ele está dizendo é que a maioria de nós encara a vida como uma laranja e pensa que Deus é um dos gomos. (...) O correcto é compreender que Deus está por detrás de cada uma das nossas interacções. (...)


Todas as nossas interacções são mediadas por Deus. A única relação imediata que temos é com Deus (imediato, do lat. immediatu, que não tem nada de permeio), todas as outras são mediatas (mediato, do lat. mediatu, que está em relação com uma coisa por intermédio de uma terceira; indirecto). (...) O encontro com Deus deve ocorrer “não ao lado, dentro ou acima do mundo, mas justamente com o mundo, no mundo e através do mundo. Deus somente é real e significativo para o ser humano se emergir das profundezas de sua própria experiência no mundo com os outros”.


O grande problema da maioria dos religiosos é que desejam o relacionamento directo com Deus, sem incluir as realidades criadas por Deus como ambiente da experiência vivencial. (...) Estão no avesso dos materialistas: querem se relacionar com os passarinhos, os filhos, o trabalho, o dinheiro, e tudo o mais, deixando Deus de lado. Ambos estão em situação difícil. Para os primeiros, Deus não faz sentido. Para os outros, o mundo é que não faz.


Esta é a grande descoberta e o grande susto do patriarca Jacob após a sua experiência espiritual: “Deus estava aqui e eu não sabia”. A partir disso deveríamos necessariamente perguntar: onde mais Deus esteve sem que eu o soubesse? Onde mais Deus está sem que eu o saiba? E, principalmente, porque não fui capaz de perceber Deus estando Ele aqui? As respostas seriam simples: Deus esteve e está em todo lugar e eu não fui capaz de percebê-lo simplesmente porque não estava a procurá-lo aqui, mas acolá, ou simplesmente porque jamais imaginei que ele pudesse estar aqui, no passarinho, na palmeira e em mim.


Aquele que deseja experimentar Deus deve se aproximar dele levando consigo os passarinhos, as palmeiras e a terra. E quem deseja experimentar a plenitude dos passarinhos, das palmeiras e da terra deve se aproximar deles a partir de sua experiência de Deus. Assim, reconciliamos Deus com sua criação, e a criação com o seu Deus.

E.R.Kivitz

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