terça-feira, setembro 30, 2014

 

3ª feira da 26ª semana do Tempo Comum


Job abriu a boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento. (cf. Job 3, 1-3.11-17.20-23)

O desespero e a revolta apoderam-se do que sofre.
Como nada vê de esperança no futuro e o presente é confuso,
até o passado perde sentido e o dom da vida é rejeitado.
Sente-se abandonado como Cristo na cruz, mas se tiver fé,
grita no escuro porque sabe que Deus não abandona o que sofre.
Às vezes tarda em sentir a mão firme do Salvador escondido,
mas a fé diz-nos que quer vivamos, quer morramos
pertencemos ao Senhor e ao terceiro dia é a ressurreição.

A vida está cheia de contratempos que nos fazem refletir:
uma doença, um acidente, uma morte querida,
um desemprego, um negócio falido, um divórcio...
Há os que ficam bloqueados nesse acontecimento
e toda a sua vida se resume numa catástrofe assumida.
O resultado é a depressão, a revolta e a vitimização.
Há os que despertam para o que vale a pena
e buscam em Deus forças para recomeçar renovados.

Senhor Jesus, que subiste à Jerusalém da fidelidade na cruz,
dá-nos força e discernimento nos momentos de fracasso.
Cristo, manso e humilde de coração,
ajuda-nos a ser pacientes e perseverantes na tribulação,
conscientes de que tudo concorre para o bem de quem amas.
Cristo, forte na tentação de fugir da cruz e abandonar a missão,

do pecado faz nascer conversão e da rejeição o perdão.

segunda-feira, setembro 29, 2014

 

Arcanjos S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael


Miguel e os seus Anjos lutaram contra o Dragão. (cf. Ap 12,7-12a)

Deus é insondável no seu poder criador.
Povoou a existência com seres diferentes, em espírito e corpo,
cada um único e livre, feitos à sua imagem e semelhança,
mas todos chamados a ama-lo e a assumir a Sua missão.
Miguel combate o mal, Gabriel anuncia boas novas,
Rafael acompanha a juventude e cura do pecado.
Também nós somos chamados a ser anjos
que vivem sempre na presença de Deus
e acompanham o próximo no combate ao mal,
no anúncio da Boa Nova e na cura da cegueira da fé.

Contentamo-nos, muitas vezes, em não fazer o mal.
Fechamo-nos em casa, evitamos problemas,
não colaboramos na injustiça, temos prática religiosa...
Estamos na presença de Deus, mas não damos sabor ao mundo.
São vidas espirituais que não fermentam a história!
Os anjos recordam-nos as duas dimensões fundamentais:
louvar Deus supõe assumir com fidelidade a Sua missão,
denunciando e combatendo a injustiça e o mal,
anunciando a esperança do amor misericordioso de Deus,
sendo pedagogos da fé e alento de quem busca.

Senhor, quem como vós na erradicação do mal?
Cura-nos e dá-nos um coração forte e discernido.
Cristo, caminho por onde descem e sobem os anjos de Deus,
aumenta a nossa fé e dá-nos o dom da fidelidade.
Espírito de santidade que iluminas toda a criação,
faz de nós fieis colaboradores na missão de Deus.

S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael intercedei por nós.

domingo, setembro 28, 2014

 

FAZ-ME, SENHOR, COERENTE AO MEU SIM


Como dizer “SIM” ao Pai,
Se não ligo ao que Ele me diz,
E ignoro a Sua vontade,
Se não leio nem medito,
Na Palavra em que acredito,
Caminho, vida e verdade?

É que todo o “SIM” a Deus,
É uma escada lançada
À terra desde os céus,
Como possibilidade
De até Ele subir,
Vivendo uma fé coerente,
Privada e publicamente,
Com transparente verdade,
Sem medo nem falsidade,
Apoiados na Palavra,
Meditada e assimilada,
P’lo dom da fé e da graça,
E perseverante vontade,
Traduzindo-a em amor
A Deus e à humanidade,
Sobretudo ao que sofre
Violência ou opressão,
Na mente e no coração,
Pertença ao Sul ou ao Norte,
Amado por Deus como filho
E, portanto, nosso irmão.

OBRIGADA, BOM SENHOR,
PELO APELO À CONVERSÃO,
TRADUZIDA EM MUDANÇA,
DA MENTE E DO CORAÇÃO,
NUM “SIM” À TUA VONTADE,
DADO COM SINCERIDADE
E DESEJO DE COERÊNCIA,
COM FÉ, AMOR E VERDADE,
FEITA DE VIDA E ACÇÃO,
QUE SE ELEVA NO SILÊNCIO
ATÉ TI, COMO INCENSO.

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 28.9.2014

 

26º Domingo do tempo Comum


Tendo entre vós os mesmos sentimentos e a mesma caridade, numa só alma e num só coração. (cf. Fil 2,1-11)

A ternura e a misericórdia de Deus,
e a comunhão no amor do Espírito Santo,
revelaram-se na consolação redentora e nos sentimentos
com que Jesus condimentou e fermentou a vida humana.
É o mistério alegre duma vida trinitária em família
que constrói a unidade no respeito pela diversidade.
É a proposta que, hoje, Jesus nos faz, com ousadia:
trabalhar na vinha do Senhor com humildade e fidelidade,
unidos na mesma fé, conjugando carismas e ministérios,
sem vanglória carreirista, obedecendo apenas à caridade.

A vida está cheia de sins sem correspondência na vida:
é o sim do Batismo gravado em fotos, mas não no coração,
é o sim do Crisma abafado pelo desejo de autossuficência,
é o sim à conversão, não refletido nas opções concretas,
é o sim à Eucaristia, não correspondido com o amor ao próximo,
é o sim ao matrimónio, querendo continuar a viver como solteiro,
é o sim ao sacerdócio, mas um não a servir como bom pastor,
é o sim à consagração, travado pelo hedonismo e o consumismo.
Deus espera ansiosamente que façamos do nosso não um SIM fiel.

Senhor, misericórdia infinita numa fidelidade eterna,
liberta-nos da teimosia infantil de só Te sabermos dizer não.
Cristo, altíssimo e omnipotente que Te fizeste pequenino,
para melhor chegar a nós e nos ajudar a crescer no amor,
ensina-nos a arte de fazer da vida um Sim à vontade do Pai.
Espírito de comunhão, recria-nos unidos e incorporados em Cristo,
respirando os mesmos sentimentos de humildade e serviço,

de unidade e solidariedade, de paz e perdão, de louvor e gratidão.

sábado, setembro 27, 2014

 

Sábado da 25ª semana do Tempo Comum – S. Vicente de Paulo


Lembra-te do teu Criador nos dias da juventude, antes de chegarem os dias maus. (cf. Co 11,9-12,8)

Deus fez da vida uma escola para aprender e testar o amor,
como criança indefesa e pai e mãe protetores,
como criança hiperativa e dócil e pais educadores,
como jovem sonhador e companheiro, e pais inquietos,
como adultos responsáveis e casais fecundos,
como pessoas fortes e saudáveis, e frágeis e doentes,
como aposentados e avós carinhosos,
como idosos descartados, e crianças enrugadas e dependentes.
Em todos estes estados de vida somos filhos amados
que nasceram de Deus e em Deus se devem reencontrar.

Há posturas na vida que se entronizam como epicentro,
por isso, não há lugar para Deus nem autoridade mestra.
Cada pessoas torna-se um estado autónomo,
umas vezes tirano e explorador dos que o amam,
outras subserviente e escravo do grupo onde se refugia.
São vaidades de vaidades efémeras como o orvalho.
No final, pode restar apenas o pó destas vaidades
ou o fogo dum amor que louva o Criador!

Senhor, saudade de ser feliz que nos inunda a alma,
dá-nos um coração humilde e ouvidos de discípulo,
para que aprendamos a amar incondicionalmente.
Cristo, beleza celestial vestida de trajes humanos,
dá-nos a consciência do que fazemos contigo,
quando Te colocas nas nossas mãos, na cruz e no altar.
Espírito que penetras até ao mais íntimo da verdade,
dá-nos a sabedoria da fé na saúde e na doença,
na alegria e na tristeza, na prosperidade e na pobreza,

em todos os dias da nossa vida!

sexta-feira, setembro 26, 2014

 

6ª feira da 25ª semana do Tempo Comum


Tudo tem o seu tempo, tudo tem a sua hora debaixo do céu: (cf. Co 3,1-11)

Deus, da Sua eternidade, vê a imensidão da totalidade,
e, ao criar o tempo, dividiu-a em fragmentos conexos.
A vida é a reconstrução deste puzzle idealizado,
fazendo de cada hora um pedaço de eternidade.
Por isso, devemos olhar o Céu para entrever a totalidade
e olhar atentamente cada coisa no tempo,
para a usar com sentido e esperança de eternidade.
É uma aventura bela e exigente, pois nem sempre se acerta!

O que mais se ouve dizer é: “Não tenho tempo para nada!”.
Corre-se por miragens, cansa-se a trabalhar para ter férias,
é-se criança e quer-se viver e ter tudo como os adultos,
é-se adolescente e quer-se antecipar a sexualidade madura e fecunda,
chega-se a idoso revoltado e invejoso por sentir a fragilidade.
Não há tempo para escutar, para esperar crescer, para doar-se,
para contemplar o Céu e escutar o eterno, para amar gratuitamente...
Sonha-se com uma vida em alta cilindrada, em busca de adrenalina,
até que um dia o carro embate ou tem um furo, ou acaba o combustível!

Senhor, horizonte aberto dum amor que faz crescer,
ajuda-nos viver cada instante com a confiança de sermos amados
e o discernimento das escolhas certas em cada momento.
Cristo, Messias do Pai e Servo de Javé que sofre por amor,
ensina-nos a sabedoria da cruz e a humildade da glória,
a fidelidade do amor e a obediência da fé.
Espírito de ciência dá-nos a paz de quem sabe esperar e crescer,
como discípulos do Mestre que conhece a meta

e nos conduz pela mão da eternidade na história única de cada um.

quinta-feira, setembro 25, 2014

 

5ª feira da 25ª semana do Tempo Comum


Nada de novo debaixo do sol. (cf. Co 1,2-11)

Deus criou a natureza autossustentável, sem monotonia.
A vida parece um ciclo repetitivo, mas o amor acrescenta-lhe detalhes.
O dia começa e acaba sempre com o nascer e o pôr do sol,
mas cada dia é sempre um enorme caixa de surpresas,
que faz que o que é espectável seja diferente.
As estações do ano são sempre as mesmas,
mas cada ano aquecem e humedecem de forma diferente.
Todos nascem, crescem e morrem igualmente,
mas cada um de nós é uma história irrepetível.
A novidade brota além do sol e faz a vida brilhar novidade!

Somos uma sociedade marcada pela ansiedade da novidade
na comida, na tecnologia, na decoração, na moda...
É uma novidade cara, porque se compra no mercado,
é transitória e insaciável porque assente nas sensações.
A novidade da comunicação sem fios e sem fronteiras,
tornou-nos mais próximos, fraternos e comunicativos?
A casa cheia de eletrodomésticos
aumentou o tempo disponível para o outro, na família?
O que faz a diferença não é a novidade das coisas,
mas o amor, que quebra a rotina, com detalhes de atenção,
de escuta, de diálogo, de carinho oportuno e gratuito.

Senhor, Mistério de Amor presente em cada detalhe da vida,
ajuda-nos a criar uma ecologia de harmonia e beleza.
Cristo, Mistério do além a peregrinar escondido connosco,
abre-nos ao mistério da vida única e fraterna
escondida no tesouro do coração de cada pessoa.
Espírito Santo, luz que faz novas todas as coisas,
liberta-nos da preguiça que rotiniza e instrumentaliza
e compromete-nos em ser uma bênção que dá sentido

e sustenta a criação na alegria e na esperança dum mundo melhor.

quarta-feira, setembro 24, 2014

 

4ª feira da 25ª semana do tempo Comum


Duas coisas Vos peço: Afastai de mim a fraude e a mentira; concedei-me apenas o alimento necessário. (cf. Prov 30,5-9)

A vida nasce de Deus e em Deus se sustenta.
Quem confia no Senhor durante o dia,
dorme tranquilo durante as trevas da noite.
Quem coloca a sua confiança na segurança das riquezas,
fica angustiado na pobreza e ufanado na abundância.
Na miséria busca esquemas de mentira e corrupção,
no celeiro atulhado esquece a Deus e o irmão.
Por alguma razão Jesus nos ensinou no Pai-Nosso
a rezar: “o pão nosso de cada dia nos dai hoje”.

Conforme os povos vão ficando mais ricos,
vão ficando mais materialistas e indiferentes à fé.
Diminuiu a prática religiosa e as vocações consagradas,
baixa a natalidade e aumentam os esquemas de corrupção.
Alimenta-se a sede de possuir e acumular para si,
jejua-se de luz do Infinito e da busca do bem comum.
É a pequenez do indivíduo e empinar-se na riqueza,
para se sentir seguro e salvo na incerteza do amanhã!

Senhor, Deus providente e fonte que sustenta a vida,
dá-nos um coração reto e justo em situações de poder
e humilde e confiante nas situações de miséria.
Jesus, missionário do Céu, rico apenas da Palavra do Amor,
ensina-nos a ser livres da idolatria das riquezas passageiras,
para podermos ser fieis como evangelizadores da tua riqueza gratuita.
Espírito de fortaleza na tentação, purifica-nos a sede dos desejos,
para que não sejamos possuídos pelo demónio da gula de possuir,

nem alimentemos esquemas injustos para alcançar o que pretendemos.

terça-feira, setembro 23, 2014

 

3ª feira da 25ª semana do Tempo Comum


Aos olhos do homem todos os caminhos parecem rectos, mas o Senhor é que pesa os corações. (cf. Prov 21,1-6.10-13)

Deus conhece o íntimo do nosso coração
e sabe o valor e a nobreza escondida em cada um.
Não olha para as maquilhagens douradas
nem para as representações teatrais que fazemos,
mas fixa-se na grandeza da humildade sincera e penitente,
e alegra-se no amor fiel ao serviço do bem e da paz.
Fala-nos de muitas maneiras para nos indicar a felicidade,
propõe-nos a conversão com a mão cheia de misericórdia.

O relativismo reinante nivelou todos os caminhos.
É proibido proibir! Tudo deve ser permitido e livre!
Que importa se estamos a criar uma sociedade consumista,
acrítica, dependente, anárquica, individualista e solitária?
Quem se preocupa com a fragmentação da família,
a perda de natalidade, o crescimento da corrupção,
uma sociedade deprimida, infeliz e virtual?
Porque nos dão meios de transporte e comunicação,
cada vez mais rápidos e fáceis de usar e adquirir,
se não sabemos para onde ir nem porque corremos tanto?

Senhor, fonte da vida eterna em comunhão,
ensina-nos a linguagem da aliança feita pão fraterno,
impressa na natureza, nos acontecimentos e no bom conselho.
Cristo, Palavra de Vida, traduzida em linguagem de proximidade,
dá-nos ouvidos de discípulo e coração de irmão,
para que nos revelemos Tua família a iluminar o Evangelho.
Espírito de discernimento, conduz-nos com a Tua sabedoria,
para que a nossa vida seja um louvor permanente ao Criador

e uma bênção fecunda para o próximo e o universo.

segunda-feira, setembro 22, 2014

 

2ª feira da 25ª semana do Tempo Comum


Não tenhas inveja do homem violento, nem imites nenhum dos seus processos; (cf. Prov 3,27-34)

Deus é amor e atua com paciente pedagogia e mansidão.
Deus, porque é omnipotente na sua misericórdia,
não usa a violência que atemoriza, que é a arma dos fracos.
Por meio do seu Filho, dos profetas e dos apóstolos
ensina a viver a aliança, avisa dos perigos instalados,
corrige os malfeitores assumidos,
anuncia a boa nova do perdão,
chama cada um a colaborar na sua missão de salvação.
Este é o evangelho do amor que brota do coração de Deus!

Assistimos ao contágio atrativo dos violentos:
a revolta social transformada em manifestações agressivas,
o sentimento de marginalidade travestido em grupos destrutivos,
o desejo de poder apoiado nas armas do medo
e na destruição dos adversários,
o desejo de vingança instrumentalizando a religião...
Esta “inveja dos violentos” tem formas de fundamentalismo,
de sectarismo, de racismo, de ditadura, de nazismo...

Senhor, Deus de bondade e coração de Pai,
obrigado pela paciência com que nos amas, perdoas e salvas.
Cristo, manso e humilde de coração,
louvado sejas porque nada pode fazer brotar em Ti
outra coisa que não seja rios de misericórdia
e templos de compaixão escancarados a todo o ser humano.
Espírito de luz, que ascendes a nossa candeia de fé,
dá-nos a fortaleza do testemunho que irradia paz

e resiste aos violentos com a não violência do amor.

domingo, setembro 21, 2014

 

OS PLANOS DE DEUS ESTÃO ACIMA DOS NOSSOS


Vós que estais desocupados
E viveis preocupados,
Pois ninguém vos contratou,
Ide para a minha vinha,
Porque a todos recebo
E, pelo vosso trabalho
A todos Eu pagarei
Um digno e justo salário.

Eu, o Senhor, vos convido
A encontrar, no trabalho,
O pão que vos dá sustento
E o profundo sentido
Que ao vosso ser dê alento,
P’ra ajudar à construção
Da vida em sociedade,
Em fraterna relação
E complementaridade,
Movidos por sãos critérios
De justiça e caridade.

E, eis que, ao final do dia,
A todos deu um denário,
Pois, era esse o salário,
Que o próprio dono da vinha,
Antes, havia acertado,
Com os primeiros operários,
Mas usando, com os últimos,
Da Sua infinita bondade
Porque, para Ele, a justiça
Vai além do acertado,
No desejo de libertar
O pobre e o excluído
Nesta injusta sociedade.

A justiça, para Deus,
Revelada em Jesus,
É rica em misericórdia
E a divina compaixão
Que culminou no perdão,
Dado do alto da Cruz,
A selar a salvação
De todos, sem excepção.

QUE NÓS, IGREJA, SEJAMOS
CLARA ACTUAÇÃO DE DEUS,
QUE ANSEIA LIBERTAR
O EXPLORADO OU CATIVO,
VIVENDO O AMOR INCLUSIVO,
NA TERRA COMO NOS CÉUS.

Maria Lina da Silva, fmm

Lisboa, 20.9.2014

 

25º Domingo do Tempo Comum


Cristo será glorificado no meu corpo, quer eu viva quer eu morra. (cf. Fil 1,20c-24.27a)

Deus revela-se no íntimo do nosso coração,
eleva-nos o pensamento até à lógica insondável do amor,
e faz da nossa vida vitral acolhedor da sua beleza.
Cristo contratou-nos para trabalhar na Sua vinha
e foi Ele quem trabalhou em nós e nos tratou o míldio,
nos podou a falta de critérios e enxertou castas fecundas,
para darmos frutos abundantes que glorificam a Deus.

O corpo é instrumento de comunicação de ideais invisíveis.
Há bocas soltas que proclamam boas novas do céu,
num corpo materialista, amorfo, insensível, ansioso...
que nos faz parecerem alto-falantes vazios de mensagem.
Há bocas parcas em palavras e generosas em testemunho
que falam de paz pelo sorriso, de amor pela bondade,
de fé pela confiança, de esperança pela perseverança,
de oração pela intimidade da experiência...
São corpos que glorificam a Cristo pelos poros da vida
e não apenas pelas palavras ou obras de ostentação.

Senhor, faz-nos penetrar, confiantes e discípulos,
nos mistérios insondáveis do Teu amor sem medida.
Cristo, hóspede celestial que nos visitas e habitas,
faz de nós trabalhadores entusiastas da Tua vinha
e não apenas assalariados em busca do proveito próprio.
Espírito de sabedoria dum amor sem limites,
faz do nosso corpo evangelho da vida e da esperança,

que saiba glorificar o Pai, vivendo como o Filho.

sábado, setembro 20, 2014

 

Sábado da 24ª semana do Tempo Comum – S. André Kim e Paulo Chong


Semeado como corpo natural, ressuscita como corpo espiritual. (cf. 1 Cor 15,35-37.42-49)

Professamos no credo a ressurreição da carne.
Muitos interrogam-se e sonham paraísos terrenos.
S. Paulo apresenta a imagem da semente
para compreender o mistério da ressurreição:
é preciso semear a semente para que possa nascer a planta,
mas se esta não estiver fecundada nasce a morte!
O corpo da planta não é igual ao da semente,
mas é a continuidade e o desenvolvimento total e novo
das energias e potencialidades que estavam na semente.
Assim somos nós, fecundados por Cristo, morremos para nós,
para ressuscitarmos corpo espiritual como Cristo.

Há imagens do Céu que são meras projeções terrenas:
paisagens paradisíacas, corpos leves, jovens e luminosos,
mesas fartas, festas contínuas, sofás de algodão...
Há outros que temem encontrar-se como morreram:
jovens, velhos, doentes, deficientes...
O que seremos e como seremos é um mistério agradável
que é bom deixarmos para a surpresa do amor eterno!
Só sabemos que nascemos do amor e a nossa meta é o amor,
e onde há amor não há temor nem desconfiança,
mas tornamo-nos, em Cristo, fonte de vida e de paz.

Senhor, fonte da vida e agricultor de eternidade,
fecunda a nossa vida com o amor que nos recria incorruptíveis.
Cristo, vida vivificadora, envia-nos o Teu Espírito purificador
e liberta-nos duma vida estéril, egoísta e avarenta.
Fecunda-nos com a luz da Tua palavra e a força do Teu Pão.
Cria em nós um coração que em Ti só ame e sirva o bem,
para que comecemos, já hoje, um novo céu e uma nova terra,

onde dá gosto viver para sempre e semear amor eternamente.

sexta-feira, setembro 19, 2014

 

6ª feira da 24ª semana do Tempo Comum


Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. (cf. 1 Cor 15,12-20)

Deus faz da morte do seu Filho, gemida no amor até ao fim,
o início de uma nova criação, ressuscitando-O para a vida eterna.
É uma humanidade assim, que ama divinamente
e faz da vida uma missão redentora dos irmãos,
que Deus sempre sonhou e quer perpetuar.
Jesus envia o Seu Espírito para que quem O seguir,
possa viver como Ele, dando a vida pela salvação dos irmãos.
O seguimento de Cristo, vivo e ressuscitado,
é a vitória que vence a morte e a porta da vida eterna.

A ressurreição de Cristo é um mistério de fé
que espera com alegria o por do sol no horizonte,
preparando o banquete inclusivo, servido de caridade e paz.
Está longe disto o medo agnóstico do amanhã,
os caminhos de auto-salvação da reencarnação,
os ritos temerosos para que os mortos não voltem à vida,
as vidas sádicas que infernizam as relações,
os sonhos gulosos que enfartam de avareza e consumismo,
as hecatombes sensuais porque só acreditam no presente.

Senhor, Deus da vida e da paz, dá-nos a Tua mão
e cura-nos a miopia da fé que nos impede de ver Cristo vivo.
Jesus, nosso Irmão Emanuel, modelo e salvador,
envia-nos a luz do Teu Espírito e a graça do Teu perdão,
para que possamos seguir-Te com fidelidade
e anunciar-Te com o testemunho do amor e da fé.
Faz da Igreja um oásis de encontro, que revigora a esperança,

alimenta a caridade, cura o medo e purifica do pecado.

quinta-feira, setembro 18, 2014

 

5ª feira da 24ª semana do Tempo Comum


Em último lugar, apareceu-me também a mim, como o abortivo. (cf. 1 Cor 15, 1-11)

Ser cristão é pura graça do Senhor.
Não somos dignos de ser batizados no amor de Cristo,
nem de ser apóstolos da Sua misericórdia infinita,
mas somos o que somos pela graça de Deus.
Paulo perseguiu a Igreja com o seu zelo cego e intolerante,
mas Jesus veio ao seu encontro, vivo, perseguido e interrogante.
Por isso, Paulo sente-se um apóstolo que nasceu fora de tempo,
que não merecia ter nascido, mas foi encubado na Páscoa de Cristo.

O mundo está cheio de sentenças sem remédio,
gravadas no cadastro das fragilidades do passado.
Deixou-se de acreditar na conversão de vida
e a falta de esperança aborta a possibilidade de que esta aconteça.
Fica marcado para toda a vida quem nasce num bairro da periferia,
quem nasce numa etnia minoritária, quem nasce pobre,
quem nasce ou fica deficiente...
Fica cadastrado para sempre quem falhou uma vez e foi apanhado,
quem foi dependente de drogas, mesmo reabilitado,
quem cometeu adultério, mesmo se se arrependeu...
Nós, os fariseus puros e santos (seremos?),
continuamos a achar que os outros não têm remédio!

Senhor, Fonte de toda a consolação e salvação,
envolve-nos com a luz da Tua graça e cura-nos do pecado.
Cristo, Fonte de toda a graça e perdão misericordioso,
ajuda-nos a descer dos nossos pedestais de juiz implacável
e fraterniza o nosso coração com a Páscoa da tua Aliança.
Faz-nos ver-Te presente como médico obstetra de vida nova,
para que Te anunciemos com fidelidade e humildade obediente.

Enche-nos com o Teu amor e oxigena-nos a esperança.

quarta-feira, setembro 17, 2014

 

4ª feira da 24ª semana do Tempo Comum


Se não tiver caridade, nada sou. (cf. 1 Cor 12,31-13,13)

Fomos criados no útero do Amor Eterno.
É uma Palavra-semente que brota do coração de Deus
e faz o Nada ser imagem e semelhança do Puro Amor.
Só quando amamos a Deus, os outros e a natureza
é que SOMOS verdadeiramente herdeiros da eternidade.
Sem amor ficamos reduzidos ao nada insignificante,
que só a graça do Amor Fiel sustenta,
fazendo da vida um átrio de cuidados continuados.

Crescemos entregues ao sabor dos caprichos cegos e instáveis.
O choro, o amuo e a violência são as armas de domínio
para colocar todos ao nosso serviço e belo prazer.
Ensinam-nos a ter, possuir, consumir, usufruir, experimentar...
mas não há tempo para nos ensinar a amar gratuitamente!
Temos necessidade de comprar e possuir muita coisa,
porque nos sentimos um nada sem essas próteses!
O amor aprende-se na escola da família, da amizade,
da Igreja, do voluntariado e do encontro com o pobre.

Senhor, obrigado porque nos criaste com vocação ao amor.
Cristo, Bom Pastor, em busca das ovelhas obesas de egoísmo,
cura-nos do medo de nos darmos totalmente ao bem querer
e ajuda-nos a descobrir a alegria de surpreender o outro
com o dom do perdão, a gratuitidade duma visita,
a fidelidade escondida duma esmola,
o bálsamo dum ouvido amigo e acolhedor.
Espírito de amor cura-nos do cansaço de amar e ser bom
e faz de nós promotores de paz e oxigénio de reconciliação,
vivendo uma sábia dieta que dá saúde ao coração.



terça-feira, setembro 16, 2014

 

3ª feira da 24ª semana do Tempo Comum


Fomos baptizados num só Espírito para constituirmos um só corpo; (cf. 1 Cor 12,12-14.27-31a)

Pelo Batismo somos introduzidos na dinâmica do amor trinitário.
Entramos pela Porta de Cristo que nos purifica
e respiramos o mesmo Espírito que cimenta a comunhão.
Sendo uma Igreja plural e diversa, somos um só Corpo,
professando a mesma fé encarnada em linguagem local,
fazendo da caridade a nossa marcada de identidade
e apreciando a complementaridade dos carismas,
como riqueza que nos torna irmãos humildes e solidários.

Há cristãos que se pensam isolados dos outros,
numa relação vertical e individual com Deus.
São os cristãos intimistas, sem Igreja nem expressão social.
Não gostam de participar na missa, pois acham-se observados;
quando muito ouvem ou vêem a missa na TV ou rádio,
sentados entre as paredes da sua privacidade e conforto.
Não gostam de se confessar a um sacerdote,
pois o acham demasiado humano e um gesto humilhante.
Mas ser cristão é ser membro do Corpo vivo de Cristo
e quem não se sentir membro ativo, não é cristão!

Senhor, obrigado porque o Teu amor por nós é tão grande
que nos convida a entrar no mistério da comunhão trinitária.
Cristo, fonte universal da graça redentora e porta do Céu,
envia-nos o Teu Espírito de comunhão e de serviço
para que possamos ser fieis à nossa vocação

e corresponsáveis pela missão da Igreja. 

segunda-feira, setembro 15, 2014

 

Nossa Senhora das Dores


Aprendeu a obediência no sofrimento. (cf. Heb 5,7-9)

A obediência aprende-se na escola do amor e da confiança.
Maria é filha de Abraão na obediência confiante no amanhã.
Deixa-se fecundar pelo Espírito antes de coabitar com José,
sujeitando-se ao repúdio e ao linchamento por adultério.
Cuida e educa o Seu Filho, guardando silêncio do mistério
e aguardando pacientemente a revelação do seu messianismo.
Está onde está Jesus, nas bodas de Caná e no Calvário,
como Mãe, como intercessora e como discípula.
Confia sempre, apesar de ser de noite e o coração a sangrar!
Por isso, a “Mãe do meu Senhor” é a “Mãe do Crucificado”,
e o Crucificado faz dela a “Mãe da Igreja”.

A maternidade da Igreja nasceu no jardim do Calvário.
São as dores do parto num sofrimento paradoxal:
participa na Páscoa do Seu Filho, sangrando sem ódio,
deixa-se fecundar pela vida nova do Ressuscitado
e associa-se à criação do novo Corpo de Cristo que é a Igreja.
É a Senhora das Dores porque é a bem-aventurada que chora
os seus filhos perdidos, doentes ou dependentes do pecado.
Só quem sofre de amor por Deus e pelos outros, como Maria,
sabe ser gratuita, visitar as periferias, solidarizar-se com o frágil.

Senhor Jesus, que Te comprazes em fazer a vontade do Pai,
ensina-nos a liberdade da obediência na fé,
mesmo quando a dor se sofre injustamente, sem analgésicos.
Maria, nossa Mãe querida e Mestra do seguimento,
ensina-nos a fidelidade ao Teu Filho, mesmo em contracorrente.
Mãe, manto protetor das lágrimas choradas no deserto,
faz-nos sensíveis e solidários com a dor dos invisíveis.

Intercede para sejamos fortes no teste do sofrimento.

domingo, setembro 14, 2014

 

Exaltação da Santa Cruz


Todo aquele que for mordido e olhar para ela ficará curado. (cf. Num 21,4b-9)

Deus criou-nos à sua imagem e semelhança.
É uma vocação livre e não uma predestinação natural.
Precisamos de conhecer Deus, para nele nos recriarmos
e nos tornarmos semelhantes nos métodos e nas metas.
A história está cheia de tentativas de ser semelhante a Deus:
Adão e Eva, reis deificados, ricos dourados e prepotentes...
O Filho de Deus encarnou para nos revelar quem é o homem
e no homem à imagem e semelhança de Deus,
nos revelar quem é verdadeiramente Deus!
A cruz revela-nos um Deus servo e apaixonado,
capaz de dar a vida para nos salvar!

O apelo de sermos humanamente divinos
borbulha no coração de cada um de nós.
Alguns empinam-se no pináculo da força destruidora,
ou vociferam troantes ameaças de medo,
ou entulham-se de riquezas e medalhas de honra,
ou sonham aparecer no ecrã da moda e da glória,
pensando assim subir ao céu da divindade eterna.
Pelo caminho ficam cabeças decapitadas,
injustiças torturadas, guerras alimentadas, invejas consumidas.
Ser semelhante a Deus não é uma conquista egoísta,
mas um dom contemplado, que fraterniza as relações
e faz das mãos um abraço e dos pés boa nova solidária.

Senhor, altíssimo e omnipotente no amor fontal,
só Tu Te podes fazer pequeno, próximo e servo,
sem medo de Te perderes e apequenares.
Cristo, ungido do Espírito e imagem perfeita do Pai,
quanto temos ainda de contemplar-Te na Cruz
para compreender o caminho que nos eleva para o Céu!
Faz-nos, Senhor, semelhantes a Ti e humaniza-nos o coração

quando somos injuriados, perseguidos, injustiçados!

sábado, setembro 13, 2014

 

Sábado da 23ª semana do tempo Comum


Não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa dos demónios. (cf. 1 Cor 10,14-22)

A Palavra de Deus alicerça-nos no bom caminho
e faz da vida um sacrifício agradável ao Deus verdadeiro.
Sem esta Luz, o nosso coração anda divido
entre o amor de si que se amuralha solitário
e o amor de Deus e dos outros que jorra em comunhão.
Deus revela-se em Jesus, corpo e sangue doado e entregue
pela salvação de todos os que querem partilhar a sua vida.
A Eucaristia é entrar neste mistério de comunhão divina,
que nos liberta das metásteses egocêntricas cancerígenas
e nos faz membros uns dos outros, em comunhão harmoniosa,
deste Corpo grande e diversificado que é a Igreja.

Fala-se muito sobre quem pode ou não comungar na missa.
Há os escrupulosos que se acham sempre indignos
e, quando comungam, se alimentam do deus da fita métrica!
Há os laxistas que se acham sempre mais que dignos e puros
e a comunhão não os move à conversão.
Há os impulsivos que comungam quando sentem vontade,
alimentando a inconstância dos sentidos e a incoerência de vida.
Há os inconscientes que vivem por mimetismo social
e nas missas de convite se colocam na fila como os outros.

Senhor Jesus somos sempre indignos de Te receber,
mas é sempre uma honra fazeres do nosso coração Zaqueu
uma digna morada, cheia de graça, a enraizar santidade.
Dá-nos o gosto da fé na dieta do Pão do Amor,
sem comunhão com a mesa da raiva nem dos maus desejos.
Faz de nós árvore boa que dá bons frutos na liturgia,

mas também na família, na sociedade, na empresa e na política.

sexta-feira, setembro 12, 2014

 

6ª feira da 23ª semana do Tempo Comum


Fiz-me tudo para todos, a fim de ganhar alguns a todo o custo. (cf. 1 Cor 9,16-19.22b-27)

Deus fez-se história como mendigo de amor.
Fez-se tudo para todos em generosa misericórdia.
Fez-se luz das nações como pedagogo do bem e do belo.
Fez-se Palavra de profecia a propor e a repropor a aliança.
Fez-se homem galileu a revelar divinamente o amor.
Fez-se condenado inocente a carregar as nossas fragilidades.
Fez-se Missão presente no coração enamorado pela fé.
Fez a Igreja, nova criação no Seu Corpo, para evangelizar.
Fez-se Pão da vida para nEle nos assimilar
e, como a Paulo, em Cristo nos transformar.

Fazer tudo para ganhar alguns a todo o custo
é o lema do político que quer o poder,
do carreirista que definha em busca da glória,
do comercial que quer vender o seu produto,
do narcisista que quer ser admirado,
do guloso ou dependente que quer acalmar a sua sofreguidão,
do sensual escravo dos seus impulsos...
Paulo não corre como cego nem se sacrifica para ser belo,
mas esforça-se por ganhar para Cristo, corações enamorados.

Senhor, omnipotência do Amor escondido e missionário,
abre o nosso coração à grandeza dum amor altruísta.
Cristo, nosso Irmão e salvador, Mestre da graça,
faz de nós evangelizadores por natureza e por missão.
Espírito de luz e colírio da fé, cura-nos da cegueira centrípeta
e faz de nós círios pascais que apontam para Deus

e acendem vidas apagas com medo de se gastarem.

quinta-feira, setembro 11, 2014

 

5ª feira da 23ª semana do Tempo Comum


A ciência envaidece, ao passo que a caridade edifica. (1 Cor 8,1b-7.11-13)

Deus é amor e só quem ama possui a verdadeira ciência.
Amar significa dar prioridade ao bem do irmão,
dar-lhe a medida certa no momento certo,
como a mãe sabe dar leite ao bebé e alimento forte ao marido.
Ser sábio é adentrar-se nos mistérios da fé com olhar fraterno,
sem humilhar o ignorante, nem escandalizar o escrupuloso.
É assim que Deus omnisciente nos ama, acolhe e redime.

Há doutores que gostam de nos fazer sentir ignorantes.
Há especialistas litúrgicos que parecem fiscais dos ritos,
a repreender faltosos em plena celebração comunitária.
Há esclarecidos que depreciam a religiosidade popular,
escandalizando quem vive duma fé simples e tradicional.
Há praticantes que tudo fazem para afastar os impuros da fé,
simplesmente porque são inconstantes e algo supersticiosos.
A nova evangelização necessita de sábios na caridade!

Senhor do amor paciente e eterno a abrir brechas no Céu,
ensina-nos a religião do amor que cura sem humilhar.
Cristo, fidelidade à vontade do Pai aliada à misericórdia,
dá-nos um coração de discípulo a palpitar fraternidade.
Espírito de sabedoria, abre-nos ao discernimento da caridade,
quando procuramos defender a ortodoxia,

ou quando nos achamos mais esclarecidos que os outros.

quarta-feira, setembro 10, 2014

 

4ª feira da 23ª semana do Tempo Comum


O cenário deste mundo é passageiro. (cf. 1 Cor 7,25-31)

Somos passageiros do tempo em busca da eternidade.
Devemos permanecer fieis à nossa condição,
sem nos agarrarmos a ela, pois esta é efémera.
O amor narcisista troca o eterno pelo efémero, o nós pelo Eu,
o amor em aliança pelo apego às coisas e às sensações.
É difícil entender as bem-aventuranças,
a partir deste estágio e treino a preparar a eternidade.

Compreendemos que um aluno de ballet
necessita de treinar muitas horas para ser leve e natural.
Achamos normal treinar escalas monótonas ao piano,
para poder tocar com mestria um Beethoven.
Mas quando se trata da vida, queremos logo o céu na terra,
um amor aventureiro e egoísta, a maturidade sem sofrimento,
a riqueza sem partilha, a profecia sem riscos nem contratempos...

Senhor, que nos chamas a fazer escolhas com futuro feliz,
ensina-nos o discernimento do que permanece para além do efémero.
Cristo, bem-aventurado do Pai a sofrer connosco,
ensina-nos o caminho da glória que passa pela cruz do amor.
Espírito de sabedoria ajuda-nos a fazer deste estágio de vida

uma preparação para a eternidade com Deus e os irmãos. 

terça-feira, setembro 09, 2014

 

3ª feira da 23ª semana do tempo Comum


Não sabeis que os injustos não receberão como herança o reino de Deus? (cf. 1 Cor 6,1-11)

Respiramos um espírito que nos contamina o coração.
Sem Cristo e o Seu Espírito somos arrastados
por caminhos sem amanhã e sem eternidade,
sem fraternidade ao olhar o outro nem confiança em Deus,
sem sabedoria nas escolhas duma felicidade comunitária.
Andamos iludidos a conquistar o nosso reino,
esbracejando em areias movediças de injustiça e mentira.
Por este caminho não se chega ao reino de Deus!

Cristão que não reza, nem medita a Palavra de Deus,
nem vai arrumando a sua vida na oficina dos sacramentos,
entra na imitação da maioria e acha tudo normal,
até aquilo que nega Cristo e o Seu Evangelho!
As divisões, as guerras entre grupos eclesiais, a corrupção,
a injustiça e o mau exemplo desfiguram a imagem da Igreja
e afastam, em vez de atrair, as pessoas de Cristo.

Senhor Jesus, obrigado porque rezas por nós pecadores
e nos dás a Tua graça, cada vez que Te estendemos a mão.
Cristo, Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo,
purifica-nos do comodismo de ser igual à maioria
e envia-nos o teu Espírito de profecia missionária
para que façamos a diferença e continuemos tua missão.

Obrigado porque nos chamaste a seguir-te a anunciar-te!

segunda-feira, setembro 08, 2014

 

Natividade da Virgem Santa Maria


Os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho. (cf. Rom 8,28-30)

A criação afastou-se de Deus, mas Deus continua a ama-la.
Busca entre as Evas da desobediência uma nova Eva,
fiel, virgem e pura no amor, coração ouvinte da Palavra,
diálogo orante da busca da vontade de Deus,
disponível para ser humilde instrumento da sua missão.
A história amanhece e anoitece e a espera não desespera.
Até que em Nazaré floresce a esperança, bela e escondida,
por José, o justo, descoberta, enamorada e matrimoniada,
por Deus escolhida e agraciada, visitada e esposada,
porque o Sim, há tanto esperado, aconteceu!

Nas celebrações de aniversário contamos anos de vida,
não fecundidade e qualidade de relações e de ideais.
Buscamos a doçura no bolo e não na memória de amizades.
Brindamos o tempo com champanhe e não com fé e bondade.
Prendamos o festejado de coisas embrulhadas
e não com fidelidades transparentes nas horas amargas.
Como é diferente este aniversário de Maria, Mãe de Deus,
do Sim feito oferta de vida ao Senhor,
do cuidado transformado em seguimento do Filho,
da participação na Sua paixão, missão e glorificação.

Senhora, humildade que se deixa engrandecer pelo Altíssimo,
ensina-nos o caminho da fidelidade nas pequenas coisas.
Mãe de Cristo, que aceitaste ser nossa Mãe,
guia-nos com Tua mão materna e carinhosa
para nos tornarmos conformes à imagem do Teu Filho.
Mãe, que reinas servindo o Pai e Filho, animada pelo Espírito,
sustenta a nossa fé e abre-nos a uma vida de sins a Deus,
para que possamos levar uma vida fecunda e missionária.
Senhor, obrigado pela congregação do Verbo Divino

que hoje faz 139 anos e me acolheu como seu membro.

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