domingo, agosto 31, 2014
DEUS ME CONVIDA A ENTREGAR MINHA VIDA
Senhor, Tu, me chamaste.
Senhor, me seduziste!
Com amor, Senhor, me
olhaste
E o caminho me abriste,
Pois, de graça, inundaste
Meu humano coração
Que, em resposta, formulei
Meu Sim de livre adesão,
À Tua proposta de amor,
E a Ti me consagrei,
Numa entrega/doação,
Ao serviço da Missão,
Porque, em Ti, confiei.
Aqui estou. Conta comigo.
Tu me chamaste,
Porque me amas.
Na fé, Te sigo,
Jesus amigo,
Crente que sempre
Me acompanhas
E, no perigo,
Ou tentação,
Logo me estendes
A Tua mão,
A garantir-me
A salvação.
Na corda bamba da vida,
Frente à ameaça sentida,
Valeu-me a Tua mão.
Que, ao tocar-me, fez
crescer
Minha vida em doação,
Apoiada, no bordão
Da Palavra meditada,
Na Fé e na Oração,
Pois, sem Ti, eu não sou
nada.
Sou fraca, Tu bem o sabes
E bem melhor do que eu.
Só sei que não valho
nada.
Se algo faço, é milagre
Teu.
O que tenho, Tu me deste.
Por isso, tudo é Teu.
Tu em mim e Eu em Ti,
Faremos da terra o céu.
Porque, em Ti, nada se
perde,
Mas, antes, se potencia,
Para render-Te louvor,
Na vida do dia-a-dia.
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 31.8.2014
22º Domingo do Tempo Comum
Mas havia no meu coração um fogo
ardente, comprimido dentro dos meus ossos.
(cf. Jer 20,7-9)
Deus
busca cativar pessoas que o amem,
que se
apaixonem por este Mistério que comunica vida.
Não
pretende servos temerosos e ardilosos
que
fogem ao primeiro sinal de perigo,
que
adormecem no sonho de serem deuses e senhores
e
balançam entre o rito solene e a infidelidade escondida.
Ser
profeta e seguir Jesus supõe resistência à conversão,
perseguição
à voz que radiografia a verdade da vida.
É
pelo fogo ardente que nos aquece o coração que vamos!
O
nosso coração acampa onde está o nosso tesouro!
Basear
a pertença religiosa na tradição, em catequeses,
ritos
e fórmulas de cor, promessas de SOS...
é ser
religioso por arrasto, por medo do desconhecido.
Quando
me mudo para a cidade e não encontro este apoio,
termina
a prática religiosa e sigo outros carneiros condutores.
Sem o
encontro pessoal com este Deus escondido,
sem o
atear deste fogo apaixonado, tudo é vago e camaleão.
Senhor,
palavra que nos faz viver e libertar do egoísmo,
seduz
o nosso coração e alimenta em nós este fogo
que
faz da vida uma busca inquieta e incessante
dum
amor infinito, eterno, incondicional e libertador.
Cristo,
perfume de amor em vaso pequenino de galileu,
preenche
o vazio que nos asfixia a vida
e
alarga os horizontes do nosso sonho de Te amar e Te seguir.
Espírito
de fogo faz da nossa vida uma sarça ardente
que Te
louva com a vida, ama sem limites e se doa sem medo.
sábado, agosto 30, 2014
Sábado da 21ª semana do Tempo Comum
Vede quem sois vós, os que Deus
chamou. (cf. 1 Cor 1,26-31)
Deus
chama a todos os que sabem escutar uma mão amiga.
Chama
crianças para serem profetas da verdade
e
confundir a mentira disfarçada dos adultos.
Chama
deficientes para serem profetas do invisível
e
revelarem a beleza dum coração puro e perfeito.
Chama
simples e analfabetos para serem sábios de coração
e
revelarem a riqueza duma solidariedade generosa e ecológica.
Chama
frágeis e pecadores à conversão humilde
para
que a graça revele melhor o nada que dá glória ao Senhor.
Maria,
nas suas aparições, gosta de falar às crianças e aos simples.
Chama-os
a serem mensageiros do Céu no mundo,
enchendo-os
com a luz de Deus que lhes amadurece a fidelidade.
Sabem
guardar segredos perante ameaças e tentativas de subornos.
Sabem
preservar na missão, apesar dos contratempos.
É a
graça de Deus a brilhar numa candeia de barro,
servo
inútil que possibilita a portabilidade da misericórdia divina.
Pai de
bondade infinita, obrigado porque me chamaste,
na
minha pequenez, fragilidade e pobreza.
Jesus,
sacerdote eterno com mãos de carpinteiro,
obrigado
porque me chamaste a continuar a Tua missão,
na
intensidade humilde das pequenas coisas
e na
simplicidade tateada duma vida oferecida.
Espírito
de santidade, confidente da beleza de servir,
obrigado
pela pedagogia paciente e libertadora
com
que cada dia me animas a olhar a esperança.
sexta-feira, agosto 29, 2014
6ª feira da 21ª semana do Tempo Comum - Martírio de S. João Batista
Onde está o sábio? Onde está o
homem culto? (cf. 1 Cor 1,17-25)
O
mistério da vida jorra da Fonte do Amor.
A
inteligência humana pode descobrir causas e efeitos,
inventar
máquinas, produzir energia e medicamentos...
mas
não pode assegurar a felicidade e a vida eterna.
Tudo é
limitado no tempo, no espaço, no saber e na glória!
Curiosamente
a porta estreita da Vida é uma cruz,
o
caminho da paz e da aliança é o perdão incondicional,
a
salvação do mundo sustenta-se bombeando amor!
É sábio um
professor doutor que já vai no terceiro divórcio?
É bom
administrador quem não sabe governar o seu salário?
É grande quem
necessita de rebaixar os outros?
É inteligente quem
vive rodeado de gente a pensar só em si?
É sábio quem não
se conhece a si mesmo?
É maduro quem não
consegue controlar as suas emoções?
Tem futuro quem não
tem fé no Além que nos espera com amor?
É forte quem
necessita de armas e mata o irmão?
Senhor, Fonte de
sabedoria e de amor,
ensina-nos a viver
com coração de paz e horizontes de fé.
Cristo, Palavra de
Deus crucificada na fidelidade,
dá-nos ouvidos de
discípulo e pés de profeta
para continuarmos a
Tua missão de salvação do mundo.
Espírito de
verdade e de justiça liberta-nos do medo
e ajuda-nos a ser
profetas com mansidão e caridade.
S. João Batista
ensina-nos a obedecer mais a Deus
do que a submissão
aos homens e ao desejo de agradar.
quinta-feira, agosto 28, 2014
5ª feira da 21ª semana do Tempo Comum – S. Agostinho
À Igreja de Deus que está em
Corinto. (cf. 1 Cor 1,1-9)
Deus
enviou-nos o Seu Filho para nos purificar
e
fazer de nós uma assembleia de chamados à santidade,
fortalecidos
pela Sua graça e conduzidos pela Sua palavra.
Somos
a Igreja de Deus, do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
espalhada
por toda a terra e em comunhão íntima de fé e de amor.
Cada
terra e cultura lhe dá um colorido muito próprio,
com
sabores e perfumes de louvores diversos.
É a
Santíssima Trindade a fecundar a Igreja,
numa
comunhão de Igrejas, a pulsar como um só corpo.
A
unidade da Igreja deve ser católica e encarnada.
A
uniformidade é artificial, forçada e superficial.
A
diversidade é natural, criativa, dinâmica e encarnada,
como o
Filho de Deus quando foi nazareno e galileu.
Agarrar-se
a “línguas sagradas”, a “instrumentos litúrgicos”,
a
ritos uniformes, a escolas teológicas consagradas...
é ter
medo de viver ao sabor do Espírito e da inculturação
como
peregrinos sinodais da comunhão na mesma fé.
Santíssima
Trindade, arco-íris de santidade e de beleza,
ensina-nos
a dialogar com sotaque e sábia humildade.
Cristo,
que nos ensinas a enraizar local com coração universal,
envia-nos
o Teu Espírito de comunhão e de verdade.
Liberta-nos
do medo de sermos diferentes na expressão cultural
e
globaliza-nos na caridade, alimentados pelo Pão da unidade.
S.
Agostinho intercede por nós, buscadores da fé e da unidade.
quarta-feira, agosto 27, 2014
4ª feira da 21ª semana do Tempo Comum – S. Mónica
Deveis imitar-nos, pois não vivemos
no meio de vós na ociosidade.
(cf. 2 Tess 3,6-10.16-18)
Deus
chama-nos a colaborar, pelo trabalho, na sua criação.
Sabemos
que somos peregrinos no tempo
e que,
em qualquer momento, a eternidade nos pode surpreender,
no
entanto, enquanto o tempo é dom, deves empenhar-nos
e
esforçar-nos por fazer o bem e anunciar o Evangelho,
trabalhar
pelo nosso sustento e apoiar quem não pode trabalhar.
A
ociosidade, que nasce da preguiça e do comodismo,
sobrecarrega
os que trabalham e trai a nossa vocação.
O
desemprego é uma das chagas sociais de sempre.
É
fechar a porta da esperança a quem quer trabalhar.
A
precariedade do emprego jovem e de meia idade,
baixam
a autoestima e matam o sonho em projeto,
instalam
a dependência e cavam a revolta.
Para
muitos a solução é a busca duma “segunda vida”,
virtual
e adormecida, apática e descomprometida,
drogada
e corrompida, sem ideal e de braços caídos!
É um
ócio forçado e estrutural que adoece a sociedade.
Senhor,
Deus criador e libertador da humanidade,
ensina-nos
a trabalhar motivados pelo amor e pela fé.
Cristo,
incansável restaurador de vidas partidas e desesperadas,
ensina-nos
a aproveitar cada segundo para fazermos o bem
e
continuarmos a Tua missão de cura e libertação.
Espírito
Santo , que fazes novas todas as coisas,
revela-nos
a dignidade do trabalho que louva a Deus,
na
política, na justiça, na economia, na saúde, no desporto,
na
agricultura, no apoio social, no voluntariado e na Igreja.
terça-feira, agosto 26, 2014
3ª feira da 21ª semana do Tempo Comum
Ninguém vos engane de qualquer modo
que seja. (cf. 2 Tess
2,1-3a.14-17)
A
adesão ao Evangelho conduz-nos à glória de Jesus.
Vivemos
na eterna consolação de sermos salvos pela graça
e na
feliz esperança do encontro pleno com o Amado.
Surpreendidos
por um amor tão grande e misterioso,
fortalecemos
o nosso coração na prática das boas obras
e
concentramos todas as nossas energias em semear o bem.
Nada
tememos, nada nos turba a paz,
buscamos
apenas a justiça, a misericórdia e a fidelidade.
Põem-nos
a correr como baratas tontas e depois dizem-nos:
compra
isto e serás feliz, come aquilo e terás saúde,
veste
isto e serás salvo, junta-te a nós e irás para o Céu...
Marcam
datas da vinda do Senhor e do fim do mundo,
como
se o Emanuel não estivesse já connosco.
Metem-nos
medo com o encontro face a face
como
se os encontros na fé, na oração e nos sacramentos
não
nos tivessem já habituado à paz e à misericórdia.
O
engano é distrair-nos do Evangelho com exterioridades e medos.
Pai de
bondade e beleza simples dum amor eterno,
concentra
todo o nosso coração na fidelidade à Tua vontade.
Cristo,
graça e misericórdia servida como pão da vida,
purifica-nos
da religiosidade baseada no medo e na magia.
Espírito
de paz fortalece a nossa vida na prática do bem
e faz
de nós, não palavras de engano, mas profecia de libertação.
segunda-feira, agosto 25, 2014
2ª feira da 21ª semana do Tempo Comum
A vossa fé faz grandes progressos e
o amor de uns pelos outros vai aumentando em todos vós. (cf.
2 Tess 1,1-5.11b-12)
A fé
e o amor são frutos duma Igreja saudável e madura.
Uma fé
perseverante no meio das dificuldades.
Uma fé
confiante na graça e na paz de Deus Pai e do Seu Filho,
Uma fé
iluminada pelo Espírito de comunhão
que
constrói comunidade e alimenta a caridade.
Uma fé
que nasce da Palavra de Deus e se nutre de Cristo,
que
anseia por crescer sempre mais na santidade
e na
fidelidade à sua vocação de filhos de Deus.
Uma fé
que glorifica a Deus e dá um testemunho evangelizador.
O que
buscamos com os nossos projetos pastorais?
Paróquias
especializadas em serviços religiosos:
batismos
de tradição, casamentos de ostentação,
catequese
escolarizada, confissões de preceito,
missas
privatizadas, funerais sociais, festas de padroeiro?
Paróquias,
centros sociais, que oferecem ajudas sociais,
e
serviços especializados para crianças e idosos?
Que
lugar ocupam o cultivo e a celebração da fé,
o
discernimento da caridade e o testemunho evangelizador?
Senhor,
Pai da graça e Deus de toda a consolação,
dá-nos
um coração ouvinte da Tua Palavra
e
acolhedor desta semente de vida nova em Cristo.
Jesus,
paz redentora e embaixadora da aliança,
aumenta
e fortalece a nossa fé e confiança em Ti.
Espírito
do puro amor cura as nossas relações
e
ajuda-nos a não nos cansamos de fazer o bem.
Faz da
Igreja irradiação evangelizadora da esperança.
domingo, agosto 24, 2014
QUEM DIZES TU QUE EU SOU?
Eis a pergunta directa,
Dirigida, hoje, a mim,
Pelo próprio Jesus
Cristo,
Que me deixa inquieta,
Apesar de falar d’Ele,
Para dá-lo a conhecer
E querer viver com Ele,
Sentindo alegria nisso,
Porque é difícil dizer
O que Jesus é p’ra mim,
Por mais me comprometer.
Desculpa meu embaraço,
Meu silêncio de
hesitação,
Porque oiço mais os
outros
Que o meu próprio
coração,
E Tua pergunta me faz ver
Que o que desejas saber,
É se o que digo e faço,
É sinal profundo e claro
De fé feita convicção.
Porém, na minha fraqueza,
Temo decepcionar-te,
Mostrando que não ter
aprendido
Tudo quanto me ensinaste,
Tu, que só amor revelaste
E a vontade do Pai
Fizeste e anunciaste,
Sem rodeios nem disfarce,
De tal modo que o Seu
rosto,
Foi o Teu, o Deus
connosco,
Para que ao ver-Te a Ti,
Eu também veja Deus Pai,
Pelo olhar de Fé que
transcende
Os sinais de humanidade
Que escondem o Filho de
Deus,
E a excelsa Divindade,
Envolta em simplicidade.
DÁ-ME UM CORAÇÃO
SIMPLES,
PURO E TRANSPARENTE,
PARA AO MUNDO REVELAR
QUE A TODOS QUERES AMAR,
PECADOR E INOCENTE,
PORQUE ÉS DEUS BOM E
CLEMENTE!
Maria Lina da Silva, fmm
Lisboa, 24.8.2014
21º Domingo do Tempo Comum
Porei aos seus ombros a chave da
casa de David. (cf. Is 22,19-23)
O
profeta diz que o bom administrador
é
aquele que carrega o poder como um dom de Deus
para
abrir as portas da vida à justiça e à glória divina.
Jesus
revelou-se como Porta de salvação
e
entregou a chave à Igreja, por meio dos apóstolos.
Esta
Porta só abre pela fechadura do Evangelho!
Perante
um mundo em permanente estado de assalto,
o
poder das chaves torna-se vital e fundamental.
É a
chave que abre a sua conta de internet e bancária,
a
chave que conduz à informação privilegiada,
a
chave que te permite aceder ao conhecimento,
a
chave que protege a sua casa dos ladrões e intrusos...
É uma
verdadeira luta entre a blindagem da segurança
e a
busca das falhas para passar ao lado desta chave.
Mas o
mais difícil é encontrar a chave da felicidade e da paz!
Senhor,
Sabedoria eterna, próxima e misteriosa,
ensina-nos
a viver e a usar a chave da fé e da aliança.
Cristo,
Porta do Céu a buscar-nos nas encruzilhadas da vida,
ajuda-nos
a usar a chave do poder, não para nos encarcerarmos,
mas
para acolher, visitar, reconciliar, perdoar, apoiar...
Espírito,
Chave da misericórdia e do Evangelho em nós,
recria-nos
chaves humildes e discretas, fieis e oportunas,
que
servem a vida e abrem as portas da esperança.
sábado, agosto 23, 2014
Sábado da 20ª semana do Tempo Comum – S. Rosa de Lima
Aqui habitarei para sempre, no meio
dos filhos de Israel. (cf. Ez
43,1-7a)
Deus é
amor fiel e habita no “para sempre”.
Deseja
curar a humanidade e tempera-la de alegria,
para
introduzir no tempo o gosto do “para sempre”.
O
templo é frágil e o povo inconstante,
por
isso, envia-nos o Seu Filho, o Emanuel,
para
ser o Templo vivo e o peregrino eterno do Amor
a
gerar corações novos e adeptos humildes do “para sempre”.
Hoje o
“para sempre” assusta e cansa.
Por
isso, foge-se aos compromissos para toda a vida
e
aposta-se apenas no presente, no “acho que”,
no
“vamos andando e vendo”, no “enquanto me der prazer”.
Tudo é
fluido, incerto, inconstante, sôfrego de novas experiências.
A vida
desliga-se da fé, a oração do trabalho,
a
ética pessoal da ética eclesial, o discurso da verdade...
Mas
Deus ainda não se cansou de nós!
Senhor,
apaixonado pela criação que faz das criaturas filhos,
dá-nos
um coração bom e fiel, enlaçado pelo amor.
Cristo,
o Emanuel a habitar no meio de nós,
liberta-nos
do medo e purifica-nos do pecado
para
Te podermos acolher e levar aos que não Te conhecem.
Espírito
Santo, Luz do “para sempre” nas trevas do sem rumo,
conduz
os nossos passos na verdade e na coerência
dum
seguimento fiel e agraciado pela Tua misericórdia.
sexta-feira, agosto 22, 2014
6ª feira da 20ª semana do Tempo Comum – Nossa Senhora Rainha
Eu profetizei e o espírito entrou
naqueles mortos; eles voltaram à vida e puseram-se de pé.
(cf. Ez 37,1-14)
A
Palavra de Deus está grávida de nova vida.
Às
lamentações desesperadas do povo traz a esperança.
A
profecia de Ezequiel aproxima-os uns dos outros,
fa-los
sentir-se povo eleito, embora em terra alheia.
Deus
dá-lhe um Espírito de vida e ressuscita-lhes a dignidade.
Unidos
no amor e confiantes no Deus vivo e libertador,
podem
voltar à terra da aliança e reconstruir a alegria.
O
individualismo está a provocar um arrefecimento global.
A
falta de amor e de fé tumulam a vida no isolamento.
A casa
tornou-se um túmulo cheio de distrações e de ruídos,
para
nos dar a impressão que estamos vivos.
É
mais fácil comprar um animal de estimação
do que
aventurar-se à relação com um amigo ou com Deus.
O
resultado é um vazio mortal que nada consegue preencher.
Só o
amor a Deus e ao próximo dão sentido ao amanhecer!
Senhor,
Rei do Universo a servir vida em abundância,
liberta-nos
dos túmulos dourados onde nos enterramos,
por
comodismo e medo das exigências da caridade.
Cristo,
que dás a vida para nos recriar em dignidade e serviço,
venha
a nós o Teu reino e ajuda-nos a globalizar a fraternidade.
Espírito
de santidade a purificar corações entupidos,
aumenta
a nossa fé e ilumina-nos o caminho do Céu e do irmão.
Maria,
Rainha do Céu e da Terra, a servir-nos Cristo salvador,
intercede
por nós e ajuda-nos a ser profetas da esperança.
quinta-feira, agosto 21, 2014
5ª feira da 20ª semana do Tempo Comum – S. Pio X
Arrancarei do vosso peito o coração
de pedra e dar-vos-ei um coração de carne. (cf.
Ez 36,23-28)
É
mais cómodo ter um coração de pedra:
é-se
insensível à dor dos irmãos e às injustiças,
leva-se
uma vida religiosa e ritualista, sem paixão nem zelo,
vive-se
o presente, amorfo, autista e rotineiro.
Deus
quer libertar-nos deste coma induzido
e
dar-nos um coração de carne, palpitante e nupcial.
Para
isso precisamos de passar pela cirurgia da conversão,
do
acolhimento do dom, duma vida inquieta e apaixonada.
Os
noticiários tornaram-se produtos de consumo.
Confortavelmente
sentados num sofá e de comando na mão,
vamos
consumindo reportagens, guerras ao vivo,
imagens
de horrores e romances de sonho,
desporto
e política, economia e polícia,
tribunais
e lugares de sonho para férias,
catástrofes
e viagens ao espaço...
O
coração já não chora nem se alegra, apenas vê e regista,
para
ter assunto de conversa na superficialidade da relação.
O
ideal é ter um coração indolor, calejado e espetador.
Senhor,
coração a palpitar eternidades de amor salvador,
dá-nos
um coração novo, sensível e proativo.
Cristo,
Esposo apaixonado por uma humanidade infiel,
cura-nos
do pecado que nos anestesia a compaixão.
Espírito
Santo, água viva que quebra o gelo da relação,
torna-nos
canais livres para Te louvarmos com uma vida
sensível
e comprometida com Deus e com os irmãos.
quarta-feira, agosto 20, 2014
4ª feira da 20ª semana do Tempo Comum – S. Bernardo
Não deviam os pastores apascentar o
rebanho? (cf. Ez 34,1-11)
Deus é
o Bom Pastor porque ama o seu povo.
Sofre
por ver pessoas débeis e doentes sem apoio,
sós e
sem esperança, dispersas e sem rumo,
exploradas
e perseguidas, infelizes e impotentes.
Sofre
por ver os chefes a viver bem e despreocupados,
como
se o poder funcionasse como um condomínio fechado!
Deus
coloca-se do lado dos que sofrem a injustiça,
e Ele
próprio envia o Seu Filho, como Bom Pastor,
disponível
para dar a vida pelas suas ovelhas.
A
autoridade é um serviço de coordenação do bem comum
e não
um trono de domínio que usa e abusa do poder,
para
colocar a todos sob a sua bota de ferro e de medo.
Por
isso, a autoridade, religiosa, civil e militar,
deve
governar mais com a sabedoria do coração
do que
com a esperteza do aproveitador da situação.
O
egoísta, o carreirista e o glório-dependente
estão
demasiados preocupados consigo mesmos
para
se poderem ocupar com o bem dos outros.
Senhor,
Bom Pastor que nos tendes a todos no coração,
dá-nos
um coração bom e comprometido com o bem de todos.
Cristo,
amor encarnado e crucificado, a dar a vida pelas ovelhas,
alimenta
em nós a misericórdia e a compaixão sem fronteiras.
Espírito
de bondade dá-nos um olhar bom e sensível,
capaz
de se anticipar na caridade e de surpreender no perdão.
terça-feira, agosto 19, 2014
3ª feira da 20ª semana do Tempo Comum
O teu coração encheu-se de orgulho
e dizes: ‘Eu sou um deus'.
(cf. Ez 28,1-10)
As
riquezas e o poder incham-nos o coração de soberba.
O rei
de Tiro teve um período de glória e de vitórias,
e o
poder apoderou-se dele e confundiu-lhe o discernimento,
achando-se
mais do que os outros e igual a Deus.
O
profeta, voz realista da verdade que vem do verdadeiro Deus,
avisa-o
que o poder é efémero e a glória transitória,
tudo
passa, só a Palavra do Senhor do Universo permanece.
O
mercado goza connosco dando-nos a sensação de sermos deuses.
Abre-nos
a porta do supermercado e coloca-nos tudo à disposição.
À
saída dá-nos a possibilidade de pagar com o cartão de crédito
e
ainda nos dá uns pontos de oferta e uns descontos de fidelização.
Oferecem-nos
um seguro de saúde e prometem-nos assistência,
em
troca de uns trocos mensais e vitalícios.
Oferecem-nos
umas viagens de sonho este ano,
para
pagarmos no próximo ano, com uns juros a doer adiado.
Iludem-nos
o coração de bajulações supérfluas e efémeras,
que
nos tornam egoístas, acríticos, prepotentes e consumistas.
Senhor,
omnipotência a envolver-nos com ternura misericordiosa,
obrigado
pela Tua grandeza que se abaixa a nós
e nos
eleva à condição de parceiros da aliança e da missão.
Cristo,
que sendo rico Te fizeste pobre para nos enriquecer a todos,
ajuda-nos
a aprender a ser grandes no serviço humilde
e no
amor gratuito e desinteressado dos irmão.
Espírito,
fortaleza divina a engrandecer-nos na santidade,
ilumina
o nosso caminhar com a luz da Tua liberdade.
segunda-feira, agosto 18, 2014
2ª feira da 20ª semana do Tempo Comum
Ezequiel será para vós um símbolo: fareis como ele fez. (cf. Ez 24,15-24)
Deus fala de muitas maneiras ao seu povo.
Só precisa de profetas que saibam interpretar
a linguagem dos acontecimentos e da natureza.
A morte súbita da mulher de Ezequiel e o seu não-luto,
tornam-se símbolo da queda de Jerusalém e do seu santuário,
de quem o seu povo há muito se tinha divorciado.
Não fazem luto, porque tinham deixado de alimentar a aliança!
A crise económica e financeira foi concebida ao luar
da mentira, da corrupção, do roubo e da ganância.
Mas as trevas da noite dão lugar à luz reveladora do dia.
O que parecia ouro não passa de barro pintado e oco.
Os que eram os heróis, agora são cretinos envergonhados!
Todos sofremos as consequências duma vida ilusória.
A ginástica criativa do encobrimento do mal
consumiu a alegria de viver e o confiança no ser humano.
Será que todos estes acontecimentos não nos despertam
para a verdade da vida, a ética, aquilo que permanece?
Senhor, Palavra suave e persistente que sempre nos avisas
dos frutos que vamos colher da nossa sementeira quotidiana,
dá-nos a sabedoria de vivermos em aliança
e de sermos semeadores da verdade e do amor doado.
Cristo, Palavra encarnada na vida a fazer-se caminho,
faz de nós contemplativos da natureza e dos acontecimentos,
para refazermos, cada dia, a nossa vida na aventura da fé
e na ousadia da conversão a partir daquilo “que ainda nos falta”.
Dá-nos o Teu Espírito da fortaleza na tentação
e de amor libertador tanto na glória como na aflição.
domingo, agosto 17, 2014
A FÉ CRISTÃ POSTA À PROVA
Grande dor a duma mãe
E profunda a sua fé,
Ao suplicar a Jesus,
Forte e insistentemente,
Revelando, publicamente,
O sofrimento que tem,
Tão convencida estava
Que só Ele livraria
A filha que tanto amava
Do espírito que a
atormentava.
MISERICÓRDIA, SENHOR,
Gritava, na sua dor,
E, sem cessar, repetia,
Pensando não ouviria,
Pelo barulho que a
multidão,
À Sua volta, fazia.
Sem vergonha, nem pudor,
Cheia de fé, insistia,
MISERICÓRDIA, SENHOR!
Mas, Jesus nada dizia,
Ao contrário dos
discípulos
Que, saturados dos gritos
Com aquela persistência,
Perderam a paciência,
Acabaram por ajudar,
Sussurrando-Lhe ao ouvido,
Para ele a despachar,
Sem contar lhes
respondesse
Que o Pai O tinha enviado
A quem andava perdido
Do Seu povo, Israel,
Mas, de coração fiel.
À interpelação de
Jesus,
Ela, prostrada no chão,
Acha que Ele tem razão,
Mas responde, com firmeza,
Que também era verdade
Que os cães do seu
Senhor,
Aproveitavam e comiam
As migalhas que caíam
Da sua abastada mesa.
Perante esta grande fé,
Jesus cede e lhe responde:
Faça-se como tu crês!
ENSINA-ME A CRER, ASSIM,
NO AMOR QUE TENS POR MIM,
SEMPRE QUE EXIGES
TRANSFORME
O MEU DESERTO EM JARDIM!
Maria Lina da Silva,
fmm-Lisboa, 17.8.2014
20º Domingo do Tempo Comum
Se forem fiéis à minha aliança,
hei-de enchê-los de alegria na minha casa de oração.(cf.
Is 56,1.6-7)
Deus
escolheu um povo para chegar a todos os povos
e com
eles fazer uma aliança de vida, de paz e de amor.
É a
fidelidade a esta aliança divina que faz a diferença
e não
a pertença a este ou aquele povo.
É a
alegria da celebração da fé, na comunhão espiritual,
que
nos faz filhos do mesmo Pai e Senhor do Universo.
Por
isso, a fé supõe justiça, liberdade, solidariedade, diálogo,
hospitalidade,
respeito, paz, perdão e festa de amor.
A
globalização faz do mundo um só corpo.
Neste
corpo sentimos as dores do mal infestante,
que
precisamos de curar e purificar;
sentimos
as alergias destruidoras do diferente,
que
precisamos de neutralizar e tranquilizar.
Quando
se atacam lugares de culto e se destroem vidas
estamos
longe da “casa de oração para todos os povos”.
O
fundamentalismo, a intolerância e o relativismo
são
sinais perigosos de afastamento do sonho de Deus.
Senhor, Pai de todos a sonhar-nos
irmãos,
ajuda-nos a fazer parte deste projeto
de salvação.
Cristo, que encarnaste o rosto de todas
as culturas,
dá-nos o Teu Espírito de comunhão
fraterna,
que constrói uma globalização do
amor e da paz.
Faz de nós mensageiros do Deus da vida
em doação,
fieis e humildes no diálogo,
solidários no sofrimento,
discernidos no essencial e tolerantes
no secundário.
sábado, agosto 16, 2014
Sábado da 19ª semana do Tempo Comum
Eu julgarei cada um segundo as suas
ações. (cf. Ez
18,1-10.13b.30-32)
Deus fez-nos livres para optar pelo bem
ou pelo mal.
É uma decisão pessoal, que nesta vida
afeta toda a sociedade,
mas que na vida eterna me afeta apenas
a mim.
As minhas opções determinam um bom ou
mau ambiente,
a alegria ou a tristeza na família e
no trabalho,
o desenvolvimento ou a deterioração
da confiança,
a justiça ou a injustiça nas relações
humanas...
mas a responsabilidade no juízo final
é pessoal.
Há muita gente que confunde
consequências com castigo.
Ter pais irascíveis, dependentes e
imaturos
afetam a confiança, o equilíbrio
afetivo e a liberdade dos filhos,
no entanto, estes podem libertar-se
destes traumas
e tornarem-se pessoas afáveis,
pacíficas e maduras.
Viver numa casa que foi habitada por
pessoas más
não a predetermina malfadada para os
atuais habitantes.
Se alguém se suicidou ou não cumpriu
uma promessa,
é a ele que Deus vai pedir contas não
aos filhos!
Senhor, Pai bom que queres que todos
nos salvemos,
guia os nossos passos e dá-nos um
coração puro e bom.
Cristo, Bom Pastor à busca de ovelhas
perdidas,
dá-nos a humildade duma conversão
sincera
e fortalece a sede de fazer apenas a
Tua vontade.
Espírito de sabedoria ensina-nos a
escolher sempre o bem
e liberta-nos do medo espiritual e da
prisão do pecado.
sexta-feira, agosto 15, 2014
Assunção da Virgem Santa Maria
Apareceu no Céu um sinal grandioso:
uma mulher revestida de sol.
(cf. Ap 11,19a; 12,1-6a.0ab)
O Filho do Altíssimo encarnou em Maria
para que toda a humanidade se elevasse
ao Céu.
O seio de Maria transfigurou-se em Arca
da Aliança,
que corre veloz pelas montanhas a
despertar utopias.
Maria é este sinal grandioso que
aponta a esperança
e nos anima a seguir Jesus como Pastor
do eterno.
Como Maria, cada um em Igreja, encarna
Jesus
e, em Cristo, encontra a escada que nos
eleva à Trindade.
Pelo Batismo, estamos todos em gestação
divina.
Quando nos alimentamos de Cristo, Pão
da vida,
alarga-se o coração ao amor e ao
perdão,
e humilha-se a altivez, servindo o
irmão.
Quando alimentamos o Eu, em solidão
centrípeta,
vestimos sois de gambiarra e buscamos
holofotes lunares,
raticando o horizonte e gozando
alegrias induzidas e a prazo.
São as estrelas cadentes que aguentam
apenas o instante.
Maria é o sinal grandioso que aponta
para a eternidade.
Senhor, Pai de bondade a atrair-nos
para Ti,
cura-nos da cegueira que nos impede de
ver no Teu Filho
o caminho de salvação e felicidade
permanente.
Cristo, Palavra de Vida e sangue que
nos purifica,
ajuda-nos a crescer em Ti, em santidade
missionária.
Espírito, Luz que nos ilumina e nos
torna fonte de luz,
dá-nos um coração humilde, belo e
puro, como o de Maria,
para Te glorificarmos sempre em
palavras e obras.
quinta-feira, agosto 14, 2014
5ª feira da 19ª semana do Tempo Comum – S. Maximiliano Kolbe
Talvez assim reconheçam que são
gente rebelde. (cf. Ez 12,1-12)
Deus
responde com fidelidade e misericórdia
à
rebeldia, cegueira e surdez do Seu povo escolhido.
Fala-lhe
com o carinho da aliança,
com a
palavra de aviso e parabólica dos profetas,
com
gestos e ações simbólicas,
com os
acontecimentos da vida, bons e maus...
O
objetivo é provocar o despertar da conversão
e
curar-lhes o pecado que cancerígena as suas vidas.
O
cristão é chamado a viver no meio do mundo
como
palavra interpelante que fenda a rebeldia
dos
que se deixam enlear no círculo mortífero do mal.
A
Igreja é chamada a mostrar um modo de vida alternativo,
belo e
sereno, fraterno e reconciliador,
dialogante
e alegre, comprometido e solidário,
humilde
e fiel no seguimento do Homem Novo, Cristo.
Senhor,
Pai que sofres por nos ver sofrer,
ajuda-nos
a elevar o olhar para Te podermos escutar
e
acolher a Tua misericórdia recriadora.
Cristo,
Filho do Homem a habitar no meio de nós,
alimenta-nos
com o Pão da vida divina
e o
Vinho que sacia a sede de fazer a vontade de Deus.
Espírito
de santidade desperta em nós a aurora da conversão
que
nos abre ao perdão de nós e dos outros
e nos
torna evangelho vivo que desperta e interpela.
quarta-feira, agosto 13, 2014
4ª feira da 19ª semana do Tempo Comum
Assinala com uma cruz na fronte os
homens que gemem e se lamentam por causa das abominações.(cf.
Ez 9,1-7; 10,18-22)
A
abominação encheu a cidade que devia ser santa.
A
glória de Deus abandonou o templo de Jerusalém.
As
pessoas habituaram-se a viver áridos de fé
e
pródigos na injustiça e na mentira, que mascara o egoísmo.
Mas
Deus olha para um pequeno resto de inconformados,
que
fazem a diferença num rebanho sem rumo.
São
assinalados com uma cruz na fronte, dom de salvação,
que,
anunciando Cristo, os livra da morte e da perdição.
Hoje
há muitos que se auto-assinalam com a cruz:
cruzes
tatuadas no corpo, brincos com cruzes de enfeite,
fios
ou pulseiras com cruzes de ornamento,
cruzes
de amuleto no carro ou em casa...
Todas
estas cruzes são compradas e instrumentalizadas,
desvitalizadas
da sua força profética.
É
Cristo quem nos assinala com a cruz de discípulo,
na
fronte da verdade dum coração puro e pacífico,
inconformado
com o pecado e a injustiça,
que
têm a coragem de afirmar que o rei vai nú,
e o
tesouro que nos faz felizes é o amor que gera irmãos.
Senhor,
glória do Céu que queres iluminar toda a terra,
ajuda-nos
a ser lua que reflete a Tua santidade.
Cristo,
que carregaste a nossa cruz para nos salvar,
assinala-nos
com a Tua cruz redentora
e faz
de nós teus discípulos evangelizados,
na
cidade que corre sem rumo e sofre de indiferença.
Espírito,
que nos ensinas a rezar com corações unidos,
conduz-nos
de mãos dadas em busca da vontade de Deus
e da
paz fraterna nos desencontros da vida.
terça-feira, agosto 12, 2014
3ª feira da 19ª semana do Tempo Comum
Come este rolo e vai falar à casa
de Israel.(cf. Jer 2,8-3,4)
A
profecia de Ezequiel nasce da meditação,
da
assimilação aprofundada da Palavra de Deus:
“alimenta-te
e sacia-te com o rolo que eu te dou”.
A
escuta da Palavra de Deus no hoje do exílio,
aprende-se
com a escuta da Palavra do ontem do êxodo,
os
salmos rezados e as leis e profecias proclamadas ao seu povo.
É
sempre o mesmo Espírito que inspira,
o
mesmo Verbo divino que se dá em alimento,
a
mesma Palavra, doce e amarga, que encarna no profeta.
Hoje
com que palavras nos alimentamos e saciamos?
Palavras
de política oratória e partidária?
Palavras
de marketing hipnotizador e vendedor?
Palavras
de novelas de ilusão e de entretém?
Palavras
de ciência arrogante e humilhante?
Palavras
de preconceito e de guerra?
Palavras
de paz, de louvor e de perdão?
Nós
somos o que nos alimentamos!
Senhor,
Palavra de aliança a alimentar a vida,
sacia-nos
com a Tua luz e a Tua verdade.
Cristo,
Palavra divina encarnada no tempo,
abre-nos
o apetite para Te escutarmos cada dia
e
aprendermos a saborear-Te com fidelidade.
Espírito
de profecia a transformar ouvintes
em
porta-vozes de Deus em linguagem humana,
liberta-nos
do medo e do desejo de agradar,
para
hoje acolhermos e proclamarmos a Tua Palavra.
segunda-feira, agosto 11, 2014
2ª feira da 19ª semana do Tempo Comum – S. Clara
Ali pairou sobre ele a mão do
Senhor. (cf. Ez 1,
2-5.24-28c)
Deus não tem país, nem é propriedade
de ninguém.
A Sua glória tanto se manifesta no
templo de Jerusalém,
como na Tenda da Aliança, como na
terra dos caldeus.
Ele é o Senhor do Universo e o Seu
arco-íris abraça toda a terra.
O exílio amargo e salgado de lágrimas
de humilhação,
torna-se tempo de purificação e
alarga os horizontes do Mistério.
Ezequiel é o porta-voz da conversão e
da esperança.
Aonde poderei ir e esconder-me de Ti,
Senhor,
se nada sou sem o cordão de vida que
em Ti me regenera?
Porque buscar-Te longe se em mim Te
escondes?
O Teu coração é semelhante ao dos
seres humanos,
mas em nenhum encontro amor tão
gratuito.
Mesmo no exílio, em que os ventos são
contrários
e o pão sabe a amargura, a Tua Mão
nos dá força.
Senhor, Deus do Céu, do universo e dos
abismos,
ensina-nos a pisar este terreno sagrado
do tempo
e a fazer das relações uma liturgia
de louvor.
Cristo, Filho de Deus e do Homem,
disfarçado de quotidiano,
fortalece em nós a filiação divina
e recria-nos à imagem e semelhança de
Deus.
Espírito de santidade, a renovar a
face da terra,
faz de nós bons cidadãos do tempo e
da eternidade.
domingo, agosto 10, 2014
19º Domingo do Tempo Comum
Sai e permanece no monte à espera
do Senhor. (cf. 1 Reis
19, 9a.11-13a )
Deus está connosco de uma maneira
imprevisível.
Ele manifesta-se aqueles que O esperam
no monte,
no silêncio da fé e com horizontes de
infinito.
Ele manifesta-se umas vezes como fogo
que purifica,
outras como nuvem que ilumina e
protege,
outras como brisa suave, acalentadora e
impercetível,
outras como presença no meio da
tempestade e da noite...
É preciso espera-Lo, quando e como Ele
quer manifestar-se.
Colocaram-nos todos a correr à volta
de nós mesmos.
Por isso, é difícil sair deste
rodopio que nos estonteia,
é complicado arranjar tempo para
esperar o Mistério,
é incómodo não ter o comando de
controle
quando rezamos ou nos dispomos a
escutar o Senhor.
A solução para tentarmos domar este
Deus imprevisível
é correr ao som de ruídos
ensurdecedores,
usar fórmulas feitas e exatas de
oração para despachar,
cumprir escrupulosamente os rituais
litúrgicos...
Ou seja, andar por caminhos seguros e
previsíveis!
Senhor, Mistério de amor escondido que
nos envolves,
como sois grande e quanto temos ainda
de buscar-Te,
numa aventura da fé que anseia pelo
face-a-face.
Cristo, Emanuel que nos estende a mão
de salvador,
quando a fé se afoga nas dúvidas e no
medo,
aumenta a nossa fé e desperta-nos para
a Tua presença.
Espírito, brisa suave que consolas e
iluminas a alma,
ajuda-nos a sair de nós mesmos e a
esperar-Te confiante,
para que cada instante seja encontro
místico
que relance a procura peregrina e
discipular de Cristo.
ESTOU AQUI. NÃO TEMAS!
Em que pomos nossa
esperança,
Nossa paz e confiança,
No meio da tempestade,
Que nos rouba a segurança,
Força e serenidade?
Nas horas de turbulência,
Da nossa humana
existência,
Feita de sonhos e riscos,
De vendavais imprevistos,
Que deixam a barca da
vida,
Sem direcção e à
deriva,
Vogando, à mercê das
ondas,
Em fúria, no alto-mar,
Por quem ousamos gritar,
Que nos possa vir salvar?!
Os discípulos, um dia,
Quando estavam a pescar,
Sentindo-se, ameaçados,
Por violenta tempestade
E grande instabilidade,
Que punha o barco em
perigo,
Naquele mar agitado
Pelo vento enfurecido,
Cheio de medo, gritaram,
E Pedro ao ver-se afundar,
Clamou, de braços, no ar:
-“SÓ TU, NOS PODES
SALVAR!”
Se a fé nos ilumina
E a confiança nos guia,
Quer de noite, quer de
dia,
No medo, Deus nos acalma
E serena nossa alma,
Dando-nos força e
coragem,
Para avançarmos, sem
medo,
Remando p’rá outra
margem,
Sob o Seu olhar atento,
A cada hora e momento,
Ao barco da nossa vida,
Por nos amar, sem medida,
E disposto a salvar,
Se a hélice parar,
Ou o barco encalhar.
ENSINA-ME A CONFIAR
E A ESCUTAR, SEM CESSAR,
E LIMPA BEM MEUS OUVIDOS,
PARA OUVIR, COM CLAREZA,
NAS HORAS DE MEDO E
FRAQUEZA,
TUA VOZ A ME ANIMAR:
-“ESTOU AQUI, NÃO
TEMAS!”
Maria Lina da Silva,
fmm-Lisboa, 9.8.2014